Sociologia da educação superior nos contextos internacional, regional e local
Em memória de Luis Scherz
ORIGEM E DESENVOLVIMENTO DO CAMPO NOS PAÍSES CENTRAIS
A sociologia da educação superior é um campo acadêmico relativamente novo
(Gumport, 2007). Surge nos Estados Unidos no fim da Segunda Guerra Mundial.
Inicialmente, abarca quatro áreas de pesquisa: duas principais e duas menores,
conforme o balanço realizado por Clark (1973) no começo dos anos 1970. As áreas
principais abrangem o estudo das desigualdades educacionais após o ensino médio
e a análise dos efeitos psicossociais da experiência universitária. As áreas
menores incluem o estudo da profissão acadêmica, a organização das instituições
e os sistemas de educação terciária como unidades de estudo. Com base nessas
quatro áreas, o campo evolui em múltiplas direções a partir de 1970 (Brennan e
Teichler, 2008; Teichler, 2007; Kogan, 2000).
Em primeiro lugar, estende-se geograficamente para abarcar, com diversos graus
de solidez institucional e em diferentes temporalidades, as demais regiões do
mundo, partindo da Europa Ocidental (onde antes Durkheim e Weber se haviam
ocupado da educação e das universidades) e estendendo-se em seguida ao Canadá e
aos países anglófonos desenvolvidos do Pacífico, à América Latina, à Europa
Central e ao Leste Europeu, à Ásia, aos países árabes e, mais recentemente, à
África. Em nenhum lugar, no entanto, o campo alcança um grau de
institucionalização como o que havia conseguido precocemente nos Estados
Unidos, por exemplo, por meio de núcleos estáveis de pesquisa em várias das
principais universidades desse país e de programas de pós-graduação, em
especial de doutorado.
Posteriormente, a organização do campo também se torna mais complexa pela
inclusão de novos temas, tópicos e assuntos de pesquisa nas quatro áreas
identificadas por Clark no início dos anos 1970. A divisão do trabalho se
fragmenta, especializa-se e dá origem a uma multiplicação das linhas de
pesquisa e de reflexão.
A área de estudo das desigualdades no âmbito da educação terciária se amplia
para incluir temas variados e novos tópicos de indagação (McDonough e Fann,
2007): esquemas de apoio estudantil, tópico que alcança com Johnstone (2006) o
estatuto de um programa global de pesquisa1; políticas nacionais e
institucionais de acesso, assunto que, com a massificação do ensino superior,
adquire importância crescente; habilidades e conquistas dos estudantes que têm
acesso à educação superior e os procedimentos para sua seleção; escolha de
instituições e de programas, e os determinantes da demanda estudantil; status
socioeconômico das famílias, estudantes não tradicionais, diversificação da
demanda e participação de minorias nos estudos superiores. Entre essas linhas,
a de maior impacto intelectual se refere às pesquisas de Bourdieu, em especial
aquelas incluídas em seus livros Os Herdeiros (Bourdieu e Passeron, 1964) e A
Nobreza de Estado (Bourdieu, 1989). Em relação às políticas, o principal efeito
se deve às análises sobre modalidades de financiamento e de apoio estudantis.
Os estudos sobre o impacto da experiência universitária na socialização dos
estudantes passam por uma ampliação similar. Embora uma parte importante dessas
pesquisas tenha lugar dentro da disciplina da psicologia, elas se desenvolvem
habitualmente em um marco de premissas proveniente da sociologia (Hurtado,
2007). Nesse marco, são analisados particularmente fenômenos relativos à
retenção e à deserção, à socialização estudantil, à aquisição de competências
durante os cursos de graduação, ao efeito dos pares e suas ramificações em
direção às políticas e práticas de admissão, ao impacto de variáveis
contextuais, como o tamanho das instituições, a seus níveis de seletividade e à
composição social dos alunos. Aqui adquirem particular importância os estudos
norte-americanos sobre a seleção de estudantes e a "seletividade" das
instituições (Winston, 2003; 2000; 2000a), em estreita relação com os temas
bourdianos da reprodução social das desigualdades (Brunner e Uribe, 2007:parte
2).
Ao mesmo tempo, a profissão acadêmica passa, durante as últimas décadas, de uma
área menor - como o era nos tempos de Wilson (1942) e Caplow e McGee (1958) -
para uma área maior, em que a autoridade, o trabalho e os valores dos
acadêmicos são analisados seja em perspectiva nacional, seja em perspectiva
comparada. Clark (1983) publica, no fim da década de 1980, seu livro sobre os
"pequenos mundos, mundos diferentes" dos acadêmicos, no qual estuda as
dimensões da profissionalização acadêmica, a divisão do trabalho disciplinar, a
integração e a identidade da profissão. Em meados da década seguinte, Altbach
(1996) edita um volume sobre a profissão acadêmica no âmbito internacional,
incluindo estudos sobre países desenvolvidos da Ásia, da Austrália, de três
nações latino-americanas (Brasil, Chile e México), de países da Europa
Ocidental, Rússia e Israel. Recebem também particular atenção nas publicações
as elites entre os professores. Clark (1977) as estuda sob o nome de
"oligarquias acadêmicas" no caso da Itália; Ringer (1995) utiliza a denominação
de "mandarins" no caso da Alemanha; Halsey (1995) as analisa em relação ao
declínio dos "dons" nas universidades inglesas tradicionais; e Altbach (2002)
dedica um volume à queda dos "gurus" acadêmicos em vários países em
desenvolvimento. Os processos de profissionalização acadêmica precária em
países em desenvolvimento com rápida massificação da matrícula também mereceram
atenção, especialmente no México (Álvarez, 2004; Grediaga, Rodríguez e
González, 2004; Gil Antón et alii, 1994). Mais recentemente, o surgimento de
grupos de administração acadêmica começou a ser objeto de estudo nessa área
(Rhoades, 2007:129), em particular do ponto de vista das relações mutáveis de
poder entre esses grupos e os acadêmicos que realizam as atividades de base da
universidade (Deem, 2004; 2001; 2001a).
A análise da universidade como organização também experimentou uma evolução
similar, passando de área menor dentro da literatura especializada para área
maior e em constante crescimento. De fato, como mostra Peterson (2007), não só
se multiplicaram os modelos (colegial, burocrático, profissional, político,
empresarial, gerencial etc.) mediante os quais se tenta explicar a organização
dessas instituições. Eles se ampliaram também pela consideração de variáveis
endógenas e exógenas dos sistemas (Brunner, 2007a), pela inclusão de fatores
econômicos e políticos do contexto nacional, pela análise da educação superior
como indústria, ou seja, do ponto de vista das organizações industriais e de
sua adaptação às novas condições do mercado global (Marginson e Van der Wende,
2006). Certamente foi esta a área - macrossociologia e economia política da
educação superior - que teve maior desenvolvimento durante as últimas duas
décadas, como mostra a abundante produção escrita em diversas regiões do mundo.
Na esfera internacional, destacam-se os trabalhos realizados pelo Center for
Higher Education Policy Studies (Cheps), da Universidade de Twente, na
Holanda2.
Em terceiro lugar, após 1970, as aproximações ao estudo da educação superior
começam a enfatizar cada vez mais a interdisciplinaridade, isto é, a abordagem
de seus objetos de pesquisa com base em diversas e variáveis combinações
disciplinares - algo que também ocorre no campo dessa sociologia especializada.
