O comportamento profissional e pessoal dos enfermeiros em contexto
cardiovascular
Introdução
A principal causa de morte, atualmente, em Portugal são as doenças
cardiovasculares, sendo que podem ser despoletadas pela conjugação de fatores
de risco e originar uma patogenia complexa. Devido a esta situação, torna-se
necessário atuar no tratamento imediato e, redirecionar o tratamento a
posteriori para um processo de reabilitação. No sentido da otimização dos
cuidados de saúde as doenças crónicas ganham destaque e, sendo assim, o setor
da saúde torna a gestão da doença num importante fator de contenção de custos e
de efetividade. Segundo o Plano Nacional de Saúde, identificar prioridades,
desenvolver planos / programas de saúde e a criação de normas de monitorização
e vigilância, tornam-se fundamentais neste setor, tanto para doentes, como para
os próprios administradores, gestores, e equipa multidisciplinar(Portugal,
Ministério da Saúde, Direção Geral de Saúde, 2004). Também a Coordenação
Nacional para as Doenças Cardiovasculares tem-se aliado a diversas atividades
em prol da saúde do coração (Portugal, Alto Comissariado da Saúde, 2007). Assim
sendo, para além de todas as ações no domínio preventivo, torna-se fundamental
pensar também em ações que facilitem a reintegração dos doentes
cardiovasculares, e que estimulem os doentes a participar na sua própria gestão
da doença.
Para além da mortalidade observável nestas circunstâncias, é imprescindível
dinamizar recursos para promover qualidade de vida aos doentes que só por si se
mantêm limitados (Marques, 2001). A reabilitação e a integração na sociedade do
doente cardiovascular é um dos objetivos prioritários e desta forma, destaca-se
como um imperativo de natureza social procurando uma maior eficácia do sistema
de saúde (Rego, 2008).
Compreender como tudo se processa desde o início da doença será um ponto de
partida para possíveis resoluções a nível de ganhos de saúde tal como referem
Béresniak e Duru (1999), para o doente individualmente e, para o sistema de
saúde (Nunes e Rego, 2002).
O papel dos profissionais de saúde em geral e dos enfermeiros em particular é
relevante em toda esta dinâmica. Os conhecimentos, as atitudes e sobretudo os
comportamentos dos enfermeiros, são cada vez mais importantes na atual
conjuntura de prevenção da doença, tratamento e da perceção da presença de
fatores de risco cardiovascular nas suas vidas pessoais (Wu, Deng e Zhang,
2011).
Assim sendo, e mediante este enquadramento, urge responder a uma questão em
concreto: Qual é o comportamento profissional e pessoal dos enfermeiros face à
doença cardiovascular?.
Partindo desta questão, os objetivos centrais deste estudo foram: analisar o
comportamento profissional dos enfermeiros face ao doente cardiovascular
(educação para a saúde) e, analisar o comportamento pessoal dos próprios
enfermeiros (tomada de medidas preventivas da doença cardiovascular nas suas
vidas diárias). Neste seguimento, delinearam-se os seguintes objetivos
específicos: descrever as características da equipa de enfermagem do serviço de
cardiologia de um hospital central; comparar o interesse que os enfermeiros têm
na área da cardiologia versus a sua prestação de cuidados diária ao doente
cardíaco; compreender se são realizadas ações de educação para a saúde aos
doentes internados por doença cardiovascular com fatores de risco associados;
inter-relacionar o comportamento profissional (conhecimento acerca da educação
para a saúde) com o comportamento pessoal dos enfermeiros (atitudes destes em
suas vidas diariamente).
Metodologia
Foi elaborado o presente estudo transversal baseado numa metodologia mista
(quantitativa e qualitativa), para compreensão de aspetos relacionados com a
equipa de enfermagem que presta cuidados a doentes num serviço de cardiologia
de um hospital central.
