O conceito de risco e os seus efeitos simbólicos nos acidentes com instrumentos
perfurocortantes
INTRODUÇÃO
Os trabalhadores de saúde exercem suas atividades laborais em ambientes
envoltos a riscos ocupacionais, os quais podem causar-lhes adoecimento e/ou
acidentes de trabalho.
Acidente do trabalho é aquele que ocorre pelo exercício do trabalho, a serviço
da empresa ou pelo exercício do trabalho dos segurados especiais, provocando,
direta ou indiretamente, lesão corporal, doença ou perturbação funcional que
cause a morte ou a perda ou redução, permanente ou temporária, da capacidade
para o trabalho(1).
Risco é definido por toda e qualquer possibilidade de que algum elemento ou
circunstância existente num dado processo ou ambiente de trabalho possa causar
dano à saúde, seja por meio de acidentes, doenças ou do sofrimento dos
trabalhadores, ou ainda por poluição ambiental(2).
Um dos pontos necessários para diminuir o risco e redimensionar o papel de cada
um na situação de risco, é a criação do mapa de riscos. Como é estabelecido
pela NR 5, uma das obrigações da Comissão Interna de Prevenção de Acidentes
(CIPA) é "elaborar o mapa de risco com assessoria do Serviço Especializado em
Engenharia de Segurança e em Medicina do Trabalho (SESMT), onde houver"(3).
No caso do mapa de risco, é de fundamental importância que o trabalhador
participe de todo o processo de elaboração e de execução deste instrumento de
prevenção. É totalmente improdutivo e ineficaz colocar o mapa de risco nos
locais necessários estabelecidos por lei se os trabalhadores não sabem lê-lo ou
se não reconhecem seu valor enquanto um mecanismo de controle eficaz dos
riscos.
No caso do campo de trabalho deste estudo, os hospitais, e do grupo focalizado,
os profissionais que trabalham na área de saúde, é importante deixar claro a
importância de prestar a atenção cotidianamente ao mapa de riscos.
Nos hospitais, o mapa de riscos deve ser afixado em locais visíveis e que
orientem os profissionais a agirem em um lugar que necessite de maior atenção.
A obrigatoriedade legal da elaboração do mapa de riscos é considerada um dos
mais importantes elementos técnicos para a segurança no trabalho.
O mapeamento de riscos no Brasil surgiu por meio da Portaria nº 5 de 17/08/92,
do Departamento Nacional de Segurança e Saúde do Trabalhador(4), sendo
modificada pela Portaria nº 25 de 29/12/94, tornando obrigatória sua elaboração
pela Comissão Interna de Prevenção de Acidentes. Sua regulamentação está
presente na NR nº 5, no seu anexo IV(3).
Os riscos ocupacionais são tratados ainda nas Normas Regulamentadoras. Na NR 9,
eles são incluídos no Programa de Prevenção de Riscos Ambientais (PPRA) e a NR
32 trata dos riscos ocupacionais dos trabalhadores de instituições de saúde.
No entanto, além da vigência de leis e normas, há necessidade de compreender a
atuação dos profissionais da saúde diante de uma situação de risco ocupacional
para que ações preventivas possam ser efetivadas.
Um dos principais problemas apontados pelos estudiosos das áreas de saúde e de
ciências humanas sobre a situação de risco no ambiente de trabalho, é o medo e
a culpabilização pelo acidente(5). A culpabilização e a responsabilização dos
trabalhadores pelos acidentes no ambiente de trabalho acabam fragilizando
psicologicamente os profissionais que vivem em uma situação de risco nos seus
ambientes de trabalho, o que ocasiona, por sua vez, a não notificação dos
acidentes.
Estudo realizado com trabalhadores de enfermagem identificou que a falta de
informação quanto aos riscos, aspectos epidemiológicos e jurídicos, somado às
condições laborais impostas, a falta de tempo e o receio em perder o emprego
contribuem para a subnotificação de acidentes de trabalho(6).
Outro aspecto relevante é a falta de informação dos trabalhadores sobre a
identificação do risco, os procedimentos de segurança e a utilização dos
Equipamentos de Proteção Coletivos (EPCs) e Individuais (EPIs).
