Inteligência emocional percebida (IEP) ajuste emocional e actividade física na
terceira idade
Inteligência emocional percebida (IEP) ajuste emocional e actividade física na
terceira idade
Maria Manuela Lima de Figueiredo Queirós
Agrupamento Vertical de Escolas de S. João da Madeira
Rua 5 de Outubro, n.º 204, 2.º esq. 3700-084 S. João da Madeira.
E-mail:manuchax@gmail.com
Introdução: O interesse deste estudo está centrado na forma como interage a
inteligência emocional percebida (IEP) com a prática da actividade física e que
peso específico tem cada uma das variáveis estudadas sobre o ajuste emocional
das pessoas nesta faixa etária e, consequentemente, na sua qualidade de vida.
Objectivos: o objectivo do presente estudo consistiu em analisar a incidência
que tem o conhecimento dos estados emocionais, avaliados através das
componentes da inteligência emocional percebida do TMMS sobre o ajuste
emocional dos idosos, praticantes de actividade física regular.
Metodologia: Para verificar as hipóteses formuladas recorremos a um desenho
correlacional no qual se incluiu uma variável de comparação intergrupo,
denominada prática de actividade física. Amostra:A amostra foi constituída
por 400 idosos com idades compreendidas entre os 65 e os 95 anos de idade, de
ambos os sexos, que foram divididos em dois grupos; grupo 1 e 2. O grupo 1 é
formado por praticantes de actividade física regular (desportistas), e
constituído por 192 idosos, sendo 98 do sexo masculino (média de idades = 70,63
anos; desvio-padrão de 5,76) e 94 do sexo feminino (média de idades = 70,64
anos; desvio-padrão = 5,51). O grupo 2 é formado por não praticantes de
actividade física (sedentários), composto por 208 idosos, sendo 99 do sexo
masculino (média de idades = 72,93 anos; desvio-padrão de 6,12) e 109 do sexo
feminino (média de idades = 73,05 anos; desvio-padrão = 6,92). Procedimentos:
1. Actividade Física: A medição dos níveis de actividade física concretizou-se
através do questionário de actividade física (AF), adaptado e validado por
Voorripset al., (1991) para pessoas idosas, saudáveis e independentes, a partir
do questionário desenhado por Baecke, et al. (1982). 2. Inteligência Emocional
Percebida:Para avaliar a inteligência emocional foi utilizado o questionário de
inteligência emocional intrapessoal, Trait Meta-Mood Scale (TMMS-24; Salovey et
al., 1995). 3.Depressão: Para avaliar a depressão utilizou-se o Beck Depression
Inventory (BDI; Beck, Rush, Shaw e Emery, 1979). 4. Saúde Mental: Para avaliar
a saúde mental utilizou-se o SM-5 que é uma escala reduzida de 5 itens, obtida
do questionário de Saúde SF-36 (Health Survey SF-36; Ware e Sherbourne, 1992).
5. Satisfação com a Vida: Para avaliar a satisfação com a vida foi utilizada a
Escala de Satisfação com a Vida (SWLS, Neto, 1992). 6. Estilo de Resposta:Para
avaliar os estilos de resposta, utilizamos o Questionário de Estilo de Resposta
- RTD (SRS Style Responses Scale; Nolen-Hoeksema scale about ruminative
styles.Nolen-Hoeksema e Morrow,1991).Estatística: O procedimento estatístico
utilizado incluiu a análise de medidas de tendência central e de dispersão, o
coeficiente de correlação de Pearson e o teste t para amostras independentes.
Resultados:a amostra escolhida mantém um equilíbrio entre o número de homens e
mulheres, 49% e 51% respectivamente. Os resultados do teste t para amostras
independentes, demonstraram que existem diferenças estatisticamente
significativas entre o grupo de idosos praticantes de actividade física regular
e os não praticantes e a variável inteligência emocional percebida. A prática
de actividade física regular provoca uma melhoria significativa nos indicadores
que definem a inteligência emocional percebida: atenção às emoções (t=3,217;
p<0,001), clareza de sentimentos (t=4,214; p<0,001) e reparação do estado
emocional (t=5,662; p<0,001). Nas medidas de ajuste emocional, os resultados
indicaram que existem diferenças estatisticamente significativas entre o grupo
de idosos praticantes de actividade física regular e os não praticantes nas
variáveis de depressão (t=-3,657; p<0,001) e estilo de resposta de
distracção (t=3,072; p<0,001).
Discussão:As conclusões deste estudo revelam que a participação dos idosos num
programa de exercício físico regular pode ser um factor protector contra a
deterioração de todos os factores da inteligência emocional percebida: atenção
às emoções; clareza de sentimentos e reparação do estado emocional e
constituir, de facto, uma resposta agradável de distracção dos seus sentimentos
depressivos, capaz de proporcionar um reforço positivo que, além de favorecer a
aparição de estados emocionais positivos, pode contribuir para um incremento no
bem-estar psicológico do indivíduo, contribuindo para a redução dos seus
estados depressivos, abrindo assim, perspectivas para uma intervenção eficaz
neste domínio.