Prevalência e fatores sociodemográficos e ambientais associados à atividade
física no tempo livre e no deslocamento em adultos
INTRODUÇÃO
A atividade física (AF), definida como a participação em atividades de práticas
corporais na vida diária das pessoas, é considerada qualquer movimento corporal
que resulte em gasto energético acima dos níveis de repouso (Caspersen, Powell
& Christenson, 1985). A AF que têm componentes e determinantes de ordem
biopsicossocial, cultural e comportamental é composta pelos domínios do tempo
livre, deslocamento, trabalho e atividades domésticas.
Diversos estudos têm demonstrado que a AF, principalmente, nos domínios do
tempo livre (AFTL) e deslocamento (AFDL) pode ser fator de prevenção para
vários agravos metabólicos e cardiovasculares (Pitanga, Lessa, Oliveira,
Pitanga & Costa, 2010; Sofi et al., 2007). Desta forma, torna-se necessário
conhecer a prevalência e os principais fatores associados à AFTL e AFDL para
que políticas públicas de incentivo à prática de AF possam ser implementadas.
Diferentes autores têm observado que fatores sociodemográficos e ambientais
podem estar associados à AF (Ahmed et al., 2005; Marquez, Neighbors &
Bustamante, 2010; Marshall et al., 2007) Em relação aos fatores
sociodemográficos destacam-se a escolaridade, o estado civil, o sexo, a idade e
a classe social (Pitanga & Lessa, 2005). Por outro lado, em relação aos
fatores ambientais podemos citar o projeto urbanístico do bairro adaptado para
caminhadas e atividades de lazer (Bauman et al, 2012). No entanto, variáveis
que representem a falta de segurança pública e existência de espaços públicos
para prática de atividades físicas próximos a residência tem sido pouco
exploradas como possíveis determinantes da AF.
Em recente trabalho realizado com população de etnia negra da cidade de
Salvador-Bahia observou-se que a perceção de policiamento e segurança no bairro
não foram associadas à AFTL e AFDL, mesmo após ajustamento para variáveis
sociodemográficas (Pitanga et al., 2012). Desta forma, são necessários estudos
que analisem estas variáveis como possíveis fatores associados à AF em outras
populações, já que a comunidade de etnia negra em Salvador-Bahia, Brasil tem
nível socioeconómico muito baixo, facto que pode ter influenciado para que a
segurança no bairro não apresentasse associação com AF.
O conhecimento de dados sobre AFTL e AFDL e os fatores associados é muito
importante para a saúde pública, porque pode servir de base para o
gerenciamento de atividades de incentivo à prática de atividades físicas em
subgrupos populacionais mais afetados por este tipo de comportamento,
A criação de modelo explicativo para identificar o comportamento da atividade
física em adultos, por meio de determinantes sociodemográficos e ambientais
pode ser de grande importância para fornecer subsídios aos gestores de saúde
pública para que os mesmos implementem políticas públicas de promoção de
atividades físicas, já que a mesma pode ser utilizada como um dos meios de
prevenção dos diversos agravos metabólicos e cardiovasculares e
consequentemente de gastos excessivos para o sistema de saúde.
Assim, este estudo teve como objetivo verificar a prevalência e fatores
associados a AFTL e AFDL em adultos.
MÉTODO
Trata-se de estudo de corte transversal realizado no município baiano de
Alagoinhas, localizado na região leste da Bahia, Brasil. Sua área é de 734 km²
e sua população em 2007 era de 138366 habitantes apresentando uma densidade
demográfica de 188.50 hab/km². O município de Alagoinhas possuía IDH de 0.729,
o 10º no estado da Bahia, PIB per capita de R$ 9420 para uma população estimada
de 139800. (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística [IBGE], 2009).
Participantes
O cálculo da amostra foi baseado em Kisch (1965) levando-se em consideração os
seguintes parâmetros: tamanho da população de 138366 habitantes, DATASUS
(2005), prevalência de inatividade física de 50% tomando como base estudo
realizado por Matsudo et al. (2002) no estado de São Paulo, Brasil, nível de
confiança de 95%, erro de 5 pontos percentuais. Foi calculado um n mínimo de
430 pessoas. Considerando a possibilidade de perdas e recusas foram programadas
496 entrevistas.