A percepção do que é uma situação de risco está diretamente vinculada com
vários fatores e não deve ser unicamente pensada com algo que está restrito ao
ambiente de trabalho, pois também está presente no cotidiano dos profissionais
de várias áreas por meio da configuração do trabalho na sociedade neoliberal:
salário, horas de trabalho, alimentação, lazer, etc. Conforme descrição de
autor(7) que, no seu estudo, ainda acrescentou moradia e vestimenta, o
indivíduo que vende sua força de trabalho para poder ganhar um salário e suprir
suas necessidades, se vê explorado, desvalorizado e imbecilizado pelas relações
trabalhistas atuais.
A antropóloga Mary Douglas(8) em seu livro, La Aceptabilidad Del Riesgo según
lás Ciencias Sociales, mostra como a percepção do risco faz parte de um âmbito
cultural que define de um ponto de vista estratégico e, por isso, político: - o
que deve ser temido e como as pessoas devem reagir diante do perigo. Um dos
principais conceitos utilizados pela autora é o de "imunidad subjetiva".
As pessoas tem um forte, mas injustificado, sentido de imunidade
subjetiva e quando realizam atividades muito familiares há a
tendência em minimizar a probabilidade de maus resultados.
Aparentemente, são subestimados os riscos que este considera
controlados. A pessoa acredita que pode lidar com situações
familiares e subestima os riscos inerentes aos acontecimentos que
ocorrem raramente, ou, como afirmam Jaspars y Hewstone as pessoas
costumam acreditar que o grave não é frequente e o comum não é grave
(9).
As discussões sobre "imunidad subjetiva" possibilitam questionar a
desumanização das análises propostas sobre a "teoria do risco". Tal pressuposto
está diretamente vinculado a hipótese de que a reação das pessoas e a sua
percepção do risco estão diretamente vinculadas com âmbitos subjetivos e
culturais.
Ao negligenciar o "mapa de riscos" e os "equipamentos de proteção individual e/
ou coletivo" as pessoas estão, na verdade, reafirmando sua confiança em si
mesmas. Quando alguém afirma: "Isso não acontecerá comigo!" ou "Foi apenas um
descuido, isso não voltará a acontecer!". Elas estão criando estratégias
discursivas para lidar com o risco e para minimizar o perigo.
Há lugares perigosos e lugares impuros que devem ser limpos e purificados por
meio de rituais distintos e muitas vezes, esta limpeza passa pela negação do
perigo ou pela negligência diante dos riscos(8).
Para que o profissional da área de saúde encarregado de amenizar as situações
de risco, (seja ele da CIPA ou não) é necessário que tenha claro que o "mapa de
riscos" e outros mecanismos de controle, só serão eficazes se eles fizerem
parte do contexto simbólico dos profissionais que atuam no ambiente de trabalho
em questão.
A notificação do acidente de trabalho é uma prática realizada no hospital onde
foi realizado este estudo, Hospital Universitário de Brasília, por meio da
Comunicação Interna de Acidente de Trabalho (CIAT), e também do formulário
eletrônico da Rede Eletrônica de Prevenção de Acidentes de Trabalho (REPAT/
USP).
A REPAT/USP é uma rede colaborativa de pesquisas e intercâmbio de informações
composta por 14 hospitais de várias regiões do país, pesquisadores e
especialistas em saúde do trabalhador e que tem como finalidade o controle e a
elaboração de estratégias de prevenção de acidentes de trabalho com exposição a
material(10).
No Brasil, a prática de notificação de acidentes de trabalho ainda carece de
incentivo e de maior fiscalização, pois a literatura mostra casos de não
notificação dos acidentes(6). Diante desta constatação, foi criado pelo governo
o SINAN para o registro de acidentes de trabalho com exposição a material
biológico na tentativa de conhecer a real situação destes acidentes e obter
dados para subsidiar futuras ações preventivas.
Os modelos preventivos em vigor não são respeitados e as medidas adotadas pelas
empresas estão direcionadas para o risco efetivo e não para a prevenção dos
acidentes. As medidas necessárias para tornar um ambiente de trabalho mais
adequado ao bom desempenho do trabalhador e que, por sua vez, assegure sua
capacidade física e mental é negligenciado(1-8).
Diante do contexto apresentado, foram elaboradas as seguintes questões de
pesquisa: como pode ser compreendido o conceito de risco desenvolvido pelos
trabalhadores do hospital? Quais as interpretações simbólicas desenvolvidas por
estas pessoas que vivem cotidianamente em contato com objetos perfurocortantes
que materializam este risco a acidentes?
