Mulher e AIDS: rompendo o silêncio de adesão
PESQUISA
Mulher e AIDS: rompendo o silêncio de adesão
Women breaking silence about AIDS in an adhesion group
Mujeres rompen el silencio sobre el SIDA en el grupo de adhesión
Ana Lúcia ReisI; Iara de Moraes XavierII
IEnfermeira, Mestre em Enfermagem e Professora Assistente da Escola de
Enfermagem Souza Marques
IIProfessora Adjunto da Escola de Enfermagem Alfredo Pinto/UNIRIO, Doutora em
Saúde Pública e Pesquisadora responsável pela linha de pesquisa, E-mail:
iaraxavier@aol.com
1 Introdução
Este artigo, recorte da dissertação de mestrado, tem como objeto de pesquisa
mulheres soropositivas ao HIV e o grupo de adesão como estratégia de melhoria
da qualidade de vida e como objetivo principal discutir a relevância do grupo
de adesão na melhoria da qualidade de vida das mulheres soropositivas ao HIV,
participantes dessa atividade no Centro Municipal de Saúde. O referencial
teórico é constituído pelos temas HIV/AIDS, cuidado de enfermagem e gênero.
Estes temas perpassam, de forma transversal, todo o estudo. Na década de 80,
surge algo novo para a humanidade que jamais havia sido previsto pela ciência.
Situa-se no campo da saúde, mas logo depois da sua descoberta, constata-se que
extrapola os limites do processo saúde-doença, ou seja, é uma doença que
compromete todos os setores e segmentos da vida. Surge a Síndrome da
Imunodeficiência Adquirida (AIDS) e o seu agente etiológico - o vírus da
imunodeficiência humana (HIV).
Transcorridos vinte anos de existência da AIDS, podemos afirmar que essa
trajetória está marcada pelo preconceito e pela discriminação aos soropositivos
ao HIV e às pessoas que vivem com AIDS. Sobre esta realidade, podemos salientar
que
as epidemias assumem características comuns ao longo da história da
humanidade, sejam essas de ordem política, econômica ou social.
Entretanto, quando a letalidade é alta e os agravos se evidenciam
claramente, provocando no indivíduo o risco de morrer ou ficar
alijado do meio em que vive, a epidemia configura-se diferentemente
no contexto social, levando a sociedade, na sua maioria, a enfrentar
a epidemia sob forma de negação, preconceito e discriminação(1:22).
Neste contexto, a temática Mulher e AIDS, além de apresentar estas
características, desvela a complexidade da problemática, isto é, a situação da
doença e a posição de gênero que a mulher ocupa nas sociedades patriarcais.
Partindo desse entendimento, a AIDS trouxe para as mulheres brasileiras
problemas sobrepostos aos já enfrentados por elas nesta sociedade
historicamente machista e opressora. Mesmo a mulher dita emancipada, ao lidar
com esta síndrome, vive, claramente, uma situação que evidencia o quanto, no
plano das relações interpessoais, ela ainda é oprimida(2).
A trajetória da epidemia tem sido acompanhada pelas pesquisas realizadas sobre
a epidemiologia da infecção pelo HIV e da AIDS. A cadeia epidemiológica do HIV/
AIDS pode ser entendida como a presença de um microorganismo, o vírus HIV, que
é transmitido de um indivíduo para outro, através da via sexual, do sangue e da
via transplacentária, com a associação de vários fatores.
A literatura registra que os primeiros casos de AIDS, na década de 80,
ocorreram em homossexuais e bissexuais. Com a constatação da infecção pelo HIV
em bissexuais, foi iminente a contaminação de mulheres e crianças.
A AIDS representa, para as mulheres, uma tripla ameaça. Assim como o homem, a
mulher pode-se contaminar com o HIV e pode posteriormente, ficar doente de
AIDS. Uma vez contaminada, a mulher pode transmitir a infecção para o seu bebê
durante a gravidez e sua criança poderá desenvolver a doença. A
responsabilidade de cuidar, em casa, das pessoas doentes recai tradicionalmente
sobre a mulher. É ela também que carrega este fardo quando alguém do seu
círculo de familiares fica com AIDS(3).
De acordo com o Ministério da Saúde(4), de 1980 até março de 2002, foram
notificados 237588 casos de AIDS no Brasil. Destes, 172228 (72,50%) são casos
masculinos e 65360 (27,50%), femininos. A categoria de exposição que mais se
evidencia, apresentando maior proporção de casos nacionalmente, é a
heterossexual (39,0%), seguida da categoria homo/bi (26,6%) e UDI (17,2%).
A epidemiologia da AIDS confirma a feminização e a pauperização da epidemia no
Brasil. A feminização do HIV/AIDS, isto é, a disseminação da infecção entre as
mulheres acontece basicamente pela via sexual, através de seus parceiros,
usuários ou não de drogas injetáveis.
