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EuPTCVHe1646-107X2012000200006

EuPTCVHe1646-107X2012000200006

variedadeEu
Country of publicationPT
colégioLife Sciences
Great areaHealth Sciences
ISSN1646-107X
ano2012
Issue0002
Article number00006

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Frequência cardíaca, perceção subjetiva de esforço e lactato sanguíneo nas aulas de jump fit e hidro jump

As estratégias utilizadas pelas academias para proporcionar aos seus alunos motivação e adesão verificam-se na variação das atividades físicas e no emprego de diferentes métodos de aulas. Estes visam atender os âmbitos das necessidades de seus praticantes, como por exemplo, a estética e a saúde (Mello, Boscolo, Esteves, & Tukik, 2005). Dos diferentes tipos de métodos de aula de atividades de academia da atualidade, dois dos mais recentes são o jump fit e o hidro jump.

O jump fit pratica-se em cima de um mini-trampolim no meio terrestre. Tem como objetivo a melhoria do condicionamento físico, proporcionando alterações fisiológicas, do tipo cardiovasculares e neuromusculares. Sua proposta possibilita incrementos em ambas as funções, através da estimulação das variáveis hemodinâmicas e metabólicas, por meio das ações musculares, de resistência e força, dos membros inferiores e abdómen (Alonso, Anjos, Leite, Gonçalves, & Padovani, 2005; Anjos, Leite, Alonso, Gonçalves, & Padovani, 2006; Freire & Novaes, 2005; Perantoni, Derez, Lauria, Lima, & Novaes, 2009; Smith, & Bishop, 1988). Por sua vez, o hidro jump é um método que tem os mesmos objetivos e proposta metodológica do jump fit, porém com algumas modificações nos exercícios, devido à adaptação ao meio aquático (Anjos et al., 2006; Anjos, Leite, Alonso, Gonçalves, & Padovani, 2007).

A prática de uma mesma metodologia de treino dentro e fora da água pode ter efeitos agudos e crónicos distintos. No meio aquático, os indicadores fisiológicos têm sido estudados (Graef & Kruel, 2006). Entretanto, ao se fazer a comparação com o meio terrestre verifica-se que uma mesma atividade apresenta respostas diferenciadas (Svedenhag, & Seger, 1992). Isto pode acontecer em virtude das propriedades físicas do meio líquido e terrestre se comportarem de forma diferente, tendo respostas fisiológicas, metabólicas e biomecânicas distintas dos indivíduos durante os exercícios (Kruel, 2000). A imersão, a temperatura da água e as diferentes posições corporais adotadas podem afetar o comportamento dos indicadores de intensidade do esforço durante a execução dos exercícios (Kruel, Tartaruga, Dias, Silva, Picanço, & Rangel, 2005) ou mesmo durante a sua recuperação (Di Masi, Vale, Dantas, Barreto, Novaes, & Reis, 2007).

Segundo Furtado, Simão e Lemos (2004), e Vendrusculo, Tartaruga, Coertjens, Pantoja, Petkowicz e Kruel (2004), a frequência cardíaca, a perceção subjetiva do esforço e a concentração de lactato são indicadores fisiológicos que podem ser utilizados como marcadores das alterações orgânicas sofridas pelo corpo, devido a este ter sido submetido ao stress e ao esforço, durante a prática do jump. Os estudos de Furtado et al. (2004) e Anjos et al. (2006) verificaram as respostas fisiológicas durante a prática do jump fit, resultando numa melhoria na capacidade cardiorrespiratória. Outros estudos confirmaram a hipótese de que uma sessão de jump pode influenciar negativamente o desempenho de um exercício de força (Lemos, Simão, Miranda, & Novaes, 2007) ou de uma sequência de exercícios de força (Lemos, Simão, Miranda, & Novaes, 2008). Algumas pesquisas observaram que a prática do hidro jump também aumenta a capacidade cardiorrespiratória (Anjos et al., 2006) e promovia alterações das variáveis neuromusculares (Anjos et al., 2006; Alonso et al., 2007). Entretanto, revendo a literatura, verificou-se a ausência de estudos que fizessem a comparação dos indicadores fisiológico (LA) e psicofisiológico (PSE) entre as atividades de jump dentro e fora da água.

