Enfermagem em saúde pública: uma proposta articulando ensino, pesquisa, estágio
e extensão
RELATO DE EXPERIÊNCIA
PRÁTICAS CUIDATIVAS
Enfermagem em saúde pública: uma proposta articulando ensino, pesquisa, estágio
e extensão
Aldevina Maria dos SantosI; Lícia Maria de Oliveira PinhoII; Marta Carvalho
LouresIII; Raquel Aparecida Marra da Madeira FreitasIV
IMestre em Educação. Professora da área Saúde da Mulher. Coordenadora do
Programa Interdisciplinar da Mulher-Universidade Católica de Goiás
IIMestranda em Saúde Pública. Professora da área Saúde Pública
IIIMestranda em Epidemiologia. Professora da área de Enfermagem Médico-
cirúrgica
IVDoutoranda em Educação. Professora da área Saúde Pública
INTRODUÇÃO
Na sociedade brasileira contemporânea, "pós-moderna", globalizada,
"internetizada", o neoliberalismo promove uma reestruturação social, de modo a
garantir determinadas rupturas e perpetuar determinadas continuidades como, por
exemplo, a capacidade do capitalismo de explorar e lucrar com as desigualdades
sociais. Particularmente no caso da saúde, a política de diminuição das
responsabilidades do Estado tem favorecido a privatização dos serviços. Um dos
sinais mais evidentes deste processo é o avanço desordenado dos planos e
seguros privados de saúde.
Já, no tocante à assistência pública à saúde, com a municipalização dos
serviços, observa-se a tendência de uma atenção dirigida a comunidades e grupos
populacionais, com prioridade para a proteção e a promoção da saúde, baseadas
no trabalho com famílias e no atendimento domiciliar. Este modelo de
assistência, que de longa data é defendido por diversos profissionais e
intelectuais do campo da saúde, por ser mais eficaz e econômico, só agora vem
sendo viabilizado pelo Estado. Entretanto, uma leitura mais aprofundada revela
que, infelizmente, esta iniciativa na verdade não é fruto do interesse
governamental em melhorar a saúde da população, mas da necessidade de se
alcançar a configuração de "Estado mínimo".
Estas transformações, aliadas à contínua geração de conhecimentos científicos,
tecnológicos e informacionais, bem como à consideração das diversidades
culturais, étnicas e valorativas, vêm gerando desafios para a prática
profissional do enfermeiro, uma vez que impõem novas exigências.
Conseqüentemente, geram desafios também para a prática pedagógica das
instituições e dos docentes responsáveis pela formação deste profissional.
A enfermagem, entendida como uma prática social, carregada de valores e
contradições mas, sobretudo, de um compromisso com a emancipação humana para a
vida e a saúde, não pode realizarse senão na perspectiva da complexidade das
transformações do contexto social contemporâneo. No campo da produção de
saberes em enfermagem, observam-se propostas que procuram subsidiar inovações
na prática de cuidar/assistir no processo saúde/doença, o que sem dúvida
contribui para ampliar os horizontes teóricos da enfermagem, uma vez que
possibilitam nos aproximarmos de uma abordagem mais integral do ser humano em
seu contexto. Mas, lamentavelmente, somos obrigados a admitir que, para a maior
parte da população, esta abordagem integral não está disponível, mesmo porque
os serviços públicos freqüentemente não conseguem garantir nem mesmo um
atendimento precário, ficando o cidadão e a cidadã sem nenhum atendimento.
Deste modo, não é difícil perceber que, o que ainda se sobressai como
prioridade é a existência de profissionais comprometidos com a transformação
das condições de vida e saúde da população. Para a realização desta tarefa, as
novas perspectivas e novos saberes devem se fazer acompanhar de uma educação
capaz de oferecer à sociedade profissionais cuja identidade seja carregada de
elevada competência técnico/científica e ética, mas sobretudo de um sentido de
emancipação social. Assim, a educação universitária deve estar preocupada em
formar profissionais para uma sociedade que precisa ser reconstruída, com base
nos princípios de cidadania e justiça social.
