Perfil epidemiológico da população idosa de Belo Horizonte, MG, Brasil
INTRODUÇÃO
Um dos fenômenos de maior impacto deste novo século é o envelhecimento da
população mundial resultante de um processo gradual de transição demográfica,
constituindo-se em um desafio para o setor saúde e outras esferas da sociedade.
O aumento mundial, do número de pessoas com 60 anos ou mais, é expressivo em
número absoluto e relativo(1).
No Brasil o crescimento da população idosa tem ocorrido de forma acelerada. As
projeções mais conservadoras indicam que, em 2020, seremos o sexto país do
mundo em número de idosos, com um contigente superior a 30 milhões de pessoas
(2). Essa situação de envelhecimento da população do Brasil é decorrente de
mudanças, que vem acontecendo de maneira muito rápida nas três últimas décadas,
decorrentes da redução da mortalidade infantil e do declínio acentuado da
fecundidade(1).
Em vários países, inclusive no Brasil, com o declínio da fecundidade o ritmo de
crescimento anual de nascimentos passou, imediatamente, a cair, o que fez com
que se iniciasse um processo contínuo de estreitamento da base da pirâmide
etária e o envelhecimento da população(2).
Além disso, a queda da taxa de fecundidade tem contribuído para a redução de
cuidadores domiciliares(3) o que pode predispor à solidão e agravar os
problemas causados por patologias múltiplas que ocorrem durante o
envelhecimento humano. A falta de companhia do idoso está diretamente ligada a
transformações no interior das famílias dentre elas o aumento da proporção das
famílias com número reduzido de filhos, a inserção da mulher no mercado de
trabalho e o aumento do número de divórcios, trazendo como consequência uma
vida mais insular e uma redução do apoio familiar ao idoso(4).
O Brasil hoje é um jovem país de cabelos brancos. Todo ano, 650 mil novos
idosos são incorporados à população brasileira, a maior parte com doenças
crônicas e alguns com limitações funcionais. Em menos de 40 anos, passamos de
um cenário de mortalidade próprio de uma população jovem para um quadro de
enfermidades complexas e onerosas, típicas da terceira idade, caracterizado por
doenças crônicas e múltiplas, que perduram por anos, com exigência de cuidados
constantes, medicações contínuas e exames periódicos(5).
A ampliação do número de idosos gerando uma maior demanda no campo da saúde e
da assistência social e um aumento na utilização do sistema de saúde(6), como
consequência do maior tempo de vida e das múltiplas patologias crônicas,
configuram-se como os grandes gargalos e desafios do sistema de saúde(7-8).
A Organização Mundial de Saúde (OMS) tem alertado todos os países para o fato
de que as doenças crônicas serão a principal causa de morte e incapacidade no
mundo em 2020, contribuindo com cerca de dois terços do total das doenças e
trazendo enormes custos com os cuidados de saúde. Essas doenças crônicas
incluem doenças não infecciosas, como diabetes, doenças do aparelho
circulatório e respiratório, depressão e demência, e a AIDS(1).
A definição das políticas públicas direcionadas às pessoas idosa é necessária e
o conhecimento das necessidades e condições de vida desse segmento etário
torna-se imprescindível(9).
Compreender as mudanças do perfil populacional do idoso brasileiro poderá
auxiliar na realização de ações concretas para essas pessoas, uma vez que
apresentam situações especiais de necessidades sociais de saúde(1).
Torna-se estratégico a ampliação do campo de investigação sobre as condições de
saúde da população idosa e suas demandas por ações de promoção e assistência à
saúde(10-11). Políticas sociais para promover a saúde do idoso e garantir um
atendimento adequado de suas demandas não são perspectivas para o futuro, mas
sim uma necessidade para o presente(10). Deste modo o objetivo deste trabalho
foi descrever o perfil epidemiológico da população idosa de Belo Horizonte.
Estudos epidemiológicos de base populacional adquirem importância nesse cenário
por possibilitarem a identificação dos determinantes e dos fatores etiológicos
do envelhecimento, podendo desse modo haver um melhor entendimento das
diferentes situações clinicas e desse modo uma melhor assistência à saúde
dessas populações buscando um prolongamento da vida humana por meio da
prevenção das doenças e da promoção à saúde(1).
