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BrBRCVAg0100-29452001000200013

BrBRCVAg0100-29452001000200013

variedadeBr
Country of publicationBR
colégioLife Sciences
Great areaAgricultural Sciences
ISSN0100-2945
ano2001
Issue0002
Article number00013

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RETARDAMENTO DA MATURAÇÃO DE MAÇÃS 'FUJI' PELO TRATAMENTO COM 1-MCP E MANEJO DA TEMPERATURA

INTRODUÇÃO A maioria das práticas empregadas para prolongamento da vida pós-colheita de maçãs funciona em parte pela redução dos efeitos do fito-hormônio etileno (Fidler, 1973; Smock, 1979; Knee, 1985). Refrigeração sob atmosfera do ar (AA) e sob atmosfera controlada (AC) são as principais técnicas comercialmente empregadas para a redução da produção e ação do etileno e dos processos fisiológicos associados à maturação de frutos (Fidler, 1973; Smock, 1979). A pulverização pré-colheita de macieiras com inibidor da síntese de etileno AVG (aminoethoxivinilglicina) também têm sido empregada como uma estratégia para retardar a maturação dos frutos na planta e durante a armazenagem (Halder-doll e Bangerth, 1987).

A rescente descoberta, feita pelos Drs. Sylvia Blankenship e Ed Sisler da Universidade da Carolina do Norte, de que o gás 1-methilciclopropeno (1-MCP) interfere na habilidade das plantas de responderem ao etileno, representa uma nova potente ferramenta para o manejo pós-colheita de frutos climatéricos (Sisler e Serek, 1997). Tem sido demonstrado que o inibidor da ação do etileno 1-MCP retarda a maturação e senescência de várias espécies de frutos (Abdi et al., 1998; Fan e Mattheis, 1999a; Fan et al., 1999a; Golding et al., 1998) e inibe o desenvolvimento de algumas desordens fisiológicas que ocorrem durante a armazenagem de maçãs (Fan et al., 1999b).

O presente estudo objetivou determinar os efeitos do tratamento 1-MCP sobre o controle da maturação e conservação da qualidade de maçãs cv. Fuji armazenadas sob diferentes temperaturas.

MATERIAL E MÉTODOS Maçãs cv. Fuji foram colhidas em estádio pré-climatérico (178 dias após a plena floração), em pomar comercial em Wenatchee, WA, em 1999. Um dia após a colheita, os frutos foram tratados com gás de 1-MCP na dose de 42 mmol.m-3, por 24 h, a 20oC, o qual foi gerado a 20oC, misturando EthylBloc e tampão surfatante (Rohm e Haas Inc.) num frasco de 150 mL, conectado a uma câmara de tratamento (230 L). O gás de 1-MCP foi bombeado para a câmara de tratamento, num sistema fechado. A concentração de 1-MCP na atmosfera da câmara de tratamento foi determinada por cromatografia gasosa, como descrito por Fan et al. (2000). Após o tratamento com 1-MCP, os frutos foram armazenados sob atmosfera do ar a 0oC, a 10oC com UR de 86±5% e a 20oC com UR de 70±5%.

A qualidade e a maturação foram determinadas para cada fruto individualmente após 10; 25; 45 e 70 dias do tratamento com 1-MCP, por meio de análises de firmeza da polpa e acidez titulável (AT) conforme descrito por Mattheis et al.

(1998). O índice de cor de fundo (na face sombreada) da superfície dos frutos foi determinado usando-se uma escala visual de 1 a 5 (1 = verde-escuro, 5 = amarelo-laranja) (USDA, 1929). As taxas respiratória e de produção de etileno foram determinadas em amostras de frutos (~1 kg), os quais foram colocados em jarras de 5L,supridas com ar comprimido, livre de etileno, a 100 mL·min-1, e mantidas a 0; 10 ou 20 oC. No ar efluente, foram analisadas as concentrações de CO2 e de etileno por meio de um cromatógrafo a gás, conforme descrito por Fan et al. (1999a).

Empregou-se o delineamento de blocos casualizados com 20 repetições (um fruto por repetição), exceto para análises da respiração e produção de etileno, em que se empregaram quatro repetições (~1 kg de frutos por repetição). Os dados foram analisados usando-se o sistema para análise estatística para microcomputador Statistical Analysis System (SAS Institute, Inc.). Os efeitos de tratamento foram analisados pelo procedimento ANOVA, e a separação das médias dos tratamentos foi determinada pelo teste Fischer's Protected LSD (a=0,05).

RESULTADOS Respiração e produção de etileno A redução da temperatura dos frutos para 0oC ou 10 oC resultou em diminuição das taxas respiratória e de produção de etileno, comparada com aquela de frutos mantidos a 20oC (Fig._1). Durante os 70 dias de armazenagem a 0oC, a taxa respiratória de frutos-controle permaneceu estatisticamente igual àquela de frutos tratados com 1-MCP. A 10oC, a taxa respiratória diminuiu com o tempo de armazenagem, passando por um mínimo no quinto dia após o tratamento, e então aumentou continuamente. A partir de 22 dias de armazenagem a 10oC, a taxa respiratória de frutos tratados com 1-MCP permaneceu aproximadamente a metade daquela de frutos não tratados. Frutos-controle armazenados a 20oC exibiram ligeiro aumento transitório na taxa respiratória. No entanto, em frutos tratados com 1-MCP, a taxa de evolução de CO2 diminuiu significativamente durante os primeiros 32 dias de armazenagem a 20oC, aumentando em seguida até níveis similares àqueles observados logo após o tratamento. A partir do segundo dia até o 52o dia de armazenagem a 20oC, as taxas respiratórias de frutos tratados com 1-MCP foram significativamente inferiores àquelas de frutos- controle. Frutos tratados com 1-MCP armazenados a 20oC exibiram taxas respiratórias similares ou inferiores àquelas de frutos-controle armazenados a 10oC.

