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EuPTCVHe0873-21592009000400002

EuPTCVHe0873-21592009000400002

variedadeEu
Country of publicationPT
colégioLife Sciences
Great areaHealth Sciences
ISSN0873-2159
ano2009
Issue0004
Article number00002

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Biópsia transtorácica com agulha cortante (Trucut) para o diagnóstico dos tumores mediastínicos

Introdução A biópsia transtorácica por agulha guiada pela radioscopia é considerada uma técnica aceita na avaliação diagnóstica das massas mediastínicas. Este método é capaz de evitar procedimentos diagnósticos mais invasivos, como a mediastinoscopia, a mediastinotomia, a toracoscopia ou a toracotomia exploradora1-3. Na maioria das vezes, a biopsia é realizada com agulha fina, capaz de recolher material suficiente para o exame citopatológico e microbiológico, mas incapaz de retirar material para estudo histopatológico4.

A biópsia realizada com agulha cortante (Trucut)fornece um fragmento de tecido, no qual, além do estudo histopatológico, podemos realizar outros, como a microscopia eletrónica, a imunoistoquímica e a análise dos marcadores tumorais de superfície, os quais aumentam a especificidade diagnóstica, além de ser de extrema utilidade no diagnóstico das massas mediastínicas.

5-7 Neste estudo, relatamos a nossa experiência com a biópsia percutânea com agulha cortante (Trucut)como procedimento diagnnóstico inicial nos doentes com tumores mediastínicas.

Objectivo Este estudo teve por objectivo avaliar a contribuição da biópsia transtorácica com agulha cortante no diagnóstico das massas mediastínicas. Utilizamos em todos os casos a agulha cortante Tru Core(Med Tech Tru-Core, Gainsville, Fl, EUA) como procedimento diagnóstico invasivo inicial para os doentes portadores de massas mediastínicas.

Material e métodos Realizamos a análise retrospectiva das biopsias transtorácicas com agulha cortante (Trucut), orientadas, mas não guiadas pela tomografia computadorizada do tórax, em 56 doentes, no período de Maio de 1999 a Junho de 2008.

Um procedimento é guiado pela tomografia computadorizada quando ele é realizado concomitantemente à biópsia, guiando e orientando o posicionamento da agulha. A biópsia transtorácica com agulha cortante é orientada pela tomografia computadorizada quando utilizamos a tomografia computadorizada do tórax realizada para orientar o posicionamento da agulha. Foram 29 homens e 27 mulheres. A idade dos doentes variou de 8 a 79 anos, e a idade mediana foi de 40 anos.

As lesões apresentavam-se radiologicamente como massas sólidas e homogéneas em todos os casos. O diâmetro das lesões variou de 3 a 10 cm e em 80% dos casos o tumor tinha diâmetro superior a 4 cm. Todas as lesões estavam localizadas a menos de 2 cm da pele. O tumor estava localizado no mediastino anterior em 52 doentes (93%) e no mediastino posterior em quatro (7%).

Todas as biópsias foram realizadas na sala de procedimentos do ambulatório do serviço de cirurgia torácica, sem sedação e com anestesia da pele e do trajecto da agulha com 5 mL de lidocaína a 2%, sem vasoconstritor e em regime ambulatorial, sem necessidade de internação do doente.

As biópsias foram realizadas com a agulha Trucut, com diâmetro de 18 gauge.

Esta agulha foi desenvolvida para a retirada de tecido da lesão para estudo histológico através de um mecanismo que dispara uma pequena cânula cortante, capaz de retirar fragmentos adequados para o exame histopatológico dentro de um estilete de 1,7 cm8.

Uma média de duas biópsias foi realizada em cada doente e material adicional foi colhido quando necessário. Após a biópsia, o doente era submetido à radiografia do tórax, e não observamos nenhum caso de pneumotórax, de sangramento intratorácico ou escarros com sangue.