Conhecer o perfil epidemiológico do idoso em Belo Horizonte, pode favorecer a
formulação de políticas públicas visando minimizar problemas futuros
decorrentes de um inadequado planejamento de ações voltadas para a prevenção de
agravos e promoção da saúde dessa população.
MÉTODOS
Tratou-se de um estudo descritivo sobre o perfil de idosos em Belo Horizonte,
realizado em fontes de dados secundários.
As fontes de informação para o desenvolvimento deste trabalho foram obtidas em
dados, da secretaria municipal de coordenação de política social, disponíveis
no site da prefeitura de Belo Horizonte (http://portal1.pbh.gov.br/pbh/
index.html), no link da saúde, no qual dentro de serviços e informações podem-
se obter dados de indicadores de saúde. Nestes encontram-se dados demográficos
oriundo dos Censos de 1991 e 2000 realizados pelo Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística (IBGE). A análise dos dados permitiu construir o perfil
epidemiológico da população de Belo Horizonte em 2000.
Foi possível descrever ainda o total da população brasileira recenseada e
estimada no referido ano, e o total da população residente em Minas Gerais e em
Belo Horizonte.
Os dados, sobre a população de idosos em Belo Horizonte, foram organizados por
grupos de idades e perfil dos mesmos relacionado ao gênero, tipos de
deficiência, capacidade de ouvir, capacidade de caminhar e subir escadas,
capacidade de enxergar e incidência de problema mental permanente.
Foi realizada uma análise quantitativa, descritiva em números absolutos e
frequência simples.
RESULTADOS
A população recenseada no Brasil no ano de 2000, segundo o IBGE foi de
169.799.170 pessoas. Dessas 17.891.494 em Minas Gerais (10,5%) e 2.238.526 em
Belo Horizonte (1,3%). Do total da população residente em Belo Horizonte em
2000, 204.573 (9,1%) eram de pessoas com 60 anos ou mais, assim distribuída
pelos seguintes grupos de idade (Tabela_1).
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Em relação ao sexo das pessoas com 60 anos ou mais tínhamos 123.959 mulheres
(60,5%) e 80.614 homens (39,4%). Entre os idosos com algum tipo de deficiência
física constatou-se que havia em Belo Horizonte um total de 5.919 (2,9%). As
deficiências foram classificadas como paralisia permanente total, paralisia
permanente das pernas, paralisia permanente de um dos dedos e falta de perna,
braço, mão, pé ou dedo polegar (Tabela_2).
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Entre os idosos com alguma deficiência auditiva constatou-se que havia 33.653
(16.4%). Para classificá-los os idosos foram considerados incapazes, com grande
dificuldade permanente, com alguma dificuldade permanente e com nenhuma
dificuldade.
Incapazes são os idosos que se declararam totalmente surdos, Com grande
dificuldade permanente os que se declararam com grande dificuldade permanente
para ouvir, mesmo com uso de aparelho auditivo. Com alguma dificuldade
permanente, foram classificados os idosos que se declararam com alguma
dificuldade permanente para ouvir mesmo com o uso de aparelho auditivo e como
nenhuma dificuldade os que informaram não possuir nenhuma dificuldade para
ouvir, ainda que isto exija o uso de aparelho auditivo (Tabela_3).
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Entre os idosos constatou-se que havia 48.213 (23,5%) com alguma dificuldade
para enxergar. Para realizar a classificação dos dados foram considerados
incapazes as pessoas que se declararam totalmente cegas; com grande dificuldade
permanente os idosos que se declararam com grande dificuldade permanente para
enxergar, mesmo com o uso de óculos ou lentes de contato; com alguma
dificuldade permanente as pessoas que se declararam com alguma dificuldade
permanente para enxergar, mesmo com uso de óculos ou lentes de contato; e sem
nenhuma dificuldade as pessoa que se declararam sem nenhuma dificuldade
permanente para enxergar, ainda que isto exigisse o uso de óculos ou lentes de
contato. Cabe ressaltar que quando a pessoa usava óculos ou lentes de contacto
a avaliação foi feita enquanto os estivesse utilizando (Tabela_4).
