Home   |   Structure   |   Research   |   Resources   |   Members   |   Training   |   Activities   |   Contact

EN | PT

BrBRCVAg0100-29452001000200036

BrBRCVAg0100-29452001000200036

variedadeBr
Country of publicationBR
colégioLife Sciences
Great areaAgricultural Sciences
ISSN0100-2945
ano2001
Issue0002
Article number00036

O script do Java parece estar desligado, ou então houve um erro de comunicação. Ligue o script do Java para mais opções de representação.

INFLUÊNCIA DE DIVERSOS SUBSTRATOS NO DESENVOLVIMENTO DE MUDAS DE MARACUJAZEIRO AZEDO (Passiflora edulis Sims f. flavicarpa DEG) INFLUÊNCIA DE DIVERSOS SUBSTRATOS NO DESENVOLVIMENTO DE MUDAS DE MARACUJAZEIRO AZEDO (Passiflora edulisSims f. flavicarpa DEG)1

INTRODUÇÃO Dentre os diversos campos de atividades de que se compõe à agricultura, a fruticultura assume um importante papel alimentar, social e econômico.

Na alimentação, a produção de frutos apresenta importante papel, principalmente por serem excelentes fontes de vitaminas, minerais e fibra dietética.

No social, a atividade frutícola comparada à indústria, mostra-se com menor necessidade de investimento para a criação de empregos. Entre a empresa Mercedes Benz e a fruticultura, observa-se que a indústria necessita de R$ 61.500,00 de investimento, e, na fruticultura, necessita-se de cerca de R$ 2.000,00, valor trinta vezes menor (Leite, 1996).

E no lado econômico, tem sido importante na promoção de divisas para o País com exportações de frutas naturais e processadas. Segundo Reinhardt (1996), a fruticultura representa cerca de 25% do valor da produção agrícola nacional.

Dentre as frutas produzidas, o maracujazeiro está em franca expansão no Brasil.

Em 1994, a área plantada era de 33 mil ha, 33% maior que a registrada em 1988 (Agrianual, 1998). Apesar disso, a cultura tem enfrentado vários problemas na produção, refletindo em pequeno rendimento e baixa qualidade de frutos.

Entre os vários fatores responsáveis pelo insucesso no cultivo do maracujazeiro, podemos citar a escolha de bons genótipos, o manejo cultural e fitossanitário e a adubação, partindo, inicialmente, pela obtenção de mudas de boa qualidade genética, fisiológica e sanitária.

Para se obterem mudas de qualidade, necessária se torna à utilização de uma boa técnica de formação de mudas e, dentre os fatores importantes, está o substrato (Peixoto, 1986). Os melhores substratos devem apresentar, entre outras importantes características, disponibilidade de aquisição e transporte, ausência de patógenos, riqueza em nutrientes essenciais, pH adequado, textura e estrutura.

Acredita-se que o uso de substratos adequados, associados ao emprego de fungos micorrízicos arbusculares (FMA), contribuirá para a formação de mudas superiores, uma vez que tais fungos, em associação com as raízes do hospedeiro, melhoram sua capacidade de absorção de nutrientes, podendo ainda contribuir para uma melhor condição fitossanitária das mudas.

O presente trabalho objetivou avaliar a influência de diversos substratos e fertilizantes na formação de mudas do maracujazeiro-azedo, cultivadas em bandejas de poliestireno nas condições de casa de vegetação.

MATERIAL E MÉTODOS O experimento foi desenvolvido na Embrapa Cerrados, Planaltina-DF, em casa de vegetação, mantida com um termoigrógrafo durante o período do experimento, o qual registrou temperatura variando de 17ºC a 36ºC e umidade relativa de 35% a 98%. Na Tabela_1, verifica-se a composição e características químicas dos substratos utilizados.

As mudas foram formadas em bandejas de poliestireno de 72 células (120 ml/ célula), utilizando substrato comercial (PlantmaxR- eucalipto). Procedeu-se a semeadura em 17-03-99, utilizando três sementes/célula a 0,5 cm de profundidade. Posteriormente, quando as mudas atingiram 5 cm de altura, efetuou-se o desbaste, deixando-se a mais vigorosa.