Com base nos indicadores epidemiológicos, constatamos que houve deslocamento no
perfil da síndrome - caracterizado, inicialmente, pelo homossexual e bissexual
masculino, para incluir, cada vez mais, a mulher de 15 a 45 anos de idade e a
criança de zero a cinco anos de idade no rol de casos notificados. Em relação
aos fatores associados à cadeia epidemiológica do HIV/AIDS, registramos que
eles estão apresentados e discutidos em inúmeras publicações(5,6).
Vale ressalta que em nenhuma outra parte do mundo, a epidemia do HIV/AIDS
sofreu transformações tão profundas e uma feminização tão rápida como no
Brasil, constituindo-se em um complexo objeto de estudo(7).
Na trajetória da AIDS, constatamos que inúmeros fatores, ainda, estão
colaborando para aumentar o risco de infecção e agravar o desenvolvimento da
doença entre a população feminina, como a crença que as mulheres em geral
estavam, e continuam, imunes ao risco do vírus HIV/AIDS. Outro fator é
decorrente de uma maior demora em diagnosticar a AIDS entre as mulheres,
resultando em uma intervenção tardia e conseqüentemente em uma diminuição do
tempo de sobrevida. Isso acontece não só porque as mulheres tendem a procurar
os serviços de saúde em fase mais avançada, mas também porque são
diagnosticadas erradamente, ou não são diagnosticadas.
O Brasil, como muitos outros países, experimenta a consolidação do processo de
aceleração da transmissão heterossexual e, como conseqüência, observamos
mudança no padrão de disseminação, levando à feminização da AIDS e ao
progressivo aumento do número de casos em crianças por transmissão vertical.
2 Metodologia
Trata-se de uma pesquisa descritiva, de natureza qualitativa com a participação
de oito mulheres soropositivas ao HIV, infectadas através de relações sexuais
com parceiros fixos com AIDS. Elas estão inseridas em grupo de adesão
desenvolvido em um Centro Municipal de Saúde (CMS), localizado no Município do
Rio de Janeiro.
O projeto de pesquisa foi aprovado pela Comissão de Ética em Pesquisa do
Município do Rio de Janeiro e atendeu, na íntegra, ao conjunto de exigências em
relação ao seu desenvolvimento. Com parecer favorável, devidamente homologado,
demos início à coleta de dados, utilizando entrevista semi-estruturada e
observação participante, e os instrumentos para registro foram o roteiro e o
diário de campo. Foram explicados os objetivos do estudo e solicitada a
participação dessas oito mulheres, respeitando-se os aspectos éticos
preconizados pela Resolução 196/96(8), como a assinatura do termo de
consentimento livre e esclarecido pelos sujeitos do estudo, a garantia do
anonimato dessas mulheres e a liberdade em participar ou retirar seu
consentimento em qualquer fase da pesquisa, sem que isso incorresse em qualquer
prejuízo à mulher.
As entrevistas, realizadas no consultório de ginecologia do CMS, foram
voluntárias, anônimas, individuais e confidenciais. Foram usados nomes
fictícios para identificar as respostas. As entrevistas foram gravadas com a
concordância das entrevistadas. As questões da entrevista abordaram assuntos
relativos à contaminação, prevenção e diagnóstico soropositivo ao HIV; à
presença do HIV/AIDS no cotidiano dessas mulheres; à assistência prestada pelo
serviço de saúde e grupos de adesão do CMS; a estratégias de enfrentamento
utilizadas pelas mulheres.
As observações ocorreram em cinco reuniões do grupo de adesão realizadas no
CMS. Foram registrados os comportamentos, as expressões, as falas das atrizes e
a dinâmica de grupo empregada pelos profissionais de saúde do CMS. Após o
trabalho de campo, as falas foram transcritas, ordenadas e analisadas pelas
pesquisadoras, visando a alcançar os objetivos e responder às inquietações que
deram origem à pesquisa: O grupo de adesão desenvolvido no CMS/RJ ajuda essas
mulheres a enfrentarem o HIV/AIDS? Quais as contribuições que o grupo de adesão
propicia para a qualidade de vida das mulheres soropositivas ao HIV?
Com o material transcrito, iniciamos a textualização do conteúdo dos
depoimentos e dos registros das observações. Finalizada essa etapa, fizemos
repetidas leituras do material, para depois iniciar os recortes das unidades de
análise, pela identificação dos núcleos de sentido das frases. As unidades
recortadas foram agrupadas em duas categorias de análise, que orientaram a
descrição e a interpretação dos dados obtidos.
3 A questão do enfrentamento
Das oito mulheres entrevistadas, cinco são soropositivas ao HIV e três têm
AIDS. Elas afirmaram que nunca tiveram comportamento promíscuo. Todas buscaram
o exame para diagnóstico do HIV/AIDS a partir da manifestação da doença nos
seus parceiros.
A situação vivida por essas oito mulheres confirma estudos que abordaram esta
realidade.
