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BrBRCVAg0100-29452002000100013

BrBRCVAg0100-29452002000100013

variedadeBr
Country of publicationBR
colégioLife Sciences
Great areaAgricultural Sciences
ISSN0100-2945
ano2002
Issue0001
Article number00013

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Polietileno de baixa densidade (PEBD) na conservação pós-colheita de figos cv.

"Roxo de Valinhos" ABSTRACT- It was studied the effect of different polyetilene packings in figs cv. "Roxo de Valinhos" under cold storage conditions. The fruits were picked out at the beginning of the maturation stadium, cleaned and selected, and then packeted in polyetilene films plastic of different thickness, as follows: 1 (control), 2 - LDPE with 6 µm of thickness, 3 - LDPE with 10 µm of thickness, 4 - LDPE with 15 µm of thickness, 5 - LDPE with 22 µm of thickness, the fruits were stored in cold chamber with temperature of - 0,5 °C and 85-90 % of RH, for eight days. The analyses were carried out daily, being evaluated the following parameters: loss of fresh mass, visual aspect, fresh firmness, total soluble solids, titritable total acidity and relation TSS/ATT. At the end it was verified that the fruits packeted in LDPE with 22 µm of thinckness, presented the largest fresh firmness, best visual aspect, smallest contents of total soluble solids, largest levels of titritable total acidity and the smallest values in the relation TSS/ATT, when compared to the other treatments.

In the parameter loss of fresh mass, all treatments differed statistically from the control.

Index Terms :Ficus caricaL., quality, cold storage, modified atmosphere.

INTRODUÇÃO A Figueira (Ficus carica L.) é uma frutífera de clima temperado, que se desenvolve bem nas regiões de inverno ameno. No estado de São Paulo, destacam- se como principais áreas produtoras os municípios de Valinhos, Vinhedo e Jundiaí. Valinhos constitui aproximadamente 80% da área plantada, de um total de quase 400 mil pés plantados em todo o estado. A cultivar Roxo de Valinhos, também chamada de San Piero, Negro Largo, Portugal, Brown Turkey e Nero, apresenta-se como uma planta vigorosa, precoce, de porte grande e altamente produtiva. Os frutos apresentam coloração roxa, pesam cerca de 60 e 90 gramas e possuem um ótimo sabor para consumo "in natura", sendo hoje considerada a cultivar de figo mais cultivada comercialmente (Simão, 1998).

Sendo um produto altamente sensível ao manuseio, deve-se acondiciona-los o mais rápido possível em caixas definitivas destinadas ao mercado. O sistema usual de comercialização consiste de uma embalagem principal de madeira, e dentro desta três outras sub-embalagens de papelão, nas quais os frutos, em um número de oito a dezesseis, são devidamente acondicionados deitados em camada única (Simão, 1998).

O figo possui uma vida de prateleira muito curta quando armazenados em condições ambientais (de um a dois dias). Salunkhe & Desai (1984); Chitarra & Chitarra (1990) verificaram que os figos armazenados entre ¾ 0,5 e 0¡C e 85-90% de umidade relativa mantêm sua qualidade pós-colheita, podendo assim ser conservados entre sete a dez dias.

O uso da atmosfera modificada, bem como de qualquer outro tratamento pós- colheita, destina-se principalmente a frutos com alto valor comercial que propiciem retorno econômico ao valor investido no tratamento realizado, também aos frutos com perspectiva de ampliação de mercado (principalmente o mercado externo) e quando o manuseio direto deste fruto pode acarretar problemas na sua qualidade final (Sarantóupolos & Soler, 1989).

O alto custo da câmara fria com atmosfera controlada tem estimulado a procura de métodos mais simples e baratos de modificação da concentração de gases ao redor e no interior dos frutos. Na atmosfera modificada, de acordo com Awad (1993), colocam-se os frutos em embalagens de polietileno, onde de forma ativa ou passiva, ocorre a modificação da concentração inicial dos gases presentes (O2, CO2 e etileno). Essa modificação depende basicamente das características do filme plástico, em especial quanto à permeabilidade aos diferentes gases.

Segundo Sarantóupolos & Soler (1989), a modificação da atmosfera através do uso de filmes plásticos, pode retardar o processo de maturação dos frutos, através da alteração da concentração inicial dos gases presentes na embalagem (O2 ,CO2 e etileno), sendo que a concentração depende de alguns fatores. Marsh (1988) define estes fatores como: taxa de permeabilidade a gases da embalagem, hermeticidade da soldagem, relação área e volume da embalagem e presença de absorvedores.

