Nível de dependência e qualidade de vida da população idosa
INTRODUÇÃO
O envelhecimento é cada vez mais uma realidade demográfica nas sociedades
atuais. Na última década assistiu-se a um aumento inédito da população idosa,
representando actualmente cerca de 19,0% da população total, ao qual
corresponde um índice de envelhecimento de 129,0%(1). Espera-se que entre 2010
e 2050 Portugal continue a envelhecer, prevendo-se que a percentagem de idosos
venha a duplicar passando para 38,9%(2). Estima-se que seja o quarto país da
União Europeia com maior percentagem de idosos, apenas ultrapassado pela
Espanha (35,6%), Itália (35,3%) e Grécia (32,5%)(1).
O envelhecimento constitui um processo biológico inevitável marcado por uma
perda progressiva de funções sensoriais e motoras, aumentando consequentemente
a vulnerabilidade às doenças. As quais podem afetar a funcionalidade, a
mobilidade e a independência, impossibilitando-o de um envelhecimento saudável
e autónomo. Segundo Sequeira (2010)(3) o conceito de dependência relaciona-se
com a incapacidade da pessoa para a satisfação das suas necessidades humanas
básicas, necessitando da ajuda de terceiros para sobreviver. Veríssimo (2004)
(4) acrescenta que esta "é uma função que varia ao longo da vida implicando
reajustamentos criados pelo próprio indivíduo", sendo esta avaliada em função
da capacidade de execução das atividades básicas de vida diária.
A maior longevidade do ser humano só faz sentido se corresponder a uma boa
qualidade de vida (QV), sendo este um dos principais desafios da sociedade
actual. Embora exista alguma confusão entre o estado de saúde física e QV,
entende-se que esta se refere a uma consequência directa do próprio estado de
saúde. Paralelamente o conceito de saúde alargado à noção de bem-estar sem
limites cronológicos, ultrapassa a visão tradicional curativa, preconizando
pois, uma abordagem de promoção da saúde, de prevenção da doença e
consequentemente um aumento da esperança de vida com um bem viver(4). Neste
sentido a QV tem vindo a assumir uma importância crescente, quer no âmbito
económico-social, quer no domínio da saúde em geral, tornando-se tanto mais
importante quanto mais se desenvolvem as doenças crónicas incapacitantes(5).
A QV é um conceito de amplo alcance afetado de um modo complexo não só pela
saúde física, como também pelo estado psicológico, nível de independência,
relações sociais e facto-res ambientais(6). A Organização Mundial de Saúde(6)
que conta com um grupo especializado no que diz respeito à QV definiu o
conceito (de acordo com a sua multidimensionalidade) como a perceção do
indivíduo sobre a sua posição na vida, no contexto da sua cultura e sistema de
valores, em relação com os seus objetivos pessoais, expectativas, padrões e
preocupações.
A avaliação da QV dos idosos implica a adopção de múltiplos critérios de
natureza biológica, psicológica e sócio estrutural, pois vários elementos são
apontados como determinantes ou indicadores de bem-estar na velhice:
longevidade, saúde biológica, saúde mental, satisfação, controle cognitivo,
competência social, produtividade, actividade, eficácia cognitiva, status
social, renda, continuidade de papéis familiares, ocupacionais e continuidade
de relações informais com amigos(7). Nesta faixa etária, as dependências podem
resultar quer de alterações biológicas, quer de mudanças operadas a nível das
exigências sociais, sendo que estas últimas parecem determinar as primeiras(8).
A diminuição da capacidade física contribui para o aparecimento da maior parte
das doenças crónicas, criando um ciclo vicioso entre as doenças crónicas, a
incapacidade funcional e o desempenho físico(9). A este respeito, a maioria dos
investigadores que se dedicam às questões relacionadas com o envelhecimento e
acima de tudo, com um envelhecimento bem sucedido, referem que, sempre que seja
possível, as pessoas idosas devem permanecer no seu próprio ambiente, devendo
existir por parte da sociedade, políticas que lhes proporcionem apoio e
acompanhamento. Neste âmbito, ao proporcionar-se mais apoio às famílias,
aumenta-se a possibilidade destas cuidarem dos seus idosos e de se considerarem
intervenientes imprescindíveis num sistema de cuidados partilhados, auxiliados
por profissionais treinados para o efeito(10). Esta será uma resposta que
continuará a expandir-se e apresentar-se como a solução ideal para muitos
idosos e famílias.
