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EuPTCVHe0874-02832012000200001

EuPTCVHe0874-02832012000200001

variedadeEu
Country of publicationPT
colégioLife Sciences
Great areaHealth Sciences
ISSN0874-0283
ano2012
Issue0002
Article number00001

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Acidentes de trabalho com exposição a material biológico entre os profissionais de Enfermagem

Introdução Os acidentes ocupacionais constituem um problema de saúde pública, pois representam uma preocupação constante das instituições e dos profissionais de saúde visto que o ambiente de trabalho propicia o surgimento desses eventos (Oliveira et al., 2009).

O risco para a ocorrência de acidentes durante o exercício das atividades do profissional muda de acordo com o processo de trabalho, as características específicas do atendimento, a infraestrutura e os recursos disponíveis (Oliveira e Gonçalves, 2010). Devido à elevada manipulação de materiais perfurocortantes, os acidentes ocupacionais são uma vivência comum entre os profissionais da equipe de Enfermagem durante a sua prática (Cardoso e Figueiredo, 2010), sendo uma das principais categorias sujeitas a exposições a material biológico (Pinheiro e Zeitoune, 2008).

Trabalhadores da área da saúde possuem um risco maior de adquirir infecções do que o resto da população em geral, entre as quais se destacam o vírus da hepatite B (HBV), o hepatite C (HVC) e do HIV (Monteiro, Benatti e Rodrigues, 2009; Manetti et al., 2007), as quais podem ser prevenidas imunologicamente com vacinas (hepatites) e com ações de educação em saúde (Simão et al., 2010).

Segundo os dados do Centers for Disease Control and Prevention (CDC), destaca- se um risco de contaminação de 0,3% para o HIV, 6% a 30% para o HBV e de 0,5% a 2% para o HCV nos 384.325 acidentes percutâneos envolvendo trabalhadores da saúde que ocorrem anualmente nos hospitais (Oliveira e Gonçalves, 2010).

Em uma assistência contínua, os profissionais de enfermagem desempenham o seu papel de cuidar durante vinte e quatro horas por dia, representando o maior grupo prestador de assistência ininterrupta ao paciente, sendo responsável por cerca de 60% da execução de procedimentos de saúde (Santos et al., 2008), estando constantemente em contato direto com o doente ao realizar diversas ações, entre as quais se incluem os procedimentos invasivos, principais fatores de risco para a ocorrência de um acidente ocupacional por necessitarem do manuseio de materiais biológicos (Oliveira et al., 2009).

As medidas de biossegurança trazem alternativas que previnem os profissionais da saúde dos possíveis riscos de exposição aos materiais biológicos, sendo definida como aplicação do conhecimento, técnica e equipamentos com o objetivo de prevenir a exposição do profissional, laboratório e ambiente a organismos potencialmente infecciosos (Mastroeni, 2006).

A notificação dos casos de acidentes de trabalho é essencial para que haja tomada de decisão e ações preventivas. Entretanto sabe-se que ainda existe um elevado índice de subnotificação, sendo, provavelmente, em decorrência da falta de informação quanto à necessidade ou mesmo devido ao receio por parte do acidentado, medo de ser demitido ou de ser alvo de críticas. Este também, geralmente, não está totalmente consciente dos riscos provenientes desses eventos e das doenças que podem trazer, considera muito distante de sua realidade, o que o leva a não notificar (Murofuse, Marziale e Gemelli, 2005).

Diante do exposto, o objetivo desse estudo procurou identificar os tipos de acidentes que envolveram material biológico, o perfil dos acidentados, o tipo de exposição e as circunstâncias em que ocorreram os acidentes com os trabalhadores de enfermagem em um hospital de doenças infectocontagiosas no Estado do Ceará/Brasil.

Método Trata-se de uma pesquisa de campo de caráter documental e retrospectivo com uma abordagem quantitativa realizada no Núcleo Hospitalar de Epidemiologia de um hospital referência em doenças infecciosas, localizado no município de Fortaleza-Ceará/Brasil. A população foi constituída de fichas de notificação de acidente de trabalho do referido hospital dos anos de 2005 a 2007. Após a avaliação das fichas, foi constituída a amostra com notificações registradas com os profissionais de enfermagem nas diversas categorias e com acidente com material biológico. A amostra foi composta por 777 fichas de profissionais de enfermagem, as quais foram vítimas de acidente ocupacional, que tiveram os acidentes registrados na ficha do Sistema de Informação de Agravos de Notificados (SINAN).

