Editorial: Sistemas e Tecnologias de Informação para Organizações Virtuais,
Colaborativas e em Rede
Editorial: Sistemas e Tecnologias de Informação para Organizações Virtuais,
Colaborativas e em Rede
Information Systems and Technologies for Virtual, Collaborative and Networked
Organizations
Maria Manuela Cruz-Cunha 1, Álvaro Rocha 2
1 Instituto Politécnico do Cávado e do Ave , Campus do IPCA - Lugar do Aldão,
4750-810 Vila Frescainha S. Martinho BCL, Portugal. E-mail: mcunha@ipca.pt
2 Universidade Europeia & LIACC, Universidade do Porto, Rua David Correia
da Silva 407 ' 5 T, 4435-200 Rio Tinto, Portugal. E-mail: amrrocha@gmail.com
Introdução
É com todo o prazer que levamos até si mais um número da RISTI, desta vez
subordinado à temática dos Sistemas e Tecnologias de Informação para
Organizações Virtuais, Colaborativas e em Rede, que integra contribuições
originais e relevantes nas dimensões tecnológica, organizacional e social deste
novo modelo organizacional.
É-nos também muito grato dar-lhe a conhecer a recente indexação da revista no
ISI Web of Knowledge, que fecha um ciclo de indexações em importantes bases de
dados de periódicos científicos, das quais, entre outras, destacamos também a
indexação na Scopus, base de dados que se tornou recentemente a referência
principal do sistema científico português, com a sua adoção pela Fundação para
a Ciência e a Tecnologia do Ministério da Educação e Ciência na avaliação dos
Centros de Investigação
Sistemas e Tecnologias de Informação para Organizações Virtuais, Colaborativas
e em Rede
Incerteza, mudança constante e uma forte competição são desafios do atual
contexto económico mundial, onde a competitividade é um requisito fundamental,
cuja satisfação reclama a definição de novos conceitos organizacionais, ou
seja, reclama um novo paradigma (Jackson & Klobas, 2008) de estruturas em
rede, globais, dinamicamente reconfiguráveis (Dudek & Pawlewski, 2010;
Hawryszkiewycz, 2010; Huggins, 2010; Malecki & Tootle, 2009; Sun &
Huang, 2010), com elevados níveis de desempenho (Avella & Vázquez-Bustelo,
2010; Dowlatshahi & Cao, 2006; Kim & Kim, 2009; Sun & Huang, 2010),
fortemente time-oriented (Bhatnagar & Teo, 2009; Thomas, 2008) e
simultaneamente focadas nos custos (Vervest et al., 2009; Walters,
Bhattacharjya & Chapman, 2011), na qualidade (Sitek et al., 2010), na
sustentabilidade (Romero & Molina, 2010), na inovação (Piperopoulos &
Scase, 2009) e permanentemente alinhadas com a oportunidade de negócio que lhe
esteve na origem (Dowlatshahi & Cao, 2006; Huggins, 2010) e devidamente
suportada pelas tecnologias da informação e comunicação (Cao & Dowlatshahi,
2005; Singh & Woo, 2009), o que dita uma mudança de paradigma face aos
modelos tradicionais de organização (Chattopadhyay, Mo & Chan, 2010;
Hormozi, 2001; Jovane, Koren & Boër, 2003; Karnouskos et al., 2010).
Vários fatores determinam hoje, o desempenho dos novos modelos organizacionais,
de onde se destaca (1) a capacidade de as organizações explorarem vantagens
competitivas em sinergia, usando ou integrando o melhor conjunto de recursos
que em cada momento se lhe oferecer para cada uma das funções que a organização
realiza, segundo estruturas em rede, colaborativas e reconfiguráveis,
juntamente com (2) a capacidade de gerir todos os processos de negócio
independentemente da distância.
O estabelecimento de alianças estratégicas com fornecedores ou parceiros sugere
redes globais, colaborativas, baseadas na partilha de conhecimento,
dinamicamente reconfiguráveis, correspondendo aos recentes conceitos como
Extended Enterprise (Browne, 1995), Virtual Enterprise (Byrne, 1993), Agile
Enterprise (Nagel & Dove, 1993), Agile/Virtual Enterprise (Putnik, 2000).
Em suma, empresas virtuais (EV).