Face ao exposto, entendemos ser pertinente avaliar o nível de QV relacionada
com a saúde e os factores que a influenciam, bem como o grau de dependência dos
idosos que residem no domicílio. Desta forma procurar-se-á contribuir com
indicadores de resultados úteis para a avaliação e intervenção nas necessidades
de saúde desta população.
METODOLOGIA
Foi realizado um estudo observacional transversal do tipo exploratório-
descritivo, de natureza quantitativa. Para a identificação da população, idosos
das freguesias de Paredes Secas e Caires do Conselho de Amares (N=188
sujeitos), recorreu-se aos dados do Programa Apoio 65 – Idoso em segurança, da
polícia de Amares. Foi constituída uma amostra aleatória de 93 idosos, que
cumpriam os critérios de inclusão definidos: i) ter 65 anos ou mais; ii) ter
capacidade mental para avaliarem e responderem às questões solicitadas,
determinada por um score superior ou igual a 24 pontos no Mini Mental State
Examination; iii) não ter vínculo a nenhuma instituição de cuidados ou centro
social que sirva esse fim; iv) ter residência na área geográfica definida em
habitação tipo familiar.
O estudo foi aprovados pela Comissão de Ética para a Saúde (CES) da
Administração Regional de Saúde do Norte (ARSN) parecer n.º 88/2011(11). Neste
estudo foram tidos em consideração os princípios éticos da Declaração de
Helsínquia, nomeadamente: a não exploração dos participantes, igualdade e
justiça no tratamento, a justa seleção da população em estudo, a beneficência,
a não-maleficência, a autonomia das pessoas respeitando os seus valores e uma
razão risco benefício favorável.
A recolha de dados foi realizada sob a forma de inquérito, aplicado pelos
próprios investigadores, nos meses de setembro e novembro de 2011. Foi
considerada: i) a caracterização sócio-económica, demográfica e cultural
(idade, sexo, estado civil, habilitações literárias; actividade profissional
desenvolvida, rendimentos mensais); ii) o índice de dependência
operacionalizado pela escala de Barthel(12); iii) e a avaliação da percepção da
QV relacionada com a saúde, pela aplicação do MOS SF-36(13).
Índice de dependência
A escala de Barthel ou Índice de Barthel é um instrumento que avalia
(in)dependência funcional e a morbilidade em doentes com patologia crónica,
indicando se estes necessitam de cuidados ou não. Pretende ainda avaliar se o
doente é capaz de desempenhar determinadas tarefas independentemente. A escala
é constituída por 10 itens: alimentação, banho, asseio pessoal, vestir-se,
controle vesical e intestinal, movimentação, transferência cadeira/cama,
mobilidade e subir escadas, o seu total pode variar de 0 a 100, sendo que
inferior a 20 indica dependente total; 20-35 dependente elevado; 40-55
dependente moderada; 60 - 99 dependente mínimo e 100 independente(12). Esta
escala foi aplicada em Portugal por Araújo (2007)(14) numa amostra de idosos
não institucionalizados, apresentando boas propriedades psicométricas de
validade e confiabilidade.
Perceção da qualidade de vida
O Medical Outcomes Study-Short Form (MOS-SF-36) é um questionário que
possibilita avaliar a percepção individual do estado geral da saúde e de QV dos
sujeitos, criado por Jonh Ware e Cathy Sherbourne (1992)(15); validado em
Portugal por Ferreira (2000)(13), revelando boas propriedades psicométricas
(alfa de Cronbach =0,86).
É constituído por 36 itens repartidos por oito dimensões de estado de saúde,
assinalando tanto os estados positivos como os estados negativos de saúde. MOS
SF-36 é uma medida genérica do estado de saúde desenhada para ser auto-
administrada, ou administrada por entrevista, ou por telefone, sendo
actualmente uma das medidas genéricas do estado de saúde mais conhecidas(14).
