Dois anos na vida de uma revista científica: Um olhar para o futuro
Dois anos na vida de uma revista científica: Um olhar para o futuro
Two years in a journal's life: Looking into the future
J. Vasconcelos-Raposo
Director da Revista Motricidade ' Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro
Com o presente número fechamos o primeiro ciclo de dois anos de gestão e
coordenação da revista e da equipa Motricidade. Chegamos aonde chegamos, porque
fomos um todo. Foram dois anos em que o esforço desta equipa se salda de forma
positiva em muitos aspectos. Em primeiro lugar, hoje somos mais próximos e mais
amigos uns dos outros. Depois, poderíamos elencar múltiplos aspectos, mas para
os propósitos deste editorial escolhemos destacar a internacionalização da
Motricidade e, por último, apontar um possível caminho, para um futuro
diferente.
Presentemente, menos de 18% dos nossos visitantes têm IPs de Portugal, sendo
cerca de 65% oriundos dos países da América do Sul e Espanha, onde, por razões
evidentes a maioria são do Brasil. Não podemos deixar de destacar o aumento
crescente das visitas e downloads que têm origem em países como Estados Unidos
de América, Reino Unido, Austrália, China, Alemanha, Irão, Dinamarca, Itália,
Montenegro, Taiwan, entre outros. Neste balanço que fazemos da recuperação da
Motricidade, realizada por esta equipa, constatamos que o número de países
representados nos IPs, registados pelos nossos serviços de apoio, ultrapassa as
quatro dezenas. Esta é uma constatação que nos obriga a repensar a dimensão da
revista e ter que, desde já, começar a delinear estratégias de acção que nos
possibilitem dar uma resposta mais adequada aos que nos procuram.
A dimensão da internacionalização não deve ser aferida apenas pelo número de
países que estão representados na recolha de estatísticas que fazemos. É da
maior importância termos a noção clara que um dos aspectos a ter em conta é a
presença da Revista Motricidade nas bibliografias de outras revistas. Ao
contrário de outros periódicos de referência, quem constrói o seu curriculum
publicando os seus trabalhos na Motricidade, não tem de ter um número mínimo de
citações da revista, para que os seus trabalhos sejam aceites. É gratificante
para esta equipa editorial, poder afirmar, categoricamente, a sua imunidade às
práticas de Gate Keeping.
Hoje, é mais difícil publicar na Motricidade do que quando esta se relançou em
2009. Temos um número mais acentuado de artigos por onde escolher. Mas este é
um facto que se apresenta com uma faca de dois gumes. Estamos satisfeitos por
ter maior escolha, mas concomitantemente este é um motivo de angústia, na
medida em que de alguma forma sentimo-nos a não satisfazer as eventuais
expectativas daqueles que desejam beneficiar do serviço que prestamos. Numa
análise simplista dir-se-ia que a solução é aumentar o número de artigos
publicados por volume, mas infelizmente a realidade é bem diferente e exige
outro tipo de soluções.
Quando olhamos ao caminho percorrido de Outubro de 2009 até ao mês de Setembro
de 2010, é surpreendentemente gratificante constatar o número de visitas que
nos fizeram, em média mais de 21 000 por mês, o que nos permite afirmar que
ultrapassamos, de forma clara, as 250 mil visitas por ano.
Na análise que fazemos, relativamente a um período de actividade, muitos são os
aspectos que podem ser referidos para aconchegar os nossos egos. Porém, de
acordo com a filosofia de trabalho que impera na equipa editorial da
Motricidade, o sucesso até agora conseguido é tão só a confirmação que o
trilho, colectivamente definido, está provavelmente correcto, e por isso carece
de reconfirmação, o que só será possível com a obtenção de sucesso nas
iniciativas que emergirem do alargamento das nossas actividades. Somar
visitantes, aumentar o número de submissões com qualidade é algo a continuar,
para que possamos garantir o progresso. Mas, enquanto equipa, desejamos mais do
que progresso, queremos ser bem sucedidos e por isso procuraremos ser criativos
e tomar as decisões que se nos apresentarem fundamentais para atingirmos novos
patamares. Esta é a altura de olharmos, criticamente, ao que foi feito e tomar
medidas para assegurar um melhor futuro. Assim, a quem nos ajudou a crescer,
estamos gratos, a quem andou à nossa boleia, abriremos a porta para
continuarem o seu caminho, mas sem a nossa companhia. Este é, também, o momento
para reconstruir o corpo editorial da revista procurando envolver novos
elementos e que tenham a ambição de ser agentes activos no engrandecimento da
comunidade científica, através da sua generosidade para com o outro, doando-
lhes algum do seu tempo. Isto é algo que é fácil fazer, pelos mais nobres
Homens e Mulheres da Ciência, mas difícil para aqueles que vêem na prática
científica pouco mais que um mero exercício de acumulação de linhas no seu CV,
mesmo que essas sejam o espelho de uma prática mecanizada e sem efectivamente
contribuir para o enriquecimento do conhecimento científico.
Porque a nossa equipa é constituída por Homens e Mulheres da Ciência, estamos
conscientes que a renovação de ideias se faz com novas pessoas e com elas virão
novos métodos. Porque nos percepcionamos como elementos activos de uma
comunidade científica, gostaríamos de receber contributos de todos aqueles que
desejem impor-se ao rigor e à disciplina necessárias para implementar projectos
que visem engrandecer a prática científica em geral, mas de uma forma
particular a disseminação do conhecimento, tal como ela toma forma no processo
editorial nas revistas científicas.
A todos os que nos confiaram os seus trabalhos, a equipa da Motricidade diz
OBRIGADO.