OBJETIVOS
* Levantar os acidentes de trabalho entre profissionais de saúde e
estudantes atuantes no Hospital Universitário de Brasília;
* Identificar os riscos ocupacionais das unidades do CTI adulto e
Lavanderia do hospital;
* Compreender como os trabalhadores percebem e interpretam os riscos do
ambiente e dos instrumentos de trabalho e os acidentes com material
perfurocortante.
MÉTODOS
Trata-se de pesquisa exploratória, descritiva, com análise qualitativa e
quantitativa de dados, realizada no Hospital Universitário de Brasília após
aprovação do CEP, sob o registro de número 130/09 de 11/02/2009. Todos os
sujeitos assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido.
O número de acidentes de trabalho com material perfurocortante foi tratado com
uso do teste estatístico Qui-quadrado (χ2) de independência, realizado no SPSS
15.0, para verificar associação com a variável local de trabalho (CTI adulto e
Lavanderia); os dados relativos à compreensão do risco pelo trabalhador no
ambiente hospitalar foram tratados por meio de abordagem qualitativa apoiada no
referencial das Ciências Humanas(8).
Os dados foram coletados em três etapas, sendo a primeira correspondente ao
levantamento dos acidentes de trabalho ocorridos no HUB realizada no período de
03 a 14 de maio de 2010.
1ª etapa: Observação de campo com a finalidade de realizar um diagnóstico dos
riscos (físicos, químicos, biológicos, ergonômicos e de acidentes), visão do
fluxo do trabalho, funcionamento do maquinário, número de trabalhadores,
exposição dos trabalhadores aos riscos, problemas de saúde mais comuns, uso de
equipamentos de proteção individual e presença de equipamentos de proteção
coletiva. Para os riscos quantificáveis, foram utilizados aparelhos de medição
como: decibelímetro (ruído), luxímetro (iluminância) e termoanemômetro
(temperatura, umidade e velocidade do ar), em 30/03/10.
2ª etapa: Aplicação dos questionários semiestruturados com perguntas abertas e
fechadas, realizada entre os dias 20/04//2010 e 20/05/2010, para 105
trabalhadores, sendo 56 da lavanderia e 49 do CTI adulto, correspondentes,
respectivamente, a 98,2% e 83,1% do total de trabalhadores lotados nas
referidas unidades, com os seguintes critérios de inclusão: os trabalhadores
que aceitaram participar do estudo e em efetivo exercício nas unidades.
3ª etapa: Levantamento de dados realizados no setor de Medicina do Trabalho por
meio de instrumento utilizado para notificação de acidentes conhecido como:
Comunicação Interna de Acidentes de Trabalho (CIAT), para verificar situação de
saúde, caracterizar os acidentes e doenças dos trabalhadores.
RESULTADOS
Riscos ocupacionais físicos, químicos, biológicos, ergonômicos e riscos de
acidentes foram identificados no CTI e na lavanderia por meio da técnica de
mapa de risco. No CTI todos os valores encontrados estiveram dentro da
normalidade, já na lavanderia, os níveis de ruído ultrapassaram 85 dB(A) para
uma jornada de trabalho de 12 horas (próximo às calandras e máquinas de lavar).
Na avaliação de temperatura ambiente, os valores apresentados ficaram de 30.0
ºC a 34.0 º C, em desacordo com a NR nº 17, sendo importante buscar medidas que
se tornem mais propício para o trabalho (climatização, exaustores, abertura de
ventilação natural, a depender do setor). Quanto a velocidade do ar, atingiu no
setor de calandras 1,3 m/s estando em desacordo com a norma e a umidade do ar,
ficou em torno de 45% (acima do normal).
Quanto aos acidentes de trabalho entre profissionais de saúde e estudantes
atuantes no Hospital Universitário de Brasília, a Tabela_1 reúne os resultados
obtidos.
![](/img/revistas/reben/v65n5/a14tab01.jpg)
Foi realizado o teste de Qui-quadrado (χ2)para saber se havia relação entre as
variáveis acidentes de trabalho e local de trabalho (Lavanderia e CTI). O p-
valor encontrado foi igual a 0,33. Logo, como o P-valor>0,05, ao nível de
significância de 5%, não se rejeita a hipótese de independência entre essas as
variáveis, ou seja, os acidentes não estão relacionados com o local de
trabalho.