Contempla escalas de itens múltiplos para medir as já referidas oito dimensões
de saúde, agrupando-se em duas componentes: a componente física, que compreende
a função física (FF), o desempenho físico (DF), a dor corporal (DC) e a saúde
em geral (SG) e a componente mental, que engloba o desempenho emocional (DE), a
vitalidade (VT), a função social (FS) e a saúde mental (SM). Abarca ainda a
escala de transição em saúde, que não sendo considerado um conceito de saúde,
pretende medir a mudança em geral na saúde. Para cada uma das dimensões a
pontuação é expressa numa escala de 0 (pior estado de saúde possível) a 100
(melhor estado de saúde possível), apresentando um vasto conjunto de resultados
que evidenciam a elevada fiabilidade, validade e poder de resposta deste
instrumento de medição(13).
TRATAMENTO DE DADOS
Para o tratamento de dado utilizou-se o Statistical Package for the Social
Sciences, versão Windows (SPSS 17.0), empregando estatística descritiva e
inferencial. Na descrição e caracterização da amostra utilizaram-se as medidas
de tendência central (média) e de dispersão (amplitude e desvio padrão).
Utilizou-se o T-teste para comparar os géneros, o One-Way Anova para analisar
as diferenças de médias entre os grupos etários, a correlação de Pearson para
verificar a existência de associação entre diferentes variáveis. Valores de p
<0,05 foram considerados estatisticamente significativos.
RESULTADOS
Na presente amostra (n=93; 67,0% são mulheres): os sujeitos apresentam em média
75,6±7 anos, com um valor mínimo de 65 e o máximo de 98 anos, sendo que, 46,0%
pertencem ao grupo etário entre os 71 a 80 anos; 56,0% são casados e 32,0% são
viúvos; a maioria (54,0%) apresenta o ensino primário e 44% são analfabetos;
93,0% estão aposentados e 86,0% desempenharam a sua actividade profissional na
vida activa no sector primário.
Na análise dos cuidadores existentes observou-se que: os principais cuidadores
informais são os filhos (14,0%) e o conjugue (8,0%); no que se refere aos
cuidadores formais, apurou-se que em 18,0% dos casos referem-se aos
profissionais de enfermagem; existindo 13 casos em famílias de acolhimentos.
Na análise do nível de QV observou-se um valor mínimo de 15 e um máximo de 69
pontos, correspondendo a uma média de 39±10 pontos. Na Figura_1 apresentam-se
os resultados obtidos nas diferentes dimensões da QV por género, podendo-se
verificar que de um modo geral, o sexo masculino apresenta melhores resultados,
sendo essa diferença estatisticamente significativa para as componentes FF e
DF.
Figura 1 Resultados das diferentes dimensões da QV por género* Diferença
estatisticamente significativa p≤0,05
Quando analisamos esta distribuição por grupos etários, constatou-se que com o
aumento da idade os sujeitos tendem a referir pior QV na FF, DF e DE, sendo que
os sujeitos com menos de 70 anos apresentam resultados significativamente
melhores e em oposição os sujeitos com mais de 91 anos apresentam resultados
muito baixos nestas componentes, as quais se acrescenta a DC.
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Figura 2 Resultados das diferentes dimensões da QV por grupos etários*
Diferença estatisticamente significativa p≤0,05
Quanto à estatística inferencial, numa primeira análise, cruzamos a pontuação
global do SF-36 com as variáveis sociodemográficas que possam influenciar a
perceção de QV dos utentes, recorrendo aos testes paramétricos (tabela_1).
Quanto ao estado civil (ANOVA: p=0,007), os casados apresentam melhor QV,
observando-se diferenças significativas entre estes e os que apresentam estado
civil de solteiros (pos-hoc: p=0,000) e viúvos (pos-hoc: p=0,009).