Por exemplo, Clark e Neave (1992), na Enciclopédia da Educação Superior editada
no início dos anos 1990, identificam ao menos dezessete "perspectivas
disciplinares" que, nesse momento, confluíam no estudo da educação superior: 1)
administração pública; 2) antropologia; 3) ciências políticas; 4) economia
política; 5) estudos comparados; 6) estudos das ciências; 7) o estudo
específico da educação superior como campo acadêmico; 8) estudos da mulher; 9)
direito; 10) filosofia; 11) história; 12) literatura; 13) micro e 14)
macrossociologia; 15) o enfoque de políticas públicas; 16) psicologia social;
17) teoria das organizações. Pela mesma razão, a produção desse campo - embora
conte com um número de revistas próprias, especificamente dedicadas à pesquisa
da educação superior - se canaliza também por uma série de outras revistas
pertencentes a essas diferentes disciplinas e enfoques. O campo específico se
torna cada vez mais híbrido, e seus limites internos, em relação aos campos
adjacentes, cada vez menos nítidos.
Em quarto lugar, tal confluência de diversos pontos de vista, perspectivas
disciplinares e enfoques, além de levar a uma maior diferenciação em cada campo
e subcampo, e gerar o caráter híbrido de todos eles ao abordar a educação
terciária, é pressionada também, desde dentro do próprio sistema, pela
diferenciação e interação entre objetivos puramente acadêmicos (produção de
conhecimento publicada em revistas especializadas e registradas
internacionalmente) e objetivos práticos orientados para formulação e execução
de políticas na esfera dos sistemas nacionais e das instituições e sua gestão.
Em outras palavras, participam de modo conjunto, nesse campo, pesquisadores
especializados e um grupo crescente de agentes, ou seja, docentes,
pesquisadores não especialistas e, sobretudo, dirigentes da gestão
universitária que refletem sobre suas práticas. Aqui aparecem com especial
força as recomendações e os estudos realizados pela Unesco, pelo Banco Mundial
e, especialmente, pela Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico
(OCDE).
Enquanto alguns acolhem essa tensão de forma positiva, como causadora de efeito
inovador sobre a produção de conhecimento, outros consideram que ela opera como
obstáculo para o desenvolvimento de um programa autônomo de pesquisa no campo,
impedindo a construção de teorias que forneçam consistência disciplinar
específica. Há também os que observam que a tensão entre teoria e prática
introduz uma fissura no campo que, no fim, prejudica tanto seu desenvolvimento
acadêmico como sua capacidade de responder aos interesses dos agentes que
dirigem as instituições universitárias. Como apontou recentemente Clark (2007),
a principal figura acadêmica de nosso campo,
[...] já não há dúvida sobre isto: a desconexão entre pesquisadores e
agentes em relação à compreensão sobre as universidades continua
sendo grande. Os pesquisadores escrevem principalmente para outros
pesquisadores, armados de suas perspectivas disciplinares e
interdisciplinares. Já no início de suas carreiras examinam hipóteses
geradas a partir da literatura. À medida que envelhecem, aspiram a
gerar "teoria" expressa em linguagem inflada e pomposa. Cogitando
dentro de amplos esquemas, como ocorre atualmente na sociologia da
educação superior, publicam artigos em revistas que os agentes não
leem. Os agentes, por outro lado, buscam entre si caminhos para lidar
com as preocupações específicas de sua atividade cotidiana. Para
eles, a teorização acadêmica parece imprecisa e remota; uma
manifestação a mais das linguagens em voga, distante das complicações
de qualquer operação local. Os pesquisadores apontam alto demais e
tentam explicar demais. Os agentes [...] apontam muito baixo e caem
em discussões ad hoc. Quando surgem perguntas sobre como as
universidades se transformam, essa brecha aumenta ainda mais (ibidem:
319).
Em quinto lugar, esse campo híbrido e pressionado internamente evolui pela
aparição de novos temas, os assuntos emergentes. Assim, por exemplo, em uma
coleção de artigos dedicados à sociologia contemporânea da educação superior
(Gumport, 2007a), são mencionados, entre outros, a educação superior como
instituição social e seu trajeto, desde as formas modernas (para abreviar, os
modelos napoleônico e humboldtiano) até as formas adotadas com a globalização
(Meyer et alii, 2007); o estudo sociológico dos departamentos acadêmicos como
unidades de base das instituições universitárias (Hearn, 2007); a análise da
diversidade dentro das universidades e seu impacto nas sociedades
multiculturais (Antonio e Muñiz, 2007); e a centralidade adquirida atualmente
pelo estudo das políticas de educação superior como especialidade por mérito
próprio (Bastedo, 2007). Esse registro de assuntos emergentes, porém, é
altamente específico para o contexto da educação superior dos Estados Unidos.
Se tomarmos um horizonte geográfico mais amplo, esses temas podem se
multiplicar sem dificuldade: dinâmicas de transformação das universidades
públicas, tópico de ampla difusão em diferentes lugares do mundo; emergência
das universidades privadas e seu lugar nos sistemas nacionais; esquemas,
procedimentos e práticas para garantir a qualidade na educação superior;
relação entre sistemas de ensino superior e mercado de trabalho;
internacionalização das universidades, comércio transnacional de serviços de
educação terciária e mobilidade estudantil na esfera internacional; novas
modalidades de financiamento das universidades e seu impacto sobre a gestão
institucional; culturas das "tribos acadêmicas" (Becher, 2001) e, em geral,
análise cultural da educação superior (Vålimaa e Ylijoki, 2008; Mollis, 1995);
novos modos de produção de conhecimento conhecidos na literatura pela
denominação "modo de produção dois" (MP2), em contraposição ao "modo de
produção acadêmico" (Nowotny, Scott e Gibbons, 2001); mercados universitários
(Brunner e Uribe, 2007) e dinâmicas de mercantilização em diferentes contextos
nacionais (Teixeira et alii, 2004), com suas múltiplas linhas de pesquisa
associadas (Brunner e Uribe, 2007:27-179) sobre, por exemplo, os fenômenos do
"capitalismo acadêmico" (Slaughter e Rhoades, 2004), a aparição de novos
provedores (Kinser e Levy, 2006; Middlehurst e Woodfield, 2004), a
comercialização da pesquisa e a empresarialização das universidades (Clark,
2004; 1998).
Em sexto e último lugar, é necessário destacar, na evolução do campo, o
crescente foco comparativo dos estudos provenientes tanto de fontes acadêmicas
como de alguns organismos internacionais que intervêm sobre elas com sua
própria produção de conhecimento, como o Banco Mundial (World Bank, 2002) e a
OECD (2008). Ao se internacionalizar, o próprio campo perde em parte seu
caráter especificamente local e nacional (como ocorre também com as próprias
universidades), e suas perspectivas se globalizam. Ao mesmo tempo, os centros
tradicionalmente dominantes do campo mantêm sua posição, mas seus interesses de
pesquisa se estendem à periferia, e esta incorpora, ainda que não
subordinadamente, suas próprias realidades e análises.