Dos questionários aplicados na lavanderia, 58,9% dos trabalhadores apresentam
problemas de saúde, 19,6% já sofreram acidentes de trabalho, 17,9% notificaram,
98,2% tiveram treinamento sobre prevenção de acidentes e 83,9% conhecem o mapa
de riscos. No CTI, 36,7% apresentam problemas de saúde, 26,5% já sofreram
acidentes de trabalho, 24,5% notificaram, 34,7% tiveram treinamento sobre
prevenção de acidentes e 12,2% conhecem o mapa de riscos.
Foram analisados todos os prontuários dos sujeitos envolvidos no intuito de
levantar possíveis causas de doenças ocupacionais, não sendo encontrado nenhum
caso que evidenciasse doença adquirida em decorrência das atividades
laborativas.
Por outro lado, os acidentes de trabalho analisados por meio das CIATs com
materiais biológicos/perfurocortantes entre os anos de 2003 e 2009, mostraram
nove acidentes no CTI adulto e apenas três na lavanderia. Acreditamos que tenha
havido subnotificação ou não notificação de alguns acidentes em ambos os
setores. Concluímos que os trabalhadores da lavanderia são mais conscientizados
quanto às precauções e à adoção de medidas preventivas quanto ao uso de EPIs,
somado aos treinamentos que tiveram.
Um dos pontos principais também abordados durante a pesquisa foram os problemas
de saúde apontados pelas profissionais que atuam nos ambientes pesquisados; na
tabela que se segue temos os dados referentes à percepção dos trabalhadores com
relação ao risco no local de trabalho.
[/img/revistas/reben/v65n5/a14tab02.jpg]
Nessa tabela, os problemas de saúde não são vinculados ao local de trabalho
sendo que 36,7% disseram ter problemas vinculados com a atividade laboral. Este
resultado pode ser pensado como uma resposta a familiarização com as
atividades, naturalização das atividades desenvolvidas e a negação de que eles
poderiam causar as doenças.
Em estudo anterior, foi constatado que os acidentes de trabalho com exposição
ocupacional a material biológico são os de maior ocorrência entre os
trabalhadores deste mesmo hospital(11). Estes tipos de acidentes também tem
grandes ocorrências em outros hospitais(12).
Na Tabela_3 são apresentados dados sobre as doenças adquiridas após a admissão
no hospital.
[/img/revistas/reben/v65n5/a14tab03.jpg]
Embora fique claro pelos dados quantitativos que as pessoas não associam suas
doenças com o local de trabalho, é importante entender que muitas vezes elas
não têm uma compreensão de como o trabalho afeta a saúde. Aos olhos de uma
pessoa leiga, uma doença como cefaléia crônica, as doenças plurimetabólicas e
psicossomáticas (ansiedade, depressão) nem sempre seriam vinculadas com um
processo contínuo de estresse no ambiente de trabalho.
As tabelas apresentadas a seguir se referem às notificações de risco e dos
acidentes de trabalho.
[/img/revistas/reben/v65n5/a14tab04.jpg]
[/img/revistas/reben/v65n5/a14tab05.jpg]
Observa-se que a ausência de notificação dos que já sofreram acidentes é alta.
No entanto, faz-se necessário aprofundar a pesquisa para compreender o que fez
com que essas pessoas negligenciassem o risco e que tipo de risco foi
negligenciado, considerando que em uma situação de risco com material
contaminado por vírus ou bactéria com alto poder de contaminação e proliferação
poderia contaminar todo o hospital e até mesmo levar a um quadro que afete a
saúde pública(10-13).
Quanto à capacitação dos trabalhadores, a Tabela_6 mostra os dados relativos
aos treinamentos recebidos.
[/img/revistas/reben/v65n5/a14tab06.jpg]
Salienta-se a importância da participação dos profissionais no processo de
treinamento e o desenvolvimento de um sentimento de responsabilidade com a
segurança, mas não como um mecanismo de culpabilização e sim como um processo
de reconhecimento de pertencimento de um determinado ambiente de trabalho em
que todos são responsáveis pela segurança.
Sobrecarga de trabalho, fatalidade, culpa própria, negligência e precariedade
das condições de trabalho foram citadas como as causas mais frequentes de
lesões que ocasionaram acidentes de trabalho no período de julho de 2002 a
julho de 2003. Houve predominância do gênero feminino, por representar a maior
força de trabalho nos hospitais, na categoria de auxiliares de enfermagem, no
período da manhã, quando é realizada a maior parte dos procedimentos
(medicações, cirurgias, coleta de material para exames, tendo os quirodáctilos
as partes dos corpos mais atingidas(14).
