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BrBRCVAg0100-29452001000200011

BrBRCVAg0100-29452001000200011

variedadeBr
Country of publicationBR
colégioLife Sciences
Great areaAgricultural Sciences
ISSN0100-2945
ano2001
Issue0002
Article number00011

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EFEITO DO FRIO NA BROTAÇÃO DE GEMAS DE PEREIRA (Pyrus communis L.) cv. Carrick, EM PELOTAS, RS EFEITO DO FRIO NA BROTAÇÃO DE GEMAS DE PEREIRA (Pyrus communis L.) cv. Carrick, EM PELOTAS, RS 1

INTRODUÇÃO No Sul do Brasil, existem regiões com condições edafoclimáticas propícias para o cultivo da pereira. Testes realizados com coleções de cultivares mostraram que a cv. Carrick apresenta boa adaptação, constituindo-se numa alternativa promissora para os produtores. Entretanto, fazem-se necessários estudos mais detalhados sobre seu período de dormência.

A superação da dormência, quando não se de forma adequada, pode causar alterações na brotação, através da morte de gemas com conseqüente queda na produção (Barnola et al., 1976).

As gemas das frutíferas temperadas durante a fase de repouso se caracterizam por apresentar um estado de maior ou menor profundidade de dormência, dependente da interação do genótipo com o ambiente (Barnola et al., 1976).

Embora exista o método bioquímico (teste de nucleotídeos) para caracterizar o nível de dormência, o teste biológico é o único que quantifica a profundidade de dormência. Este método vem sendo utilizado com bastante freqüência em frutíferas temperadas, tais como pessegueiros (Bonhomme et al.,1999; Nishimoto & Fujisaki,1995), macieira (Herter et al.,1992), pereiras (Nishimoto & Fujisaki, 1995)e videira (Nishimoto & Fujisaki, 1995). Este é baseado no princípio da inibição correlativa, onde uma gema tem ação sobre a outra.

Entretanto, quando se utilizam estacas, formadas a partir de hastes, contendo uma única gema, este efeito é eliminado, e a gema poderá desenvolver todo seu potencial (Champagnat et al., 1983).

O trabalho objetivou determinar a profundidade da dormência das gemas terminais e axilares de pereira cv. Carrick, submetidas a diferentes quantidades de frio, bem como a velocidade de brotação a 25oC± 1.

MATERIAL E MÉTODOS O material vegetal utilizado no experimento, a cultivar Carrick, é originário dos Estados Unidos da América, sendo um híbrido proveniente do cruzamento das cvs. Garber x Seckel. Apresenta frutos de tamanho médio com formato periforme, coloração marrom-esverdeada, com manchas avermelhadas na epiderme e polpa branca, sabor e qualidade regulares (Ribeiro et al., 1991).

Foram coletados, no dia 1o-6-1999, 50 ramos de plantas pertencentes a uma coleção instalada na Estação Experimental da Cascata, Embrapa Clima Temperado, em Pelotas, no Rio Grande do Sul. Após a coleta, os ramos foram armazenados em câmara frigorífica a uma temperatura de 4 ± 1ºC, por períodos determinados de acordo com os seguintes tratamentos: ausência de frio, 272; 544; 816 e 1088 horas de frio (HF).

No final de cada tratamento, 10 ramos foram seccionados em estacas com aproximadamente 8 cm, permanecendo somente a gema distal superior de cada estaca. Para diminuir o efeito da desidratação, parafinou-se a porção superior de cada estaca (exceto a porção que continha a gema apical). A seguir, as estacas foram acondicionada em bandejas mantida em fitotron, à temperatura de 25°C ± 1 e 14 horas de luz, para forçar a brotação. A avaliação da brotação foi realizada, semanalmente, anotando-se a data de brotação, no estádio de ponta verde.

Tempo Médio de Brotação (TMB) O tempo médio de brotação é o número de dias passado entre a coleta do material vegetal, em cada época, e a detecção do estádio de ponta verde (PV). O TMB correspondente ao lote de estacas, para cada um dos tratamentos, foi estimado pela expressão: TMB=åniti/n, onde ni= número de gemas brotadas no tempo ti;ti= tempo decorrido a partir do condicionamento a 25oC± 1,até a brotação; n = número total de gemas brotadas.

Índice de Velocidade de Brotação (IVB) O IVB, índice de velocidade de brotação, é um índice proposto para quantificar a capacidade de brotação das gemas de plantas frutíferas, medida que é análoga ao índice de velocidade de germinação (IVG) proposto por Amaral (1979) para calcular o poder germinativo das sementes.

O índice de velocidade de brotação foi calculado através da seguinte fórmula proposta por Amaral (1979): IVB = n /åni( 1 / di) Onde: n = número de gemas brotadas; ni= número de gemas brotadas na data i; di= dias até a brotação.