A redução da temperatura de armazenagem retardou o início da produção acentuada de etileno em frutos controle, bem como em frutos tratados com 1-MCP (Fig._1).

Produção detectável de etileno em frutos tratados com 1-MCP ocorreu apenas após 38; 24 e 15 dias de armazenagem a 0oC, 10oC e 20oC, respectivamente. Nas três temperaturas de armazenagem, 1-MCP retardou o início da produção de etileno em aproximadamente 20 dias. Além disso, as taxas de produção de etileno em frutos tratados com 1-MCP permaneceram significativamente inferiores àquelas de frutos-controle, independentemente da temperatura de armazenagem, exceto para frutos armazenados a 20oC por mais de 50 dias, em que a produção de etileno de frutos-controle não diferiu daquela de frutos tratados.

Qualidade dos frutos Durante 70 dias a 0oC, a textura da polpa não mudou significativamente, mas houve ligeiro amarelecimento da epiderme e perda da acidez titulável (AT), independentemente do tratamento (Fig._2). Por outro lado, a 20oC, o amadurecimento dos frutos foi evidenciado pelo rápido amarelecimento da epiderme e pela redução da textura e AT. Aproximadamente 80% dos frutos apresentaram sintomas de murcha após 70 dias de armazenagem a 20oC, independentemente do tratamento. Devido à desidratação dos frutos, não foi possível determinar corretamente a firmeza da polpa dos frutos de ambos os tratamentos aos 70 dias de armazenagem a 20oC.

O tratamento dos frutos com 1-MCP resultou em aumento da conservação da firmeza da polpa e da acidez titulável dos frutos armazenados a 10oC e 20oC (Fig._2).

Na armazenagem a 20oC, 1-MCP também retardou o amarelecimento da epiderme dos frutos (Fig._2). Depois de 70 dias de armazenagem a 10oC, a firmeza da polpa e a AT de frutos tratados com 1-MCP foram semelhantes àquelas de frutos-controle armazenados a 0oC. Da mesma forma, após 45 dias de armazenagem a 20oC, a firmeza da polpa de frutos tratados com 1-MCP foi semelhante ou superior àquela de frutos-controle armazenados a 10oC.

DISCUSSÃO A maioria das alterações associadas à maturação dos frutos, como firmeza, acidez titulável (AT), cor da epiderme, sabor e aroma, resulta de processos fisiológicos regulados pela produção interna de etileno (Oetiker e Yang, 1995).

Estudos recentes mostram que 1-MCP regula a produção de etileno e a maturação de várias espécies de frutos climatéricos, como tomates e bananas (Serek et al., 1995), maçãs (Fan et al., 1999a), damasco (Fan et al., 2000), peras (Fan et al., 1999c) e ameixas (Abdi et al., 1998). Acredita-se que 1-MCP se liga irreversivelmente ao sítio receptor do etileno, resultando em inibição de sua ação por longos períodos (Sisler e Serek, 1997).

Firmeza da polpa, AT, suculência, aroma e cor da epiderme são aspectos críticos da qualidade de maçãs. No presente estudo, observou-se que pode não haver impacto significativo de 1-MCP sobre a conservação da qualidade de maçãs cv.

Fuji durante o armazenamento em curto prazo (por 70 dias) sob atmosfera do ar (AA) a 0oC (Fig._2). Da mesma forma, não benefícios significativos do emprego de atmosfera controlada (AC) sobre a conservação da qualidade de maçãs Fuji durante o armazenamento em curto prazo a 0oC (Drake, 1993). Entretanto, o tratamento de maçãs Fuji com gás de 1-MCP na colheita resulta em aumento expressivo da conservação da qualidade durante a armazenagem a longo prazo (6 meses) a 0oC (Fan et al., 1999a).Por outro lado, cultivares de maçãs, como Gala e Delicious, tratadas com 1-MCP, exibem aumento da conservação da qualidade durante a armazenagem a curto e longo prazos, a 0oC (Argenta et al., 2000).

Maçãs Fuji mantidas a 20oC apresentam aumento significativo da respiração e produção de etileno nos primeiros 20 dias após a colheita (Fig._1). Nessas condições, o tratamento com 1-MCP efetivamente retardou o aumento da produção de etileno, a respiração e a maturação de maçãs Fuji, comparado com a testemunha (Fig._1). O prolongamento da armazenagem a 20oC foi limitado, em grande parte, pela desidratação e perda da suculência dos frutos. Em outros estudos recentemente desenvolvidos no Brasil sob condições similares, observou- se que o prolongamento da armazenagem de maçãs Fuji a 20oC foi limitado, em grande parte, pelo desenvolvimento de podridões como aquelas causadas por Penicilliumsp., Botrytissp. e outros (dados não publicados).

CONCLUSÕES O tratamento com 1-MCP retarda a maturação e aumenta a conservação da qualidade de maçãs Fuji durante a armazenagem a 10 e 20oC, podendo ser empregado como estratégia para aumento da conservação da qualidade durante o transporte e a distribuição dos frutos sob condições de alta temperatura. Esse tratamento não representa meio para superação de limitações a conservação pós-colheita de maçãs, como a baixa umidade relativa do ar e a ocorrência de infecções latentes de agentes patogênicos.


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