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BrBRCVAg0100-29452002000100045

BrBRCVAg0100-29452002000100045

variedadeBr
Country of publicationBR
colégioLife Sciences
Great areaAgricultural Sciences
ISSN0100-2945
ano2002
Issue0001
Article number00045

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Efeito de doses de NPK sobre os teores de nutrientes nas folhas e no solo, e na produtividade do maracujazeiro amarelo EFEITO DE DOSES DE NPK SOBRE OS TEORES DE NUTRIENTES NAS FOLHAS E NO SOLO, E NA PRODUTIVIDADE DO MARACUJAZEIRO AMARELO1

INTRODUÇÃO O nitrogênio e o potássio são os nutrientes mais absorvidos pelo maracujazeiro.

O nitrogênio tem função estrutural na planta, sendo fundamental para o crescimento vegetativo e produção (Kliemann et al., 1986; Baumgartner, 1987), estimulando o desenvolvimento de gemas floríferas e frutíferas. Assim, na sua falta, o crescimento da planta é lento, o porte é reduzido, com presença de ramos finos e em menor número (Marteleto, 1991). O potássio está presente na planta na forma iônica, atuando como ativador enzimático e participando de vários processos (Malavolta et al., 1989). A deficiência desse nutriente reduz o peso da planta e a produção de frutos, além de interferir na qualidade dos frutos e do suco. Apesar de o maracujazeiro absorver pouco fósforo, este é um nutriente importante nos processos de armazenamento e transferência de energia.

Na sua ausência, o crescimento da planta é reduzido e a produção de frutos afetada (Baumgartner, 1987).

Quanto à resposta do maracujazeiro aos nutrientes, alguns trabalhos apresentam- se contraditórios. Assim é que Baumgartner et. al. (1978) obtiveram resposta positiva ao nitrogênio, fósforo e potássio no primeiro ano de produção e ao nitrogênio e fósforo no segundo ano, enquanto que nos trabalhos de Müller et.

al. (1979), Colauto et al. (1986), Faria et al. (1987) e Borges et al. (1998), o maracujazeiro não respondeu em produtividade à aplicação de NPK no solo.

O equilíbrio nutricional durante o ciclo do maracujazeiro é importante para se obter altas produtividades. Para avaliação do comportamento do maracujazeiro, a associação das análises químicas do solo e a diagnose foliar, vem se mostrando útil na consecução deste objetivo, por permitir a correlação das doses de nutrientes aplicadas no solo com os teores dos mesmos na planta, como também com sua produtividade.

Também em relação aos teores de nutrientes nas folhas do maracujazeiro, verifica-se grande variação, segundo dados apresentados por diferentes autores (Haag et al., 1973; Malavolta et al., 1989; IFA, 1992). Estas diferenças podem ser ocasionadas por razões como época de amostragem, idade da folha, variedade, condições de desenvolvimento da planta, manejo, teor de nutriente no solo etc.

Contudo, para folhas adultas, totalmente desenvolvidas, coletadas em plantas vigorosas, considera-se como adequados os seguintes teores: N = 47,5-52,5 g kg- 1; P = 2,5-3,5 g kg-1; K = 20-25 g kg-1; Ca = 5-15 g kg-1; Mg =2,5-3,5 g kg-1; S = 2,0-4,0 g kg-1; B = 25-100 mg kg-1; Cu = 5-20 mg kg-1; Fe = 100-200 mg kg- 1; Mn = 50-200 mg kg-1 e Zn = 45-80 mg kg-1 (IFA, 1992). No Brasil, Haag et al.

(1973), em condições de campo, para maracujá amarelo, constataram os seguintes teores de macronutrientes, em g kg-1: N = 36-46; P = 2,1-3,0; K = 23,6-32,4; Ca = 17,4-27,7; Mg = 2,1 e S= 4,4; e os de micronutrientes, em mg kg-1: B = 39-47; Cu = 15-16; Fe = 116-233; Mn = 433-604 e Zn = 26-49.

Objetivou-se neste trabalho avaliar a influência das adubações com nitrogênio, fósforo e potássio sobre os teores de nutrientes nas folhas do maracujazeiro amarelo (Passiflora edulis Sims. f. flavicarpa Deg.) e as propriedades químicas do solo, tendo em vista maximizar a produtividade e otimizar a prática da adubação.