A inoculação das mudas foi feita depositando-se solo-inóculo abaixo das sementes. O inóculo foi composto de 50% de solo-inóculo e 50% de areia esterilizada. Colocou-se em cada célula, da bandeja, cerca de 5g deste inóculo, o que corresponde a aproximadamente 100 esporos por planta. Para o estabelecimento da micorriza, utilizou-se a espécie Glomus etunicatum(isolado L4, fornecido pela Embrapa Cerrados). Esse inoculante possuía 2.280 esporos/ 50g.

Os adubos utilizados foram: OsmocoteR na fórmula 14-14-14 (produto de lenta liberação de nutrientes) e 4-14-8 (de liberação normal). A dose de cada adubo foi de 400 gramas para cada 55 litros de substrato (corresponde ao volume de um saco de substrato comercial).

A irrigação foi realizada por sistema de microaspersão automática, irrigando-se três vezes por dia, nos primeiros 10 dias, e depois passou-se a irrigar duas vezes por dia.

Durante o experimento, foram feitas duas pulverizações preventivas com oxicloreto de cobre, para evitar o aparecimento de doenças fúngicas.

As mudas foram avaliadas aos 45 dias após a semeadura (30-04-99) utilizando-se dos seguintes parâmetros: a) altura de mudas; b) diâmetro do caule; c) área foliar; d) peso da matéria seca das raízes; e e) peso da matéria seca da parte aérea.

Para a determinação da altura, utilizou-se uma régua graduada em centímetros, tomando como referência à distância do colo ao ápice da muda. O diâmetro do caule foi medido com um paquímetro graduado em milímetros, na altura do colo da muda. A área foliar foi obtida por meio da medição em aparelho de leitura que forneceu a área foliar em cm2, no laboratório de biologia da Embrapa Cerrados (empregando-se 9 plantas, obtidas aleatoriamente na parcela, para a determinação do valor médio destas medições mencionadas).

A parte aérea e o sistema radicular foram secos em estufa de circulação forçada a 60ºC, até atingirem peso constante obtido em 72 horas, de acordo com a metodologia de Hunter (1974), para posterior determinação do valor do peso da matéria seca da parte aérea e do sistema radicular.

O delineamento experimental utilizado foi o de blocos casualizados, em esquema fatorial 2 x 4 x 3 x 2, totalizando 48 tratamentos, 18 plantas úteis por parcela e quatro repetições. Os tratamentos corresponderam a: dois tipos de substrato artificiais (VermiculitaR mais casca de Pinus sp - PlantmaxR- eucalipto e VermiculitaR); três tipos de f.o. (húmus, esterco de curral e NutriplantaR (produto à base de bactérias) e ausência de f.o., na proporção de 3:1 do substrato básico para a f.o.; duas formulações de adubo [OsmocoteR na fórmula 14-14-14 (produto de lenta liberação de nutrientes) e 4-14-8 (liberação normal)], além da ausência de adubo; e micorriza (Glomus etunicatum), ausência e presença.

Os dados foram submetidos à análise da variância e as médias dos fatores comparadas pelo teste de Tukey, a 5% de probabilidade, sendo as avaliações dos resultados realizadas de acordo com Gomes (1982).

Também foram feitas análises de correlação entre todas as variáveis avaliadas, baseando-se na significância de seus coeficientes. A classificação de intensidade da correlação para p £ 0,01, considerou muito forte (r ± 0,91 a ± 1,00), forte ( 0,71 a ± 0,90), média ( 0,51 a ± 0,70) e fraca (r ± 0,31 a ± 0,50), de acordo com Gonçalves & Gonçalves (1985), citado por Guerra & Livera (1999).

RESULTADOS E DISCUSSÃO Houve efeito da interação entre os fatores estudados no desenvolvimento das mudas do maracujazeiro (Tabela_2). Verificou-se que o PlantmaxR proporcionou valores mais elevados que a VermiculitaR para todas as características analisadas. Este resultado está de acordo com Lopes et al. (1996), que relataram a formação de plantas vigorosas de maracujá quando utilizaram PlantmaxR em relação à VermiculitaR. Possivelmente, isto se deve à composição química do PlantmaxR, que possui teores mais elevados de nutrientes do que a VermiculitaR, principalmente N (encontrado na matéria orgânica), P, K e Ca + Mg (Tabela_1). O PlantmaxR somente não diferiu estatisticamente da VermiculitaR, quando a sua f.o. foi o NutriplantaR. Verifica-se, dessa forma, que o NutriplantaR favorece o desenvolvimento das mudas, chegando a reduzir as diferenças entre o substrato básico (Tabela_2).