A coleta de dados ocorreu no primeiro semestre de 2008. Para isso, foram utilizadas as fichas de notificação do SINAN, sendo identificado o tipo de acidente, o tipo de exposição, as circunstâncias em que ocorreu o acidente, as causas e as providências realizadas. Para a análise e discussão dos resultados, os dados foram processados e tabulados no Excel e foi criado um banco de dados com a utilização do Programa Epi-Info. O estudo obedeceu às recomendações da Resolução 196/1996 do Conselho Nacional de Saúde que regulamenta a pesquisa com seres humanos no Brasil e teve aprovação do Comitê de ética da instituição com Protocolo 20/2008.

Resultados Em relação aos profissionais de enfermagem e à ocorrência dos acidentes, 57,5% eram auxiliares de enfermagem, seguindo de 20% de técnicos e 12,6% de enfermeiros. Em referência à variável sexo, 94,7% eram do sexo feminino. A maior parte (39,7%) situava-se entre a faixa etária de 19 a 30 anos, seguida de 25,3% na faixa etária de 31 a 40 anos, 17,3% na faixa etária de 41 a 50 anos e 5,4% na faixa acima de 50 anos. É importante destacar o alto índice (12%) apresentado no item "ignorado", onde se relaciona ao não- preenchimento ou elegibilidade.

Na tabela 1 destaca-se que 60,3% dos acidentados procuraram atendimento especializado no mesmo dia do ocorrido. Dos acidentes registrados, o percutâneo predominou com 88,0%. Desses, 87,3 % foram pelo contato com sangue e 70,1% foram ocasionados por agulha com lúmen, enquanto 10% por outros agentes, incluindo tampa plástica, respingos etc. Observando ainda a mesma tabela pode- se concluir que 8,2% dos campos relacionados ao material orgânico se encontravam não preenchido ou não legibilidade.

Tabela 1 ' Distribuição dos acidentes de trabalho com material biológico entre os profissionais de enfermagem, segundo o intervalo entre o acidente e o atendimento especializado, tipo de exposição, tipo de material orgânico e agente (2005-2007). Fortaleza/CE ' Brasil, 2010.

Foi observado que 13,7% dos acidentes ocorreram relacionados ao descarte inadequado de perfurocortantes na bancada, cama, chão, entre outros (tabela 2).

Um índice de 13,3% foi relacionado a glicemia capilar. Além deste, o re-encape de agulha (9,0%) também teve significativa presença. Uma porcentagem menor, mas ainda presente, foi observado durante o procedimento da administração de medicação endovenosa (EV) e intramuscular (IM), de 7,9% e 7,7%, respectivamente. A punção venosa/arterial não especificada (6,0%) e a manipulação de caixa com material perfurocortante (6,1%) foram observados.

Tabela 2 ' Distribuição dos acidentes de trabalho com material biológico entre os profissionais de enfermagem, segundo a circunstância do acidente (2005- 2007). Fortaleza/CE ' Brasil, 2010.

Quanto ao uso de Equipamentos de Proteção Individuais (EPI), no momento da exposição, 21,2% dos acidentados usavam luvas, enquanto 11,5% estavam de máscara, seguidos de 7,8% com uso de avental. Dentre todas as fichas avaliadas, 48,3% manteve os dados ignorados quanto à utilização ou não dos EPI durante o acidente ocupacional (tabela 2).

Quanto à situação vacinal do acidentado em relação à hepatite B, 64,7% estavam com o esquema vacinal completo no momento do acidente, entretanto, 27,6% se encontravam não vacinados ou com o esquema incompleto (menos de três doses).

Neste campo, tiveram-se 7,6% dos dados ignorados.

Entre os acidentes biológicos, foram identificados 575 pacientes que estavam envolvidos na ocorrência com testes sorológicos registrados no SINAN. A tabela 3 mostra que 17,3%, 10,9% e 17,4% não realizaram testes de HbsAg, Anti-HIV e Anti-HCV, respectivamente. Quanto à positividade dos testes foram encontrados 1,2%, 11,4% e 1,2% (HbsAg, Anti-HIV e Anti-HCV, respectivos).

Tabela 3 ' Distribuição dos acidentes de trabalho com material biológico entre os profissionais de enfermagem, segundo o resultado dos testes sorológicos do Paciente Fonte Conhecido ' (2005-2007). Fortaleza/CE ' Brasil, 2010.