Surge, além disso, pelo uso de indicadores comparativos internacionais, um ramo
de estudos de benchmarking com propósitos de difusão (habitualmente concebidos
de maneira muito ingênua) de "boas práticas" e de "modelos de sucesso". Também
se impõem - no âmbito da educação superior global - os rankings de
universidades chamadas de "classe mundial" (Salmi, 2007), que, como era de se
esperar, apenas refletem dentro do âmbito das instituições de conhecimento a
geopolítica da distribuição dos poderes econômico, tecnológico e militar na
esfera mundial (Marginson, 2006; 2004). Enfim, no caso da sociologia da
educação superior, encontramo-nos diante de um campo que evoluiu por
crescimento e especialização temática, por ampliação da cobertura geográfica,
pela incorporação de novos assuntos e atores, por hibridação disciplinar e pela
diversificação de suas orientações e modos de produção de conhecimento.
AMÉRICA LATINA: UM CAMPO POUCO INSTITUCIONALIZADO
A presença e a participação da América Latina, do Chile, em particular, nesse
campo em rápida evolução, caracterizam-se por pobre contribuição, reduzido grau
de institucionalização e, ainda assim, aporte a algumas perspectivas e tópicos
de estudo - dependentes de seus contextos de desenvolvimento específicos e
peculiares - que merecem atenção. De fato, ao medir a produção latino-americana
de conhecimento no campo dos estudos da educação superior com os indicadores
comumente utilizados - bibliométricos e de participação na literatura -, que
periodicamente expressam o estado-da-arte do campo, seu aporte quantitativo é
absolutamente marginal.
É mínimo o número de artigos oriundos da região publicados durante a última
década em revistas da corrente principal (mainstream), quer dizer, registradas
internacionalmente (por exemplo, nas bases de Thomson ISI), sendo próprias do
campo ou pertencentes às perspectivas disciplinares que participam dele, em
particular da sociologia da educação superior, e o número de autores com
produção contínua, medidos por esse parâmetro, é ínfimo. Efetivamente, a
maioria dos pesquisadores latino-americanos do campo publica seus resultados,
reflexões e argumentos em revistas não indexadas, em documentos de trabalho
institucionais e em livros, e só excepcionalmente em inglês ou em outro idioma.
A geração mais jovem de pesquisadores latino-americanos do campo, a maioria com
estudos de pós-graduação em universidades dos Estados Unidos, começa a se
preocupar seriamente em publicar em revistas com registro internacional.
Algo parecido ocorre com a participação de autores latino-americanos na
literatura internacional tipo estado-da-arte. Como mostra García Guadilla
(2000) em relação à enciclopédia editada no começo dos anos 1990 por Clark e
Neave (1992), embora as seções destinadas à análise das diferentes perspectivas
disciplinares que convergem no estudo da educação superior - citadas
anteriormente - contenham mais de mil referências bibliográficas, só vinte são
de títulos publicados em idiomas diferentes do inglês, sendo treze em alemão,
três em francês, três em russo e uma em italiano. Nenhum dos autores dessas
seções é da América Latina. Algo parecido ocorre com o mais recente estudo de
síntese sobre educação terciária no âmbito mundial (OECD, 2008): entre várias
centenas de autores citados (publicados em inglês, com mínimas exceções), os
autores latino-americanos aparecem em cerca de dez referências, menos de 3% do
total.
Em seguida, observa-se o baixo grau de institucionalização do campo na América
Latina, o que vale também para o Chile. Isso se deve particularmente à
inexistência de departamentos ou de centros de pesquisa com trajetória
relativamente estável de produção, ainda que sejam de alcance puramente local/
nacional. Deve-se também à ausência de programas de doutorado nesse campo ou de
especializações temáticas enfocadas na educação superior dentro dos
departamentos, escolas e institutos de sociologia.
Com exceção do México, onde alguns núcleos de pesquisa conseguiram se
consolidar, na América Latina predominam pequenos grupos de pesquisadores
escassamente associados ou pesquisadores isolados que se relacionam com outros,
dentro de seu país, por meio de redes informais e contatos mais ou menos
esporádicos, com poucas figuras que transcendem o âmbito local.
Há, além disso, em alguns países, revistas dedicadas a temas de pesquisa de
campo, mas com escassa difusão a nível regional e nem sempre disponíveis na
internet. A maior parte dessas revistas mais reflete e comunica as preocupações
dos agentes do que expõe uma trajetória acumulativa de conhecimentos
especificamente acadêmicos. Desenvolveram-se, igualmente, em diferentes
conjunturas, projetos colaborativos de alcance regional, como manifesta a
publicação de relatórios sobre o estado da educação superior regional (Iesalc,
2008; 2006; Cinda, 2007; García Guadilla, 1996; 1996a; Brunner et alii, 1995).
Tem havido, ainda, iniciativas de colaboração com universidades europeias que
culminam em publicações com participação preponderante, também nesse caso, de
agentes3. Por outro lado, como mencionado, a América Latina contribuiu ao longo
de décadas com algumas perspectivas e tópicos de estudo - dependentes dos
contextos de desenvolvimento específicos e peculiares de sua educação superior
- que merecem atenção.
Se nos limitarmos apenas às contribuições provenientes do campo da sociologia
da educação superior e das perspectivas de análise mais afins (economia
política e políticas públicas), é possível observar que a América Latina
contribuiu, inicialmente, com conhecimento de interesse distintivo nas quatro
áreas mencionadas na primeira seção deste artigo. De fato, realizaram-se
diversos estudos nacionais sobre desigualdades na educação após o ensino médio,
especialmente mediante análise de dados de enquetes domiciliares. Embora em sua
maioria sejam basicamente descritivos e careçam, por isso mesmo, de pretensão
teórica, esses estudos iluminam uma zona de problemas particularmente agudos na
América Latina, por ser essa a região mais desigual do mundo do ponto de vista
de distribuição de renda, ainda que não de distribuição educativa (De Ferranti
et alii, 2005:141-145). De qualquer forma, esse tópico constitui foco de
atenção permanente e dá lugar a um fluxo mais ou menos contínuo de publicações
em diferentes países da região.
Vinculados tematicamente a esses estudos, são abordados também alguns tópicos
da segunda área, que se ocupa do impacto da experiência de cursar a faculdade
para os estudantes. Aqui são destacáveis, por exemplo, os estudos referentes à
retenção e à deserção universitária dos jovens (Cinda, 2006; Donoso e
Schiefelbein, 2007); a análise dos processos de seleção dos estudantes e os
efeitos da seletividade das instituições (Brunner e Uribe, 2007:218-238); sua
inserção no mercado de trabalho, o papel das credenciais obtidas no momento da
graduação e seus efeitos sobre a mobilidade social.
A profissionalização acadêmica, como já mencionado, foi objeto de diversas e
minuciosas pesquisas, particularmente no caso do México, em relação à
diferenciação das instituições (Schwartzman, 2006:120-133; 1991) e às
modalidades de trabalho acadêmico e suas formas de retribuição, em especial
mediante o uso de esquemas de incentivo que progressivamente corroem a
tradicional uniformidade das escalas salariais dos acadêmicos no setor
universitário público (García de Fanelli, 2007; Bensimon e Ordorika, 2006;
Krotsch, 2002:parte B).