A formação profissional e académica dos enfermeiros, o tempo de serviço
(inclusive na área da cardiologia), a importância das equipas
multidisciplinares, e a relevância das ações de educação para a saúde foram
tópicos estudados. Questionou-se, ainda, o comportamento pessoal tendo em conta
o contexto apresentado anteriormente. Tal como foi referido anteriormente, este
estudo teve uma abordagem quantitativa, tendo em conta as perguntas fechadas do
questionário, na qual se procedeu a uma análise estatística descritiva e
qualitativa, no que diz respeito às perguntas abertas, tal como refere a
metodologia de Lakatos e Andrade (1999) onde, posteriormente, se procederá à
análise de conteúdo para elevar conhecimentos. Para a realização do estudo foi
elaborado pelos autores um questionário tendo em consideração os aspetos a
serem abordados e as necessidades do estudo. Desta forma, as questões foram
concebidas com o objetivo de colher informação factual sobre os indivíduos e
sobre as suas atitudes (Fortin, 1999). A elaboração do questionário teve em
consideração a experiência profissional de uma das autoras no serviço em causa.
Sendo assim, o questionário é composto por 16 questões, sendo que, algumas
delas se encontram divididas mediante as respostas dos inquiridos. As primeiras
6 questões abordam aspetos relacionados com a caracterização direta da equipa
(género, idade e formação académica/profissional),e em relação à qual se
procedeu a análise estatística das respostas. As perguntas seguintes, até à
13ª, questionam acerca da interação direta do enfermeiro com os doentes e com a
área de cardiologia. As restantes referem-se à educação para a saúde dos
doentes e comportamentos pessoais dos enfermeiros face à doença cardiovascular.
Em relação à população, esta traduz-se numa coleção de sujeitos que partilham
características comuns, definidas por um conjunto de critérios e a população
alvo foi constituída pelos elementos que satisfazem os critérios de seleção
(Fortin, 1999). Neste caso em concreto, a população alvo deste estudo foram os
enfermeiros que trabalham no serviço de cardiologia (serviço de internamento e
intensivos cardíacos) de um hospital central.
Portanto, a amostragem foi por seleção racional, visto ser uma técnica que tem
por base o julgamento do investigador para constituir uma amostra de sujeitos
em função do seu caráter típico, isto é, profissionais de enfermagem de um
determinado serviço (Fortin, 1999). Na data da realização deste estudo, no
serviço de internamento, existiam 18 enfermeiros do sexo feminino e masculino,
e na Unidade de Cuidados Intensivos de Cardiologia existiam 20 enfermeiros do
sexo feminino e masculino (sendo que uma das enfermeiras é a própria
investigadora). Desta forma, o questionário foi colocado ao dispor de 38
enfermeiros no total, dado a enfermeira chefe ser coincidente nos dois
serviços, tendo-se obtido uma amostra de 15, o que representa 39,47% da
população. Os profissionais foram elucidados para o estudo em questão e foram
colocados à disposição questionários (num período de 2 meses) e pontos de
recolha (existindo controlo semanal para recolha), de modo a dar liberdade aos
enfermeiros para preencherem os questionários em momentos considerados por si
oportunos. O anonimato foi garantido, como é exigível nestas circunstâncias e
foram cumpridas todas as normas éticas.
Resultados
Responderam a este questionário uma amostra de 15 enfermeiros (39,47%), sendo a
maioria do serviço de cuidados intensivos cardíacos, tal como se verifica na
Tabela 1.
TABELA 1 ' Distribuição dos enfermeiros por serviço
Em relação à idade dos inquiridos, a média é de 31,73 anos de idade e a moda é
de 25 anos de idade. Relativamente ao género dos respondentes, 73,33% (n=11)
são do sexo feminino e os restantes 26,66% (n=4) são do sexo masculino. Em
relação à formação académica dos enfermeiros inquiridos, todos possuem a
licenciatura em enfermagem e somente três dos respondentes (20%) têm formação
pós-graduada.
A média de tempo de serviço efetivo entre os profissionais é de 8,93 anos.
Quando questionados em relação ao facto de ser o primeiro serviço onde
trabalhavam, 20% dos inquiridos (n=3) responderam que sim, ao contrário de 80%
que responderam que não era o seu primeiro serviço (n=12).
Para expor mais objetivamente o tempo de serviço dadas as respostas em causa,
dez dos enfermeiros inquiridos trabalham entre 1 e 3 anos, três dos enfermeiros
entre 8 e 13 anos e os restantes dois entre 16 e 24 anos.