MATERIAL E MÉTODOS O experimento foi conduzido no período de maio de 1996 a abril de 1998, no Município de Cruz das Almas (BA), região do Recôncavo Baiano, cujo clima é subúmido, com temperatura média anual de 24oC. A pluviosidade de maio/96 a abril/97 foi de 1.483,2 mm e de maio/97 a abril/98 de 910,7 mm.

O solo da área experimental é um Latossolo Amarelo, franco argilo arenoso (620 g de areia, 90 g de silte e 290 g de argila kg-1), apresentando, na camada de 0-20 cm de profundidade, as seguintes propriedades químicas: pH em água = 4,5; P (Mehlich) = 2,0 mg dm-3; K = 78 mg dm-3; Ca = 0,8 cmolc dm-3; Mg = 0,4 cmolc dm-3; Al = 0,5 cmolc dm-3; SB = 1,5 cmolc dm-3, V = 29% e matéria orgânica = 17 g kg-1.

Utilizou-se o delineamento experimental de blocos casualizados, em esquema fatorial fracionado ½ de 43, com dois blocos incompletos de 16 tratamentos, avaliando-se quatro doses de N (0, 100, 200 e 300 kg ha-1 ano-1), de P2O5 (0, 80, 160 e 240 kg ha-1 ano-1) e de K2O (100, 300, 500 e 700 kg ha-1 ano-1). O maracujá amarelo foi plantado em 20/05/96, no espaçamento 2,5 m x 5,0 m (800 plantas/ha), com parcela útil de 75 m2, constando de seis plantas, em duas linhas, sendo a parcela total de 20 plantas em 250 m2, com bordadura dupla, ocupando uma área total de 8.000 m2(640 plantas). O experimento foi irrigado por microaspersão e monitorado por tensiômetros. A polinização foi natural no primeiro ano e manual a partir do 12o mês.

A calagem foi realizada antes do plantio, em toda a área, utilizando-se 3,4 t de calcário dolomítico, com PRNT de 80%, visando elevar a saturação por bases para 80%. O fósforo, na forma de superfosfato simples, foi parcelado três vezes no ano, sendo um terço na cova de plantio, juntamente com os micronutrientes (50 g de FTE BR12) e os dois terços restantes no quinto e nono mês. Os micronutrientes foram repetidos no ano seguinte, enquanto o nitrogênio, na forma de uréia, e o potássio, como cloreto, foram aplicados em cobertura, a cada dois meses. Aos 17 meses, devido ao aparecimento de superbrotamento em 56% das plantas, suspeitando-se de deficiência de boro, foram aplicados 12,5 g de bórax/planta, bem como foi realizada a poda dos ramos com problemas.

As amostragens de solo e folha foram realizadas aos 12 e 24 meses após o plantio, coletando-se o solo na profundidade de 0-20 cm (uma amostra de cada lado das seis plantas úteis), formando-se uma amostra composta por tratamento.

Para a análise foliar, coletou-se a quarta folha (duas folhas/planta útil) a partir da extremidade, de ramos medianos sem frutos, obtendo-se uma amostra composta por tratamento. Após o beneficiamento das amostras, procedeu-se a análise química para determinação dos teores de nutrientes.

A produtividade obtida refere-se às colheitas realizadas três vezes por semana, no período de dezembro/96 a abril/97 (primeiro ano) e maio/97 a abril/98 (segundo ano), cujos dados foram analisados estatisticamente pela análise de variância (teste F) e regressão polinomial. Ajustes de superfícies de respostas foram feitos para os nutrientes, dando-se ênfase aos teores de fósforo e potássio no solo e nitrogênio, fósforo e potássio nas folhas. Foram feitas correlações em doses fixadas de nitrogênio, fósforo e potássio de maior relação benefício/custo marginal (Borges et al., 1999), entre produtividade e os teores de fósforo e potássio no solo e nitrogênio, fósforo e potássio nas folhas do maracujazeiro.

RESULTADOS E DISCUSSÃO Os valores de F são apresentados na Tabela_1, mostrando significância dos parâmetros lineares para as variáveis fósforo e potássio no solo e potássio nas folhas, no primeiro e segundo anos de produção. A inexistência de valores significativos para a maioria dos parâmetros quadráticos e de produtos cruzados não possibilitou que as superfícies de respostas estimadas apresentassem pontos de máxima ou de mínima para as variáveis analisadas.