Assim sendo, este estudo teve como objetivo comparar os efeitos agudos da prática do jump na frequência cardíaca (FC), nos níveis de lactato sanguíneo (LA) e na perceção subjetiva de esforço (PSE) num protocolo de aula igual tanto para meio aquático, como para meio terrestre.

MÉTODO Amostra A amostra não probabilística foi composta por 8 indivíduos do sexo feminino com valores médios de 43.5 ± 5.2 anos, 160.0 ± 4.68 cm, 58.93 ± 4.15 kg e 25.69 ± 4.40 %MG, para a idade, estatura, massa corporal e percentagem de massa gorda estimada respetivamente, sendo todas saudáveis, fisicamente ativas e praticantes de jump fit. Para a seleção dos sujeitos respeitaram-se os seguintes critérios de exclusão: a) sujeitos com menos de seis meses de prática de jump fit ou com frequência mínima de três vezes por semana; b) faixa etária inferior a 40 anos e superior a 50 anos de idade; c) questionário de PAR- Q positivo. Todas foram voluntárias para participar na pesquisa e assinaram o termo de consentimento livre e esclarecido de acordo com a lei 196/96 do Conselho Nacional de Saúde. O presente estudo atendeu às normas para a realização de pesquisas com seres humanos e foi submetido e aprovado pelo Comité de Ética em Pesquisa da Universidade Castelo Branco, Rio de Janeiro, Brasil (protocolo número 056/2008).

Instrumentos e Procedimentos Os procedimentos para a realização do estudo envolveram três dias de avaliações que consistiram na recolha de dados, existindo um intervalo de 48 horas entre as mesmas. Na primeira avaliação, foi realizada uma anamnese, aplicado o questionário Par-Q e realizadas as medidas de massa corporal e estatura, através de uma balança de resolução de 0.1 kg com estadiómetro (Filizola, Brasil). Foi calculada a percentagem de massa gorda estimada através do protocolo de 3 pregas de acordo com Jackson e Pollock (1978). De seguida, as voluntárias foram submetidas a uma familiarização e treino dos protocolos de aula de jump fit e hidro jump com a utilização da Escala de Perceção Subjetiva de Esforço de Borg (1982). Os sujeitos foram aconselhados a não praticar exercícios físicos durante 48 horas antes da realização dos protocolos de intervenção do segundo e terceiro momentos de avaliação.

Nestas visitas os indivíduos foram submetidos a uma sessão de aula de hidro jump e outra de jump fit, com entrada aleatória e contrabalançada e com um intervalo de 48 horas entre as mesmas. A variável FC foi aferida a cada 2 minutos juntamente com a PSE. O LA foi recolhido a cada 20 minutos. Foram utilizados os minitrampolins (Physicus, Brasil) durante as aulas no solo e na água. Na sessão de jump fit a temperatura ambiente ficou entre 22°C e 24°C com humidade relativa do ar de 50%. A sessão de aula de hidro jump foi feita em piscina aquecida com profundidade de 1.10 m e temperatura da água de 28°C.

Para as análises de sangue os dados foram recolhidos em repouso, 20 minutos e 40 minutos após iniciadas as sessões de treino, do lóbulo do dedo que era aquecido em água com temperaturas entre os 41°C e 43°C durante 1 a 2 minutos (Pöyhönen, Spilã, Keskinen, Hautala, Savolainene, & Malkia, 2002), sendo recolhidos 25 μl de sangue arterializado, através de capilares de vidro heparinizados e calibrados. O sangue recolhido foi depositado em tubos de 1.5 mL para microcentrifugas, contendo 50 μl de fluoreto de sódio (NaF ' 1%), para desta forma se obter a concentração de lactato sanguíneo (mM) em lactímetro Eletroquímico Yellow Spings Instruments (YSI) modelo 1500 Sport (Roseguini, Silva, & Gobatto, 2008).