Tabela 1 Análise inferencial da qualidade de vida global com as variáveis
sociodemográficas, Amares, 2011
Variáveis n Media Teste Graus de liberdade Probabilidade
Qualidade de vida global X
Estado civil
Solteiro 9 31,9 a Anova: 92 0,007
Casado 53 40,5 A F =5,29
Viúvo 31 35,1 a
Habilitações literárias
Não frequentou a escola 41 33,2A Anova: 92 0,000
1º ciclo ensino básico 50 41,6 a F =9,97
2º ciclo ensino básico 2 40,5
Com quem vive
Sozinho 15 37,9 a
Cônjuge 49 40,7 a Anova: 92 0,000
Filhos 16 36,9 a F =7,29
Família de acolhimento 13 27,4 A
Rendimentos mensais
Menos 200euros 17 37,1 Anova: 92 0,679
Entre 200 e 450euros 65 37,6 F =0,39
Entre 450 e 1000euros 11 40,2
A, B, C diferenças estatisticamente significativas (p≤0,05)
No que se refere às habilitações literárias (ANOVA: p=0,000), verifica-se que
os utentes que não frequentaram a escola têm pior QV, existindo diferenças
estatisticamente significativas com os que apresentam o 1º ciclo de ensino
básico (pos-hoc: p=0,004). Por último, em relação à variável com quem vivem,
constata-se a existência de diferenças altamente significativas observando-se
que os utentes que vivem em famílias de acolhimento percecionam pior QV (ANOVA:
p=0,000). Não se observando diferenças significativas entre os sujeitos de
acordo com os rendimentos mensais.
Na identificação dos níveis de dependência, que corresponde a um dos objetivos
principais deste estudo, observou-se que 40% dos idosos são independentes, 18%
são dependentes mínimos e 12% dependentes totais. Pela análise da Figura_3, na
qual se apresentam os resultados das diferentes dimensões da QV por níveis de
dependência constata-se que as componentes mais afectadas pelo nível de
dependência são também a FF, DF e DE, sendo esse achado evidente desde a partir
da classificação dependente mínimo.
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Figura 3 Resultados das diferentes dimensões da QV por níveis de dependência*
Diferença estatisticamente significativa p≤0,05
Na Tabela_2 apresentam-se as correlações entre as variáveis em estudo,
verificando-se que com o aumento da idade diminui a componente física do SF-36
(r=-0,54; p=0,000), aumenta o nível de dependência (r=0,48; p=0,001) e por
último diminui a componente física do SF-36 (r=-0,28; p=0,001). Observou-se
ainda uma forte correlação negativa entre o nível dependência e as componentes
físicas e mental do SF-36 (r=-0,62; p=0,001 e r=-0,34; p=0,040,
respetivamente).
Tabela 2 Correlações entre as variáveis em estudo, Amares, 2011
Nível dependênciComponente FísicaComponente mental
Idade 0,48** -0,54** -0,28**
Nível dependência 1 -0,62** -0, 34*
*estatisticamente significativa p≤0,05
**estatisticamente significativa p≤0,01;
DISCUSSÃO
Pela análise dos dados sócio económicos e demográficos observou-se que a nossa
amostra caracteriza-se por um baixo nível de escolaridade, tendo exercido a sua
actividade profissional no sector primário, tal como descrito nos resultados do
recenseamento da população portuguesa(1). Estes aspectos "por si" condicionam o
acesso à informação, principalmente no que se refere à disponibilidade de
cuidados para uma qualquer condição de saúde, afectando a sua perceção de QV
(17-18).
Ainda que se trate de uma questão periférica à nossa investigação, constatou-se
que as mulheres são as principais cuidadoras, o que traduz o seu percurso
fortemente marcado pelas obrigações familiares e domésticas(18). Verificou-se
ainda que a maioria dos sujeitos em cuidador informal reporta-se como não tendo
QV. A este respeito, Sequeira (2010)(3)reforça a importância dos cuidadores
informais na garantia do envelhecimento bem sucedido, visando a manutenção da
saúde e do bem-estar dos idosos dependentes.