Dentro das condutas oferecidas aos acidentados após a exposição ao material biológico, encontra-se o índice de 31,4% dos que não tiveram indicação de quimioprofilaxia. Quanto ao uso de método de prevenção de infecção pós- exposição, 26,3% fizeram uso da vacina contrahepatite B, 24,9% usaram a combinação de Zidovudina (AZT) mais Lamivudine (3TC) em profissionais atendidos, 14,1% usaram a Imunoglobulina humana contra a hepatite B (HBIG), 15,0% das fichas usadas não havia preenchido o registro das condutas pós- exposicional, 10% usaram outros esquema de Antirretroviral e 2,9% utilizaram combinação de AZT, 3TC e Nelfinavir.

Discussão Em relação aos profissionais de enfermagem, o elevado número de auxiliares de enfermagem acidentados é confirmado por estudos realizados (Oliveira, Lopes e Paiva, 2009; Murofuse, Marziale e Gemelli, 2005).

Essa categoria está em maior número nas instituições de saúde e tem, como característica profissional, a realização de grande quantidade de tarefas/ procedimentos e um maior e mais intenso contato com o paciente e, consequentemente, aos fluidos e secreções provenientes destes. Em um estado do sudeste brasileiro, um estudo mostrou as características dos acidentes e das exposições ocupacionais, onde a maioria ocorreu com trabalhadores do sexo feminino 78,9% (Oliveira, Lopes e Paiva, 2009). O tipo de exposição foi majoritariamente percutâneo, tendo como principal agente causador as agulhas com lúmen. O material orgânico da maioria das exposições foi o sangue (87,3%).

Verificou-se que a faixa etária predominante foi entre 19 a 30 anos na ocorrência dos acidentes, podendo este índice estar ligado ao tempo reduzido de exercício da profissão.

Estudos confirmam a alta incidência de acidentes perfurocortantes em que a maioria acontece durante o manuseio de agulhas (Focaccia e Veronesi, 2005), sendo esse instrumento responsável por 80% a 90% das transmissões de doenças infecciosas como hepatites B e C e o vírus HIV (Murofuse, Marziale e Gemelli, 2005). Nos Estados Unidos, existe um risco sugerido de 30 acidentes com agulha por cem leitos/ano (Melo et al., 2004). Diante disso, salienta-se o desenvolvimento de dispositivos agulhados com mecanismos de proteção, a fim de reduzir o elevado índice desses acidentes ocupacionais.

Entre os tipos de exposição, houve a predominância do percutâneo (88%). O sangue foi o principal material orgânico e a agulha com lúmen como o principal agente causador dos acidentes notificados. Esses índices confirmam a grande preocupação aos profissionais de saúde, os quais temem a aquisição de infecções (Tomazin e Benatti, 2001).

A alta prevalência dos acidentes relacionada ao descarte inadequado de perfurocortantes em locais indevidos ressalta a negligência ou o descuido quanto ao destino e armazenamento de agulhas e outros perfurocortantes.

Destaca-se ainda a importância do uso dos EPI (luvas, gorros, óculos, entre outros) durante a manipulação e descarte desses materiais visto que diminuem os riscos de exposição a sangue e aos fluidos corporais (Pinheiro e Zeitoune, 2008).

O teste de glicemia capilar esteve envolvido nos acidentes em 13,3%. Esse procedimento é considerado relativamente simples e, talvez por isso, não se priorize os cuidados necessários quanto ao uso de EPI. É correto afirmar que as precauções básicas são essenciais para a diminuição dos riscos ocupacionais, seja qual for a situação de assistência ao cliente (Colombrini et al., 2004).

Verificou-se no estudo que o re-encape de agulha se fez presente em número alto ainda, estando de acordo com o estudo feito por Simão et al. (2010) em que essa fonte de risco para acidentes ocupacionais também foi predominante, o que contribui para o alto índice de acidentes entre a equipe de enfermagem.

No Brasil, foram estabelecidas, pelo Ministério da Saúde, normas regulamentadoras que preconizam precauções padrão em diversas profissões. Essas normas enfatizam a obrigatoriedade de todas as empresas a fornecer aos trabalhadores, sem custos, EPI adequado ao risco, em bom estado de conservação e funcionamento (Mastroeni, 2006).

É importante que o profissional de enfermagem receba o atendimento necessário e as orientações devidas sobre as medidas preventivas, como vacinação para Hepatite B e uso de EPI, além de receber orientações também sobre os procedimentos após a exposição a material biológico, como a quimioprofilaxia para HIV e profilaxia para Hepatite B.