Os teores foliares aos 12 meses mostraram valores de N superiores aos constatados por Haag et al. (1973) e IFA (1992); e aos 24 meses os teores de N se encontraram na faixa proposta pelo IFA (1992) mas ainda superiores aos obtidos por Haag et al. (1973) (Tabela_2). Além disso, observou-se aumento máximo dos teores de apenas 2,5% e 1,8% com o acréscimo das doses de N aplicadas no solo.

Os teores de fósforo (P) nas folhas aumentaram no máximo 9% no primeiro ano e 14% no segundo ano, com as doses aplicadas desse nutriente (Tabela_2). Os valores obtidos estão adequados, de acordo com IFA (1992) e acima dos obtidos por Haag et al. (1973), principalmente no primeiro ano (Tabela_2). Observou-se correlação significativa apenas no segundo ano entre teores de P no solo e nas folhas, tanto na dose de 80 kg/ha de P2O5, quanto de 100 kg/ha de K2O (Tabela 3).

Os teores de potássio (K) encontraram-se acima do recomendado pelo IFA (1992) e aumentaram em média 7,5% com as doses aplicadas no solo, tanto aos 12 meses quanto aos 24 meses (Tabela_2). Observou-se correlação positiva entre os teores de K no solo e nas folhas, notadamente, aos 12 meses, na dose de 100 kg de K2O/ ha (Tabela_3). Vale lembrar que esse é o segundo nutriente mais absorvido pelo maracujazeiro, influenciando no rendimento e na qualidade dos frutos e do suco.

Além disso, o K influencia na utilização do N pelas plantas, de forma que a relação entre os teores foliares de N e K tem-se mostrado importante no desenvolvimento das plantas.

O boro (B) encontra-se adequado segundo IFA (1992), mas abaixo dos valores encontrados por Haag et al. (1973), aos 12 meses (Tabela_2). O aumento de quase três vezes nos teores de B aos 24 meses (Tabela_2) foi devido à aplicação de bórax aos 17 meses, permanecendo na faixa recomendada por IFA (1992), mas acima dos teores obtidos por Haag et al. (1973). Observou-se no primeiro ano uma pequena diminuição do teor de B com o aumento das doses de nitrogênio, provavelmente devido à inibição promovida pelos íons NO3- e NH4+ sobre a absorção do H2BO3- (Malavolta et al., 1989).

Os teores de zinco (Zn) encontram-se abaixo dos recomendados por IFA (1992) e adequados segundo Haag et al. (1973), tanto aos 12 meses quanto aos 24 meses (Tabela_2).

Quanto à produtividade, não se observou significação estatística (Teste F) para as estimativas dos parâmetros das superfícies de respostas relacionadas às doses crescentes de NPK (Tabela_4). Verificaram-se maiores rendimentos nos tratamentos com 300 kg de N, 80 kg de P2O5 e 300 kg de K2O ha-1 e 200 kg de N, 80 kg de P2O5 e 100 kg de K2O ha-1 (Tabela_4). No entanto, considerando a somatória da produtividade dos dois anos, obteve-se ponto máximo de 22,1 t ha- 1, com a aplicação de 244 kg de N, 72 kg de P2O5 e 285 kg de K2O ha-1. Para esses dois tratamentos as faixas obtidas para os teores foliares, no primeiro ano (12 meses), para os macronutrientes foram, em g kg-1: N = 56,1-58,7; P = 3,4-3,5; K = 29,6-35,0; Ca = 5,5-6,4; Mg = 2,9-3,2 e S = 4,4-4,7; e para os micronutrientes foram, em mg kg-1: B = 27,9-28,8; Cu = 4,1-4,8; Fe = 76,2-83,5; Mn = 84,5-96,9 e Zn = 33,2-36,0. No segundo ano (24 meses): N = 50,5-51,5; P = 2,9-3,0; K = 26,1-33,5; Ca = 10,7, 13,8; Mg = 4,7-5,6; S = 4,8-5,2; B = 64,8- 69,4; Cu = 3,9-4,2; Fe = 93,8-100,8; Mn = 140,1-199,6 e Zn = 29,6-34,4.

Quanto às propriedades químicas do solo, observou-se aos 12 meses que não houve decréscimo do pH com o aumento das doses de N (Tabela_5). O pH se manteve próximo ao valor inicial (4,5), e vale lembrar que o maracujazeiro é uma planta sensível à acidez (Kliemann et al., 1986). No entanto, foi observado aos 24 meses (Tabela_5) o aumento da acidez, que pode ser atribuído à nitrificação do NH4+ proveniente da hidrólise da uréia.