Em relação à preferência pessoal dos enfermeiros pela área de cardiologia,
86,67% (n= 13) responderam que esta seria a sua área de eleição para prestação
de cuidados (dado o seu gosto e interesse profissional) e 13,33% (n=2)
responderam que apesar de trabalhar neste serviço, a cardiologia não é a sua
área de eleição.
Entrando na questão da prestação de cuidados, a Tabela 2 reflete as respostas à
questão sobre inter relação de cuidados, à qual 93,33% dos inquiridos (n=14)
responderam que inter-relacionavam os cuidados realizados por si aos doentes,
naquele serviço, tendo em conta o aspeto holístico do doente, ao passo que
apenas um dos enfermeiros (6,67%) respondeu que os cuidados realizados por si
eram efetuados de forma individual e independente tendo em conta o critério da
especialidade (cardiologia).
TABELA 2 ' Prestação de cuidados aos doentes
Seguidamente, os inquiridos foram unânimes em concordar sobre o benefício que a
inter-relação entre os cuidados pode trazer ao doente. Ainda no seguimento
desta questão, foram solicitadas justificações relativamente à metodologia de
trabalho adotada e ao benefício para o doente.
Através das respostas fornecidas pelos questionários, e depois de se efetuar
uma análise de conteúdo, pode-se verificar que os enfermeiros dão muita
importância aos cuidados prestados e também à satisfação profissional
associada, tal como se pode compreender no Quadro 1.
QUADRO 1 ' Benefício da realização dos cuidados prestados aos doentes pelos
enfermeiros
Dos respondentes, 86,67% pensa que naquele serviço em concreto, existe trabalho
em equipa multiprofissional, ao contrário de 13,33% dos respondentes. Dadas as
circunstâncias dos serviços em questão,93,33% (n=14) dos enfermeiros inquiridos
consideram-se como elementos presentes na evolução do doente, sob o ponto de
vista holístico, e apenas um enfermeiro (6,67%) se tem em consideração somente
como prestador de cuidados de saúde, sob o ponto de vista tecnicista (Tabela
3).
TABELA 3 ' Papel do enfermeiro na prestação de cuidados
Dos inquiridos, 100% estiveram de acordo quanto ao facto da educação para a
saúde ser um fator importante a ter em conta nas suas atividades profissionais.
Relativamente à questão seguinte, 93,33% dos enfermeiros faz sempre algum tipo
de educação para a saúde aos doentes cardíacos, ao contrário de apenas um
enfermeiro refere ter respondido negativamente. Aos que responderam
afirmativamente foi ainda questionado o tipo de ações de educação para a saúde
feitas aos doentes. Mediante o Quadro 2, tendo em consideração a análise de
conteúdo às respostas dadas, pode-se constatar que os enfermeiros dão ênfase,
essencialmente, aos fatores de risco cardiovascular, à forma de combate e
adaptação dos mesmos. Desta forma, as respostas foram agrupadas em 4 grupos,
tal como se verifica seguidamente.
QUADRO 2 ' Tipos de ações de educação para a saúde
No que diz respeito à última questão, 26,67% dos enfermeiros (n=4) responderam
que o que recomendavam aos doentes (como forma de educação para a saúde) não é
o que costumavam fazer nas suas vidas pessoais. A maioria dos
enfermeiros,73,33% (n=11) refere ter comportamentos saudáveis tendo em
consideração os fatores de risco cardiovasculares. Quando questionados em
relação à justificação, houve respostas que se direcionavam, positiva e
negativamente, para a saúde em relação aos hábitos de vida saudáveis (criando
uma divisão entre os que seguem as recomendações que fazem aos doentes e os
que, pelo contrário, não o fazem). De seguida é apresentado o Quadro 3 com as
respostas representando a análise de conteúdo às respostas dadas.