O risco de exposição ao HBV originado de uma única perfuração por agulha ou corte varia entre 6% a 30%, podendo atingir até 40% em exposição relacionada com o paciente-fonte que apresenta o antígeno de superfície HbsAg presente e quando nenhuma medida profilática é tomada. o risco de infecção por HCV é de aproximadamente 1,8%, enquanto que o risco do HIV varia de 0,1% na exposição de mucosas, como olhos, nariz ou boca, a 0,3% na exposição por perfuração ou corte (Manetti et al., 2007).

Mais da metade dos profissionais de enfermagem (64,7%) estava com esquema vacinal completo no momento do acidente. Entretanto, 27,6% dos acidentados estavam com esquema vacinal contra hepatite B incompleto ou não-realizado, sendo um índice elevado, frente ao conhecimento do risco de se contrair o vírus e da disponibilidade da vacina gratuitamente no país.

Um estudo realizado no estado brasileiro de São Paulo identificou que os trabalhadores de saúde acidentados tinham uma cobertura vacinal em torno de 72,8%. Os resultados mostraram o risco de adquirir a infecção pelo HBV, uma vez que 27,2% deles não tinham recebido o esquema vacinal completo contra a doença.

Apesar do conhecimento dos pacientes-fonte, o teste para o vírus da hepatite B não foi realizado ou não teve seu resultado conhecido em 78,9% dos casos, aumentando assim a vulnerabilidade dos trabalhadores acidentados (Oliveira, Lopes e Paiva, 2009).

Sabe-se que o cuidado imediato durante um acidente com exposição a material biológico consiste em lavar bem o local com água e sabão ou soro fisiológico 0,9% nas mucosas. Porém, dependendo da gravidade do acidente avaliada de acordo com critérios individuais, são necessárias condutas mais específicas e que requerem certos limites de tempo para seres executadas, e por isso é primordial a notificação imediata do acidente ao setor responsável (Focaccia e Veronesi, 2005). A maior parte dos acidentes foi notificada no mesmo dia do ocorrido, sendo ponto favorável para o início de condutas pós-exposição. Entretanto, um elevado número notificou o acidente apenas entre o terceiro e décimo dia, o que prejudica a eficácia ou a possibilidade de algumas condutas, como o uso de imunoglobulina específica para agentes virais.

A ocorrência da exposição ocupacional com presença de sangue ou fluidos corpóreos implica a necessidade de se avaliar os riscos de transmissão do vírus HIV, HBV e HCV, considerando o tipo de acidente sofrido e a toxicidade das medicações utilizadas na quimioprofilaxia (Murofuse, Marziale e Gemelli, 2005).

Os acidentes acontecem em situações em que as medidas preventivas nem sempre são atendidas, destaca a pesquisa realizada no estado brasileiro de São Paulo, tendo em vista que os pacientes-fonte são desconhecidos em 44,9% das ocorrências. O maior problema está relacionado ao descarte ou acondicionamento inadequado dos resíduos, sendo que os dados demonstram que a maioria (79,4%) dos acidentes foi causada por agulhas (Oliveira, Lopes e Paiva, 2009).

A identificação do estado sorológico do paciente-fonte é uma das medidas iniciais para condutas pós-exposição, servindo como base para indicação de quimioprofilaxia, profilaxia da hepatite B e para o acompanhamento sorológico do acidentado (Melo et al., 2004).

Dos exames solicitados ao paciente-fonte, o HBsAg esclarece que o paciente se encontra infectado, pois refere-se ao primeiro marcador que surge no processo de infecção e sua presença por tempo superior a seis meses é característica de hepatite B crónica. o marcador anti-HCV indica contato prévio com o vírus da hepatite C, não dizendo se existe infecção aguda, curada ou se houve cronificação da doença (Brasil, 2008). O anti-HIV pode detectar anticorpos, caracterizando a presença ou não do HIV. O grau de risco depende da intensidade, do tipo, da frequência e da carga viral do paciente-fonte, sendo preocupantes os índices encontrados nesse estudo com soropositividade do paciente-fonte em 11,4% (Focaccia e Veronesi, 2005).