Por último, é provavelmente na área da análise dos sistemas - embora não das
instituições - como organizações que existe o maior acúmulo de estudos
referentes em especial às trajetórias dos sistemas nacionais (López Segrera,
Brock e Dias Sobrinho, 2008), aos efeitos de massificação da matrícula
terciária, à diferenciação dos sistemas, aos papéis das universidades públicas
e do setor universitário privado, às suas relações variáveis com o Estado e com
a sociedade, aos modelos de financiamento de oferta e demanda e, mais
recentemente, também às consequências da instalação de regimes de certificação
de qualidade (Brunner e Peña, 2008; Cinda, 2003; CNA, 2003; García Guadilla,
2002; 1996; Muñoz, 2002; Kent, 2001; Rodríguez e Casanova, 1994).
Como será visto mais adiante, foi com base nesses estudos situados na esfera
dos sistemas que se desenvolveu uma literatura propriamente latino-americana no
campo da sociologia da educação superior.
De fato, emerge desde cedo na região uma literatura referente à especificidade
do modelo latino-americano, como mostra a análise sociológica da realidade
universitária latino-americana de Scherz (1968) e publicações de autores como
Ribeiro (1969), bem como as expressões mais recentes, por exemplo, de
Bernasconi, que anunciam o fim desse modelo. Efetivamente, como aponta esse
último autor,
[...] após a independência da América e durante todo o século XIX e a
maior parte do século XX, existiu um modelo de universidade latino-
americana. A consolidação das universidades privadas na segunda
metade do século passado, que em sua maioria não responderam a esse
padrão, restringiu a influência do modelo ao setor público da
educação superior. Em tempos mais recentes, por questões relacionadas
à economia do conhecimento, à globalização, às restrições
financeiras, à perda de legitimidade e às transformações na missão, a
influência do modelo sobre as universidades públicas também diminuiu,
e o paradigma da universidade de pesquisa dos Estados Unidos, que foi
durante muito tempo a inspiração dominante no setor privado, começou
a exercer influência também sobre as universidades públicas. O
resultado é que, não obstante a persistência de elementos do velho
paradigma em algumas partes do setor público, o modelo de
universidade latino-americana se encontra hoje sobretudo na ideia da
universidade de pesquisa, especialmente inspirado nas universidades
norte-americanas dedicadas intensivamente à pesquisa (Bernasconi,
2008:30).
Ao longo do tempo, esse tema foi objeto de diversas interpretações. Por
exemplo, apontou-se o caráter artificial dos processos de transferência
institucional durante o período colonial (Schwartzman, 1992); depois, a
importância que adquirem as universidades para a construção dos Estados-nações
independentes (Serrano, 1994); o papel que se esperava que as universidades
cumprissem nos processos de modernização das sociedades (Atcon, 1963; Shils,
1976); as resistências socioculturais que as instituições latino-americanas
opunham a esses processos de modernização impostos de cima (Steger, 1974); as
peculiares características da politização das universidades e os movimentos
estudantis na região (Solari, 1967; 1968; Graciarena, 1984; Shils e Roberts,
2004); e as distorções dos princípios de accountability importados dos países
desenvolvidos do Norte sob a forma de procedimentos de avaliação e de
certificação institucionais (Brunner, 2007). Aliás, recentemente, tentou-se
tipificar as diversas fases ou etapas das reformas da educação superior na
América Latina (Rama, 2006).
Como consequência das peculiaridades da evolução política latino-americana
entre os anos 1960 e o início dos anos 1970, o enfoque inicial sobre as
particularidades do modelo universitário latino-americano dá lugar a uma
proliferação de livros e de artigos, com caráter mais marcado de polêmica
ideológica e de "ensaio político", que tratam a situação e o papel da
universidade latino-americana em condições de capitalismo dependente e suas
potencialidades (ou obstáculos) para se unir ao processo revolucionário na
região, como aparece em diversos autores (Vasconi, 1969; Reca, 1970; Ianni,
1970; Silva Michelena e Sonntag, 1970). Hoje, esse filão da literatura
desapareceu quase por completo, sem marcar presença até mesmo na vertente
crítica tratada mais adiante, na qual não se encontram rastros desses autores
do passado. Sic transit gloria mundi. Durante o auge das teorias da dependência
(Kay, 1989; Larrain, 1989), algumas análises sobre a "fuga de cérebros" e sobre
o papel subordinado das ciências nacionais adquirem particular visibilidade e
se discute ainda o papel dos intelectuais na configuração dos partidos e dos
movimentos revolucionários.
Em particular, desenvolve-se durante esses anos uma literatura - também
especificamente latino-americana - sobre a posição da universidade dentro das
relações de poder nas sociedades latino-americanas (Graciarena et alii, 1984) e
a respeito do papel político dos movimentos estudantis que, partindo das
tradições da Reforma de Córdoba, de 1918 (Portantiero, 1978; Marsiske Schulte,
2004), se projetam no tempo, discutem a organização e o papel dos movimentos
universitários (Solari, 1967; 1968); sua participação nas reformas dos anos
1960 (Tedesco, 1986) em conexão com o que, em certo momento, Medina Echavarría
(1967:168) chamou de "universidade militante" (aquela "que se deixa invadir sem
nenhum filtro pelos barulhos da rua e reproduz em seu seio, em exato
microcosmos, todos os conflitos e paixões do mundo"); suas posteriores
transformações dentro do quadro de massificação e de crescente privatização da
educação superior na América Latina; e o radical enfraquecimento ou
fragmentação - de objetivos, conteúdos e estilos - dos movimentos estudantis no
início do século XXI (Rama, s/d).
Também em virtude das vicissitudes políticas da região e da emergência dos
regimes autoritários depois dos golpes militares, com a subsequente intervenção
e "depuração" das universidades, particularmente no Cone Sul, surge nesse campo
uma corrente de literatura dedicada a entender as transformações pelas quais,
nessas condições especiais, passa a educação superior. Aqui o foco de análise
está na subordinação política das universidades, na repressão dos movimentos
estudantis e dos centros acadêmicos, nas mudanças no governo das universidades
públicas, nas novas relações que se estabelecem entre estas e os Estados
nacionais, no impulso dado às instituições privadas e nos efeitos deletérios
das ditaduras militares sobre o trabalho de pesquisa, particularmente nas áreas
de humanidades e ciências sociais (Brunner, 1988). Naturalmente, as condições
nacionais específicas marcam também a diversidade de análise e os resultados
nessa parte da literatura do campo, com base nas circunstâncias próprias e
peculiares de cada contexto em que se produzem aqueles fenômenos (Scherz, 2005;
Balán, 1993; Schwartzman, 1993; Klein e Schwartzman, 1993; Brunner, 1993;
Brunner e Barrios, 1987).
A questão das universidades privadas passa a ocupar também, desde esse momento,
um lugar central no frágil campo latino-americano da sociologia da educação
superior. De fato, é um autor norte-americano, Levy (1986), quem produz a
primeira síntese de pesquisa sobre esse setor, servindo daí em diante como
marco de referência para análises posteriores (Bernasconi, 2006; 2006a; 2003;
2003a). Nessa linha, abordam-se a variedade de instituições privadas que
participam do mercado da educação superior, suas peculiaridades de organização
e funcionamento, a construção de identidades diferenciadas e seus modelos de
financiamento e de negócios. De modo paralelo, desenvolve-se uma perspectiva
crítica que, sob a marca da suspeita - embora não necessariamente acompanhada
de uma sólida pesquisa empírica -, realiza a crítica dos fenômenos de
privatização da educação superior latino-americana.