As avaliações da FC durante os protocolos de intervenção foram realizadas de forma contínua e no repouso foram realizadas no meio terrestre e aquático, através de um frequencímetro da marca Polar (Modelo A1, Finlândia).

Os sujeitos permaneceram sentados, numa sala isolada, no máximo repouso possível durante 10 minutos. Logo após, foi feita a recolha com os sujeitos em no solo, por dois minutos, e em em imersão até à profundidade do apêndice xifóide, também por dois minutos (Freire & Novaes, 2005).

O protocolo de intervenção utilizado foi o mesmo protocolo nas aulas de jump no solo e na água, com duração de 40 minutos. A aula foi composta do ao minuto pelo aquecimento; do ao 35° minuto pela parte principal, utilizando- se 140b pm de estímulo musical; e do 35° ao 40 ° minuto pelo retorno à calma.

Os exercícios executados em cada fase podem ser observados na Tabela 1.

Tabela 1 Descrição do protocolo de aula de jump com as fases, o tempo de duração, os movimentos executados e os materiais utilizados

Análise Estatística O tratamento estatístico dos dados foi realizado através do programa SPSS 14.0 e estes foram apresentados com média e desvio padrão. O teste de Shapiro-Wilk foi usado para verificar a homogeneidade da amostra e o teste de Levene foi aplicado para analisar a homogeneidade de variância. A análise de variância (ANOVA one-way), seguida do Post Hoc de Tukey, foi utilizada para comparar as diferenças de médias por estágio entre as aulas de jump fit e hidro jump nas variáveis de FC e LA. O teste de Friedman, seguido do teste Wilcoxon, foi utilizado para comparar diferenças entre as médias da PSE. O estudo admitiu um nível de p < .05 para a significância estatística.

RESULTADOS As figuras a seguir apresentam a relação entre as cinco fases específicas, durante as aulas de jump fit e hidro jump, com as variáveis dependentes que foram medidas.

Na Figura 1, observa-se que não houve diferenças significativas nos valores das médias da FC entre as fases dos protocolos das aulas de hidro jump e jump fit (p < .05). Pode observar-se que os maiores valores de FC ocorreram na fase 2 e 5 para o jump e na fase 2 para o hidro jump.

Figura 1. Comparação da frequência cardíaca do hidro jump vs jump fit

Na Figura 2, à medida que a atividade aumentava, o tempo de duração em resposta tinha uma PSE mais elevada. Comparando os métodos, para os valores médios da PSE, verifica-se que não houve diferenças significativas entre as fases dos protocolos das aulas de hidro jump e jump fit (p < .05). Entretanto, em todas as fases a PSE apresentou maiores pontuações no protocolo de aula de hidro jump.

Figura 2. Comparação da percepção subjetiva do esforço do hidro jump vs jump fit

Na Figura 3, verifica-se que não houve diferenças significativas nos valores das médias do LA entre os distintos tempos recolhidos do protocolo de hidro jump quando comparados com os valores do protocolo de jump fit. Entretanto, as diferenças significativas intra-grupos ocorreram quando foram comparados os tempos de 20 e 40 min com a medida realizada em repouso.

Figura 3. Comparação na concentração plasmática do lactato inter-grupo e intra- grupo do hidro jump vs jump fit, ao longo do tempo de aula

DISCUSSÃO O objetivo deste estudo foi comparar os efeitos agudos da prática do jump na frequência cardíaca (FC), nos níveis de lactato sanguíneo (LA) e na perceção subjetiva de esforço (PSE) num mesmo protocolo de aula em meio aquático e terrestre. Os resultados demonstraram não haver diferenças significativas para as variáveis investigadas, entre os métodos jump fit e hidro jump. Entretanto, os dois métodos apresentaram um comportamento de stress cardíaco de acordo com as linhas orientadoras propostas pelo ACSM (American College of Sports Medicine, 2006).