A amostra foi probabilística por conglomerados, definida em três estágios.
Inicialmente foram sorteadas 31 ruas estratificadas em três níveis
socioeconômicos, informados pela Secretaria de Ação Social da Prefeitura da
cidade de Alagoinhas, sendo 10 ruas pertencentes à Classe A, 11 à Classe B e 10
à Classe C; em seguida foram sorteadas 10 (dez) residências de cada uma das
ruas, totalizando 310 residências. O intervalo entre as casas variou de acordo
com a quantidade de domicílios encontrados em cada rua. Em cada residência
visitada foram sorteados dois indivíduos adultos (um homem e uma mulher),
respeitando a proporcionalidade da distribuição dos sexos na população.
Desta forma considerando recusa de 12.9% (66), a amostra ficou constituída de
460 indivíduos sendo 160 homens (34.8%) com uma idade média de 42.7 ± 15.6 anos
e 300 mulheres (65.2%) com uma idade média de 41.2 ± 14.3 anos.
O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética da Faculdade Adventista de
Fisioterapia (FAFIS) localizada na cidade de Cachoeira, Bahia, Brasil, conforme
parecer nº. 0033/2007. Todos os participantes da pesquisa assinaram termo de
participação livre e esclarecido e foram entrevistados em domicílio.
Coleta de dados
A coleta de dados aconteceu de março de 2009 a abril de 2010. Sete avaliadores
foram devidamente preparados e treinados para todas as etapas do trabalho. O
índice de confiabilidade interavaliadores foi testado para aplicação do IPAQ
por meio do coeficiente Kappa, o qual apresentou bom índice de concordância
(0.61) (Perini, Oliveira, Ornellas & Oliveira, 2005). O erro técnico de
medidas para o peso e a estatura foi considerado baixo (1.2%) (Norton &
Olds, 2000).
Os dados sociodemográficos e as variáveis relacionadas à saúde foram coletadas
por meio de questionários.
Variáveis do estudo
As variáveis dependentes investigadas neste estudo foram: atividade física no
tempo livre (AFTL) e atividade física no deslocamento (AFDL). As variáveis
sociodemográficas analisadas foram: sexo, idade, escolaridade, nível
socioeconômico (NSE), estado civil, possibilidade de utilização de espaço
público para prática de atividade física, existência de espaço público próximo
à residência para prática de atividade física, perceção de insegurança/
violência no bairro e falta de segurança durante a prática da atividade física.
Para identificar a AFTL e AFDL foi utilizado o International Physical Activity
Questionnaire (IPAQ) versão longa, constituído de questões relativas à
frequência e duração de atividades físicas (caminhada, moderada e vigorosa)
desenvolvidas no trabalho, no deslocamento, nas atividades domésticas e no
tempo livre (Matsudo et al., 2001). Os valores da AFTL e AFDL foram relatados
em minutos/semana por meio da multiplicação da frequência semanal pela duração
de cada uma das atividades realizadas. Na sequência foram categorizados em 0 =
inativos fisicamente (< 150 minutos por semana em atividades físicas moderadas
ou caminhada e/ou < 60 minutos por semana em atividades físicas vigorosas); 1 =
ativos fisicamente (< 150 minutos por semana em atividades físicas moderadas ou
caminhada e/ou < 60 minutos por semana em atividades físicas vigorosas). Para a
escolaridade, foram estabelecidos três estratos: 0 = baixo (analfabetos até 5ª
série fundamental); 1 = médio (fundamental completo); 2 = alto (ensino médio
completo, incluindo cursos técnicos profissionalizantes completos e nível
superior completo ou incompleto). Para classe social foi usada a metodologia da
Associação Brasileira de Pesquisa de Mercado (ABPEME-IBGE), cuja classificação
vai de A a E. Neste estudo foi categorizada e codificada como: baixa = 0
(classes D + E); média = 1 (classe C) e alta = 2 (classes B + A). Para o estado
civil adotou-se a seguinte classificação: 0 = casado(a), 1 = solteiro(a) ou em
união estável, 3 = separado(a) ou divorciado e viúvo(a). Para idade adotou-se o
seguinte classificação: idade = 0 se < 40 anos, idade = 1 se entre 40 e 59 anos
e idade = 2 se ≥ 60 anos. A possibilidade de utilização de espaço público para
prática de AF foi classificada de acordo com o seguinte critério: 0 = não e 1 =
sim. A existência de espaço público próximo à residência para prática de AF
também foi classificada de acordo com o seguinte critério: 0 = não e 1 = sim.