Das doenças adquiridas através do acidente com material biológico contaminado, a hepatite B e C são as mais presentes, as quais podem ser transmitidas através de material biológico contaminado com o vírus e, frequentemente, estão envolvidas em acidentes percutâneos com agulhas (Souza, 2006). As recomendações estabelecidas pelo Centers for Disease Control and Prevention (CDC) preconizam que sempre que os profissionais da área da saúde forem expostos a sangue ou aos outros fluidos que tragam risco, deve-se considerar a possível contaminação por vírus HBV, HVC e HIV (Duncan e Schmidt, 2006).

A avaliação médica e os exames laboratoriais após o acidente devem ocorrer em todos os casos para proposição da conduta adequada quanto a quimioprofilaxia, vacinação e acompanhamento pelo profissional médico habilitado da instituição (Oliveira e Gonçalves, 2010). Dessa forma, é essencial a avaliação concreta do acidente ocupacional com exposição a material biológico, para que sejam tomadas medidas de prevenção.

Em relação às condutas oferecidas aos profissionais de enfermagem, destacou-se o uso da vacina contra hepatite B (26,3%), a quimioprofilaxia combinada de AZT + 3TC (20%) e a HBIG (14,1%), respectivamente, tendo a não-indicação quimioprofilática em 31,4% dos acidentes ocorridos.

Quando recomendada, a quimioprofilaxia para evitar a infecção pelo vírus HIV deve ser iniciada em até três dias após a exposição, o que favorece a eficácia da mesma. No caso de acidentes ocupacionais, o início imediato da quimioprofilaxia nas primeiras duas horas após a exposição reduz, em pelo menos 80%, o risco da aquisição à infecção ao HIV (Focaccia e Veronesi, 2005; Vieira e Padilha, 2008).

Uma das principais medidas de prevenção da hepatite B é a vacinação pré- exposição. Em caso de exposição ocupacional, pode-se obter uma eficácia de até 95% na profilaxia com o uso precoce da Gamaglobulina Hiperimune (HBIG), se aplicada no período preconizado de 24 a 48 horas após o acidente (Murofuse, Marziale e Gemelli, 2005; Melo et al., 2004).

Existe a necessidade de uma maior atenção por parte dos profissionais de enfermagem na execução de suas atividades. Orienta-se levar material adequado para descarte e não exceder o conteúdo da caixa de perfurocortante. Podemos minimizar os acidentes com exposição aos fluidos biológicos realizando ações com maior atenção, sendo necessário treinamento e sensibilização para práticas seguras, objetivando normatizar as condutas frente aos procedimentos de enfermagem (Balsamo e Felli, 2006).

Conclusão Esse estudo possibilitou identificar os acidentes ocupacionais ocorridos com os profissionais de enfermagem, correlacionando-os com o perfil epidemiológico do acidentado e do acidente, o qual ficou caracterizado por pessoas jovens, do sexo feminino, sendo a maioria auxiliares de enfermagem. O grau de instrução dos profissionais está relacionado diretamente com os acidentes com material biológico, onde quanto menor o grau de formação maior a ocorrência de acidentes. Embora estudos apontem que o tempo de experiência profissional não interfira nos acidentes de trabalho, em nosso estudo, os sujeitos mais jovens prevaleceram, o que indica um fator de risco.

Os acidentes ocorreram, principalmente, com exposição a sangue por agulha com lúmen e por lesão percutânea. Ainda foi possível verificar a circunstância em que mais ocorreram esses acidentes com destaque para o descarte inadequado de material perfurocortante. A educação continuada dos profissionais de enfermagem deve estar associada às circunstâncias do dia a dia desses profissionais, como atualização sobre mecanismo de proteção e sensibilização sobre os riscos na manipulação de dispositivos e seu descarte.

A população estudada necessita de uma maior sensibilização quanto às medidas preventivas e ao uso de EPI, embora saibamos que os profissionais de enfermagem conhecem algumas das medidas de biossegurança, porém não empregadas de forma sistemática e constante. Neste contexto, cabe aos serviços de saúde planejar e implementar orientações específicas para os profissionais de enfermagem a fim de adotarem comportamentos seguros.

O nosso estudo encontra limitações entre as informações decorrente do não- preenchimento ou falhas no registro das fichas dos acidentes ocupacionais. A subnotificação das informações retarda a real dimensão do problema destacado nesse estudo. Os dados referentes ao acompanhamento desses casos também são necessários para comprovação de uma realidade pouco conhecida, assim é necessário conhecer quantos profissionais de enfermagem se encontram contaminados após acidentes com material biológico. O desfecho das ações realizadas durante esse processo poderá ser objeto de estudo de outras pesquisas.


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