Como o HIV tem a sua lógica, nem sempre coincidente com a lógica
médica, em 1990, a própria força da AIDS finalmente pôde marcar a vez
das mulheres brasileiras, ao menos nas estatísticas. O aumento no
número de casos tornou evidente que a epidemia atingia de forma
significativa a população feminina em conseqüência da relação sexual
com parceiros contaminados pelo HIV. Este dado epidemiológico -
detectado em todo o Brasil - finalmente despertou a atenção oficial
para a mudança do rumo epidêmico para além dos comportamentos sexuais
femininos até então conceituados como "de alto risco", ou seja,
aqueles apresentados por mulheres "promíscuas" e "usuárias de drogas
injetáveis". Com a epidemia, a imagem da "mulher ideal" e do "lar
sagrado" foi subitamente violada(9:29).
Quanto à faixa etária, o grupo concentra-se entre 25 e 40 anos, com predomínio
de mulheres viúvas, seguidas de casadas e solteiras. A maioria reside em casa
alugada em bairros do subúrbio do Município do Rio de Janeiro e tem filhos.
Elas são alfabetizadas. Seis trabalham na economia formal. Quatro são brancas,
duas negras, uma parda e uma mulata. Em relação à renda, situam-se em faixas
cuja renda varia de R$150,00 a R$700,00 mensais. Das oito entrevistadas, cinco
declararam-se católicas e três, evangélicas. Sobre a forma de contaminação dos
parceiros, quatro afirmaram relações sexuais, duas declararam uso de drogas,
uma respondeu que o parceiro era bissexual e uma não soube informar.
Com base nos depoimentos das mulheres e nas observações das pesquisadoras
durante as reuniões do grupo de adesão, foram construídas as seguintes
categorias de análise:
- a vida acabou depois do diagnóstico soropositivo ao HIV e a presença do HIV/
AIDS no cotidiano feminino;
- a vida e a solidariedade encontradas no grupo de adesão no CMS: estratégias
femininas de enfrentamento ao HIV/AIDS.
3.1 A vida acabou depois do diagnóstico soropositivo ao HIV e a presença do
HIV/AIDS no cotidiano feminino
Esta primeira categoria expressa o sentimento que as oito mulheres declararam
sobre a contaminação e o conhecimento da presença do HIV no seu cotidiano, isto
é, a certeza do diagnóstico soropositivo ao HIV: a vida acabou.
Todas as entrevistadas relataram mudanças significativas nas suas vidas, que
resultaram em limitar as suas vivências preferencialmente em casa. Tudo gira em
torno do lar: espaço sagrado.
Quando ele ficou doente vim a saber que era bissexual e transava com
homens e mulheres sem nunca se preocupar com o que trazia para dentro
de casa, para mim, sua mulher, que sempre fui fiel e companheira. Ele
me contaminou com esse vírus do pecado. Agora, vivo com o vírus,
viúva e com a presença da AIDS. Sei o que é o preconceito das pessoas
em relação às pessoas contaminadas. Quando soube que eu estava com
esta doença terrível, pensei: a minha vida acabou. O único lugar
seguro é a minha casa para esperar a morte chegar(Tulipa).
Pior que a descoberta do diagnóstico positivo, foi saber que fui
traída pelo meu marido durante tanto tempo. Saber que ele não se
preocupou comigo. Isto é doloroso para uma mulher casada com filhos.
Sempre achei que a minha vida era maravilhosa. Com a revelação do
diagnóstico positivo para nós dois, meu mundo desmoronou. Sem esse
mundo maravilhoso, tenho a sensação que a minha vida acabou. Fico em
casa, tentando entender, por quê?(Begônia).
Com a revelação da situação dos maridos/companheiros, isto é, portadores do
HIV/AIDS, essas mulheres tiveram que fazer o exame para esclarecer a situação
em que se encontravam em relação ao HIV. Elas relataram que, apesar do apoio
dos profissionais de saúde para minimizar a tensão e a angústia, a confirmação
do exame positivo para o HIV foi terrível.
Eu queria morrer naquela hora. Acabar com tudo. Não era possível eu
estar com o vírus da morte. Pensei nele com raiva, porque me
contaminou dentro da nossa casa. Nunca traí, sempre vivi uma vida
normal e, naquele momento, o mundo despencava sobre a minha cabeça.
Nós dois estávamos condenados, com o vírus. Fiquei desesperada. A
vida acabou!(Margarida).
Quando peguei o resultado, caí em prantos. Apesar do apoio da médica
e da enfermeira, foi terrível. Eu tinha esperança de não estar
contaminada. Foi o pior momento da minha vida. Achei que ia morrer
logo. Era uma sentença que eu estava recebendo das mãos da médica. A
vida acabou para mim junto com o conhecimento do resultado positivo
do teste. Eu achei que não foi justo comigo porque eu sou muito jovem
e sempre vivi uma vida calma e tranqüila. Depois desta experiência,
somente me resta ficar em casa, chorando e lastimando(Jasmim).