Para a perceção de insegurança/violência no bairro adotou-se a seguinte forma
de classificação: 0 = não e 1 = sim. Finalmente, para a variável falta de
segurança durante a prática da AF adotou-se também a classificação: 0 = não e 1
= sim.
Análise Estatística
As medidas descritivas (proporções com seus respetivos intervalos de confiança)
foram calculadas para todas as variáveis categorizadas. As associações entre as
variáveis dependentes (AFTL e AFDL) e as variáveis independentes estudadas
foram analisadas por meio de regressão logística. Inicialmente as variáveis
independentes foram incluídas no modelo utilizando o método backward
desconsiderando o valor de p apresentado na análise bruta. Permaneceram no
modelo final aquelas variáveis que apresentaram significância menor que 0.20.
Posteriormente foi utilizada regressão logística estimando-se a odds ratio(OR)
ajustada pelas variáveis que permaneceram no modelo final para cada um dos
desfechos (AFTL e AFDL). Foi utilizado intervalo de confiança a 95%. Os dados
foram analisados no programa Stata, versão 7.0.
RESULTADOS
Na tabela_1 podem-se observar as proporções das variáveis analisadas no estudo.
Existem maiores proporções de indivíduos do sexo feminino, com idade entre 20 e
50 anos, nível socioeconómico baixo e médio, escolaridade média e estado civil
casado. A maioria dos entrevistados relatou que não existe espaço público para
a prática de atividade física próximo à residência, bem como que não percebem
possibilidade de utilização de espaço público para a prática de atividade
física na cidade. Relata, ainda, a maioria dos entrevistados não perceberem
insegurança ou violência no bairro, porém sentem falta de segurança durante a
prática da atividade física. Pode-se observar ainda nesta mesma tabela as
prevalências da AFTL e AFDL.
Na tabela_2 estão demonstradas as associações brutas e ajustadas entre os
fatores sociodemográficos/ambientais e AFTL. Após análise multivariada a AFTL
associou-se positivamente com sexo masculino, média e alta escolaridade, médio
NSE, estado civil separado e possibilidade de utilização de espaço público para
prática de atividade física, e inversamente com a perceção de insegurança/
violência no bairro.
Na tabela_3 estão demonstradas as associações brutas e ajustadas entre os
fatores sociodemográficos/ambientais e AFDL. Após análise multivariada a AFDL
associou-se inversamente à idade maior que 60 anos e positivamente ao estado
civil solteiro/separado e com a possibilidade e utilização de espaço público
para a prática de atividade física.
DISCUSSÃO
A pesquisa demonstrou a prevalência e os fatores sociodemográficos/ambientais
associados à atividade física no tempo livre e em deslocamento em adultos na
cidade de Alagoinhas-Bahia. Observou-se baixo nível de AFTL (20.4%) sendo este
resultado de acordo com outros estudos já publicados na literatura (Camões
& Lopes, 2008; Wiles, Haase, Gallacher, Lawlor & Lewis, 2007).
Zanchetta et al. (2010), em levantamento realizado na população do estado de
São Paulo, em indivíduos com faixa etária entre 18 a 59 anos, identificaram uma
prevalência de AFTL de 34.6%. Pitanga e Lessa (2005) detetaram prevalência de
AFTL de 27.5% entre adultos residentes no município de Salvador - BA. No
Sudeste e Nordeste do Brasil, Monteiro et al. (2003) encontraram prevalência de
AFTL de 13%, apesar de alguns estudos demonstrarem valores um pouco maiores
(Barros & Nahas, 2001; Dias-da-Costa et al., 2005). A prevalência da AFTL
também foi pesquisada na população europeia apresentando valor de
aproximadamente 43% (Vuori, 2001). Dos 16 países europeus estudados as menores
prevalências foram encontradas em Portugal (17%), seguido de 33% na Bélgica,
37% na França e 44% na Alemanha.
