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EuPTCVHe0872-81782010000300010

EuPTCVHe0872-81782010000300010

variedadeEu
Country of publicationPT
colégioLife Sciences
Great areaHealth Sciences
ISSN0872-8178
ano2010
Issue0003
Article number00010

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O aumento exponencial da infecção a Clostridium Difficile O aumento exponencial da infecção a Clostridium Difficile The exponensial increase of the Clostridium Difficile infection

Ana Margarida Vieira, et al

Em resposta ao Dr. José Cotter: Apesar da consistente evidência do papel da toxina A como principal factor contribuinte para a doença associada ao Clostridium Difficile, têm sido reportados um crescente número de casos de isolamento de Clostridium Difficiletoxina A negativa, toxina B positiva1.

Se até pouco tempo se considerava que a pesquisa por ELISA da toxina A era um bom marcador diagnóstico, actualmente a maioria dos autores recomenda a utilização do teste que detecta as duas toxinas, não pela possibilidade de diagnóstico deste Clostridium Difficileatípico como pela maior sensibilidade na detecção dos casos com baixos níveis de toxinas2. De qualquer modo e embora não seja conhecida a real incidência deste subtipo de Clostridium Difficileos relatos disponíveis parecem mostrar uma baixa incidência2. Por estas razões os autores concordam que o método utilizado possa ter sido determinante para o aumento significativo da incidência mas, dado o crescimento exponencial, admitem que muito provavelmente se trata de um real aumento do número de casos, como aliás tem sido reportado em diversas séries3,4.

O exame cultural tem sido considerado o teste gold standard pela elevada sensibilidade que o caracteriza; no entanto, para além de ser consumidor de tempo (48h para amostras negativas), exigente no processamento (centrifugação e filtração prévios ao teste) e dispendioso, não impede que seja o teste menos controlado, sujeito a reacções inespecíficas sendo fundamental uma correcta diluição (1:40 ou 1:50) para minimizar os falsos positivos2. Acresce a tudo isto que o exame cultural detecta o microorganismo independentemente de ser ou não produtor de toxina (3% dos indivíduos saudáveis apresentam culturas positivas5) pelo que não deve ser utilizado como método diagnóstico mas apenas em contexto de estudo epidemiológico2,6.

No sentido de aumentar a taxa diagnóstica, alguns autores defendem a utilização de algoritmos diagnósticos com 2 ou mesmo 3 etapas (detecção por imunologia do Ag. específico glutamato desidrogenase seguido do teste de neutralização citotóxica para identificação das toxinas ou a detecção de toxina por imunoflourescência seguido de exame cultural e PCR para as toxinas)7. Contudo os custos associados a estas técnicas e a indisponibilidade por rotina nos laboratórios nacionais fundamentam a importância da colheita exclusiva de amostras fecais diarreicas, excepto nas situações de íleus, medida ao alcance de todos para o aumento da sensibilidade diagnóstica8.

Embora possam facilitar o diagnóstico, a baixa sensibilidade e especificidade dos métodos imagiológicos8 confere-lhes como principal indicação a detecção das complicações associadas à doença.

A doença inflamatória do intestino é um factor de risco independente para a diarreia associada ao Clostridium Difficilee esta infecção é responsável por agudizações da doença. Estes doentes apresentam praticamente o triplo do risco quando comparado com os indivíduos sem doença inflamatória do intestino, sendo este risco superior nos doentes com colite ulcerosa9. Curiosamente, enquanto os imunossupressores, azatioprina e 6-mercaptopurina, se associam significativamente à infecção por Clostridium Difficile , o mesmo não está demonstrado para a terapêutica biológica, área em que ainda dispomos de poucos dados9. Efectivamente na nossa série não reportámos qualquer caso em doentes com doença inflamatória do intestino, apesar de ser política do Serviço a pesquisa sistemática em doentes internados. Coloca-se então a questão se estará esta associação sobrevalorizada na literatura?


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