XXIX: Nota sobre a vegetação halocasmofíticadas arribas areníticas e
conglomeráticas do superdistrito Sadense
XXIX: Nota sobre a vegetação halocasmofíticadas arribas areníticas e
conglomeráticas do superdistrito Sadense.
No arco litoral Tróia-Sines, as arribas estão presentes entre 1,5 Km para norte
da Praia da Raposa e a Lagoa de Melides. São arribas talhadas em materiais do
Plioplistocénico constituídas por arenitos, conglomerados e pelitos que
apresentam, por vezes, cor vermelha devido à abundância de ferro. Estas arribas
reaparecem na costa ocidental da Península de Setúbal, entre a Costa da
Caparica e um pouco para sul da Lagoa de Albufeira. Trata-se de um biótopo
oligotrófico, ácido e com alguma humidade derivada da pouca permeabilidade do
estrato miocénico subjacente (formação da Marateca).
A originalidade da vegetação halocasmofítica (Crithmo-Staticetea), que coloniza
as referidas arribas, reside na ausência total de espécies do género Limonium e
na presença do endemismo português Armeria pungens ssp. major (Daveau) Franco.
Relativamente à subespécie pungens (das areias pleistocénicas e holocénicas),
diferencia-se pelos escapos maiores, folhas mais compridas e mais largas
(FRANCO, Nov. Fl. Port. II). É um táxone cuja distribuição a sul do Tejo
corresponde quase exclusivamente a estas arribas.
Assim, propomos uma nova associação para estes biótopos aero-halinos
areníticos, endémica do Superdistrito Sadense, entre a Costa da Caparica e a
Lagoa de Melides. A referida associação foi incluída na aliança halocasmofítica
das arribas meridionais portuguesas Crithmo-Daucion halophili. Esta diferencia-
se, face às restantes comunidades da aliança, pelo tipo de habitat colonizado e
pela presença de A. pungens subsp. major. ADactylo marini-Armerietum majoris é
a única comunidade da aliança que coloniza arribas de arenitos e conglomerados
de carácter ácido e ricas em ferro. Esta originalidade litológica parece-se
correlacionar-se com a ausência total de: Limonium ovalifolium, L. ferulaceum,
L. echioides, L. plurisquamatum e L. virgatum, que estão presentes nas
restantes comunidades da aliança Crithmo-Daucion halophili.
Sintaxonomia
CRITHMO-STATICETEA Br.-Bl. in Br.-Bl., Roussine & Nègre 1952
+ Crithmo-Staticetalia Molinier 1934
*Crithmo-Daucion halophili Rivas-Martínez, Lousã, T.E. Díaz, Fernández-González
& J.C. Costa 1990
**Dactylo marinae-Armerietum majoris C. Neto, J. Capelo, R. Caraça & J.C.
Costa, ass. nova hoc. loco, holotypus: inventário nº 7 Quadro_1.
Quadro 1 - Dactylo marinae-Armerietum majorisC. Neto,J. Capelo, R. Caraça &
J.C. Costa, ass. nova (Crithmo-Daucion halophili, Crithmo-Staticetalia,Crithmo-
Staticetea)
Locais: 1 e 2 - Arriba da Praia da Galé (Barrocal-Melides); 3 e 4 - Arriba da
Praia do Pinheiro (Costa da Galé); 5 - Arriba da Praia do Barrocalinho (Aberta
Nova - Costa da Galé) ; 6 - Arriba da Praia do Pinheirinho (Melides); 7 - Fonte
da Telha; 8 - Lagoa de Albufeira, 9 - Praia da Aberta Nova.
Carlos Neto; Depto. Geografia da Faculdade de Letras de Lisboa. Universidade de
Lisboa. Jorge Capelo; Departamento de Ecologia, Recursos Naturais e Ambiente.
Estação Florestal Nacional. INIA. Lisboa. Rute Caraça; Centro de Botânica
Aplicada à Agricultura. Universidade Técnica de Lisboa. Lisboa. José Carlos
Costa; Depto de Botânica e Engenharia Biológica, Instituto Superior de
Agronomia, Uiversidade Técnica de Lisboa.
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