O baixo índice de AFTL está associado a alguns aspetos sociais que interferem
de forma negativa nessa prática. Os dados apresentados no presente estudo
revelam que 76.1% das pessoas julgaram impossível utilizar-se de espaço público
para prática de atividade física, 63% relataram não existir espaços públicos
próximos à residência para a prática de atividade física, além da falta de
segurança para realizar essa prática (66.7%). De acordo com Rocha, Almeida,
Araújo e Virtuoso (2011), com o crescimento das cidades, houve diminuição dos
espaços disponíveis para a prática de atividade física e para lazer. Este fato,
atrelado a problemas sociais como a violência urbana, as elevadas jornadas de
trabalho e as facilidades tecnológicas favorecem a adoção de hábitos
sedentários.
A AFTL associou-se positivamente ao sexo masculino, média e alta escolaridade,
médio nível socioeconómico corroborando com algumas pesquisas, como Camões e
Lopes (2008), Rocha et al. (2011), Salles-Costa, Heilborn, Werneck, Faerstein e
Lopes (2003), nas quais foi demonstrado que indivíduos com mais anos de
escolarização e maior nível de renda apresentam um maior nível de atividade
física no lazer. Os estudos de Dias-da-Costa et al. (2005) e de Burton e
Turrell (2000) também demonstram que as pessoas com rendas maiores são mais
ativas no lazer. Burton e Turrell (2000) afirmam ainda que os segmentos mais
desfavorecidos da população teriam menos tempo disponível para a participação
em atividades físicas no tempo livre, visto que essas pessoas tendem a morar
distante do local de trabalho, gastando mais tempo com o deslocamento. Além
disso, indivíduos com rendas menores tendem a acumular um número maior de
empregos e fazer mais horas extras para compensar a baixa renda reduzindo,
assim, seu tempo livre. Hallal, Victora, Wells e Lima (2003) destacam que
indivíduos adultos com melhores níveis educacionais têm maior acesso ao
conhecimento e a melhores condições materiais de vida, o que favorece a adoção
de práticas e hábitos saudáveis.
A questão do género é outro aspeto que vem sendo bastante analisado na sua
relação com a prática de atividade física no lazer. Alguns estudos, Dias-da-
Costa et al. (2005), Quadros, Petroski, Santos-Silva e Gordia (2009) mostraram
que os homens são mais ativos do que as mulheres, principalmente, no tempo
livre e no trabalho. A mulher por estar exposta à dupla jornada de trabalho
acaba por ter o seu tempo de lazer reduzido, o que pode restringir a prática de
atividade física no tempo livre (Araújo, Pinho & Almeida, 2005).
No presente estudo observou-se também uma associação positiva entre o estado
civil separado e AFTL. Pitanga e Lessa (2005) encontraram resultados parecidos
quando verificaram que indivíduos casados e viúvos tinham menores
possibilidades de envolvimento em AFs durante as horas de lazer.
Quanto à AFDL, o presente estudo também, apontou uma baixa prevalência (27.2%)
na população estudada. Estudos epidemiológicos que avaliaram a AFDL são
considerados escassos no Brasil (Santos, Barbosa, Cheng, Wanderley &
Barros, 2009). A maioria dos achados disponíveis são de pesquisas recentes,
publicadas nos últimos três anos, mas conduzidas sob muitas limitações
metodológicas particularmente quanto às medidas realizadas e quanto aos
critérios adotados para a avaliação do nível de atividade física no
deslocamento.
No presente estudo observou-se uma associação inversa entre AFDL e indivíduos
com idade igual ou superior a 60 anos e positiva ao estado civil solteiro/
separado. O estudo de Benedetti, Borges, Petroski e Gonçalves (2008) verificou
alto índice de inatividade física no deslocamento em idosos. Esse tipo de
comportamento inativo no deslocamento é algo preocupante, principalmente porque
vem sendo evidenciado desde o período escolar.