De acordo com diversas definições (Browne & Zhang, 1999; Byrne, 1993;
Camarinha-Matos & Afsarmanesh, 1999; Cunha & Putnik, 2006; Davidow
& Malone, 1992; Preiss, Goldman & Nagel, 1996; Putnik, 2000), as EV são
empresas com capacidade de integração e reconfiguração em tempo útil,
integradas a partir de empresas independentes, com o objetivo de tirar proveito
de uma oportunidade específica do mercado. Depois de satisfeita essa
oportunidade a EV dissolve-se e uma nova empresa pode ser integrada, ou a
empresa reconfigura-se de forma a manter a competitividade necessária para
responder a outra oportunidade. Mesmo durante o seu funcionamento a EV pode
necessitar de se reconfigurar, isto é, de alterar a sua composição para manter
o seu máximo nível de desempenho e de competitividade.
Várias infraestruturas de apoio e aplicações deverão estar disponíveis antes de
podermos olhar para o modelo EV como uma realidade competitiva, tais como,
mercados eletrónicos colaborativos de fornecedores de recursos, plataformas
legais, serviços de intermediação, sistemas de informação globais (inter-
organizacionais) eficientes e fiáveis, instrumentos de negociação e
contratualização eletrónica, ambientes colaborativos, ferramentas de software
(ex. algoritmos de seleção) e tecnologias, de que se destacam a cloud
computing, a computação móvel, entre outras.
Estrutura
Dos 28 trabalhos submetidos a esta edição e avaliados foram selecionados cinco
contributos inestimáveis para um melhor entendimento da realidade do novo
modelo organizacional e dos sistemas e tecnologias que os suportam, o que
corresponde a uma taxa de aceitação de 18%.
No primeiro artigo, Ambiente Colaborativo para Avaliação de Cadeias de
Abastecimento, é proposto um ambiente colaborativo que permite a medição do
desempenho de uma cadeia de abastecimento, baseado em índices genéricos que
podem ser adaptados a diferentes cadeias de abastecimento. As tecnologias cloud
são analisadas segundo a perspetiva das mais-valias que as podem promover
enquanto suporte para o modelo de avaliação e são ponderados os requisitos do
modelo organizacional colaborativo proposto, resultando num modelo de dados
flexível. A utilidade do conceito é demonstrada pelos autores com o
desenvolvimento de um protótipo de aplicação na infraestrutura de cloud EC2 da
Amazon.
É indiscutível que o teletrabalho apresenta benefícios relacionados com a
eficiência, a produtividade, sustentabilidade e satisfação dos trabalhadores,
todavia não é uma forma de trabalho generalizada e estruturada nas
organizações. O segundo artigo, Propuesta de Implementación de un Modelo de
Teletrabajo discute os principais obstáculos e ameaças à adoção do
teletrabalho nas organizações.
O modelo de processos de negócio pode ajudar a melhorar a consciência
organizacional através da partilha de conhecimento dos atores organizacionais;
no entanto, a dificuldade de atualização do modelo e o seu padrão típico de
utilização têm evitado a sua transformação num repositório do conhecimento
organizacional que suporte as atividades diárias das organizações. Em
Atualização Colaborativa do Modelo de Processos de Negócio é apresentado um
método colaborativo para atualizar o modelo de processos de negócio, utilizando
o mecanismo de anotação para criar contextos de interação que promovam a
explicitação e comunicação do conhecimento e a discussão dos processos. A
abordagem proposta permitiu demonstrar que os atores organizacionais, desde que
providos dum método adequado e uma ferramenta de suporte, podem atualizar
ativamente o modelo de processos de negócio, comparando as atividades modeladas
com as atividades que são efetivamente executadas.
No quarto artigo Los logotipos de privacidad en Internet: percepción del
usuario en España, é analizada a relevancia da privacidade na era digital.
Para garantir que as empresas que operam na rede respeitam os direitos dos
utilizadores, foram concebidas credenciais juntando um elenco de boas práticas
em matéria de privacidade. Um dos principais objetivos do artigo é destacar que
tais instrumentos são um complemento útil para os regulamentos legais.
Finalmente o artigo, Ambientes Colaborativos Virtuais: potencial das redes
sociais. O caso das empresas do Algarve analisa o potencial das redes sociais
no desempenho das pequenas e médias empresas da região do Algarve. O estudo
consistiu numa análise categórica de componentes principais, a qual identificou
duas principais tipologias de objetivos nas redes sociais: redes sociais para
interação produto-cliente e pesquisa ou conhecimento; e redes sociais com
potencial para o marketing. Uma análise hierárquica de clusters identificou
três padrões de empresas consoante o seu grau de envolvimento em redes sociais:
cluster Social Tec Grau 1; cluster Social Tec Grau 2 e cluster Social Tec Grau
3.