Bonafé (1995) afirma que um dos maiores paradoxos a ser enfrentado é que,
diante de um processo de crescente mundialização econômica e cultural, a escola
tem se ocupado em organizar mais ou menos de forma obsoleta, informações
científicas e culturas fragmentadas, deixando escapar a oportunidade histórica
de intervir na raiz dos problemas sociais e culturais em que deveria ter papel
relevante. Neste sentido, consideramos que são essenciais as iniciativas para
estabelecer a cooperação universidades/serviços/ações de saúde, objetivando o
desenvolvimento do ensino, da pesquisa e da extensão, como forma de melhorar as
condições de produção e utilização de conhecimentos e experiências, e, ao mesmo
tempo, reafirmar o compromisso social da universidade e de enfermeiros/
enfermeiras, num projeto societário mais amplo e democrático.
ParaÂngelo (1994) as instituições de ensino superior de enfermagem têm
procurado desvendar caminhos que orientem suas ações para a formação do chamado
profissional do novo milênio. Uma das possibilidades é o conceito de
aprendizagem ativa, necessária para o desenvolvimento do pensamento crítico e
de uma educação integral, em contraposição ao simples treinamento técnico. A
educação em enfermagem deve possibilitar pensar, agir, saber, desejar, e buscar
continuamente o conhecimento, questionar a verdade, apreciar os valores que a
tornam uma atividade moral e humana. Esta educação requer um currículo como
reconstrução social, a partir de uma abordagem crítica, que possibilite formar
enfermeiros/enfermeiras cidadãos, para compreender e atuar no contexto
políticosocial em que vivem. Nesta perspectiva, o Departamento de Enfermagem da
Universidade Católica de Goiás (ENF/UCG), substituiu, a partir de 1997, o seu
currículo. A nova abordagem visa preparar enfermeiros/enfermeiras para uma
prática profissional cidadã, voltada para a promoção, proteção e recuperação da
saúde, através de uma relação teoria/prática que propicie, também, intervenções
diretas na comunidade local e regional, de forma transdisciplinar, mas capaz de
resgatar e/ou resguardar a autonomia de saberes e práticas específicos de
enfermagem.
A dificuldade de encontrar campos de estágios e práticas que permitissem
desenvolver esta formação profissional, desencadeou no ENF/UCG uma série de
discussões, que culminaram na proposta de organizar um campo de atuação
docente/discente para subsidiar a nova proposta curricular, articulando ensino,
pesquisa, estágio e extensão. Com a participação de professores, de membros da
Comissão de Reforma Curricular e do Núcleo de Estudos e Pesquisas em Saúde e
Sociedade (NEPSS), o ENF/UCG viabilizou a elaboração do projeto denominado
"Enfermagem em saúde pública: uma proposta de assistência primária integrando
ensino/pesquisa/estágio/extensão", com os seguintes objetivos:
Promover maior integração entre o ENF/UCG e comunidade local e regional
Propiciar aos futuros enfermeiros/enfermeiras a oportunidade de desenvolver
práticas autônomas, resguardando a transdisciplinaridade de saberes do campo da
saúde
Organizar um banco de dados retroalimentador do planejamento e avaliação da
assistência de enfermagem, bem como da produção científica discente e docente
Contribuir para a elevação da qualidade de vida, do nível de saúde e da
capacidade organizativa da população
Implantar atendimento de enfermagem, individual e coletivo, domiciliar e
institucional, de acordo com as necessidades de saúde da população.