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Entre os idosos constatou-se também que havia 49.438 (24,1%) com alguma
dificuldade para caminhar ou subir escadas. Para ser realizada a classificação
das informações foram considerados incapazes os idosos que se declararam
incapazes de caminhar ou subir escadas sem ajuda de outra pessoa, por
deficiência motora; com grande dificuldade permanente os idosos que se
declararam com grande dificuldade permanente de caminhar ou subir escadas sem
ajuda de outra pessoa, mesmo com o uso de prótese ou aparelho auxiliar; com
alguma dificuldade permanente os idosos que se declararam com alguma
dificuldade permanente de caminhar ou subir escadas sem ajuda de outra pessoa,
mesmo com o uso de prótese ou aparelho auxiliar; e sem nenhuma dificuldade
aqueles que se declararam sem nenhuma dificuldade de caminhar ou subir escada
sem ajuda de outra pessoa, ainda que isto exija o uso de prótese ou aparelho
auxiliar. Cabe ressaltar que quando a pessoa usava prótese, bengala ou aparelho
auxiliar, a avaliação foi feita enquanto os estivesse usando (Tabela_5).
[/img/revistas/reben/v63n5/20t05.jpg]
Foi constatado também que havia 7.810 (3,2%) idosos com problemas mentais. Para
ser realizada a classificação de deficiência mental foi considerada um
retardamento mental resultante de lesão ou síndrome irreversível, que se
caracteriza por dificuldades ou limitações intelectuais associadas a duas ou
mais habilidades adaptativas, tais como: comunicação, cuidado pessoal,
autodeterminação, cuidados com saúde e segurança, aprendizagem, lazer,
trabalho, dentre outros (Tabela_6).
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DISCUSSÃO
A predominância, em Belo Horizonte, de idosos pertencentes ao sexo feminino
reflete a maior longevidade das mulheres em relação aos homens, fenômeno que
vem sendo atribuído a menor exposição a determinados fatores de risco no
trabalho, menor prevalência de tabagismo e ingestão de álcool; diferenças
quanto à atitude em relação a doenças e incapacidades e maior cobertura da
assistência gineco-obstétrica(4).
Percebe-se que da população de pessoas com 60 anos ou mais recenseada em Belo
Horizonte em 2000, 96,8% não apresentava nenhum tipo das deficiências físicas
pesquisadas. Além disso, 95,67% dos idosos não apresentavam nenhum problema
mental permanente. Esses dados chamam a atenção por possibilitarem uma
discussão sobre a necessidade de serem propostas ações que favoreçam a
manutenção da capacidade funcional dessa parcela da população, uma vez que se
houver condições favoráveis, estes idosos podem manter sua independência com
autonomia por mais tempo.
Grande parcela de pessoas idosas não se encontra fragilizada, logo, ainda
apresenta boas condições de saúde(7). Deste modo, deve-se propor uma política
com foco na manutenção da capacidade funcional em programas de prevenção, no
investimento de programas e ações para a detecção precoce das doenças, no
monitoramento das doenças crônicas, no sistema de equipes de saúde
personalizadas, em lugar do modelo de demanda espontânea que tem no hospital a
peça central do sistema. Idosos com boas condições de saúde, com autonomia
física e mental mantêm boas perspectivas de vida e podem assumir papéis
relevantes na sociedade(12).
Em estudo sobre a incapacidade funcional em mulheres idosas também foi constato
que envelhecimento não é sinônimo de incapacidade funcional, tendo em vista que
mesmo entre as mulheres de 85 anos ou mais, muitas reportaram não ter nenhuma
dificuldade para caminhar mais de um quilômetro(13).
A capacidade funcional do idoso inclui a capacidade em executar tarefas
físicas, a preservação das atividades mentais, e uma situação adequada de sua
integração social e cultural. As ações de prevenção e promoção da saúde, que
incluem medidas referentes às doenças e aos aspectos do bem-estar social e
cultural, são fundamentais tanto para os idosos com capacidade funcional
preservada como para aqueles já com incapacidades(1).