Em consonância com a anterior, desenvolve-se uma linha de análise - também
fortemente marcada pela polêmica ideológica - sobre as transformações da
universidade pública latino-americana, especialmente a partir do que se chamou
de "década perdida" para o crescimento da América Latina, com seus efeitos
negativos sobre o gasto público em educação superior, o retraimento do apoio
estatal às universidades públicas, a perda de poder aquisitivo do salário dos
professores, as intermitentes oscilações do investimento em pesquisa e em
desenvolvimento, e a sensação generalizada no setor público de educação de que
havia começado uma nova fase de relações entre as universidades públicas e os
governos (Brunner, 2005; 1994) que prejudicaria o status e o papel tradicional
das primeiras.
Em especial, e quase como uma subárea, desenvolve-se na América Latina, durante
as últimas duas décadas, uma vertente de literatura crítica que, partindo da
crise dos sistemas públicos de educação superior e das mudanças nas relações
entre as universidades estatais e os Estados nacionais, aponta os fenômenos de
globalização e das políticas neoliberais como responsáveis pela privatização,
pela comercialização e pelo progressivo enfraquecimento dos sistemas nacionais
de educação terciária. Um dos exemplos mais fortes e acabados desse enfoque é a
compilação de artigos feita por Mollis (2003).
Em sua ramificação mais precária e menos afortunada, essa vertente extrai
habitualmente sua análise do contexto externo, ou seja, das variáveis exógenas
à universidade, para concluir por aproximação - mais do que com base em sólida
acumulação de evidência empírica - que seus efeitos estariam afetando
negativamente as variáveis endógenas das instituições e dos sistemas: desde o
salário docente até as formas de governo corporativo; das práticas dos
professores na sala de aula à cultura dos acadêmicos; das funções de bem
público das universidades a seu papel como consciência crítica da sociedade.
Normalmente esses estudos começam por identificar (em geral de maneira
negativa) as tendências mundiais - caracterizadas como globalização destrutiva
das economias, dualização das sociedades, aprofundamento da pobreza, perda de
coesão social, defasagens digital e tecnológica emergentes, deterioração da
democracia, erosão do Estado, mcdonaldização da cultura etc. - para depois
examinarem o papel dos principais agentes ideológicos da globalização
(habitualmente cabem nessa categoria o Banco Mundial, o Fundo Monetário
Internacional (FMI), várias agências especializadas das Nações Unidas e a OCDE,
como se pode observar em Rhoades, 2007:10; López Segrera e Maldonado, 2002;
López Segrera, 2001) e deduzirem daí, finalmente, seus efeitos diretos e
indiretos sobre a educação superior.
Esses efeitos estariam tornando a universidade "comercial" e "controlada", ou
seja, heterônoma e mercantil, e aparecem sobretudo em instituições privadas e
em novos provedores estrangeiros, mas também em universidades públicas baseadas
na cobrança de mensalidades, com programas orientados aos clientes, vinculadas
à indústria, dominadas por uma racionalidade corporativa de negócios que
precarizam o trabalho acadêmico, terceirizam serviços, reduzem custos, recebem
financiamentos condicionantes e são coordenadas sob um regime que se alimenta
diretamente do mercado ou, indiretamente, de mecanismos de tipo mercado
(Schugurensky, 2007:307).
Em síntese, embora a pesquisa latino-americana ocupe um lugar marginal dentro
do campo internacional da sociologia da educação superior, alguns de seus
avanços mais idiossincráticos - dependentes portanto dos contextos histórico,
político-econômico e cultural dentro dos quais se desenvolve - oferecem
perspectivas de análise que têm o valor de sua especificidade local e às vezes
contribuem com elementos de interesse para os estudos comparativos de políticas
e para a evolução dos sistemas.
Fora isso, o aporte latino-americano parece estar concentrado em uma espécie de
especulação crítica sobre os fenômenos contemporâneos da universidade. Tal
especulação, inspirada pelo mesmo espírito ou páthos dos anos 1960 ou 1970,
busca explicar o mal-estar que existe em círculos da academia tradicional
diante da transição que experimenta a educação superior da região, em direção a
formas de organização mais complexas e afastadas da inspiração, e diante das
coordenadas do modelo de Córdoba, que Bernasconi (2008:31) resumiu da seguinte
maneira, baseado em Figueiredo-Cowen (2002) e em Schugurensky e Naidorf (2004):
1) Governo democrático, ou seja, cogoverno por parte de estudantes,
professores e ex-alunos, cujos representantes seriam eleitos para
integrar os conselhos deliberativos tanto na esfera da faculdade como
na da universidade.
2) Orientação da missão da universidade rumo à solução dos problemas
sociais, econômicos e políticos do país.
3) A instituição, na universidade, de uma função de extensão, junto
com a pesquisa e com a docência, cujo propósito seria levar a
universidade às massas trabalhadoras.
4) Democratização do acesso por meio da educação gratuita e da
expansão das vagas.
5) Liberdade acadêmica e autonomia em relação à intervenção estatal.
6) Seleção dos professores por intermédio de concursos competitivos e
públicos baseados no mérito acadêmico.
7) Pesquisa original sob responsabilidade de professores com
dedicação exclusiva comprometidos com a universidade.
Atualmente nos encontraríamos, na região, diante de uma série de transições em
direção à situação que Didriksson (2008) e colaboradores apresentam desta
forma:
1) Das universidades públicas tradicionais que dominavam o panorama
da região, passou-se à organização de um sistema de educação superior
complexo, heterogêneo e segmentado socialmente, que apresenta uma
realidade diferente de sua história original; de instituições de um
só campus urbano, passou-se às macrouniversidades públicas nacionais
com multicampus de estruturas diferenciadas e de acordo com sistema
segmentado e diversificado.
2) Das escolas técnicas e vocacionais de nível médio superior,
conformou-se um importante aparato de instituições politécnicas e
tecnológicas de níveis médio, médio superior e superior.
3) Da existência de algumas e pouco significativas escolas privadas,
passou-se a uma condição de domínio destas em muitos países, com a
concentração que tem a empresa privada no acesso social e no número
de suas instituições.
4) Da escassa pesquisa científica e do número reduzido de
pesquisadores, conta-se agora com uma multiplicidade de laboratórios
e institutos de ciência que abarcam todas as áreas do pensamento
humano e de suas fronteiras, apesar de suas insuficiências.
5) De alguns milhares de estudantes que compunham a elite de
profissionais, a região vive a massificação da demanda social pela
educação superior.
Às mudanças mencionadas antes seria necessário acrescentar as do novo período
no qual nos encontramos, tais como a comercialização e a mercantilização das
escolas privadas; o impacto das novas tecnologias que redefinem os espaços de
aprendizagem; o desenvolvimento de novas áreas de conhecimento de base
interdisciplinar que começam a ser vistas como substitutivas das conformações
curriculares tradicionais e da oferta atual de cursos de graduação; a severa
contração dos recursos financeiros fornecidos pelos governos, com uma mistura
de mecanismos de avaliação, rendição de contas e aparato de certificação que
valorizam o desempenho de instituições, programas e pessoas; a importância que
está adquirindo a internacionalização dos processos de aprendizagem; o
surgimento de novas redes e associações acadêmicas; a mobilidade dos
estudantes; e os novos processos de transferência e de gestão dos
conhecimentos.