Quadro_3 ' Comparação entre o que ensinam os enfermeiros e as suas próprias
atividades de vida
Discussão
De acordo com os resultados obtidos, pode-se afirmar que a taxa de adesão
referida (39,47%) ter-se-á devido, provavelmente, ao facto da aplicação do
questionário no serviço ser realizado por um dos autores (que é também
enfermeira em um dos serviços). Ainda assim, conseguem-se perceber as
conclusões deste estudo relativamente aos objetivos citados previamente. Os
enfermeiros inquiridos neste estudo têm em média uma idade jovem (31,73 anos) e
a maioria é do género feminino (73,33%). Relativamente à formação destes
enfermeiros, todos eles têm a licenciatura exigível para o exercício da
profissão e apenas 20% tem formação pós-graduada o que poderá ser explicado
pela média de serviço efetivo de 8,93 anos. Ainda dentro desta análise pode-se
verificar que a grande maioria (86,66%) trabalha atualmente na sua área de
eleição (cardiologia), o que de algum modo pode aperfeiçoar e incentivar a
prática corrente no que respeita à realização de ensinos, de ações de educação
para a saúde e prevenção de comportamentos de risco.
Para se exercerem cuidados de qualidade é necessário ter em atenção a
característica holística dos doentes, na qual a qualidade em saúde é uma tarefa
multiprofissional segundo a Ordem dos Enfermeiros (2001), e o facto de a
maioria dos enfermeiros ter trabalhado em mais do que um serviço pode ajudar na
fundamentação dessa característica, pois a experiência é maior e mais alargada.
Desta forma, a visão do doente como um todo, e não só como a soma das partes, é
de extrema importância, pois é desta forma que se consegue planear e interligar
os cuidados e torná-los personalizados.
O doente, numa primeira fase de internamento encontra-se vulnerável e bastante
receptivo a tudo o que lhe é transmitido, segundo Antunes (1998), e neste
estudo é referida a importância da responsabilização do enfermeiro no que
concerne à sensibilização precoce da educação para a saúde. Desta forma, é
função do enfermeiro prestar assistência no que concerne à sensibilização da
doença, ao impacto que ela irá ter na vida do doente e auxílio na formulação
das alternativas, face a todo o contexto.
Em relação à interligação de cuidados de enfermagem e ao benefício que isso
pode trazer ao doente, as respostas baseiam-se sobretudo na prestação de
cuidados com qualidade, o que atualmente tem muita importância. No entanto,
alguns dos inquiridos justificam as suas respostas com a satisfação
profissional, o que de alguma forma vem apoiar os dados apresentados até então.
Apesar de tudo,os enfermeiros,perante as circunstâncias daquele serviço, veem-
se como elementos presentes na evolução do doente, sob o ponto de vista
holístico e como partes integrantes da equipa multiprofissional. As equipas
multiprofissionais ou multidisciplinares são de extrema importância em todo
este percurso, pois cada profissional deverá trabalhar em prol do doente, da
sociedade e de si próprio.
A maioria dos enfermeiros refere, também, que as ações de educação para a saúde
são extremamente importantes para o doente, face ao processo da doença
cardiovascular. Quando se questionam os enfermeiros acerca do comportamento
profissional versus comportamento pessoal (face à doença cardiovascular), pode-
se verificar que, apesar destes darem muita importância à educação para a saúde
dos doentes, a nível pessoal deixam-se abater por dificuldades de diversa
natureza o que os leva a assumir comportamentos de risco (alimentação, tabaco,
etc.). De acordo com o exposto anteriormente, existe a certeza de que a
enfermagem é uma profissão complexa, revestida de atividades desgastantes e, se
não for convenientemente gerida, acabará por levar os profissionais a assumir
comportamentos de risco.Neste caso em concreto, toda a informação que os
enfermeiros possuem não leva a maioria a gerir a sua saúde da melhor forma.
Ainda que muitos tenham preocupações, existe um ou outro aspeto que os leva a
descurar a sua saúde, como se pode verificar no Quadro_3 (horários, carga de
trabalho, etc.).
A Enfermagem é uma profissão humanista mas desgastante e se os enfermeiros não
desenvolverem mecanismos de defesa compatíveis com as suas atividades ao longo
da sua vida profissional, tendem a desgastar-se física e psiquicamente. Este
facto é de enorme impacto nos cuidados que prestam aos doentes. Existem estudos
que referem que relações interpessoais insatisfatórias levam a relações
profissionais desgastantes e penosas. Existe também a informação de que há uma
correlação positiva entre a adoção de comportamentos assertivos e a realização
pessoal, assim como, uma correlação negativa entre comportamentos assertivos e
a dimensão despersonalização (Amaro e Jesus, 2007)
Os artigos encontrados sobre os enfermeiros e a sua relação com o síndrome de
Burnout são cada vez mais frequentes e envolvem um sentido de responsabilidade
conjunto em torno da profissão (Al-Turky, 2010; Loureiro et al. 2008; Garrosa
et al., 2010; Rudman e Gustavsson, 2010; Santos et al., 2008).Uma das
especialidades mais estudadas é a oncologia, onde se encontram estudos sobre os
fatores de stress como o de Rodrigues e Chaves (2008), estratégias de
intervenção e toda a interatividade subjacente à profissão (Potter et al.,
2010).