O estudo da incapacidade funcional em idosos é importante para o entendimento
de como as pessoas vivem os anos adicionais de vida ganhos com o aumento da
longevidade. A incapacidade funcional é frequentemente avaliada por auto-
declaração ou pela necessidade de contar com ajuda em tarefas básicas de
cuidados pessoais, atividades da vida diária e em tarefas mais complexas,
necessárias para viver de forma independente na comunidade(13).
Políticas de promoção da saúde e prevenção de agravos estão provando eficácia
em diferentes países(7). Sendo assim, diante dos dados que evidenciam que dos
idosos de Belo Horizonte recenseadas, os que se encontram fragilizados
representam uma pequena parcela da população com 60 anos ou mais, devem ser
propostos ações com esse foco. É necessário serem desenvolvidas políticas
amplas e intersetoriais que procurem assegurar o envelhecimento ativo(14).
O conceito de envelhecimento ativo pressupõe independência como principal
marcador de saúde. Deste modo, a capacidade funcional surge como um novo
paradigma de saúde(15).
As ações de promoção da saúde devem ser orientadas para promover a qualidade de
vida dos idosos que precisam ser mantidos na forma mais confortável possível,
no seu lar, junto de seus familiares, primando promoção da máxima autonomia
individual possível que tem sua base em um determinado grau de competência, ou
capacidade funcional capaz de manter habilidades físicas e mentais necessárias
a uma vida de forma independente e autônoma(16).
Constatou-se nesse estudo que dos itens analisados, os idosos residentes em
Belo Horizonte, recenseados em 2000, apresentavam em maior proporção
dificuldade para caminhar ou subir escadas (24,1%), seguida de dificuldade para
enxergar (23,5%) e deficiência auditiva (16,4%). Diante deste cenário devem ser
desenvolvidas ações intersetoriais que viabilizem adequações nos ambientes
residenciais, públicos e de serviços a fim de que mesmo com limitações essas
pessoas possam usufruir dos seus direitos como cidadãos.
No estatuto do idoso sancionado no dia 1 de Agosto de 2003 consta que os idosos
gozam de todos os direitos fundamentais inerentes à pessoa humana sendo
assegurado a eles por lei ou por outros meios, facilidades para a preservação
de sua saúde física e mental, seu aperfeiçoamento moral, intelectual,
espiritual e social em condições de liberdade e dignidade(17).
O tema central proclamado no estatuto dos idosos é o amparo, a assistência e a
proteção ao indivíduo em todo o seu processo de envelhecimento e com essa nova
demanda, decorrente do processo de envelhecimento, torna-se necessário haver a
adaptação das famílias, dos programas governamentais, da sociedade, das
instituições e, em especial da equipe que atende essa população(17).
Envelhecer com qualidade de vida é um privilégio que envolve mudanças em vários
setores da sociedade e, de modo abrangente em concepções sobre a saúde, a
educação, a justiça e os direitos sociais(18). A proposta chave para este grupo
etário é a integralidade no cuidado, visando à postergação do início das
doenças o mais precocemente possível(7).
Para postergar a dificuldades relacionadas à locomoção pode-se recomendar aos
idosos a realização de exercícios que visem maximizar e manter a massa e a
resistência óssea e minimizar o trauma. Nos idosos, o exercício pode aumentar a
resistência e a força muscular, melhorar o equilíbrio, auxiliar na prevenção da
perda de massa óssea contribuindo de forma significativa para a qualidade de
vida. Deste modo, programas de exercícios específicos devem ser desenvolvidos e
implementados para os idosos, podendo melhorar significativamente as funções do
dia-a-dia(19).
A fim de ser realizado um diagnóstico precoce da ocorrência de déficit
auditivo, pode-se indicar a utilização do aparelho de amplificação sonora
individual além de se propor e implementar um programa de reeducação auditiva
específico para essa população. Essas são questões fundamentais para se
alcançar uma melhor qualidade de vida e, consequentemente, uma melhor
integração familiar e social deste grupo etário(20).