Furtado et al. (2004) verificaram o efeito agudo das variáveis frequência cardíaca (FC), consumo de oxigénio (VO2), produção de dióxido de carbono (VCO2), razão de troca respiratória (R), equivalente metabólico (MET) e gasto energético, durante uma aula de jump fit, em 10 mulheres praticantes dessa atividade. A avaliação espirométrica das diversas etapas da aula indicou os seguintes resultados médios: FC de 16.3 ± 8.9 bpm, VO 2 de 1.59L.min-1 ± 0.45, R de 0.87 ± 0.10 e gasto energético total 386.4 ± 13.8 kcal. A intensidade média da aula de jump fit correspondeu a 75 ± 7.7 % do pico de VO2. Os valores médios percentuais encontrados foram para a FC de 87.1 % e para o VO 2 de 81.2%). Num outro estudo, Groosl, Guglielmo, e Carminatti (2008) determinaram a intensidade da aula de power jump por meio da FC. Além do teste incremental, a amostra teve a FC monitorada em dois diferentes protocolos de aulas de jump. Os resultados da FC obtidos durante os dois protocolos, relacionando com a FCmáx, identificou um valor percentual de 82.8 ± 6.0 % e 80.0 ± 5.0 %, respetivamente.

Mais recentemente, Perantoni et al. (2009) desenvolveram uma investigação que teve como objetivo verificar a intensidade de uma sessão de jump, realizada com uma cadência musical de 135 batidas por minuto (bpm) acompanhada de uma coreografia somente de membros inferiores. A amostra foi constituída por 11 mulheres saudáveis praticantes da modalidade jump. As voluntárias foram submetidas a um teste no minitrampolim para verificar o consumo de oxigénio (VO2) e a frequência cardíaca (FC) durante a realização de uma coreografia com 10 minutos. Encontrou-se um percentual médio para a FC de 81% e para o VO2 de 64%. Os resultados de todas as pesquisas apresentadas anteriormente demonstraram ser similares aos resultados do presente estudo, visto que as respostas de FC mantiveram-se elevadas, acima dos 80% da FCmáx predito pela idade (American College of Sports Medicine, 2006).

Leite, Alonso, Anjos, Gonçalves e Padovani (2006) verificaram o impacto de 16 semanas de treino de hidro jump no comportamento das variáveis da aptidão física, em mulheres sedentárias. A amostra foi composta por 20 mulheres sedentárias, com idades entre os 20 e os 35 anos. O treino foi composto por três sessões semanais de 45 minutos com o mini-trampolim na água. Os resultados indicaram aumentos significativos da resistência muscular de membros inferiores e superiores, da frequência cardíaca pós-exercício e do consumo máximo de oxigênio. Sendo assim, um treino com minitrampolim na água é eficaz para incremento crónico de algumas capacidades físicas relacionadas com indicadores de saúde.

Os resultados do presente estudo (referentes aos valores de frequência cardíaca) demonstraram um stress agudo favorável das variáveis fisiológicas no jump em meio aquático e terrestre, o que é corroborado com os resultados da pesquisa anterior. Neste âmbito, Caromano, Themudo Filho, e Candeloro, (2003) advertem que um treino sistematizado, dentro dos padrões determinados pelos consensos da Revista Brasileira de Medicina do Esporte, (2001) e do ACSM (2006), executado por um indivíduo em imersão no meio líquido, pode levar o organismo a novas adaptações cardio-vasculares. Isto poderá acontecer em virtude de uma série de modificações fisiológicas no fluxo de sangue, na termorregulação, no metabolismo, no sistema nervoso, na composição sanguínea, na secreção das glândulas e nos aspetos psicofisiológicos.

Anjos et al. (2006) compararam o efeito do treino de um jump em solo e em meio aquático durante 16 semanas nas dimensões morfológicas (índice de hidro jumpmassa corporal - IMC, relação cintura-quadril - RCQ) e na capacidade cardio-respiratória (VO2máx) de 46 mulheres sedentárias, entre os 20 e os 35 anos. Os resultados indicaram uma manutenção da massa corporal e a redução não significativa do IMC em ambos os grupos. Porém, houve uma redução dos valores da RCQ apenas para o grupo de hidro jump, com um incremento da capacidade cardiorrespiratória de 22% para a atividade de solo e de 9% para a aquática.