Estes depoimentos desvelam que
a nova situação para essas mulheres entrevistadas soropositivas ou
com AIDS significa que agora elas são mulheres diferentes, marcadas
por uma doença fortemente associada a conotações desvalorizadas moral
e socialmente. Neste sentido, a confirmação do teste é a instituição
de uma identidade que gera novos comportamentos e sentimentos frente
à vida. A AIDS é uma doença relacionada ao desvio, à sexualidade e à
morte, cuja revelação para a sociedade traz sérios problemas para o
cotidiano dessas mulheres(10:64).
Esta categoria de análise evidencia o quanto é devastador para a mulher tomar
conhecimento da soropositividade ao HIV, por conta da contaminação através de
relações sexuais com o parceiro fixo e único. O sentimento feminino mais forte
é de ter sido traída pelo homem que amava e em quem confiava. Segundo elas,
este sentimento origina a certeza de que a vida acabou. Elas se sentem fracas e
oprimidas pela presença do vírus HIV. O medo, a insegurança, a revolta passam a
preencher o cotidiano dessas mulheres. Inicialmente, elas buscam o isolamento e
a solidão, como resposta à nova realidade, no espaço privado: a casa.
Parecia um filme, onde eu era a artista principal. Não acreditei que
fosse verdade. Passado o susto, senti que a minha vida acabou. Eu
sempre fui vaidosa, gostava de me arrumar para ir trabalhar. E agora,
o que vou fazer? Tudo mudou com esse resultado. A alegria acabou e a
vontade de viver também. Fui traída pelo homem que sempre amei.
Somente medo e solidão. Por que foi acontecer comigo? Tantas
perguntas e eu não consigo saber as respostas. Agora, o único lugar
seguro é a minha casa(Azaléia).
A coisa mais triste é saber que foi o meu marido que me contaminou.
Ele trouxe o vírus para casa. Morreu de AIDS e me deixou doente com
os filhos. No início, fiquei com raiva, ódio, queria morrer logo.
Depois, fiquei com pena dele e continuei cuidando dele até a morte.
Afinal, ele era meu marido e pai dos meus filhos. Eu sofro muito com
a doença e com a falta dele. Todos estes sentimentos estão presentes
na minha casa, onde eu me sinto segura e protegida do preconceito e
da discriminação de todos(Pétala).
3.2 A vida e a solidariedade encontradas no grupo de adesão do CMS: estratégias
femininas de enfretamento ao HIV/AIDS
Após a revelação da soropositividade ao HIV e a superação do impacto da
notícia, este grupo de mulheres buscou assistência médica no Centro Municipal
de Saúde (CMS), situado no Rio de Janeiro, que possui grupo de adesão dirigido
a essa clientela.
Nessa unidade de saúde pública, que integra o Sistema Único de Saúde, essas
oito mulheres foram convidadas a participar do grupo de adesão desenvolvido
pelas profissionais de saúde desse CMS, visando a trabalhar, coletivamente, as
questões do cotidiano feminino com a presença do HIV/AIDS. Este grupo de adesão
institucional conta com a participação de médicas, enfermeiras, psicólogas,
auxiliares de enfermagem, assistentes sociais e tem como referencial principal
o aconselhamento, preconizado pelo Ministério da Saúde(11), como um processo de
escuta ativa, individualizada e centrada no cliente. Pressupõe a capacidade de
estabelecer uma relação de confiança entre os interlocutores, visando ao
resgate dos recursos internos do cliente para que ele mesmo tenha possibilidade
de reconhecer-se como sujeito de sua própria saúde e transformação.
Especialmente no âmbito das Doenças Sexualmente Transmissíveis (DST) e HIV/
AIDS, o processo de aconselhamento contém três componentes:
- apoio emocional;
- apoio educativo, que trata das trocas de informações sobre DST e HIV/AIDS,
suas formas de transmissão, prevenção e tratamento;
- avaliação de riscos, que propicia a reflexão sobre valores, atitudes e
condutas, incluindo o planejamento de estratégias de redução de risco.
Desta maneira, o aconselhamento é uma proposta que auxilia a pessoa a lidar com
as questões emocionais decorrentes do seu problema de saúde; provê informações
sobre a doença, esclarecendo de forma mais personalizada e encorajando o
cliente a verbalizar suas dúvidas e receios e desenvolve a capacidade pessoal
do usuário para reconhecer situações de risco e tomar decisões sobre as opções
de prevenção e controle mais convenientes para si e para os próximos.
A equipe de saúde do grupo de adesão desse CMS implementa o aconselhamento em
duas ocasiões momentos:
- Fase Inicial e Individual: após a chegada da cliente ao serviço quando ela
vem buscar assistência médica;
- Fase Posterior e Coletiva: no grupo de adesão como reforço à Fase Inicial.
Este grupo de adesão é coordenado pela enfermeira que, segundo as clientes, foi
eleita por elas pela empatia e possibilidade de abertura para discutir os medos
sobre sexo, sexualidade e outras questões presentes no cotidiano feminino.
