Editorial
Editorial
Vitor Santos
Universidade Nova de Lisboa, ISEGI
A presente edição da RISTI é dedicada à Engenharia e Gestão de Sistemas de
Informação. É um tema abrangente e multidisciplinar, incluindo, entre outros
aspetos, abordagens teóricas e metodológicas, planeamento estratégico de
sistemas de informação, gestão do conhecimento e práticas de sistemas de
informação específicas de indústrias. Procurou fazer-se um levantamento de
ideias inovadoras, soluções desenvolvidas, trabalhos empíricos e estudos de
caso neste domínio. Os sete artigos publicados enquadram-se neste pressuposto.
A seleção de artigos que se apresenta é o resultado de um exigente processo de
avaliação das 29 propostas originalmente submetidas, provenientes de 7 países e
de 2 continentes. Cada artigo foi avaliado por, pelo menos, três membros da
Comissão Científica, resultando numa taxa de aceitação final de 24%. A
qualidade evidenciada pelos sete artigos publicados é a face visível da
exigência desse processo.
O enorme interesse que a comunidade académica demonstrou ter, desde o início,
nesta publicação e a qualidade dos artigos científicos publicados constitui uma
prova da sua relevância, um indicador de vitalidade da comunidade e uma
indicação de que a RISTI tem já um papel importante num dos maiores desafios
que se coloca à sociedade: o desafio da inovação.
O primeiro artigo, tem como objetivo identificar, considerando as teorias
relacionadas com a área de sistemas de informação, as principais teorias que
foram utilizadas na investigação recente sobre a gestão do conhecimento. As
teorias identificadas em cerca de 40% dos artigos analisados são: Teoria dos
Jogos, Teoria do Capital Social, Teoria do Comportamento Planejado, Teoria da
Troca Social, Capacidades Dinâmicas e Teoria da Ação Racional. Destaca-se
também que um determinado aspeto da gestão do conhecimento, por exemplo, os
antecedentes da partilha de conhecimento, pode ser investigado utilizando
diferentes teorias.
O segundo artigo propõe a utilização da dinâmica de sistemas para a modelação
semântica de projetos de desenvolvimento de software. Argumenta que a natureza
interdisciplinar e o rigor matemático das dinâmicas dos sistemas, pode
facilitar a integração entre os participantes e colaboradores na construção e
validação de representações de conhecimento no domínio do problema dando origem
a diagramas de desenho de software.
No terceiro artigo, os autores seleccionam uma abordagem de gestão de
investimentos em SI/TI, promovendo um processo comparativo que leva em conta a
natureza dos investimentos e o ambiente organizacional onde se inserem.
Detalha-se a identificação dos benefícios potenciais dos investimentos e a
garantia que estes, de facto, poderão ser realizados. Defende-se que devido à
dificuldade sistemática na determinação dos benefícios, em especial dos
benefícios intangíveis, a aplicação de métodos económico-financeiros não é
evidente e portanto torna-se crucial, neste contexto, que as empresas
introduzam abordagens de gestão que permitam identificar, monitorizar e
alcançar os almejados benefícios.
No quarto artigo são identificadas algumas metodologias para a definição de
arquitecturas de informação e é apresentado um estudo de planeamento da
arquitectura de informação para um organismo da administração pública local,
com recurso a uma metodologia BSP adaptada, a qual se mostrou suficientemente
flexível e adequada à concretização dos objectivos perseguidos.
O quinto artigo aborda a especificação inicial de requisitos de qualidade de
dados, capturados em modelos de processos de negócios descritos em BPMN e a
transformação desses requisitos em casos de uso de UML, que podem ser usadas em
processos de desenvolvimento de software. Para isso, propõe um método, o
BPiDQ*, com o qual se pode modelar processos de negócios de forma ordenada e
sistemática.
O sexto artigo propõe um sistema de informação inter-organizacional (IOIs), que
tem por finalidade melhorar a transferência de conhecimento e de valor no
sector da domótica. A proposta tem por base um trabalho de pesquisa empírica
que tem por objetivo último a implementação de IOIs no sector da construção
como melhores práticas.
Finalmente, no sétimo artigo apresenta-se uma tecnologia que permite estudar a
mobilidade a partir da colaboração entre o motorista e o cidadão como uma chave
para obter conhecimento. A facilidade de uso da tecnologia, a motivação e a
oferta de recompensa são elementos que devem ser cuidadosamente considerados
para manter o condutor interessado em colaborar. A tecnologia proposta foi
testada com sucesso na cidade de Gijón.
Gostaria de expressar o nosso agradecimento a todos os autores que submeteram o
seu trabalho científico para ser avaliado para publicação nesta edição da
RISTI; aos membros da Comissão Científica, pela criteriosa avaliação que
fizeram dos artigos submetidos; e ao Conselho Editorial, pelo convite para
editar este número da Revista. Foi com grande gosto e sentido de
responsabilidade que o aceitei. Espero que esta edição possa constituir mais um
passo firme na construção e consolidação de uma comunidade na área dos sistemas
e tecnologias de informação de expressão portuguesa e espanhola.
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