Apesar de terem ocorrido melhorias na capacidade aeróbia nas duas propostas, esta foi maior no exercício em solo, enquanto no se notou uma maior influência sobre as outras variáveis morfológicas do estudo. Isto aconteceu, provavelmente, em virtude do tipo de exigência imposta pelos dois protocolos.

Entretanto, quando se observam os valores da média da FC de recuperação, no início e no final da intervenção, do estudo acima descrito, os valores foram significativamente maiores no meio aquático, quando comparados com os do meio terrestre.

No estudo de Ferreira, Brasil, Barreto, Dos Santos, Vale e Novaes, (2005), as médias dos valores da FC na sessão de ciclismo indoor também foram superiores do que as do ciclismo aquático. No nosso estudo, apesar de ter sido realizado com o minitrampolim, o mesmo comportamento fisiológico aconteceu apenas na fase 2. Ou seja, a FC no meio terrestre esteve mais elevada do que no meio aquático.

Isto contrariou a hipótese inicial do nosso estudo, uma vez que se esperava que durante a comparação da atividade jump, dentro e fora da água, a FC fosse menor no meio líquido, que a pressão hidrostática e a flutuação do corpo, dada pela força de impulsão da água, auxiliam o deslocamento sanguíneo para a região central do corpo, aumentando o volume sistólico e diminuindo a FC. Um dos estudos que sustentou a nossa hipótese foi o de Graef e Kruel (2006), que numa revisão sobre o comportamento da FC e da PSE nos meios aquático e terrestre, sugerem haver uma tendência para maiores diferenças entre estas quando os indivíduos se aproximam do esforço máximo, apresentando uma redução da FC em ambiente aquático.

Rennie, Di Prampero e Cerretelli (1991), corroborando com os dados da presente pesquisa, não revelaram alterações significativas na FC para exercícios intensos, em temperaturas de água abaixo de 34°C. No entanto, Kruel (2000) comparou a FC durante a execução de exercícios típicos de hidroginástica realizados dentro e fora do ambiente aquático. Os resultados indicaram uma redução média de 25 bpm (p < .05), durante a realização de exercícios na água com intensidade moderada, para mulheres praticantes de hidroginástica pelo menos seis meses. Entretanto, no nosso estudo, a amostra era constituída por praticantes de actividade terrestre de jump fit sem experiência no hidro jump.

Sabe-se que a falta de um período de adaptação ao meio líquido pode influenciar as respostas hemodinâmicas (Leite et al., 2006). Este facto, e o tamanho reduzido da amostra, podem ser assumidos como uma limitação do nosso estudo.

Em relação à PSE, no nosso estudo, quando comparados os valores médios dos dois métodos, verificou-se que não houve diferenças significativas entre as fases dos protocolos das aulas dentro e fora da água. Entretanto, em todas as fases, a PSE apresentou maiores pontuações no protocolo de aula de hidro jump. Estes resultados estão de acordo com a revisão de Graef e Kruel (2006), que advertem que a sensação de cansaço percebida pelo praticante, numa atividade realizada no meio aquático, é sempre maior que no meio terrestre. Contudo, parece não haver um consenso na literatura a respeito da relação entre FC e PSE no meio aquático, apontando para a realização de novas investigações neste âmbito.

Perantoni et al. (2009) verificaram que a PSE média de uma sessão de jump training foi de 12.4 ± 2.3, a partir da escala de percepção de esforço de Borg.