Num estudo realizado na China pelos autores Wu, Deng e Zhang (2011), a maioria
dos enfermeiros consegue identificar os fatores de risco cardiovascular, mas
menos de 58% conseguiram responder corretamente a perguntas sobre as
recomendações baseadas em evidência para a redução do risco da doença
cardiovascular. Os autores ainda referem que, nesta amostra, os participantes
não tinham conhecimento crítico para fornecer orientação a indivíduos com, ou
em risco, de doença cardiovascular.
Em relação a este estudo em particular, pode-se afirmar que os enfermeiros
inquiridos através das suas respostas, conseguem compreender o processo da
doença cardiovascular entre os fatores de risco, a especificação dos mesmos, a
reabilitação/adaptação do doente e o modo de processamento das intervenções. A
prevenção da doença e a educação para a saúde associa-se também a uma evolução
positiva do sistema de saúde, ou seja, a prevenção e a reabilitação
cardiovascular não é apenas do interesse do doente mas do interesse geral dado
o bem comum (Nunes, 2009).
Comparando o que os inquiridos fazem nas suas vidas pessoais versus o que
ensinam aos doentes, consegue-se entender as dificuldades de adoção de hábitos
de vida saudáveis.
Conclusão
A doença cardiovascular pode ser francamente debilitante pelo que é importante
auxiliar os doentes na eficácia do atendimento e da recuperação, e
posteriormente e na sua reabilitação social e profissional.
Neste estudo, tornou-se importante aferir e compreender características
relativas à equipa de enfermagem de um serviço de cardiologia e analisar o
comportamento profissional e pessoal face à doença cardiovascular. Saber se
aquilo que os enfermeiros ensinam aos seus doentes é o que habitualmente fazem
na sua vida quotidiana, para se compreender o tipo de comportamento que estes
profissionais assumem era um dos objetivos deste trabalho. Os enfermeiros são
um grupo profissional interdisciplinar que tem competência para prestar apoio
aos doentes no internamento e na comunidade. Consegue-se evidenciar que os
enfermeiros se sentem presentes como elementos multidisciplinares e prestam
cuidados sob o ponto de vista holístico, tendo em conta ações de educação para
a saúde, o que reflete o estado da arte nesta situação.
Os objetivos foram atingidos e a sua evidência é clara, pois consegue-se
entender que as doenças cardiovasculares têm um grande impacto a nível pessoal,
social e económico. Conhecer a doença cardiovascular e o seu processo
(etiologia, fatores de risco, estilos de vida associados e tratamentos) torna-
se essencial para o desenvolvimento de competências, no sentido de se
complementar todo o percurso de reintegração do doente. Os enfermeiros, apesar
de terem todo o conhecimento referido anteriormente, deveriam zelar pelo bem-
estar e pela promoção da sua saúde, o que nem sempre acontece, pois alguns
profissionais mantêm comportamentos de risco para as doenças cardiovasculares.
Pensamos que este estudo traz algumas reflexões sobre o desenvolvimento da
profissão na área da educação para a saúde com o doente mas, também, na
reflexão sobre os comportamentos dos enfermeiros face à sua saúde.
Ressalta a evidência científica demonstrada neste estudo de que a compreensão e
assertividade dos enfermeiros (tendo em conta a sua experiência profissional/
académica e as atividades que realizam diariamente aos doentes
cardiovasculares) são essenciais à promoção de cuidados de qualidade. Neste
desenvolvimento consegue-se entender que os enfermeiros têm um papel
preponderante nas suas vidas pessoais, nos seus pares e na forma como gerem a
sua profissão em geral.