METODOLOGIA
O LOCAL
Optou-se por cinco bairros da região leste do município de Goiânia (Jardim Dom
Fernando I, Jardim Dom Fernando II, Jardim das Aroeiras I, Jardim das Aroeiras
II e Jardim Conquista), situados a 7 km do centro da cidade, com uma população
de aproximadamente 15 mil habitantes. Esta escolha justifica-se pela carência
da população e pela presença, nestes bairros, do "Projeto Meia-Ponte",
desenvolvido pelo Instituto Dom Fernando (IDF). Este instituto, assim como a
Universidade Católica de Goiás, é mantido pela Sociedade Goiana de Cultura, o
que facilita a integração, representando uma soma de esforços, experiências e
potencial, para ambas as partes. O Projeto Meia-Ponte tem por princípios apoiar
iniciativas da comunidade que busquem melhorar suas condições de vida,
educação, trabalho e saúde, pelo exercício da cidadania e da cooperação. Sua
filosofia é representada pela metáfora da "meia-ponte", cuja construção exige o
compromisso de ambas as partes: IDF e comunidade. O IDF já estava implementando
com sucesso frentes de trabalho como a Cooperativa de Reciclagem de Lixo, o
Centro de Educação Profissional, a Escola de Circo, o Horto de Plantas
Medicinais, entre outras, necessitava incluir ações de saúde, para as quais
convidou o ENF/UCG a se envolver. Sob o mesmo referencial da "meia-ponte", e
ainda, tendo por objetivo atender às exigências do currículo em implantação, O
ENF/UCG desenvolveu sua proposta de ação.
DIAGNÓSTICO
Em 1998, os alunos das disciplinas de Métodos e Técnicas de Pesquisa em Saúde e
Enfermagem em Saúde Pública, foram capacitados para, sob a orientação e
supervisão de professores, realizarem um diagnóstico através do Método de
Estimativa Rápida, que indicou os seguintes problemas vividos pelas famílias da
região:
Escoamento insuficiente no período de chuvas, causando inundações e erosões.
Iluminação precária facilitando a ação de marginais.
Falta de segurança.
Uso e tráfico de drogas, inclusive por crianças.
Acondicionamento inadequado e desprezo do lixo em entulhos, quintais, ruas,
lotes, calçãdas, córrego, e zonas de preservação ambiental.
Acúmulo de água parada e caixas d'água mantidas destampadas.
Transporte coletivo insuficiente ou ausente, com higiene e segurança
precárias.
Desemprego.
Crianças deixadas sozinhas, em casa ou na rua.
Unidade de saúde mais próxima apresentando filas, com grande tempo de espera;
falta de médicos e outros profissionais; falta de medicamentos e materiais de
consumo; relatos de óbitos de crianças por falta de atendimento.
Ausência de ações ou atividades de saúde nas escolas.
Atividade sexual precoce (inclusive com relatos de ocorrência em menores de 9
anos de idade).
Morbidade e mortalidade: doenças respiratórias em crianças; doenças crônicas
não transmissíveis; violência e acidentes de trânsito.
SITUAÇÃO ATUAL
No primeiro semestre de 1999 teve início a implantação do projeto. Os critérios
para estabelecer prioridades foram, além dos problemas apontados pelo
diagnóstico, a estrutura já existente no local (através do Projeto Meia-Ponte)
e as necessidades curriculares do ENF/UCG. A primeira das prioridades foi
promover a educação em saúde, compreendendo que isto significa realizar ações
que possibilitam ao sujeito o desenvolvimento de um senso crítico em relação ao
cuidado de sua própria saúde, assim como em relação à saúde como direito
fundamental, que resulta de qualidade de vida de um modo geral e cujo alcance é
uma obra coletiva. A seguir, apresentamos a descrição das atividades, de acordo
com seu local de realização na comunidade.
Centro de Educação Profissional Dom Fernando
Neste Centro, são oferecidos cursos profissionalizantes para os desempregados,
com vistas a melhorar suas chances de obter uma vaga no mercado de trabalho ou
desenvolver o trabalho autônomo para geração de renda. São cursos de
informática, pedreiro, cabeleireiro, manicura e pedicura, auxiliar de cozinha
industrial, guia turístico, reparador de equipamentos, pintor, costura
industrial, modelagem e eletricista. Em cada curso, além dos módulos
profissionalizantes, foi introduzido um módulo de educação em saúde,
contemplando os temas DST/AIDS, Higiene (pessoal, ambiental e mental) e Drogas.
Além destes, de acordo com as profissões, foram oferecidas noções básicas sobre
os riscos ocupacionais e saúde do trabalhador. Sob orientação e supervisão
docente, os módulos foram planejados e desenvolvidos pelos alunos, em 28
cursos, com uma clientela de aproximadamente 600 pessoas. Este trabalho teve
repercussão altamente positiva entre as famílias e se constituiu numa
iniciativa inédita no município, em se tratando de cursos profissionalizantes.