São esses trânsitos, enfim, que põem hoje o campo da sociologia latino-
americana da educação superior diante do desafio de se renovar ou de se
enfraquecer na marginalidade. Como mencionei em outro texto (Brunner, 2009), a
novidade do panorama está dada agora sobretudo pela irrupção do mercado nos
espaços tradicionalmente político-corporativos e burocrático-corporativos nos
quais até o momento as universidades se haviam desenvolvido e consagrado seus
direitos, elevando-se até a esfera do público e envolvendo-se em uma aura
especial. Elas se encontram forçadas a se adaptar ao novo contexto seja porque
os governos as obrigam a atuar em mercados administrados ou quase mercados para
buscar sua parte da renda nacional - como ocorre especialmente na Europa
Ocidental -, seja porque se encontram diretamente em "situação de mercado"
(Weber, 1964:62-64), como é o caso dos Estados Unidos, do Japão, da Coreia e
outros países da Ásia, da Polônia e outras sociedades da Europa Central, do
Leste Europeu e de numerosos países latino-americanos.
Em ambos os casos, embora em diferentes graus e de diversas maneiras, as
instituições devem competir e diversificar suas fontes de ingresso; surgem
novos provedores (instituições privadas, universidades corporativas, cursos a
distância, via internet); os estudantes pagam mensalidades e passam a ser
clientes; os professores são contratados e deixam de ser funcionários; as
funções institucionais se transformam em desempenhos e estão sujeitas a
minuciosas medições; enfatiza-se a eficiência e o value for money; os modelos
de negócio substituem, na prática, os planos estratégicos; a gestão se
racionaliza e adota um estilo empresarial; o governo colegiado se transforma em
corporativo ao passar a ser independente dos acadêmicos e a ser integrado por
representantes dos stakeholders externos; os pesquisadores são estimulados a
patentear e os professores, a vender docência "empacotada" às empresas; os
incentivos vinculados à produtividade acadêmica substituem as escalas salariais
associadas ao cargo; os currículos são revisados e sancionados em função de sua
pertinência para o trabalho e avaliados por agências externas em relação à
qualidade; as culturas distintivas das instituições e suas "tribos acadêmicas"
começam a ser tratadas como assuntos de clima organizacional; as universidades
são comparadas mediante rankings locais e classificadas geopoliticamente em
nível global (eis aí a realpolitik dos prestígios institucionais); cria-se um
mercado global para serviços de educação superior, e sua regulação se resolve
nas rodas do GATS (Acordo Geral sobre Comércio de Serviços [General Agreement
on Trade Services]), e não na sede acadêmica. Enfim, "a universidade já não é
mais um lugar tranquilo para ensinar, realizar trabalho acadêmico a um ritmo
pausado e contemplar o universo como ocorria nos séculos passados. Agora é um
negócio potente, complexo, demandante e competitivo que requer investimentos
contínuos e de grande escala" (Skilbeck, 2001).
CHILE: PRECARIEDADE DO CAMPO E PRODUÇÃO SEMIPROFISSIONAL
No Chile, o campo da sociologia da educação superior está apenas esboçado. Do
ponto de vista da organização do trabalho e da produção de conhecimentos, é
composto na atualidade de três círculos:
1) Um reduzido núcleo de pesquisadores que em geral trabalham
individualmente, relacionam-se frouxamente entre si, mas se orientam
de modo comum pelos enfoques e conceitos provenientes do campo
especializado internacional, tendendo a citar a literatura produzida
por este e a publicar regularmente - em suas próprias linhas de
pesquisa - dentro e fora do país. São reconhecidos pela comunidade de
pares como especialistas do campo de cujas redes formam parte.
2) Um círculo intermediário composto de pesquisadores que trabalham
em diversas disciplinas além da sociologia (em especial economia,
história, educação/pedagogia), mas que, com mais ou menos
regularidade, abordam em suas pesquisas assuntos relativos à educação
superior. Publicam de preferência em revistas (indexadas ou não) de
suas próprias disciplinas e não estão integrados às redes do campo
especializado de estudos sobre educação superior.
3) Um círculo externo composto de agentes reflexivos que, além de
pesquisar, publicam sobre diversos tópicos relacionados à educação
superior e a seus aspectos institucionais, habitualmente com base em
sua experiência ao longo de uma trajetória de gestão acadêmica ou de
administração de instituições. Esses agentes provêm de diferentes
disciplinas, incluindo medicina, engenharia, administração de
negócios, psicologia e outras, e seus membros interagem com membros
dos dois círculos anteriores, especialmente em conferências, cursos e
seminários com agendas dedicadas à análise das políticas no âmbito do
sistema e das universidades.
O tamanho do campo em seus três círculos pode ser calculado de acordo com as
publicações registradas no Google Acadêmico, procedimento que permite incluir
um conjunto maior de textos do que os registrados nas bases destinadas
exclusivamente à contabilidade da produção em revistas científico-disciplinares
indexadas (Brunner e Salazar, 2009).
Aplicado esse procedimento com critérios não muito restritivos4, o núcleo
(primeiro círculo) aparece composto de 36 pesquisadores (entre eles, seis
mulheres), dos quais nove são sociólogos e/ou possuem formação especializada no
campo da educação ou da educação superior. No entanto, dos 36 pesquisadores
registrados (independentemente da idade e do número de publicações com duas ou
mais menções), três publicam na atualidade principalmente sobre outros níveis
do sistema educacional ou sobre outros tópicos não educacionais, três aparecem
registrados como editores de volumes e oito deixaram de publicar. Logo, o
núcleo ativo está composto de 22 investigadores com produção individual muito
variável (entre um só artigo e mais de cinquenta; apenas cinco com mais de
cinco artigos) e com graus também variáveis de impacto per capita (entre duas e
mais de 450 menções). Deles, nove pertencem à geração antiga (em torno de 55
anos ou mais de idade) e treze à geração jovem. Conforme os resultados da
busca, os pesquisadores do núcleo ativo publicam preferencialmente sobre: o
sistema e as instituições como unidades de análise (dez), a área de acesso e de
seleção (quatro), tópicos relacionados à avaliação e à certificação de
qualidade (três), diversos aspectos do financiamento da educação terciária
(quatro) e processos docentes (um).
O círculo intermediário está integrado por 116 pesquisadores de diferentes
disciplinas que, em algum momento durante os anos 1953 e 2007, publicaram um ou
mais artigos (citados duas ou mais vezes), dos quais se pode estimar que onze
têm produção relativamente regular no campo, a maioria deles com base na
perspectiva da análise econômica da educação superior.
Por último, o círculo externo, dos agentes reflexivos, está composto de 32
profissionais (em nosso corpus) - a maioria deles da área da saúde - que
publicaram só um artigo registrado no Google Acadêmico, habitualmente com
poucas menções. Em suma, o campo no Chile é de tamanho reduzido e apresenta
adicionalmente as mesmas debilidades institucionais observadas para a região
latino-americana. No entanto, possui certa tradição que começa,
simultaneamente, com a institucionalização acadêmica da sociologia no Chile
(Brunner, 1988), com os primeiros trabalhos de Luis Scherz, mencionados
anteriormente, e logo se prolonga, de modo geracional, por meio das
contribuições de pesquisadores relacionados à Corporação de Promoção
Universitária (CPU), à Faculdade Latino-Americana de Ciências Sociais (Flacso),
com sede no Chile, e ao Centro Interuniversitário de Desenvolvimento (Cinda).
