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BrBRCVAg0100-29452002000200014

BrBRCVAg0100-29452002000200014

variedadeBr
Country of publicationBR
colégioLife Sciences
Great areaAgricultural Sciences
ISSN0100-2945
ano2002
Issue0002
Article number00014

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Controle da maturação de caquis 'Fuyu', com uso de aminoethoxivinilglicina e ácido giberélico CONTROLE DA MATURAÇÃO DE CAQUIS 'FUYU', COM USO DE AMINOETHOXIVINILGLICINA E ÁCIDO GIBERÉLICO1

INTRODUÇÃO O caquizeiro (Diospyrus kaki, L.) é uma espécie originária da Ásia, onde é cultivada mais de cinco séculos. Entretanto, é no Japão que este fruto tem maior importância.

A cultivar Fuyu é a principal representante da boa adaptação de seu cultivo nas Regiões Sul e Sudeste do Brasil. Seu período de colheita é de aproximadamente 30 dias, quando mais de 90% da produção é comercializada imediatamente após a colheita.

Para ampliar o período de colheita e o armazenamento deste fruto, necessita-se estabelecer novas condições de manejo na pré-colheita, na colheita e no armazenamento, tais como, o emprego de reguladores de crescimento e/ou de reguladores de vias metabólicas da maturação, permitem além do controle parcial da maturação e senescência, e reduzir os distúrbios fisiológicos nos frutos (Kende, 1993; Pech et al., 1994; Looney, 1998).

De acordo com alguns autores (Byers, 1997; Petri & Leite, 1999), a aplicação de aminoethoxivinilglicina (AVG), além de controlar a maturação, age no processo de floração, inibindo o aborto de flores, e estimula o crescimento vegetativo em caquizeiros.

Aplicações do AVG inibiram a síntese de etileno durante o armazenamento de maçãs (Dennis et al., 1983), pêssegos (Byers, 1997) e caquis (Ben-Arie & Zutkhi, 1992). Entretanto, em caquis, sua eficiência depende da cultivar, em especial da produção e de sua sensibilidade ao etileno (Autio & Bramlage, 1982).

O uso do ácido giberélico (AG3) em pulverizações pré-colheita, durante as fases de crescimento e de expansão celular de tangerinas (Barros & Rodrigues, 1994), também tem sido recomendado como forma de controle da maturação (retardando o período de colheita), de manutenção da qualidade pós-colheita (aumento da conservação) e de retardo no processo de senescência, fato que também tem sido observado para caquis (Kang et al., 1994; Perez et al., 1995; Ben-Arie et al.,1996) o que possibilita escalonar a colheita e prolongar sua oferta.

Em se tratando de uma cultura ainda em início de exploração nos Estados do Rio Grande do Sul e Santa Catarina, procurou-se estudar o efeito da AVG e do AG3, no controle da maturação e no comportamento pós-colheita de caquis, cultivar Fuyu, armazenados em condições ambientais.

MATERIAL E MÉTODOS O experimento foi conduzido em pomar comercial da cultivar Fuyu, localizado no município de Canguçu - RS, na safra 1998/99, o qual é formado por plantas com 12 anos de idade, e espaçamento de 2-3 metros.

O delineamento experimental adotado seguiu uma orientação completamente casualizada, com quatro repetições, seguindo esquema fatorial 3x5 (tratamentos a campo x período de armazenamento).

Os caquizeiros foram tratados a campo (21 de fevereiro), 30 dias antes da data prevista para a colheita dos frutos, através de pulverizações totais até gotejamento, que foram: 1 - caquizeiros pulverizados com aminoethoxivinilglicina (AVG), na dosagem de 125 g ia ha-1 (a fonte de AVG foi o produto comercial RetainÒ, a 50ppm em água, contendo 0,02% v/v de espalhante aniônico SilvetÒ; 2 - pulverização das plantas com ácido giberélico (AG3), na dosagem de 75g ia ha-1 (a fonte de AG3 foi o produto comercial ProgibbÒ, a 30ppm em água); e 3 ' pulverização com água (controle).

O ponto de colheita dos caquis foi estabelecido através da firmeza da polpa (70±5 N) e da coloração da epiderme (verde-amarelada).

A partir da colheita, os caquis foram mantidos em ambiente com 23±3oC e 75±5 % de umidade relativa, e a cada quatro dias, durante 20 dias, foram submetidas às análises de: perda de massa fresca, determinada pela diferença entre a massa inicial e aquela no momento da realização das análises, expressa em porcentagem (%); firmeza de polpa, expressa em Newton (N), determinada por penetrômetro manual, munido de ponteira de oito milímetros de diâmetro, com determinações em faces opostas, na região equatorial dos frutos, após a remoção da casca; produção de etileno,determinada por cromatografia em fase gasosa, cujas temperaturas da câmara de injeção, coluna e detector foram de 80ºC, 90ºC e 200ºC, respectivamente. Utilizou-se, como padrão, uma solução de etileno a 10ppm. Para a determinação da produção de etileno, dois frutos eram acondicionadas em frascos hermeticamente fechados, durante uma hora, a 25ºC. Ao vedar-se os frascos e passado o período de acondicionamento, era coletado, com auxílio de seringas hipodérmicas, 1ml da atmosfera gasosa. A quantificação foi feita, correlacionando-se a média das alturas dos picos relativos a cada amostra, com a média das alturas dos picos obtidos da solução-padrão de etileno, a qual foi expressa em nL g-1h-1; o teor de clorofilas e de carotenóides, determinados através das metodologias descritas por Hill et al.