Núcleo Industrial de Reciclagem
O Núcleo Industrial de Reciclagem (NIR) é mantido pelo trabalho em sistema de
cooperativa (48 cooperados), membros das famílias da região. A renda gerada é
dividida igualmente entre os cooperados. Utiliza como matéria prima o lixo
desprezado pelas famílias da região através de coleta seletiva. O plástico
reciclado torna-se matéria-prima e é comercializado com indústrias. Do papelão
são fabricadas telhas, comercializadas no atacado e no varejo. Os metais e
vidros são separados e vendidos.
Pela própria natureza do NIR, seus cooperados estão expostos aos vários tipos
de risco ocupacional (físicos, químicos, biológicos, ergonômicos e de
acidentes), sendo indispensável a prevenção dos mesmos. Por outro lado, diante
do compromisso que a enfermagem deve assumir com a transformação da qualidade
de vida e saúde da população, tudo o que se relaciona ao trabalho humano e suas
consequências para a saúde, deve ser seu objeto atenção, visto que esta é uma
atividade universal e indispensável à sobrevivência do cidadão, portanto, um
problema de saúde pública. Assim, de acordo com as necessidades apontadas pelos
próprios cooperados, nossa proposta de atuação no NIR abrange, inicialmente, o
planejamento e implantação de um programa de promoção da saúde e prevenção das
doenças, com os seguintes objetivos:
Realizar, juntamente com a Comissão Interna de Prevenção de Acidentes, a
identificação, avaliação e controle dos riscos ocupacionais presentes no NIR
Promover a educação em saúde, objetivando a prevenção de doenças
ocupacionais, assim como aquelas apontadas pelo diagnóstico da região;
Promover atenção específica aos cooperados que executam atividades de alto
risco
Identificar sinais e sintomas dos cooperados e sua relação com o trabalho,
auxiliando-os a reestabelecer sua saúde.
Educação em saúde envolvendo os temas DST/AIDS, drogas e higiene.
A partir do primeiro semestre de 2000 o trabalho será extensivo aos demais
membros das famílias dos cooperados, principalmente as crianças e adolescentes,
abordando as dificuldades relativas à saúde, especialmente a prevenção de
doenças e de gravidez na adolescência.
Horto de Plantas Medicinais
O elevado índice de desemprego e a perda do poder aquisitivo da população,
somados ao aumento do índice de doenças, que definem o perfil das populaçoes
pobres em nosso país, também estão presentes em nossa região. Esta situação é
agravada pela exploração capitalista da indústria farmacêutica, que vem
inviabilizando, para a maior parte da população, a aquisição dos medicamentos
necessários. Neste contexto, a fitoterapia tem se revelado uma alternativa
terapêutica de baixo para doenças leves e moderados, além de ser um ótimo
recurso preventivo, cujo uso guarda uma tradição popular histórica, e cujos
conhecimentos podem ser aproveitados em prol da promoção da saúde e da
prevenção de doenças.
Com a colaboração de membros da comunidade e sob a responsabilidade de uma
farmacêutica e de um engenheiro agrônomo, encontra-se à disposição das famílias
o Horto de Plantas Medicinais. Sua finalidade é fornecer matéria prima para a
produção de medicamentos, oferecidos a um custo simbólico. Além dos
medicamentos (chás, xaropes, pós, pomadas, etc.) também são produzidos
sabonetes e xampus. Inicialmente, as atividades dos alunos no Horto abrangem a
participação direta em todas as etapas do trabalho lá desenvolvido:
identificação, cultivo, colheita, secagem e manipulação das plantas, bem como
acondicionamento e distribuição da produção. O Horto oferece ainda a educação
em saúde para crianças e adolescentes das famílias da região, da qual também
passamos a participar com os temas DST/AIDS, drogas e higiene, além de outros.