O estudo de Peixoto, Monego, Alexandre, Souza e Moura (2008) descreve alguns
resultados do sistema de monitoramento de fatores de risco para doenças
crónicas por entrevistas telefónicas no Município de Goiânia, Goiás, Brasil,
2005. Foi analisada amostra probabilística da população adulta servida por
linhas telefônicas residenciais fixas. Os resultados confirmaram baixo nível de
atividade física no deslocamento (7.4%) sendo os homens (6.6%) menos ativos que
as mulheres (7.8%).
O presente trabalho apontou um fato interessante, i.e., há uma associação
positiva com a possibilidade de utilização de espaço público para a prática de
atividade física tanto no lazer quanto no deslocamento. Verificou-se que a
existência de espaços públicos para a prática de atividade física aumenta em
nove vezes a chance da população realizar AFTL e em duas vezes a prática de
AFDL. Este resultado pode indicar que a disponibilidade de espaços públicos
para AF pode aumentar o tempo de lazer ativo, além de favorecer o aumento do
tempo de atividade física a ser utilizado para se deslocar até esses espaços.
Rocha et al. (2011) relata que a escassez de programas de atividades físicas
oferecidos pelo poder público, assim como a precariedade dos espaços públicos
de lazer existentes na maioria dos centros urbanos brasileiros podem ser
barreiras importantes para a adoção de um estilo de vida ativo, o que pode ter
ocorrido na população estudada (Monteiro et al., 2003).
Os resultados do presente estudo demonstraram, também, uma associação inversa
com a perceção de insegurança/violência no bairro com a prática de AFTL. Alguns
autores buscam explicar esse fato chamando atenção aos órgãos públicos pela
necessidade emergencial de se construir espaços públicos para a prática de
atividade física oferecendo além de uma estrutura física, profissionais
qualificados para a prática do lazer, um sistema de segurança e proteção a essa
população. Apesar destas evidências, é importante ressaltar que neste estudo
demonstrou-se que a falta de segurança durante a prática da AF não causaria
nenhuma interferência nesse aspeto comportamental.
Porém, em relação à AFDL verificou-se que as variáveis falta de segurança
durante a prática da AF, assim como, a perceção de insegurança/violência no
bairro não interferem na mudança de comportamento. Contrariando os resultados
com relação à AFTL, em recente trabalho realizado na população de etnia negra
na cidade de Salvador-Bahia foi observado que a perceção de policiamento e
segurança no bairro não foram associadas à AFTL e AFDL mesmo após ajustamento
para variáveis sociodemográficas (Pitanga et al., 2011).
Uma possível limitação do estudo pode ser atribuída à dificuldade na coleta de
dados nos bairros de classes C e D por questões de focos de violência. Além
disso, o instrumento usado para avaliar a duração e intensidade de atividade
física (IPAQ), apesar de ser utilizado em diversos estudos nacionais e
internacionais, pode provocar erros de classificação considerando que os
instrumentos do tipo questionário aplicados na forma de entrevista podem
provocar viés de memória. Além disto, é importante considerar que ao final da
coleta dos dados obteve-se um número menor de homens na totalização da amostra,
provavelmente porque a pesquisa foi domiciliar e a presença das mulheres no lar
é bem mais frequente do que dos homens.
Com base nos resultados do presente trabalho sugere-se que as características
ambientais são fatores associados à prática de atividades físicas. Esses
aspetos precisam ser bastante estudados e discutidos, pois são responsáveis por
influenciar questões comportamentais que fazem parte do quotidiano da
população. Portanto, os resultados aqui apresentados são bastante
significativos e representativos à saúde pública. Os baixos índices de AFTL e
AFDL representam aspetos comportamentais da população estudada que demonstram
necessidade de incentivo à prática de atividade física no quotidiano dessa
população. Faz-se necessária a implementação de políticas públicas que vão
desde a interferência nos aspetos físicos, estruturais da cidade, a questões de
conscientização por meio de campanhas informativas sobre a importância de
buscar um comportamento mais ativo no lazer e no deslocamento dessas pessoas.