RESULTADOS E DISCUSSÃO O frio causou modificações tanto na profundidade de dormência, como na velocidade de brotação (Figuras_1 e 3, respectivamente). Observa-se, na Figura 1, que a profundidade de dormência das gemas terminais diminuiu à medida que se aumentou o acúmulo de horas de frio. Neste caso, quando as gemas terminais foram expostas a 816 e 1088 horas de frio, a superação da dormência deu-se em menor tempo, comparado aos demais tratamentos. Pode ser ainda observado nesta mesma figura, que as gemas expostas ao período de 816 horas de frio apresentaram TMB mais uniforme, representado pelo menor desvio-padrão.

O efeito do frio é conhecido na eliminação da dormência; entretanto, o seu real mecanismo, considerando-se os aspectos fisiológicos, resta, ainda, ser aprofundado. Sabe-se que a temperatura intervém ao nível de membrana, direta ou inderetamente, estimulando as modificações da composição protéica e lipídica (Mazliak, 1992; Portrat et al., 1995); intervém, ainda, na velocidade das reações enzimáticas, na respiração e nos fenômenos de transporte (Lance e Moreau, 1992).

Para o caso das gemas laterais, o TMB não foi influenciado pelo tempo de exposição ao frio (Figura_2).

No caso de pomáceas, principalmente macieira e pereira, as gemas terminais exercem um importante papel no controle da dormência sobre as gemas laterais.

Neste caso, apresentam maior profundidade de dormência (Herter, 1992), necessitando, portanto, de maior período de exposição ao frio.

Em relação à velocidade de brotação (Figura3), esta foi diretamente proporcional às quantidades de frio. Entretanto, os tratamentos 816 e 1088 horas de frio, embora representem apenas 272 horas de frio, de diferença, podem ser considerados de igual efeito, pois, em cerca de 15 dias, as gemas atingiram o índice 100% de brotação. Para o caso das gemas submetidas a 544HF, ocorreu um aumento rápido, passando de 30% para 80% de brotação, num período de 2 dias, após 14 dias de exposição, chegando a 100% somente aos 30 dias. na testemunha e 272 HF, o índice de 100% de gemas brotadas ocorreu aos 38 e 29 dias após a retirada do frio, respectivamente.

No tabela_1, são apresentados os dados do número de gemas terminais brotadas a partir do início da brotação, em função do tratamento de frio submetido. Na tabela_2, é apresentada a distribuição do número de gemas terminais brotadas, a partir do qual se calculou o IVB.

De acordo com os resultados do quadro 2, pode-se ver que o tratamento de 1088 horas de frio indicou um IVB de cerca de 6,0 dias e o tratamento de 816 horas de frio, de 10,2 dias de IVB. Os dois tratamentos diferiram por cerca de 4 dias. Os demais tratamentos apresentaram os IVBs respectivos, com, no mínimo o dobro daquele do tratamento de 1088 HF.

A partir dos dados do quadro 1 e Figura_3, avaliando a regressão linear do número de gemas terminais brotadas (Y) em relação aos das de brotação (X), podem-se estimar as seguintes equações, para cada tratamento:

Poder-se-iam agrupar os tratamentos pela magnitude dos coeficientes angulares (que indicam a intensidade da resposta de Y a cada variação de X), em 3 grupos: 2 e 3, no grupo de menor intensidade de resposta; 1 e 5,no grupo de intensidade intermediária; 4, no de maior intensidade. O teste de significância (teste t) entre as inclinações das retas indicou diferença significativa do tratamento de 816 HF em relação ao tratamento de 544 HF (a=0,05), em relação ao tratamento de 272 HF (a=0,01) e em relação ao tratamento de 0 HF (a=0,06), segundo Gomez e Gomez (1984).

A brotação das gemas terminais foi mais rápida quando se utilizaram 816 horas de frio. Resultados de pesquisa têm mostrado que o frio provoca a homogeneização da dormência, pois as gemas terminais, durante a fase de repouso, apresentam diferentes níveis de profundidade (Mauget, !987). Deve-se salientar que a avaliação da velocidade da brotação foi determinada após as gemas terem sido submetidas ao calor (25ºC). Portanto, estes resultados indicam que o frio aumentou a velocidade de brotação.

A partir destes resultados, é possível estimar que as gemas terminais da cv.

Carrick necessitam de uma exposição de cerca de 800 horas de frio para superar a dormência.

CONCLUSÕES 1 - O estado inercial das gemas terminais diminuiu com o aumento do número de horas de frio a que foram submetida.

2 - O índice de velocidade de brotação do tratamento de 1088 horas de frio, o de menor índice, não diferiu do tratamento de 816 horas de frio, mas foi inferior aos demais.

3 - O índice de velocidade de brotação pode ser utilizado para estimar a necessidade de frio das cultivares.

4 - A intensidade de brotação a 816 horas de frio é superior às demais.

5 -As gemas da cv. Carrick necessitam de uma exposição de 800 horas de frio para superar a dormência.


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