Estes resultados são semelhantes aos encontrados na presente pesquisa onde a PSE média da aula de jump fit variou entre o nível de intensidade 11 da escala de Borg, na fase 1 da aula, e o nível 13, na fase 5. Lazzari e Meyer (1997), compararam as respostas da PSE durante a caminhada na água, com a água pela cintura, com a caminhada na passadeira a uma mesma velocidade, com intensidade submáxima. Os valores da PSE recolhidos na caminhada aquática foram significativamente maiores quando comparados com os valores da caminhada na passadeira. Estes resultados corroboram os nossos e a nossa hipótese em relação à PSE. Esta diferença, em ambos os ambientes, era esperada em virtude da utilização da mesma velocidade para os movimentos no minitrampolim, controlada pelo ritmo musical (140 bpm). Sabe-se que o meio aquático apresenta maior resistência ao deslocamento do corpo causando um maior gasto energético e trabalho muscular (Graef & Kruel, 2006).

O estudo de Ferreira et al. (2005) também comparou a variável PSE nas fases do protocolo de aula de ciclismo indoor e aquático. Os resultados apresentaram valores semelhantes aos do presente estudo. Ou seja, um aumento da sensação de esforço a cada fase em ambos os protocolos. Este facto ocorre principalmente por o volume ser uma variável capaz de exercer um elevado desgaste em diferentes sessões de treino (Bassini-Cameron, Monteiro, Gomes, Werneck-de- Castro, & Cameron, 2008). Ainda no estudo de Ferreira et al. (2005), os indivíduos apresentaram valores maiores da PSE no ciclismo aquático, nas várias fases da parte principal da aula, quando comparado com o terrestre, porém apresentando diferenças significativas (p < .05) apenas na fase 2. Esta situação ocorreu possivelmente pela maior fadiga periférica proporcionada pelo meio aquático que pode levar o indivíduo a uma maior sensação de esforço, independentemente do tipo de exercícios executado, corroborando desta forma os resultados do nosso estudo com os do estudo de Di Masi et al. (2007).

O valor médio da variável LA foi maior na sessão de hidro jump em todos os tempos de verificação, embora estas diferenças não se tenham verificado estatisticamente significativas. Este facto ocorreu também no estudo de Ferreira et al. (2005), quando foi comparada a concentração do lactato sanguíneo entre um protocolo de aula de spinning dentro e fora de água. Os resultados indicaram pouca variação das respostas do lactato em meio aquático e terrestre (p > .05), indo de encontro aos resultados obtidos por Di Masi et al.

(2007), os quais analisaram a concentração de lactato durante a recuperação nos dois meios. Tanto num protocolo de esforço, como num protocolo de recuperação, a pequena alteração de lactato, verificada entre os dois diferentes meios, aponta para um índice mais elevado em meio aquático. Esta situação acontece, possivelmente pelo aumento da fadiga periférica do indivíduo que resulta de uma maior resistência oferecida pela água para a realização do movimento.

As diferenças significativas encontradas no 20° e no 40° minutos da aula, quando comparados ao repouso, nos meios aquático e terrestre, são decorrentes de um mecanismo que é proposto como uma forma de alimentação das exigências energéticas dos diferentes métodos de exercício físico (Bassini-Cameron et al., 2008; Di Masi et al., 2007). Pode notar-se que a concentração de lactato no 20° minuto foi de 5 mM/L para ambos os métodos e no 40° minuto a média dos dois métodos foi de 4.3 mM/L. Tais respostas metabólicas demonstram que o método jump não é excessivo nem dentro nem fora da água, pois as intensidades de trabalho correspondem a valores ligeiramente acima ou abaixo do limiar anaeróbio. Esta forma de treino que propõe um estímulo contínuo resulta num aumento do condicionamento físico e desta forma, pode proporcionar benefícios à saúde (Mello, Boscolo, Esteves, & Tukik, 2005; Okano et al., 2006; Pinto, Alberton, Figueiredo, Tiggemann, & Kruel, 2008).

CONCLUSÕES A partir dos resultados encontrados e assumindo a limitação de uma amostra reduzida, o presente estudo revelou não haver diferenças significativas entre as variáveis FC, a PSE e o LA durante os protocolos de aulas de jump no meio aquático e terrestre. Como aplicação prática pode-se sugerir estas actividades para indivíduos que pretendem obter melhorias do condicionamento físico geral, podendo utilizar-se o exercício dentro e fora de água.


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