Genericamente os participantes deste estudo demonstraram uma baixa percepção de
QV relacionada com a saúde, evidenciando-se que a mesma é muito afectada pelo
nível de dependência, idade avançada e o género. Em concordância com a
literatura podemos destacar que o sexo feminino geralmente apresenta uma
percepção da QV inferior ao sexo masculino(18-19), sendo que as razões que
levam a esta avaliação mais negativa permanecem incertas. Pela análise das
pontuações obtidas através da aplicação do SF-36, os resultados indicaram-nos
que as componentes mais afectadas são a FF, DF e DE o que não se afasta muito
do que é reportado em outros estudos similares(7-8,20). Neste sentido importa
clarificar estes conceitos(21), em que a FF diz respeito a avaliação das
limitações para execução de actividades físicas ligeiras, como tomar banho ou
vestir-se, até às actividades mais vigorosas, passando por actividades
intermédias como levantar ou carregar compras da mercearia, subir lanços de
escadas, inclinar-se, ajoelhar-se, baixar-se ou mesmo andar uma determinada
distância. Paralelamente, a escala do DF e do DE procuram incluir um juízo de
valor, auto reportado sobre as implicações das suas limitações, concretamente
no tipo e quantidade de trabalho executado, sendo certo que, estes conceitos
estão inter-relacionados e actuam sobre a competência funcional do indivíduo.
Mais importante do que a semelhança entre as pontuações interessa a relevância
do seu significado. Assim Peterson et al. (2006)(22), verificou-se que nesta
faixa etária especialmente sensível às limitações funcionais e à degeneração da
saúde, os aspectos da condição física pesam consideravelmente na noção de QV.
Paralelamente, os estudos indicam que os idosos tendem a ter uma vida isolada,
com poucas oportunidades de convívio e socialização, que de uma forma ou outra
os pode afectar psicologicamente, podendo-se reflectir no DE, na negligência
para o autocuidado e na perda de autonomia(22).
De acordo com alguns trabalhos, tal como no presente estudo verificou-se uma
relação negativa entre a idade e a percepção subjectiva de saúde, indicando que
os défices na função física e cognitiva, associados ao avanço da idade, estão
entre os preditores primários da diminuição da QV nos idosos(23). Também num
estudo realizado pela University of California, Keeler (2010)(24) demonstrou-se
que o estado funcional tem um forte impacto na qualidade e expectativa de vida
dos idosos referindo que: um idoso de 75 anos independente tem uma expectativa
de vida 5 anos maior do que o idoso da mesma idade com dependência para AVD; e
a expectativa de vida de um idoso dependente de 75 anos é similar a de um idoso
de 85 anos e independente.
A este aspeto acrescenta-se ainda o facto do nível de dependência se associar
negativamente com a QV. Dentro desta linha de pensamento, com o avanço da idade
a QV diminuiu mesmo em adultos saudáveis, podendo resultar num aumento da
incidência de incapacidade para o uso de serviços e cuidados médicos, a perda
de independência e a redução da QV(25).
Apesar dos resultados deste estudo serem consonantes com os já existentes,
apontamos como principal limitação, o reduzido tamanho da amostra. No entanto,
procurou-se selecionar uma amostra aleatória que se pode considerar
representativa para a análise do nível de dependência e QV desta população, já
que para esta análise há que considerar múltiplos factores que se inter-
relacionam, acrescentando-se ainda o facto deste grupo etário ser muito
heterogéneo, dificultando a generalização dos resultados. Contudo com este
estudo, ampliou-se o conhecimento que se objectiva necessário para o
desenvolvimento de acções de prevenção e/ou minimização da morbimortalidade, no
sentido de melhorar a QV da população em geral e dos idosos em particular. A
existência de cuidadores informais e o nível de dependência dos sujeitos são os
principais determinantes identificados. Esta problemática exige uma mudança
política e social, onde se privilegie a atenção e acompanhamento dos cuidadores
informais que garanta a promoção de ambientes facilitadores de autonomia e
independência. Na vertente preventiva releva-se a importância de fomentar a
participação dos idosos nas actividades de vida diária e na manutenção de
estilos de vida mais activos, como sendo essenciais para a diminuição da
dependência e aumento da sua expectativa face à QV.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
O significado atribuído à QV tende a transformar-se ao longo da trajectória
pessoal do indivíduo, não por influência da idade em "si mesma", mas
essencialmente devido a acontecimentos, mudanças e experiencias que acabam por
se associar ao avanço da idade, onde se destaca o contexto familiar e as
alterações de saúde.