Os depoimentos das oito mulheres e as observações participantes do grupo de
adesão revelaram que esta atividade coletiva tem proporcionado troca de
experiências e contribuído para a melhoria da qualidade de vida das mulheres.
Há uma relação de confiança e de respeito entre elas e as profissionais de
saúde.
A minha vida mudou várias vezes. Primeiro, com o diagnóstico
positivo. Agora tenho AIDS. Tudo acabou. Vou morrer. Depois, conheci
outra realidade. Outras mulheres também estão com AIDS. Têm médicas e
enfermeiras ajudando as mulheres a continuarem vivendo melhor. A
outra fase foi a partir da minha ida para o grupo de adesão no Centro
de Saúde. Somos um grupo de amigas que falamos dos nossos
sentimentos, das dúvidas e como enfrentar tudo isto sem perder a
alegria de viver. A vida continua!(Petúnia).
Realmente, tudo melhorou com o apoio recebido no grupo de adesão.
Falamos sobre tudo: família, trabalho, sexo, filhos, preconceitos.
Antes, eu queria morrer logo para acabar com o sofrimento. Hoje, vejo
que não é assim que se enfrenta a doença. Sozinha não da para
continuar. Mas com a ajuda de outras pessoas fica mais fácil
continuar vivendo(Rosa).
Constatamos que se estabelece entre os profissionais de saúde e as mulheres que
participam do grupo de adesão uma rede de solidariedade que extrapola os
aspectos relacionados à saúde e à AIDS. Nesse cenário de troca e de vivências,
elas constroem estratégias de enfrentamento ao HIV/AIDS, objetivando a melhoria
da qualidade de vida. Esta construção leva em consideração os significados e o
simbólico da convivência diária entre mulher e HIV/AIDS.
Participar desse grupo de adesão me ajuda bastante. Não me sinto a
única no mundo com esse problema. Aqui eu posso trocar experiências
com mulheres que sofrem as mesmas coisas que eu. Preconceito de todos
os lados, abandono dos amigos e de alguns familiares. Por causa da
doença tive que mudar de casa e de bairro. O povo começou a falar e
os meus filhos ficaram com vergonha e perderam vários amigos. O
preconceito ataca também os familiares, principalmente os filhos. A
melhor coisa aqui no centro de saúde é esse grupo. Eu fiquei mais
tranqüila, aprendi várias coisas sobre a doença e sobre os remédios.
Falamos sobre tudo. Somos uma família. Coisa de mulher. Mulher é
assim, quando se juntam, criam logo uma família. Coisa de mulher.
Esse grupo é todo de mulher: nós todas com a doença e as médicas e
enfermeiras que nos ajudam a enfrentar a barra (Pétala).
Reforçando esta visão, torna-se imperativo conhecer o que de fato existe - o
contexto de vida e dos valores das pessoas afetadas, mulheres, homens e
crianças - a fim de formular respostas para a epidemia que tenham maior
significado, por serem mais próximas da realidade das diversas populações
afetadas.
No grupo de adesão, nós nos ajudamos e nos socorremos. Há uma
cooperação em todos os sentidos. Quando uma mulher falta a uma
reunião do grupo, ligamos para saber o que está acontecendo. Há muita
solidariedade entre nós que não escolhemos estar com essa doença.
Fomos vítimas dos nossos maridos e companheiros que nos contaminaram
com o vírus. Somos a cara da AIDS! (Begônia).
Sabe de uma coisa, esse relacionamento de ajuda e solidariedade entre
nós é porque somos mulheres. Somente as mulheres têm esta capacidade
de sofrer e ajudar ao mesmo tempo. As mulheres são preparadas para
serem mães e esposas. Trabalham fora, cuidam da casa, dos filhos e do
marido, com prazer. Resolvem todos os problemas da família sem
reclamar. É coisa de mulher. Homem não consegue ser assim
(Margarida).
Além dos aspectos já mencionados, os depoimentos evidenciam a presença marcante
das questões de gênero. Essas mulheres caracterizam as posturas femininas
frente ao HIV/AIDS e as estratégias de enfrentamento estabelecidas no grupo de
adesão pela perspectiva do gênero feminino em uma sociedade patriarcal, isto é,
o gênero como elemento estruturante e normatizador das relações sociais.
Entendendo gênero, primeiro, como
elemento constitutivo de relações sociais, que se baseia nas
diferenças perceptíveis entre os sexos e segundo, como uma forma
básica de dar significado às relações de poder em que as
representações dominantes são apresentadas como naturais e
inquestionáveis(12:14).
Nesta pesquisa, adotamos o pressuposto que não postula a igualdade entre os
sexos, mas defende que as diferenças não devem ser construídas e percebidas
como desigualdades. Adotamos o conceito de gênero como sendo um meio de
decodificar o sentido e de compreender as relações complexas entre diversas
formas de interação humana. Quando se procura encontrar as maneiras como o
conceito de gênero legitima e constrói as relações sociais, começa-se a
compreender a natureza recíproca do gênero e da sociedade e as formas
particulares situadas em contextos específicos.