É importante reforçar a necessidade de um serviço público de saúde voltado à
prevenção do aumento do grau de perda auditiva, que pode ser estabelecido por
políticas para a concessão de aparelhos de amplificação sonora individual para
a pessoa idosa pelo sistema de saúde. Além disso, a realização dos programas de
reeducação auditiva favorecem a adaptação e o uso diário do aparelho, além de
contribuir para a interação social da pessoa idosa(20).
A diminuição da capacidade de enxergar é fruto de um processo fisiológico, nas
pessoas idosas, com progressiva redução da reserva funcional que, embora
geralmente camuflada nesta faixa etária, merece atenção diagnóstica e
terapêutica proporcionando melhoria na qualidade de vida desses indivíduos.
Além disso, cabe ressaltar que a perda visual desencadeia um processo de
alteração emocional e psicológica que se caracteriza basicamente por desordem
de ajustamento e depressão sendo necessária a realização de ações por órgão
competentes, relacionadas com a implementação e cuidados focados na melhora da
visão dos pacientes idosos(21).
As ações para minimizar a ocorrência de alterações mentais e psíquicas é
relevante, uma vez que atender ao idoso de forma integral é preocupar-se não
apenas com todos os aspectos do processo saúde-doença que o mesmo enfrenta, mas
também atendê-lo em suas necessidades físicas, emocionais, espirituais e
sociais, integrando-os com outras pessoas, em especial, outros indivíduos da
mesma faixa etária, proporcionando-lhes atividades e ocupação(22).
Sabe-se que a prevenção de doenças e incapacidades, para o alcance de uma boa
capacidade física, cognitiva e a participação ativa dos idosos na comunidade
podem possibilitar um envelhecimento bem-sucedido. Cabe, no entanto ressaltar
que por melhor qualidade de vida compreende-se mais que ausência de doença, mas
um completo bem estar físico, psicológico e social(1).
Além disso, tendo em vista, que com o envelhecimento podem ocorrer déficits de
locomoção, visual e auditivo, dentre outros, deve haver um empenho por parte
dos profissionais de saúde em promover ações que posterguem esses
comprometimentos. Isso traz consequências para a educação dos profissionais de
saúde, que precisa ser readequada às demandas decorrentes do envelhecimento
populacional.
Um preparo adequado dos profissionais de saúde poderá favorecer um pensar
critico e instigador na busca de novas estratégias para se executar o cuidar. É
importante salientar que os idosos necessitam de uma atenção multiprofissional,
pois suas necessidades quase sempre são multifatoriais(23).
CONCLUSÃO
A população de idosos recenseada em Belo Horizonte em 2000 representava (9,1%)
do total da população residente na cidade. Desta população de pessoas com 60
anos ou mais, que representava 204.573 idosos, 60,5% eram mulheres e 39,4%
pertenciam ao sexo masculino. Constatou-se que 2,9% do total de idosos
apresentavam algum tipo de deficiência física, 16,4% alguma deficiência
auditiva, 23,5% alguma dificuldade para enxergar, 24,1% alguma dificuldade para
caminhar ou subir escadas e que 3,8% apresentavam problema mental.
Evidencia-se que a parcela de pessoas idosas, recenseadas, que se encontrava
fragilizada em Belo Horizonte era inferior à representada por aquela com boas
condições de saúde, o que vem de encontro com estudos que apontam que o
envelhecimento não é sinônimo de incapacidade. Deste modo, políticas com o foco
na promoção da saúde e prevenção de agravos a essas populações devem ser
implementadas a fim de manter a capacidade funcional dos mesmos.
A realização da assistência focada na integralidade, promoção da saúde e
prevenção de agravos, pode favorecer a postergação de déficits de locomoção, de
deficiências auditivas e visuais e consequentemente a uma maior integração dos
idosos com a comunidade, decorrente da manutenção se duas capacidades
funcionais e conseqüentemente pode-se alcançar a desejada longevidade com
qualidade de vida.
As políticas públicas para os idosos devem ser formuladas como ações
intersetoriais e executadas em parceria por equipes multiprofissionais. As
ações devem ser orientadas pela visão interdisciplinar considerando a inclusão
social, cultural e econômica do idoso na sociedade.