Dados da tabela_6 mostram que praticamente todos fizeram o processo de
treinamento. Embora estes dados sejam relevantes, eles entram em contradição
com o índice de acidentes não notificados.
Essa contradição está diretamente vinculada com o âmbito subjetivo do
indivíduo, que determina como cada pessoa vai aplicar no seu dia-a-dia os
conhecimentos adquiridos nos cursos de capacitação. Se o processo de
compreensão do risco engloba os âmbitos subjetivo e coletivo ao mesmo tempo,
são necessárias estratégias cotidianas que envolvam todos para que esses dois
processos tenham significado e possam ser realizados juntos para minimizar os
riscos.
Em pesquisa realizada num hospital público do Distrito Federal, os autores
identificaram como fatores desencadeantes de acidentes a dupla jornada de
trabalho, a falta de treinamento e capacitação, os ambientes físicos
inadequados, a falta de material adequado tanto em qualidade como em
quantidade, a ausência de manutenção preventiva de equipamentos, o grande
número de procedimentos invasivos e o quantitativo insuficiente de
trabalhadores, gerando sobrecarga de trabalho(15).
Os dados comprovam como o risco de acidentes nos ambientes laborais dos
hospitais é elevado. Considerando todos os dados apresentados, podemos destacar
a importância da criação de instrumentos educacionais que contribuam para a
capacitação cotidiana dos profissionais (incluindo os estagiários).
Considerando que o risco faz parte do ambiente de trabalho do hospital, devem
ser criados mecanismos que façam com que instrumentos como o "Mapa de Riscos" e
os equipamentos de proteção individual e coletivo façam parte do cotidiano de
todos que atuam nesse ambiente de trabalho. Portanto, a criação de processos
contínuos de aprendizagem coletivos, podem ser mecanismos fundamentais para
consolidação da conscientização destes profissionais da saúde.
No nosso entendimento, alguns trabalhadores dos setores do estudo enfrentam os
riscos com maior seriedade, adotando as medidas universais de biossegurança,
enquanto que, outros negligenciam os usos de EPIS, até mesmo técnicas simples
como lavagem das mãos, reencape de agulhas, descarte de objetos
perfurocortantes em locais inapropriados, deixando a saúde e a segurança no
trabalho relegadas a segundo plano e se preocupando apenas nos direitos de
receberam o adicional de insalubridade.
Os resultados demonstraram que apenas a avaliação da iluminação estava dentro
de todos os padrões exigidos pelas normas técnicas, embora a variação de
pequenos desajustes nos outros quesitos não apontem problemas separadamente,
numa perspectiva conjuntural, esses valores mostram que o espaço traz elementos
que tornam o ambiente insalubre e que podem afetar de forma direta o desempenho
do trabalho.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
O ambiente de trabalho dos hospitais é um espaço que esconde riscos iminentes
tanto para as pessoas quanto para o meio ambiente e, neste sentido, deve ser
objeto de constante processo de avaliação e controle.
Mesmo que façamos um recorte específico com a análise dos acidentes com
perfurocortantes, ainda assim, fica clara a necessidade de um controle do
ambiente do trabalho e dos trabalhadores que cotidianamente atuam nesse espaço.
Dois mecanismos de controle de risco foram apontados com recursos essenciais
para a efetiva diminuição dos riscos: o mapa de riscos ambientais e os
equipamentos de proteção (individual e coletivos). Para efetiva consolidação
dessas estratégias, o HUB deve desenvolver vários instrumentos educativos que
possibilitem consolidação das práticas de segurança.
Um dos mecanismos mais utilizados pelas instituições públicas na área de
capacitação continuada é a educação à distância. Essa modalidade de educação
possibilitaria que os profissionais que atuam no Hospital pudessem reciclar
seus conhecimentos sobre segurança no trabalho e criar laços de companheirismo
que possibilitariam, por sua vez, o desenvolvimento de novas redes de
solidariedade dentro do ambiente laboral.
É importante salientar que o ambiente de trabalho é um espaço onde são
vivenciadas experiências subjetivas e coletivas. Nesse sentido, quanto maior o
sentimento de pertencimento a um coletivo, maior será a preocupação em mantê-lo
protegido dos riscos.