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EuPTCVHe0872-07542010000300020

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variedadeEu
Country of publicationPT
colégioLife Sciences
Great areaHealth Sciences
ISSN0872-0754
ano2010
Issue0003
Article number00020

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Doenças Sexualmente Transmissíveis (DST) na Adolescência Contracepção e Gravidez na Adolescência Mesa Redonda

Doenças Sexualmente Transmissíveis (DST) na Adolescência

Manuel Jorge Rodrigues1 1Chefe de Serviço Hospitalar de Ginecologia

Adolescência (10 a 19 anos - OMS)é a fase do desenvolvimento humano que marca a transição entre a infância e a idade adulta. Caracteriza-se por alterações a nível físico, psíquico e social. É um período de distanciamento de comportamentos e privilégios típicos da infância, maturação psicológica com estruturação da personalidade e busca de identidade e de aquisição de características do adulto (independência económica e saída de casa dos pais).

É durante a adolescência que se verifica maior incidência de DST: atinge 25% dos jovens com menos de 25 anos; 65% dos casos de SIDA manifestam-se entre os 20 e 39 anos e reflectem situações de aquisição de infecção por VIH durante a adolescência (período assintomático da doença ' 10/15 anos). A incidência de DST na população em geral não variou muito ao longo dos últimos anos.

Assistimos mesmo a uma recrudescência da gonococia e da sífilis em todos os países desenvolvidos. As principais causas referidas são de ordem biológica, psíquica e social.

A OMS preconizou, em 2001, a substituição do termo DST por Infecções Sexualmente Transmissíveis (IST), com o objectivo de enfatizar as infecções assintomáticas. São mais de 20 os agentes infecciosos susceptíveis de transmissão durante as relações sexuais (bactérias, parasitas, fungos ou leveduras e vírus).

As DST podem ser curáveis - Sífilis, Cancro mole, Granuloma inguinal, Linfogranuloma venéreo, vaginose bacteriana, Candidíase, Gonorreia, Chlamydia, Trichomonas ' e não curáveis ' HSV2, HPV, HBV, HIV 1/2. A OMS constatou um aumento das DST curáveis, num período de 10 anos (1990-1999), de 240 para 340 milhões, assim distribuídas: Sífilis ' 12 milhões; Chlamydia ' 92 milhões; Gonococia ' 62 milhões; Trichomonas ' 174 milhões, a que se associam 25 a 35 milhões de casos de SIDA. Estes valores não incluem os casos de HPV e Hepatites víricas.

Os principais factores de risco englobam: idade, parceiros sexuais, uso ou não de preservativo, inclusão em grupos de risco e antecedentes de DST. Os principais modos de transmissão são: sexual, sanguínea, vertical e outros.

Os quadros clínicos têm evoluído em função da prevalência de certos agentes patogénicos, da resistência acrescida aos antibióticos e do predomínio de infecções assintomáticas com consequente aumento das complicações. As principais manifestações clínicas são: leucorreia, prurido, dispareunia, lesões genitais ou ano-genitais (úlceras, verrugas), sintomas urinários, dor pélvica aguda ou crónica. As complicações incluem: esterilidade, gravidez ectópica, abortamentos de repetição, complicações e mortalidade perinatal, cancros genitais e outras. Estas apresentam custos financeiros, sociais, sexuais e psicológicos constituindo um problema prioritário de saúde pública que todas as DST são evitáveis investindo na prevenção. Os prestadores de cuidados de saúde podem desempenhar um papel importante na educação e aconselhamento sobre mudanças de comportamentos sexuais de risco através da promoção do uso do preservativo (prevenção primária), como método mais eficaz na redução do risco de transmissão das DST. A prevenção secundária assenta no diagnóstico e tratamento da DST e na divulgação de informação para reconhecimento de sinais e sintomas que orientem na procura precoce de assistência. É fundamental a convocação dos parceiros sexuais (indivíduos com os quais se relacionou nos últimos 90 dias).

A assistência ao doente infectado deve ser imediata, em ambiente de privacidade, sem pressas, evitando discriminações e/ou faltas de confidencialidade com o propósito de identificar os portadores assintomáticos, interrompendo a cadeia de disseminação da doença e as suas complicações. A consulta inclui diagnóstico, tratamento, aconselhamento e estudo analítico. Na ausência de imunidade deve ser feita vacinação para hepatites A e B e HPV. O adiamento da consulta pode levar ao desaparecimento dos sintomas, desmotivando a busca de tratamento e favorecendo a evolução para formas crónicas. Assim, a chave estratégica da prevenção das DST envolve o rastreio, o diagnóstico e o tratamento do paciente e seus parceiros de forma a interromper a cadeia de transmissão.


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