Dessa forma, a análise de gênero defende que o lugar de submissão da mulher, ao
longo do tempo, tem causas históricas e sociais definidas. A mulher é enfocada
como um ser histórico gerado pelas relações sociais, incluindo,
necessariamente, as múltiplas relações entre mulheres e homens. Nesta
colocação, consideramos a diferença sexual como um fato natural, decorrente de
uma distinção biológica entre os seres humanos, e o gênero, a maneira como as
sociedades constroem e normatizam os comportamentos dos sexos, é um fato
sociocultural. As sociedades e as culturas criam comportamentos para homens e
mulheres que, no entanto, ao longo da história, acabam por modificá-los.
O discurso feminino revelado por esta pesquisa confirma que o sexo é a
definição biológica de uma pessoa e o gênero refere-se à construção social de
feminino e masculino. Portanto, não nascemos homem ou mulher, nos tornamos
sujeitos distintos historicamente através das influências que sofremos pelo
contato com o meio social e cultural.
4 Rompendo o silêncio: mulheres que vivem com o HIV/AIDS
As oito mulheres que participaram desta pesquisa, contando suas histórias,
relatando seus sentimentos e descrevendo o seu cotidiano, estão contribuindo
para o rompimento do silêncio que envolve a AIDS no segmento feminino. Falar e
investigar sobre mulher e AIDS é uma das formas de dar visibilidade a um dos
mais sérios problemas de saúde pública no Brasil, por envolver questões
complexas de naturezas subjetiva e objetiva.
Depois de tudo que nós já conversamos, acho muito bom esses estudos
sobre a minha situação. Contar tudo que eu já vivi e ainda vivo e,
também, como estou conseguindo melhorar. Isto pode ajudar outras
mulheres que estão perdidas e se sentindo sozinhas no mundo. A minha
situação não é fácil. Mulheres com AIDS têm muitos problemas. Até as
coisas que eram simples antes da AIDS, agora são complicadas. Por
exemplo, viajar, passear, trabalhar, tudo fica complicado. É preciso
que as pessoas saibam disso e ajudem sem preconceitos e com
solidariedade (Petúnia).
Quebrar este silêncio é fundamental para entender a lógica da AIDS na realidade
brasileira, construindo uma assistência pautada no concreto, que extrapole a
visão biomédica e que incorpore as questões de gênero e de sexualidade no
processo de cuidar em saúde.
Esta proposição visa a instrumentalizar os profissionais de saúde para
enfrentarem a AIDS no contexto da sua lógica, e não, na lógica da racionalidade
das ciências médicas, que são ineficazes para abranger as populações das
camadas populares urbanas, sobretudo as mulheres, cada vez mais atingidas pela
via sexual de transmissão da infecção. Em vez de persistir nessa solução
modernizante, torna-se imperativo conhecer o que de fato existe - o contexto de
vida e dos valores das pessoas afetadas, mulheres, homens e crianças - a fim de
formular respostas para a epidemia que tenham maior significado, por serem mais
próximas da realidade das diversas populações afetadas.
Ao analisarmos as falas e atitudes das mulheres sobre as duas questões
norteadoras deste estudo, podemos constatar que o alto valor dado à família com
marido e filhos relativiza a ameaça do HIV pela via sexual e cria a distância
daquelas relações afetivas e amorosas que lhes importa preservar. Se, no
discurso biomédico, a solução para a prevenção da AIDS está centrada no
indivíduo autônomo e responsável pelos seus atos, a fala das mulheres transmite
outra solução compatível com seus valores e suas experiências de vida. O risco
da AIDS não está no vírus, mas personifica-se nos outros, mulheres e homens
desconhecidos e moralmente promíscuos.
Assim, comprovamos a importância da inserção das categorias de gênero e
sexualidade no debate acadêmico sobre a epidemia da AIDS, corroborando com o
pensamento que
ao adotar a perspectiva de gêneros, torna-se mais claro que a AIDS
contém em si mesma uma crítica aos ideais de feminilidade e
masculinidade, posto que aquelas normas, ao serem vividas
concretamente ou mesmo transgredidas (dentro dos limites permitidos),
tornam-se as responsáveis pela dimensão epidêmica da doença(9:209).
5 Grupo de adesão: profissionais de saúde
Achamos oportuno registrar algumas anotações sobre a participação dos
profissionais de saúde nos grupos de adesão a partir das observações que foram
realizadas durante o desenvolvimento desses grupos. As atuações da médica e da
enfermeira se destacam. Elas assumem a coordenação do grupo e estabelecem os
elementos metodológicos e de abordagem que são implementados pelas mulheres,
inclusive pelos demais profissionais de saúde presentes. Esta liderança não é
contestada.