Durante os anos 1980, duas dessas instituições (CPU e Flacso) deram origem,
junto com o Centro de Estudos Públicos (CEP), a um programa de estudos sobre
assuntos da educação superior que resultou na publicação de uma coleção de
livros com artigos de diversos autores (Gazmuri, 1992; Persico, 1992; Lehmann,
1990; Lemaitre, 1990; Cox, 1990), além de documentos de trabalho e de livros
publicados nessa área de forma independente pela Flacso (Brunner e Flisfisch,
1983; Brunner, 1986; Brunner e Barrios, 1987; Arriagada, 1989; Brunner, 1989;
Brunner, Courard e Cox, 1992) e pela CPU, em sua revista Estudios Sociales, em
uma série de documentos de trabalho e em uma coleção de livros - Atria e
Courard, 2000; Salas, 2000; Castro, 2000; e aqueles compilados por Maria
Cecília Persico e Pablo Persico.
Também alguns organismos regionais com sede no Chile, como a Comissão Econômica
para a América Latina e o Caribe (Cepal), nos quais trabalharam vários autores
citados na seção anterior (por exemplo, Medina Echavarría, Graciarena e
Solari), e a Oficina Regional de Educação para a América Latina e o Caribe
(Orealc), da Unesco, contribuíram esporadicamente com pesquisas sobre educação
superior relacionadas à economia e às sociedades da América Latina (Cepal,
1992). O mesmo ocorre, como já mencionado, com o aporte realizado à literatura
pelos pesquisadores que trabalhavam dentro da escola da teoria da dependência,
agrupados sobretudo no Centro de Estudos Socioeconômicos (Ceso) da Universidade
do Chile.
Hoje, nosso campo apenas esboçado se vê incipientemente fortalecido por uma
série de iniciativas que contam com respaldo público. Em primeiro lugar, e já
desde há alguns anos, o Conselho Superior de Educação do Chile publica
semestralmente a revista Calidad en la Educación, dedicada exclusivamente a
temas de educação superior e que já conta com trinta números (considerando o 1º
semestre/2009). O Conselho também organiza, anualmente desde 1996, um seminário
internacional com o objetivo de reunir pesquisadores e agentes, e oferecer um
foro para debate de assuntos de interesse para a política e para as
instituições de educação superior5. Além disso, convoca anualmente um concurso
de pequenos projetos de pesquisa sobre temas de educação superior aberto a
estudantes de mestrado e doutorado e a pesquisadores com experiência
pertencentes a universidades ou a centros de estudo.
Em seguida, os pesquisadores interessados em realizar estudos de maior alcance
no campo podem apresentar projetos para o Fundo Nacional de Desenvolvimento
Científico e Tecnológico (Fondecyt) em seus concursos regulares ou de iniciação
à pesquisa. No entanto, como parte dos próprios pontos fracos do campo, durante
os últimos oito anos, só vinte projetos relacionados à análise da educação
superior foram aprovados nos concursos regulares6. Desses projetos, cinco são
de pesquisadores do núcleo identificado anteriormente e se referem sobretudo ao
sistema nacional e às instituições como unidade de análise, abordando aspectos
da economia política, regulações, papel dos acadêmicos e desigualdades no
acesso e na distribuição de oportunidades. Seis projetos abordam questões
próprias da aprendizagem e do ensino, práticas pedagógicas e esquemas de
cognição docente. Três partem da linguística e tratam sobre o discurso
acadêmico no contexto da comunicação intrauniversitária. Os seis projetos
restantes abordam temas específicos a partir de diversos ângulos disciplinares:
o ensino de direito na universidade colonial de San Felipe; o uso de
dispositivos digitais na sala de aula sob a perspectiva da engenharia
informática; a violência entre casais universitários do ponto de vista da
psicologia clínica; a percepção das ciências entre os habitantes de três
cidades universitárias; as orientações para a ciência, para a inovação e para o
civismo estudadas com base no enfoque da sociologia; e, por fim, as condições
do ensino de filosofia nas universidades chilenas.
Por último, a Comissão Nacional de Ciência e Tecnologia (Conicyt), dentro de
seu programa Círculos de Pesquisa em Ciências Sociais (concurso de 2007), na
modalidade "inovação das políticas públicas", aprovou pela primeira vez um
programa de pesquisa (de três anos) sobre políticas de educação superior, do
qual participam pesquisadores das universidades Diego Portales, Alberto
Hurtado, de Talca e Nacional Andrés Bello7.
Apesar de seu tamanho relativamente pequeno, suas debilidades de
institucionalização e seus progressos recentes, o campo de estudos da educação
superior experimenta, no Chile, tensões similares àquelas que se expressam no
campo internacional. Para começar, a coexistência - dentro do mesmo espaço de
produção de conhecimento - entre acadêmicos dedicados ou parcialmente dedicados
à pesquisa especializada, com diferentes enfoques e modos de comunicação, e
agentes reflexivos que pertencem a diferentes unidades acadêmicas ou
administrativas e a diversas agências e que se expressam nas variadas
linguagens profissionais próprias de seu desempenho. Embora a interação entre
esses grupos enriqueça, em certas ocasiões, o debate público e as propostas de
políticas, e possa contribuir para uma maior reflexão a respeito das práticas
de gestão institucional, em outras pode prejudicar o desenvolvimento mais
especializado das diversas linhas de pesquisa.
De fato, os pesquisadores trabalham em um ambiente de demandas múltiplas e
entrecruzadas, tendo que responder simultaneamente a interesses especificamente
disciplinares que surgem de sua inscrição nos campos local, nacional, regional
e global (perguntas, tópicos de pesquisa, desenvolvimentos teóricos e de
método, redes de pares) e à diversidade de interesses próprios de suas
instituições, agências governamentais, fundos públicos de financiamento da
pesquisa, entidades privadas, organismos internacionais e meios de comunicação.
Nessas condições, devem, por isso mesmo, assumir diferentes papéis: como
pesquisadores (especializados) e docentes (dentro de conformações curriculares
habitualmente não especializadas, nos níveis de graduação e pós-graduação);
como administradores em cargos de gestão acadêmica; como consultores locais ou
internacionais; como pequenos empresários para obtenção e administração de
recursos; como avaliadores de projetos e programas; como promotores de sua
própria carreira profissional, mediante a publicação de artigos em revistas
indexadas ou reconhecidas dentro de diversas comunidades de agentes; como
assessores especializados em tarefas de planejamento e execução de políticas
institucionais ou nacionais de educação superior; como comunicadores na esfera
pública por meio de autoria ou de edição de livros; e, cada vez mais, por sua
participação nos meios de comunicação, incluindo os meios digitais.