A Articulação Curricular - Ensino, Pesquisa, Estágio e Extensão
O ENF/UCG está ativando a integração das disciplinas ao projeto, de acordo com
os interesses curriculares, mas sem perder de vista as necessidades da
população. Obviamente esta é uma articulação complexa e que impõe
simultaneamente e de forma contraditória, exigências e limites, de ordem
política, metodológica, teórica, filosófica, institucional, entre outras. Uma
proposta desta envergadura exige altíssimo grau de responsabilidade e
compromisso, pois envolve toda uma população, sua organização social, política,
religiosa, cultural e todos os problemas daí decorrentes. Temos a consciência
de que a integração curricular com as disciplinas e estágios, deverá ser
efetivada de forma gradativa, cuidadosa, altamente responsável e comprometida,
com profissionalismo e resguardando os princípios éticos e científicos.
Ciente de suas suas limitações, o ENF/UCG providenciou a qualificação de seu
corpo docente, com vistas a subsidiar o projeto em andamento. Esta qualificação
incluiu, além de uma política de pós-graduação (mestrado e doutorado), os
seguintes cursos de atualização: Metodologia da Assistência de Enfermagem,
Metodologia Científica e Programa EPIINFO.
Realizou-se também um diagnóstico quantitativo para traçar perfil
epidemiológico da população da região coberta pelo projeto, constituindo-se um
banco de dados, que já começõu a ser disponibilizado, para a realização de
pesquisas docentes e discentes, assim como para subsidiar as próximas etapas do
desenvolvimento do projeto.
Além da continuidade do que já vem sendo realizado, estão previstas para serem
iniciadas no ano 2000:
atendimento domiciliar à gestante e à puérpera/recém-nascido.
educação em saúde com as crianças e adolescentes da Escola de Circo.
formalização de convênios com as Secretarias Municipal e Estadual de Saúde.
elaboração do projeto de implantação de uma Casa de Parto.
cursos profissionalizantes de higiene doméstica e babá.
curso (não profissionalizante) destinado aos familiares que cuidam de seus
idosos no lar.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
O investimento na educação constitui um dos mais importantes meios para o
aperfeiçoamento da prática de enfermagem, assim como para a melhoria de seu
potencial de ação transformadora das condições de vida e da atenção à saúde da
população. O contexto contemporâneo tem colocado em evidência o fracasso da
atenção à saúde pública e a perplexidade dos profissionais de saúde, inclusive
enfermeiros e enfermeiras, diante do aparecimento de doenças e epidemias, da
incapacidade de controle das já existentes, da elevação da morbidade e
mortalidade por determinadas doenças, a maioria preveníveis, etc.
É forçõso admitir que o processo de desconstrução/reconstrução do conhecimento,
o redimensionamento das concepções de saúde/doença, homem/mulher, ambiente/
natureza, cultura, existência, corpo etc., que estão nos fundamentos do saber e
da prática de enfermagem, têm contribuído para revolver velhos fundamentos,
submetendo-os a crítica e ao reconhecimento de suas limitações. Mas o que a
realidade está indicando é que apenas isto não é suficiente para o
redimensionamento da competência profissional de enfermeiros/enfermeiras, no
sentido de que se constituam como sujeitos de transformação social. Não podemos
permitir que o saber e a educação profissional em enfermagem caminhem no
atendimento da nova profissionalidade exigida pela recomposição do capitalismo,
ao invés de dirigir-se para o fortalecimento da profissão como prática social.
Libâneo (1998) alerta que é insuficiente uma proposta pedagógica que se limite
à crítica da educação existente sem oferecer possibilidades de modificar a
prática pedagógica concreta. Cremos que a proposta pedagógica ora em
desenvolvimento pelo ENF/UCG, busca prover ao futuro enfermeiro as condições
para o atendimento às exigências profissionais da contemporaneidade, entretanto
priorizando a promoção e proteção da saúde e a prevenção de doenças,
propiciando a aquisição de ferramentas que lhes possibilitam agir como
transfomadores sociais, em parceria com as famílias, comunidades e outros
profissionais. Isto representa um desafio e um exercício para ultrapassar o
limite da crítica à educação em enfermagem.