Há, claramente, entre a médica e a enfermeira uma divisão técnica do trabalho,
isto é, a médica assume uma postura técnica pautada no paradigma biomédico. A
enfermeira busca valorizar os aspectos subjetivos e culturais trazidos pelas
mulheres. A enfermeira se aproxima do paradigma crítico-social, sem
desconsiderar a visão biomédica.
Durante o grupo, a médica fala da doença, do vírus, das coisas da
medicina. Acho muito importante saber tudo isso. Já a enfermeira se
prende mais as outras coisas que também interessam muito e são
importantes. Com a enfermeira, eu fico mais à vontade para perguntar
sobre sexo, namoro, como devo agir com a camisinha. Essas coisas do
dia-a-dia da mulher. Gosto muito de vir ao grupo. Me sinto respeitada
e protegida. Nós que estamos com a doença, aqui no grupo, trocamos
muita informação e aprendemos bastante. Isso é importante porque dá
novo sentido a nossa vida. Sentimos que a vida não acabou com o
diagnóstico positivo que recebemos (Tulipa).
Neste contexto, podemos afirmar que os profissionais de saúde fundamentam suas
ações na visão biomédica. Toda a assistência desenvolvida tem como eixo de
construção a história natural e clínica da AIDS. Somente a enfermeira tenta, na
sua atuação, articular todas as dimensões da AIDS, inclusive a epidemiológica.
Com base nestas concepções, a médica assume a discussão do grupo, enfatizando e
privilegiando as orientações sobre as medidas de prevenção e de controle do
HIV/AIDS: modos de transmissão, medidas de prevenção, adesão e continuidade do
tratamento, os medicamentos, os exames laboratoriais etc.
Os aspectos do cotidiano feminino, das relações de gênero, da sexualidade,
relações de poder, relacionamentos afetivos, preconceitos a serem enfrentados,
questões vinculadas ao emprego e ao sustento pessoal e da família, enfim, temas
sociais, políticos, econômicos, culturais e psicológicos relacionados à
epidemia da AIDS são trazidos pelas mulheres e discutidos pela enfermeira.
Nesse momento, a enfermeira assume a condução dos debates, sem a preocupação de
dar respostas, mas valorizando as questões e tentando articular todos os temas
à problemática da AIDS, sem, entretanto, perder a perspectiva biomédica.
Os grupos de adesão são desenvolvidos com base em uma metodologia participativa
que tem como ponto de partida as experiências e vivências das mulheres com
AIDS.
Não podemos negar que esse trabalho é muito relevante e significativo para as
mulheres que participam dos grupos de adesão e representa um esforço a mais dos
profissionais de saúde que se dedicam por acreditarem na proposta coletiva e
participativa. Elas operacionalizam as determinações do Ministério de Saúde em
relação a esse tipo de atividade, a partir das visões de mundo delas,
refletindo o paradigma biomédico que norteou a formação acadêmica dos
profissionais de saúde.
Constatamos a necessidade de trabalho conjunto que envolva profissionais de
saúde do CMS, docentes de universidades e organizações não-governamentais
(ONGs), visando à incorporação de outras concepções e abordagens teóricas e
metodológicas na implementação dos grupos de adesão.
Com certeza, esta iniciativa permitirá a ampliação do quadro teórico e, também,
a aproximação com outras concepções de AIDS, considerando, principalmente, os
aspectos epidemiológicos, culturais e sociais presentes na história da
epidemia.
Outros aspectos importantes em relação aos grupos de adesão, relatados pelas
mulheres, foram a segurança delas em relação às informações fornecidas pela
médica e pela enfermeira; a participação de todas as mulheres presentes e as
relações interpessoais que se estabeleceram entre todas elas: mulheres que
vivem com o HIV e com AIDS e profissionais de saúde.
Quanto às informações recebidas, essas mulheres expressaram, que após o
ingresso nos grupos de adesão, espaço onde obtêm as informações, passaram a ter
um sentimento de segurança em relação à doença e se sentem, agora, aliadas às
outras pessoas que também vivem com o HIV/AIDS que detêm o conhecimento sobre a
realidade.
Com as informações sobre a doença e tudo dela que eu recebo aqui no
grupo, passei a me sentir mais segura. Sei o que posso fazer e o que
não devo fazer. Agora eu conheço o meu inimigo que é o vírus e a
doença. A melhor arma para atacar é o conhecimento e as informações
certas dadas pelas profissionais. Elas não têm preconceito. Falam a
verdade sobre a doença (Begônia).
No início, eu não queria participar dessas reuniões porque não queria
falar sobre a minha vida para pessoas que eu não conhecia. Tinha
vergonha e medo das pessoas saírem contando para todo mundo que eu
estou com a doença. Mas, sempre que eu vinha para a consulta e
receber os remédios, a enfermeira falava que eu tinha que aparecer
nas reuniões. Ela insistiu muito. Até que um dia, ela me convenceu a
ir porque ela disse que eu não precisava falar nada. Eu podia ficar
calada. E se eu não gostasse, não precisava mais voltar porque a
participação das mulheres é espontânea. Vai quem gosta. Hoje eu
agradeço sempre a essa enfermeira por ter me levado para o grupo.