Segundo Kader et al. (1989), a seleção de um filme plástico, que resultará em uma atmosfera modificada favorável, deve ser baseada na taxa respiratória e nas concentrações ótimas de O2 e CO2 para o produto. Para a maioria dos produtos, exceto aqueles que toleram altos níveis de CO2, um filme adequado deve ser mais permeável ao CO2 que ao O2. Segundo Pantastisco (1975), o O2é fundamental para que a respiração aeróbia continue ocorrendo normalmente, entretanto baixas concentrações de O2podem levar a uma condição de anaerobiose.

Frutos embalados com filmes plásticos requerem maior tempo de resfriamento que frutos não embalados (Pantastisco, 1975; Shewfelt, 1986; Wolfe, 1984). O uso de filmes plásticos proporciona, não apenas a redução da perda de umidade mas também aumenta a proteção contra danos mecânicos, e proporciona uma dilatação no período de comercialização. Quando uma embalagem de filme plástico é corretamente projetada, a composição gasosa no interior interfere na atividade metabólica do fruto ou da hortaliça, reduzindo-a, obtendo-se por conseguinte um atraso no amadurecimento (Mosca et al., 1999).

Este trabalho tem por objetivo comparar filmes de polietileno de baixa densidade com diferentes espessuras no aumento da vida útil do figo cv.

"Roxo de Valinhos".

MATERIAIS E MÉTODOS O trabalho foi desenvolvido no laboratório de Frutas e Hortaliças, do Departamento de Gestão e Tecnologia Agroindustrial, da Universidade Estadual Paulista, campus de Botucatu. Os frutos colhidos no início do estádio de maturação, na segunda quinzena de dezembro, em propriedade agrícola situada no município de Valinhos/SP. Estes foram limpos e selecionados sendo posteriormente submetidos a um pré-resfriamento à temperatura de 4 °C, até que a temperatura de polpa atingisse 0 °C. Em seguida foram embalados em filme plástico de PEBD de diferentes espessuras (três frutos por embalagem) sendo então acondicionados em bandejas de papelão ¾ três embalagens de PEBD por bandeja (representando as três repetições), constituindo assim os tratamentos: 1(sem filme de PEBD), 2 - PEBD com 6 µm de espessura, 3 - PEBD com 10 µm de espessura, 4 - PEBD com 15 µm de espessura, 5 - PEBD com 22 µm de espessura, sendo armazenados em câmara fria com temperatura de ¾ 0,5 °C e UR 85-90 %. As avaliações foram realizadas a partir da colheita, diariamente, 24 horas após a retirada de cada amostra da câmara fria (simulação de comercialização), por um período de sete dias, sendo determinados sob os seguintes aspectos: perda de massa fresca, aspecto visual do fruto, acidez total titulável (ATT), sólidos solúveis totais (SST), firmeza de polpa e relação SST/ATT.

A perda de massa fresca foi avaliada através da pesagem dos frutos embalados unitariamente em PEBD, em um número de cinco repetições por tratamento, em balança OWALABOR, considerando a massa inicial de cada amostra, com resultados expressos em porcentagem.

O aspecto visual do fruto foi avaliado através de uma escala subjetiva de valores, com base no avanço do amadurecimento, bem como, na ocorrência de danos físicos e podridões dos frutos embalados unitariamente em PEBD, em um número de cinco repetições por tratamento, sendo: 0,4 ¾ ótimo; 0,3 ¾ bom; 0,2 ¾ regular; 0,1 ¾ ruim.

A firmeza de polpa foi avaliada através do texturômetro modelo STEVENS ¾ LFRA texture analyser, com a distância de penetração de 20 mm e velocidade de 2,0 mm.seg.-1, utilizando o ponteiro TA 9/1000. A leitura foi feita em lados opostos da seção equatorial dos frutos, sendo que o valor obtido para se determinar à textura em gramas.força-1, foi definido como máxima força requerida para que uma parte do ponteiro adentre a polpa do fruto.

Os sólidos solúveis totais (SST) foram avaliados através da leitura refratométrica direta, em ° Brix, com o refratômetro tipo Abbe, marca ATAGO ¾ N1.

A acidez total titulável (ATT) foi determinada por titulometria de neutralização, por titulação de 10 g de polpa, homogeneizada e diluída para 100 ml em água ultra-pura, com solução padronizada de hidróxido de sódio a 0,1 N.

Os resultados foram expressos em Cmol.L-1.

Análise sensorial através de um teste de preferência, com 25 julgadores treinados, sendo distribuidas duas amostras por tratamento, através de escala hedônica de 5 pontos, variando de gostei muitíssimo (nota 5) a desgostei muitíssimo (nota 1), segundo Moraes (1988).

O delineamento experimental empregado no experimento foi o inteiramente casualizados, com esquema fatorial 5x7 (tipo de embalagem e tempo de armazenamento), com 5 tratamentos e 5 repetições (perda de massa fresca e aspecto visual) e 3 repetições (firmeza de polpa, SST, ATT). Os dados foram submetidos à comparação de médias, efetuada pelo teste DMS (P£0,05). Todas as análises das variáveis foram executadas pelo programa StatGraphics.