Essa diversidade de papéis, além de exigir árduo trabalho de conciliação, supõe
também a administração de um portfólio de referências variadas para diversos
clientes e partes interessadas (stakeholders) que operam como fontes de
identidade e prestígio. Em consequência, o pesquisador padrão do campo, à
medida que avança na carreira, deve escolher entre uma maior exposição
nacional, regional ou global; entre se encaminhar preferentemente para a gestão
de sua própria trajetória profissional ou atender a um leque mais ou menos
amplo de demandas de diferentes clientes; entre a pesquisa regida pelos modelos
da comunidade internacional de pares ou pelos interesses dos agentes locais;
entre o trabalho exigente em projetos com conteúdo empírico, ou a produção de
conhecimentos a partir de dados secundários, ou de síntese com base na revisão
da literatura disponível; entre escalar posições dentro da torre de marfim ou
penetrar também nos labirintos do poder; entre dedicar seu tempo à publicação
de artigos indexados (portanto, em inglês) ou usar uma parte desse recurso - o
mais escasso de todos - para participar do debate público e dos meios de
comunicação.
Do ponto de vista de suas orientações temáticas, é possível observar, no Chile,
uma progressiva concentração de pesquisa nos tópicos que aparecem como mais
relevantes para a compreensão do sistema nacional de educação terciária e para
a formulação de políticas nesse setor. Em especial, citamos: a evolução do
sistema e das políticas setoriais a partir dos anos 1960 (Brunner, 2009;
Bernasconi e Rojas, 2004), as bases de funcionamento de sua economia política
(Brunner e Uribe, 2007; Brunner et alii, 2005); o papel das universidades
públicas (Samaniego, 2007; Brunner, 2005) e privadas (Bernasconi, 2006; 2006a;
2003; 2003a; Fernández, 2008); a concepção e o impacto dos esquemas de apoio
aos estudantes (Larraín e Zurita, 2006; Larrañaga, 2002); o acesso e a
distribuição de oportunidades no nível terciário (Espinoza e González, 2008;
2007; Schmal et alii, 2007; Donoso e Schiefelbein, 2007; Donoso e Cancino,
2007; Díaz, 2006); os procedimentos utilizados para seleção e admissão de
alunos (Manzi et alii, 2006; Araujo e Moreno, 2005; Donoso, 2000); as formas de
funcionamento dos sistemas de certificação de qualidade (Lemaitre, 2004; 2004a;
Brunner, 2004); a inserção dos graduados do ensino terciário no mercado de
trabalho (Brunner e Meller, 2004; Meller e Rappoport, 2006; Rappoport,
Benavente e Meller, 2004); o desenvolvimento, a institucionalização, a
produtividade e o impacto das ciências básicas (Allende et alii, 2005;
Krauskopf, Krauskopf e Méndez, 2007) e sociais (Contreras, Edwards e Mizala,
2006; Brunner e Salazar, 2009) no marco da organização acadêmica das
universidades e, mais recentemente, sua vinculação com a indústria e a inovação
(Benavente, 2008; 2005; 2004).
Uma parte desses estudos tem servido de base ou nutrido a preparação dos
diversos relatórios referentes à política desse setor encomendados pelo governo
ou publicados por aqueles que ocuparam cargos de alta gestão no âmbito da
educação superior (Comisión de Estudios de la Educación Superior, 1991; Allard,
2000; Arellano, 2000:cap. 5; Ministerio de Educación de Chile, 2001; Consejo
Asesor Presidencial para la Educación Superior, 2008).
A discussão e a análise mais gerais sobre a posição do sistema de educação
terciária nas sociedades do capitalismo global e na modernidade tardia - como
em determinado momento e em condições diferentes do desenvolvimento capitalista
fizeram, por exemplo, Medina Echavarría e, em outra direção, os autores da
escola da dependência - se encontram, na atualidade, praticamente ausentes de
nosso campo, com poucas exceções (Peña, 2008; Brunner, 2008; Thayer, 1996).
Contudo, uma reflexão mais persistente nesse sentido serviria para dar um marco
maior e teoricamente mais consistente à produção nacional de conhecimento no
setor, apelando precisamente para a sociologia sobre as transformações da
época. De fato, no campo internacional, vários autores já iniciaram esse
percurso, como pode ser observado em Weiler (2006), Derrida (2004), Habermas
(1989), em vários artigos reunidos em Smith e Webster (1997) e em Lyotard
(1984).
Alguns desses esforços intelectuais poderiam ser classificados, segundo os
termos de Clark citados anteriormente, como cogitações inseridas em amplos
esquemas e expressas em linguagem pomposa que apontam alto demais, tratam de
explicar demais e são publicadas em textos que circulam exclusivamente em um
circuito de conhecimento esotérico. Que seja! Ao mesmo tempo, na ausência desse
tipo de exercício intelectual, o campo se arrisca - como ocorre hoje no Chile -
a permanecer encurralado entre os interesses variáveis e dispersos dos agentes
e a incessante luta dos pesquisadores mais especializados para serem
reconhecidos por pesquisas descritivas e de conteúdo puramente local.
NOTAS
1. Ver o site The International Comparative Higher Education Finance and
Accessibility Project (ICHEFAP). Disponível em http://www.gse.buffalo.edu/org/
IntHigherEdFinance. Acessado em janeiro de 2009.
2. Ver as publicações do Centro disponíveis em http://www.utwente.nl/cheps/
publications/complete_list/english. Acessado em janeiro de 2009.
3. Trata-se basicamente de dois projetos: o Projeto Alfa Tuning sobre
estruturas curriculares na América Latina (Beneitone et alii, 2007) e o Projeto
Proflex (Profissional Flexível na Sociedade de Conhecimento). Disponível em
http://www.upv.es/miw/_infoweb/ceges/_info/6210722005c.html. Acessado em
janeiro de 2009.
4. Mediante busca no Google Acadêmico realizada em 13 de setembro de 2008,
usando o programa Publish or Perish para os termos vinculados "educação" +
"superior" + "Chile", sem limite de ano de publicação, foram identificados 258
papers com duas menções ou mais, publicados por 184 autores de nacionalidade
chilena no total. O texto mais antigo é de 1935 (de A. Labarca); houve sete
textos distribuídos entre 1953 e 1980, o restante foi publicado após 1980 e até
2007. Há 1.750 menções para o total do corpus, sem eliminar as automenções. O
índice H do corpus em conjunto é 18; quer dizer, há 18 artigos com número de
menções superior a 18 (que reúnem 36% do total de menções). Esta é só uma
tentativa inicial de dimensionar quantitativamente o campo. É provável que, em
função dos termos de busca utilizados, alguns autores, artigos e menções
(embora não em número significativo) fiquem fora da estimativa. Por outra
parte, uma revisão mais exaustiva poderia oferecer ajustes marginais ao número
de autores, papers e menções ao identificar duplicações não detectadas nessa
análise.
5. Os trabalhos apresentados durante esses seminários são publicados na série
Seminários Internacionais, do Conselho Superior de Educação. Estão disponíveis
em http:_//www.cse.cl/public/Secciones/seccionpublicaciones/publicaciones_
seminario_internacional.aspx.
6. Cifra obtida por meio de busca realizada nas bases de dados de projetos do
Fondecyt, gentilmente realizada por seu pessoal, a partir dos termos "educação
superior", "universidades" e "acadêmico".
7. O site do programa está disponível em http://www.cpce.cl/website/
index3.php?_id_contenido=78&id_seccion=30.