Tenho aprendido muita coisa e conhecido as mulheres que vivem com
problemas parecidos com o meu. Agora sei que não estou sozinha.
Assim, com todas as informações fornecidas pela enfermeira e pela
médica durante as reuniões, eu me sinto mais segura e protegida
(Azaléia).
Nos depoimentos dessas oito mulheres, a participação destaca-se como um dos
elementos indispensáveis nos processos emancipatórios ou de autodeterminação,
Supõe compromisso, responsabilidade, confiança, envolvimento em ações que atuam
na redução das desigualdades de acesso aos bens e ao poder, trazendo consigo a
noção de sujeito/atriz social.
Além de tudo que eu já falei sobre as reuniões do grupo, uma coisa
interessante é o entrosamento entre todas nós, incluindo as
profissionais de saúde. Viramos amigas. Uma família. Falo mais da
minha vida pessoal com a enfermeira do que com a minha mãe e minha
irmã. Sinto que elas não estão preparadas para conversarmos
abertamente sobre os meus problemas depois do vírus ter chegado à
minha vida. A minha amizade com a enfermeira tem confiança,
sinceridade e respeito. Aprendemos coisas novas em todas as reuniões.
A médica fala sobre a doença e a enfermeira fala também da doença,
dos sintomas, dos remédios, e das coisas da vida. Fala até da
educação dos filhos. Quando eu soube que o resultado do teste deu
positivo, queria morrer logo. Acabar como a minha vida. Depois,
fiquei pensando: por que foi acontecer comigo? A resposta que eu
achei foi porque era um castigo pelos meus pecados. Agora, sei que
não é nada disso. Sei como aconteceu. Recebi as informações certas.
Sempre que tenho uma recaída, fico triste, angustiada, venho para as
reuniões e desabafo. Participar do grupo de adesão me faz sentir
gente. Fico confiante. Sou responsável pela minha vida (Petúnia).
6 Considerações finais
Esta pesquisa confirmou a importância da implantação e implementação de
estratégias coletivas voltadas para discutir e trabalhar o processo saúde-
doença-cuidado, tendo como base a realidade social, econômica, cultural e
sanitária dos vários segmentos populacionais, na epidemia de AIDS.
Podemos afirmar que os grupos de adesão ajudam as mulheres a enfrentarem o HIV/
AIDS por meio do debate dos aspectos relacionados à doença e ao cotidiano
feminino, fornecendo informações e orientações necessárias para a melhoria da
qualidade de vida dessas mulheres. Além destas atividades, o grupo de adesão
estabelece uma rede de solidariedade que envolve as mulheres HIV +, os
profissionais de saúde e a comunidade.
Visando avançar com o processo de construção coletiva dos grupos de adesão
desenvolvidos nas unidades de saúde, achamos oportuno apresentar os seguintes
subsídios norteadores a serem garantidos nesse processo de construção: adotar,
de forma articulada e integral, os princípios e diretrizes do Sistema Único de
Saúde e do Programa de Assistência Integral à Saúde da Mulher, tendo como
referência o paradigma crítico-social e ecológico e o modelo clínico
epidemiológico. Assumir, também, como fundamento o processo saúde-doença-
cuidado e a AIDS como um constructo bio-psico-social e cultural, considerando
gênero e sexualidade como categorias de análise.
Outro ponto fundamental neste debate é a incorporação da família das mulheres
nos grupos de adesão. A família é peça essencial na resposta ao tratamento, bem
como na melhoria da qualidade de vida dessas mulheres. Cabe a equipe de saúde
expandir o cuidado prestado às mulheres aos seus familiares, visando a
ampliação da cobertura do aconselhamento em saúde.
Diante do exposto, ressaltamos a importância da atuação da enfermeira nos
grupos de adesão, sistematizando, desenvolvendo e avaliando o processo de
cuidar, pautada na integralidade da assistência e nos subsídios supramen-
cionados, buscando articular, dialeticamente, o individual e o contextual.
Cuidar significa
comportamentos e ações que envolvem conhecimentos, valores,
habilidades e atitudes, empreendidos no sentido de favorecer as
potencialidades das pessoas para manter ou melhorar a condição humana
no processo de viver e morrer. CUIDADO é entendido como o fenômeno
resultante do processo de cuidar(13:30).
Este estudo vem contribuir para a reflexão dos profissionais, que atuam com
mulheres HIV+ e com AIDS, acerca das estratégias para o enfrentamento da
epidemia de AIDS, tendo a integralidade do cuidado como eixo estruturante da
concepção que preconiza saúde como condições dignas de vida.
Acreditamos que atingimos, assim, os fins propostos para esta pesquisa, mas
novos questionamentos emergem sobre esta problemática que surgiu no século XX e
rompeu as barreiras do século XXI com muitos desafios para a comunidade
científica e para todos os seres humanos.