RESULTADOS E DISCUSSÃO De acordo com os resultados expressos na Figura_1, referente à análise de perda de massa fresca, todos os frutos submetidos ao acondicionamento em embalagens de PEBD diferiram estatisticamente da testemunha, apresentando-se portanto com um maior potencial de conservabilidade quando comparados com a testemunha, comprovando assim a eficiência do uso de filmes plásticos, que através da modificação atmosférica, possibilita à diminuição da perda de umidade em frutos. Estes dados confirmam o relato de Mosca et al. (1999), no qual é mencionado que a redução da perda de umidade contribui decisivamente na melhor manutenção da qualidade pós-colheita proporcionando assim um prolongamento da vida útil dos frutos.

Em relação à análise do aspecto visual (Figura_2), os frutos acondicionados em PEBD de 22 µm foram os que obtiveram melhores resultados, apresentando-se ao final do período experimental sem nenhuma manifestação de danos físicos e/ou podridões, estando portanto em ótimas condições de comercialização, possibilitando assim uma maior flexibilidade quanto ao seu tempo de conservação pós-colheita. Dados estes confirmados por Sarantóupolos & Soler (1989), no qual descreve os efeitos positivos da embalagem quanto à criação de uma barreira de proteção que separa os frutos do contato direto com o meio, preservando assim a integridade física dos mesmos.

Os resultados da análise de firmeza de polpa (Figura_3), demonstraram que os frutos submetidos ao tratamento 5 (PEBD de 22 µm), apresentaram uma firmeza de polpa superior aos demais tratamentos, possivelmente pela elevação dos níveis de CO2 quanto a uma melhor preservação da integridade dos tecidos celulares, dados estes concordantes com McDonald & Harmam (1982); Mitchell et al.

(1982); Scott et al. (1984) no qual observam que a elevação nos níveis de CO2, através do uso de filmes plásticos pode, entre outros fatores, reduzir a taxa inicial de perda da firmeza de polpa.

Nos resultados da análise de sólidos solúveis totais (Figura_4), pode-se observar que os frutos embalados em PEBD de 22 µm apresentaram uma maior contenção quanto à evolução dos teores de SST, pressupondo-se um estádio menos avançado de amadurecimento destes frutos quando comparados aos outros tratamentos, confirmando com o artigo de Sarantóupolos & Soler (1989), no qual é ressaltado que através da modificação atmosférica dos frutos, pelo uso de filmes plásticos, pode-se retardar a velocidade do processo de amadurecimento dos frutos.

Pelos dados contidos na Figura_5, referente à análise de acidez total titulável, observa-se uma maior contenção nas perdas dos teores de ATT nos frutos acondicionados em PEBD de 22 µm, quando comparados aos demais tratamentos, sugerindo uma menor atividade metabólica dos frutos embalados em PEBD de 22 µm e portanto um aumento no seu período de conservação pós-colheita.

Mosca et al.(1999) relatam quando uma embalagem de filme plástico é corretamente projetada, a composição gasosa no interior interfere na atividade metabólica do fruto ou hortaliça, reduzindo-a, obtendo-se por conseguinte um atraso no amadurecimento.

A preferência (Figura_6) expressa o grau máximo de gostar ou desgostar de um produto. Ela implica na escolha de uma amostra ou, no caso, de um fruto em relação a outro (Teixeira et al., 1987; Moraes, 1988). De acordo com a Figura 6, referente ao teste de preferência, pôde-se constatar que a preferência dos julgadores por um determinado fruto, esta ligada ao grau de maturação deste. Os frutos da testemunha, inicialmente, pelo grau de maturação, foram os apresentaram a maior preferência. os frutos embalados em PEBD de 6 e 12 µm, a partir da 3o dia de armazenamento, foram preferidos frente aos julgadores até o dia de armazenamento, onde pelo avançado grau de amadurecimento e rápida perda de qualidade deram lugar aos frutos acondicionados em PEBD de 15µm e, posteriormente, aos frutos embalados em PEBD de 22 µm, que pela contenção da velocidade do processo de amadurecimento dos frutos, apresentando ao final do período experimental um excelente padrão de qualidade sensorial e a preferência dos julgadores.

CONCLUSÕES Os resultados obtidos com esse trabalho, permitiram concluir que os frutos da testemunha, ao final de quatro dias de frigoconservação, não possuíam condições de comercialização, e que o uso da embalagem de PEBD de 22 µm de densidade é eficiente na melhor manutenção da qualidade pós-colheita dos frutos, em figos cv. "Roxo de Valinhos", possibilitando assim uma maior flexibilidade quando ao período de armazenamento refrigerado.


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