Na interação tipo de substrato e adubação, houve diferenças significativas entre PlantmaxR e VermiculitaR, na testemunha e na aplicação de 4-14-8, sendo o PlantmaxR superior em todas as características de crescimento da muda. Mas quando se utilizou OsmocoteR, não houve diferença significativa entre PlantmaxR e VermiculitaR, com exceção da altura de mudas (maior com PlantmaxR na presença de OsmocoteR), provavelmente devido à lenta liberação de nutrientes (3 meses) do OsmocoteR. As mudas foram analisadas aos 45 dias, metade do previsto para a liberação dos nutrientes do OsmocoteR, e com pouco acúmulo de matéria seca (Tabela_3). Quando se utilizou o formulado 4-14-8, houve diferenças significativas entre PlantmaxRe VermiculitaR, demonstrando o efeito positivo do adubo com liberação normal de nutrientes na obtenção de mudas mais precoces (45 dias após a semeadura), mesmo utilizando um substrato completo em nutrientes (Tabela_3). Por outro lado, podemos argumentar que os nutrientes contidos neste substrato (PlantmaxR) não foram suficientes para a nutrição das mudas de maracujazeiro.

São José et al. (1994) detectaram, recentemente, alguns problemas na produção de mudas em tubetes, relacionados principalmente ao substrato, cujos nutrientes são reduzidos e/ou esgotados em algumas semanas.Testando quatro tipos de substratos em tubetes na produção de mudas de maracujazeiro: Vermiculita enriquecida (substrato comercial), moinho de carvão vegetal, esterco de curral curtido e mistura de carvão e esterco, estes autores verificaram que o esterco de curral curtido (tratado com brometo de metila) proporcionou melhor desenvolvimento das plantas. A vermiculita e o carvão vegetal foram os que apresentaram os menores desenvolvimentos.

A micorriza não interferiu no efeito do PlantmaxR, mas influenciou positivamente a VermiculitaR, para todas as características avaliadas, à exceção do peso da matéria seca das raízes (Tabela_4). O não-efeito da micorriza, associada ao PlantmaxR, pode ter sido devido ao alto teor de fósforo disponível neste substrato (Tabela_1), pois a taxa de colonização de fungo micorrízico diminui com o aumento da disponibilidade de fósforo (Silveira, 1992). O maior desenvolvimento das mudas micorrizadas, na combinação VermiculitaR e micorriza, também está de acordo com Oliveira et al. (1994) que, estudando o desempenho de fungos micorrízicos arbusculares nativos na produção de mudas de maracujazeiro, obtiveram crescimento significativo das plantas inoculadas com Glomus clarum, G. etunicatum e Glomussp (IAC- 28).

A análise de correlação simples mostrou correlação positiva e significativa, ao nível de 1% de probabilidade, entre todas as variáveis estudadas (Tabela_5). As correlações encontradas foram médias, fortes e muito fortes, de acordo com a classificação de Gonçalves & Gonçalves (1985), citado por Guerra & Livera (1999).

Como todas as correlações simples foram positivas, pode-se afirmar que as características analisadas são diretamente proporcionais como, por exemplo, o aumento da altura de planta corresponde a uma elevação no valor do diâmetro do caule, área foliar, peso seco da parte aérea e peso seco das raízes.

CONCLUSÕES 1.Para a produção de mudas em bandejas de poliestireno, o PlantmaxR foi superior à VermiculitaR em todas as características de desenvolvimento de mudas analisadas.

2. O NutriplantaR combinado com PlantmaxR proporcionou o melhor desempenho das mudas.

3. O OsmocoteR promoveu o maior desenvolvimento das mudas, comparado ao adubo 4-14-8.

4. A presença de Glomus etunicatum combinada com VermiculitaR possibilitou o aumento de todas as características analisadas, à exceção do peso da matéria seca das raízes.

5. A presença de micorriza somente apresentou influência nas características analisadas, quando associada a VermiculitaR.

6. Todas as características estudadas devem ser diretamente proporcionais, devido à forte correlação positiva existente entre elas.


transferir texto