(1985) e Ramojaro et al. (1979), respectivamente, com resultados expressos em mg g-1 de peso fresco dos frutos.

As amostras, compostas por 12 frutos, foram padronizadas e acondicionadas em bandejas plásticas individualizadas. Os frutos destinados a avaliação do etileno foram os mesmos desde o início das leituras.

Os resultados foram submetidos à análise de variância, para a comparação de médias dos tratamentos, utilizando-se do teste de Duncan, a 5% de probabilidade. Para o estudo das variações durante a maturação, adotou-se a regressão polinomial.

RESULTADOS E DISCUSSÃO De acordo com os tratamentos, os caquis foram colhidos em 23-03 (controle), 04- 04 (AVG) e 06-04 (AG3), quando a firmeza de polpa atingiu 75±5 N e a coloração da epiderme apresentava-se verde-amarelada.

O emprego da AVG e do AG3, na pré-colheita, retardou a maturação dos caquis 'Fuyu' em 12 e 14 dias, respectivamente, em relação ao tratamento-controle, com preservação da firmeza da polpa e do conteúdo de clorofila.

Durante o armazenamento, os frutos apresentaram significativa perda de massa fresca, em média 6%, a partir do 12o dia de avaliação (Figura_1). Isto era esperado, uma vez que se estabelece um gradiente positivo de pressão de vapor entre os caquis e a atmosfera ambiente (23±3oC e 75±5% UR), além da atividade respiratória. As menores perdas foram registradas em frutos tratados com AVG e com AG3 devido, provavelmente, à menor atividade metabólica.

A firmeza da polpa dos frutos apresentou uma significativa redução em todos os tratamentos durante o armazenamento (Figura_2). Esta redução deve-se à evolução da maturação, que se caracteriza pela ação das enzimas que catalisam o processo de hidrólise dos compostos da parede celular (Kader et al., 1989).

Os caquis tratados com AVG e AG3 mantiveram maiores valores de firmeza da polpa em todas as avaliações. Mitcham et al. (1998) indicam a firmeza da polpa de 20 N como o limite inferior para o consumo de caquis ‘Fuyu', pois valores inferiores a este comprometem a estrutura física e o paladar do fruto, indicando que os tratados com AVG podem ser armazenados por 20 dias. Para os frutos tratados com AG3, este período foi reduzido a 16 dias e, para os não tratados, a 12 dias.

Após a colheita, os frutos apresentavam uma produção de etileno média de 4,9 nL g-l h-l, indicando que eles foram colhidos no início da fase climatérica.

Durante o armazenamento, chegaram a atingir, no tratamento-controle, até 25 nL g-1 h-l de etileno (Figura_3).

Segundo Pech et al. (1994), a produção de etileno permite avaliar a velocidade da maturação. Inicialmente, não houve diferença entre os tratamentos. A partir de quatro dias de estocagem, os caquis começam a diferir, sendo que as menores liberações de etileno foram obtidas nos frutos tratados com AVG e AG3.

Embora o AVG tenha um potente efeito inibidor da síntese do etileno, neste experimento, sua eficiência foi inferior à do AG3. Em outros frutos, a exemplo da maçã, o efeito é contrário (Petri & Leite, 1999).

Em todos os tratamentos, houve redução no conteúdo de clorofilas. Entretanto, nos tratamentos com AVG e AG3, preservaram-se os maiores teores de clorofilas nos frutos (Figura_4). No caso dos frutos tratados com AG3, segundo Ben-Arie et al. (1996), estes resultados são conseqüência do efeito do ácido giberélico como inibidor de clorofilases. , para o AVG, embora o mecanismo ainda não seja totalmente conhecido, acredita-se que ele também atue inibindo a síntese e/ou a atividade das clorofilases.

Houve influência do AVG e do AG3 sobre o acúmulo de carotenóides nos frutos (Figura_5). Os frutos que, no momento da colheita, apresentavam níveis de carotenóides médios entre 1,56 e 2,51 mg g-1, passaram a valores médios entre 3,6 e 5,9 mg g-1. O maior acúmulo ocorreu em frutos-controle, e o menor, em frutos tratados com AG3. Na literatura, referências que citam o efeito protetor do AG3 na degradação de clorofilas (Ben-Arie et al., 1996), mas não o efeito inibidor no acúmulo de carotenóides.


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