Os resultados das biópsias foram classificados como suficientes e insuficientes, baseados na presença ou na ausência de células neoplásicas nas amostras colhidas através da biópsia transtorácica com a agulha Trucut.

O material da biópsia foi considerado insuficiente quando não tinha representação patológica da lesão ' e foi analisado separadamente.

Resultados Cinquenta e seis doentes submeteram-se à biópsia transtorácica com agulha cortante (Trucut) de massas mediastínicas durante o período do estudo.

O diagnóstico foi definido através desse procedimento em 49 (88%) dos doentes: 23(41%) linfomas; 12 (21%) timomas; 5 (3%) carcinomas tímicos; 3 (2%) carcinomas indiferenciados de pequenas células; e 1 (0,6%) adenocarcinoma metastático, carcinoma epidermóide metastático, carcinoma neuroendócrino primitivo, plasmocitoma, teratoma e bócio.

Nos sete (13%) doentes nos quais o material colhido foi insuficiente para o diagnóstico, este foi definido através da biópsia cirúrgica: 3 (43%) linfomas; 1 (14%) timomas; 1 (14%) linfangioma cístico; 1 (14%) carcinoma; e 1 (14%) disgerminoma.

Discussão Os tumores mediastínicos tradicionalmente são diagnosticados através da mediastinoscopia, da toracoscopia ou da toracotomia exploradora. Estes procedimentos necessitam, para sua realização, de anestesia geral e internação hospitalar. A proposta do presente estudo foi avaliar a utilidade clínica da biópsia transtorácica com agulha cortante (Trucut) no diagnóstico destes tumores e determinar se ela deveria ser o procedimento diagnóstico inicial nestes casos.

A maioria dos tumores localizava-se no mediastino anterior. As entidades patológicas mais comuns foram as neoplasias linfoproliferativas, as neoplasias epiteliais e os timomas.

Estes achados são semelhantes aos descritos na literatura mundial 3-7,13 .

O conhecimento da natureza do tumor mediastínico é fundamental para o correcto planejamento terapêutico. Por exemplo, os timomas são primariamente tratados cirurgicamente, enquanto os linfomas são tratados com quimioterapia, associada ou não à radioterapia. Os doentes com doença metastática necessitam dessa definição, pois disso depende o seu tratamento posterior.

A biópsia transtorácica com agulha cortante (Trucut) mostrou alta especificidade do grupo de doentes, que foi positiva em 88% deles 12 .

O pneumotórax é a complicação mais comum resultante da biópsia trasntorácica com agulha cortante relatada na literatura; entretanto, não tivemos nenhum caso neste grupo de doentes 8,10,12,13 . A ausência de pneumotórax nestes doentes possivelmente pode ser explicada pela localização superficial das lesões biopsiadas ' todas localizadas a menos de 2 cm da parede torácica.

Outras complicações relatadas na literatura, como a hemoptise (1,6%) e a dor (3,2%), não foram observadas neste grupo 11,12,14 .

Um grande número de doenças mediastínicas é tratado clinicamente, como os linfomas, ou é claramente não ressecável, como, por exemplo, as neoplasias metastáticas; portanto, está claro que o diagnóstico histopatológico é essencial para esses doentes.

Com base na nossa experiência, acreditamos que a biópsia transtorácica com agulha cortante é um procedimento de fácil realização e seguro, capaz de definir o diagnóstico na maioria dos tumores malignos do mediastino.

Ela pode, em muitos casos, substituir procedimentos cirúrgicos extensos, como a toracoscopia ou a toracotomia, que necessitam de anestesia geral e internação hospitalar e estão associadas a maior morbidade e a alto custo13,14.

Conclusão Por ser um procedimento fácil de realizar e seguro, com mínimas complicações e alto rendimento diagnóstico, recomendamos que a biópsia transtorácica com agulha cortante deva ser o método diagnóstico inicial na avaliação dos doentes com tumores mediastínicos, especialmente naqueles tumores que à tomografia computadorizada do tórax se mostram irressecáveis.


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