Observou-se naturalmente aumento dos teores de P no solo com as doses aplicadas (Tabela_5). O teor médio de P aumentou em relação ao teor inicial 23 vezes após o primeiro ano e 47 vezes após o segundo ano (Tabela_5), indicando ser um nutriente de pouca mobilidade no solo, apesar de este conter 620 g de areia kg- 1.

Tanto aos 12 meses quanto aos 24 meses (Tabela_5) observaram-se altos teores de potássio (K) no solo, maiores no primeiro ano. Os teores comparativamente mais baixos no segundo ano indicam que, além da absorção pela planta e da exportação pelos frutos, pode ter havido lixiviação do nutriente, apesar de ter chovido 572,5 mm a mais no primeiro ano de cultivo. Contudo, é importante lembrar que o experimento foi irrigado. Vale ressaltar que, mesmo com a adição de apenas 100 kg/ha de K2O, o teor de K no solo atingiu valor superior ao recomendado pela Comissão Estadual de Fertilidade do Solo (1989) que é de 90 mg dm-3.

Os valores de saturação por bases (V%) aumentaram em média 42% (29% para 50%) aos 12 meses e 44% (29% para 52%) aos 24 meses (Tabela_5) em relação ao valor inicial (V = 29%), mas longe de atingirem os 80% recomendados pela calagem.

O teor de matéria orgânica parece não ter sido influenciado pelas doses de NPK aplicadas ao solo, verificando-se pequeno decréscimo com o cultivo em relação ao teor original.

Em relação ao tratamento correspondente à combinação de 200 kg de N, 80 kg de P2O5 e 100 kg de K2O ha-1, que proporcionou a maior relação benefício/custo marginal (Borges et al., 1999), as propriedades químicas do solo atingiram no primeiro ano (12 meses): pH = 4,4-4,6; P = 26-70 mg dm-3; K = 266-575 mg dm-3; Ca = 1,4-1,6 cmolc dm-3; Mg = 0,5 cmolc dm-3; Al = 0,3-0,4 cmolc dm-3; CTC = 6,4-7,2 cmolc dm-3; V = 43-51% e matéria orgânica = 16,1-17,0 g kg-1. E no segundo ano: pH = 4,6-5,0; P = 87-107 mg dm-3; K = 178-360 mg dm-3; Ca =2,3-2,5 cmolc dm-3; Mg = 0,7 cmolc dm-3; A l = 0,2-0,3 cmolc dm-3; CTC = 7,3-8,0 cmolc dm-3; V = 51-57% e matéria orgânica = 16,4-16,7 g kg-1.

O estudo das correlações no primeiro ano não mostrou coeficientes significativos entre produtividade e teores de P e K no solo e N, P e K nas folhas. Houve correlação positiva entre N e P nas folhas nas doses de 200 kg de N, 80 kg de P2O5 e 100 kg de K2O ha-1 (Tabela_3). Correlação linear positiva também foi obtida na dose de 100 kg de K2O ha-1 entre K no solo e nas folhas (Tabela_3). Correlação linear negativa foi observada na dose de 80 kg de P2O5 ha-1 entre P no solo e N nas folhas, enquanto na dose de 100 kg de K2O ha-1 a correlação foi positiva, ou seja, aumentando P no solo aumenta o N nas folhas, nesta dose de potássio (Tabela_3).

No segundo ano, na dose de 100 kg de K2O ha-1, quanto maior a produtividade, maiores foram os teores de P no solo e nas folhas, bem como o de K nas folhas (Tabela_4). A correlação entre K no solo e nas folhas na dose de 200 kg de N ha-1 foi mais baixa no segundo ano do que no primeiro. A correlação mais alta foi obtida na dose de 80 kg de P2O5 ha-1 entre N e P nas folhas; enquanto, correlação negativa entre K no solo e P nas folhas, na dose de 100 kg de K2O ha-1.

CONCLUSÕES 1. A adubação nitrogenada não influenciou os teores de nitrogênio na folha, diminuiu o de boro e reduziu o pH do solo no segundo ano de cultivo.

2. A adubação fosfatada aumentou, em média, apenas 12% os teores de fósforo nas folhas e 35 vezes no solo.

3. A adubação potássica elevou os teores de nutrientes nas folhas do maracujazeiro e no solo a valores acima do nível ótimo.

4. A produtividade máxima de 22,1 t ha-1, em dois anos de cultivo, foi obtida com a aplicação de 244 kg de N, 72 kg de P2O5 e 285 kg de K2O ha-1.


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