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EuPTCVHe1646-21222012000100013

EuPTCVHe1646-21222012000100013

variedadeEu
Country of publicationPT
colégioLife Sciences
Great areaHealth Sciences
ISSN1646-2122
ano2012
Issue0001
Article number00013

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Luxação palmar isolada da quinta articulação carpo-metacárpica

INTRODUÇÃO A queda com traumatismo do punho em extensão está associada a vários tipos de lesão óssea ou capsuloligamentar, sendo determinante a posição na mão e punho na altura do traumatismo. São mais frequentes afratura da extremidade distal do rádio e cúbito, fratura do escafoide carpico, fraturas dos metacarpicos ou falanges.

As lesões carpo-metacárpicas (CMC) são, na sua globalidade, pouco frequentes.

Estão relacionadas com traumatismos de alta energia e, como tal, com outras fraturas ou lesões de partes moles (p.e. nervo cubital) associadas.

A fratura ou fratura-luxação CMC é mais frequente no raio, sendo muito mais comum a luxação dorsal[1,2.]. A luxação palmar isolada foi descrita em 1918[3], e estão descritos dois tipos: 1) radial e 2) cubital[2].

A luxação CMC do tipo radial é mais frequente e resulta da rotura de todos os ligamentos e inserções tendinosas da base do metacárpico. Pela sua instabilidade o tratamento conservador é insufi ciente, necessitando de tratamento cirúrgico[4].

Na nossa revisão bibliográfica encontramos descritos dezanove casos de luxação palmar isolada. Descrevemos um caso de luxação palmar isolada do tipo cubital, o tratamento cirúrgico e o resultado aos 6 meses.

CASO CLÍNICO Homem de 73 anos, reformado, ex-motorista de pesados, dextro, sem antecedentes médicos ou cirúrgicos relevantes. Recorre ao Serviço de Urgência após queda da própria altura sobre o punho e mão esquerda em extensão. Apresentava edema e deformidade do bordo cubital da mão, com escoriação da base do dedo e um encurtamento do raio e deformação palmar, em comparação com a mão contralateral.

A palpação era dolorosa no bordo cubital do punho e mão, com incapacidade funcional na extensão do punho e mobilização do e 5ºdedos. Não apresentava alterações neurológicas ou vasculares, nomeadamente parestesias do território do cubital.

Constatou-se um encurtamento do raio, em comparação com a mão contralateral (Figura_1).

Figura_1

Radiologicamente constatou-se luxação palmar isolada da CMC do tipo cubital (Figura_2).

Foi submetido, sob anestesia geral, a redução fechada e fixação percutânea com 2 fios de Kirschner, ao unciforme e à base do metacárpico, tendo sido imobilizado com tala gessada antebraqui-palmar posterior durante 6 semanas (Figura_3).

Às 6 semanas procedeu-se à remoção dos fios, sendo permitida a mobilização ativa sem restrições.

Aos 6 meses apresentava-se sem dor, com mobilização total do punho, mão e dedos. O Score Dash era de 0.8 (Figura_4).

Figura_4

DISCUSSÃO A luxação palmar CMC isolada é uma entidade rara, havendo poucos estudos publicados na literatura internacional. Foi descrita inicialmente em 1918 por McWorter, que preconizou tratamento cirúrgico com redução aberta. Encontrámos 19 casos publicados, dos quais 7 do tipo radial e 12 do tipo cubital[6,7,8,9].

O seu diagnóstico requer alto índice de suspeição, podendo passar despercebido em doentes politraumatizados ou com lesões mais exuberantes em outras localizações anatómicas. As manifestações clínicas chave são dor na base do metacárpico e deformação com encurtamento e ligeira rotação externa do dedo [4]. O mecanismo de lesão poderá levar-nos a pensar nesta entidade, como por exemplo nos acidentes de motorizada. No caso apresentado, o mecanismo de lesão não é o mais habitual para a lesão apresentada.

As radiografias em AP e perfil poderão ser insuficientes, sendo importante a radiografi a obliqua com a mão em 30º de pronação[5]. Nesta incidência é possível observar a diastase entre a base do e metacárpicos. Permite ainda avaliar a qualidade da redução.

Está descrita a lesão do nervo cubital associada, sendo que a recuperação total após tratamento cirúrgico é a regra[10,11].

A redução anatómica é fácil se realizada precocemente. Devido à sua instabilidade, sobretudo nas lesões do tipo radial, é difícil de manter.

A maioria dos autores preconiza fixação com fi os de Kirschner. Esta técnica é simples, permitindo redução anatómica e mobilização do dedo. Os resultados publicados são bons ou muito bons[6,7-9] Não temos conhecimento de resultados publicados de lesões tratadas tardiamente ou negligenciadas.

CONCLUSÕES A luxação da CMC é uma lesão rara. O conhecimento desta entidade, uma elevada suspeição clínica e uma avaliação radiológica adequada são pontos-chave para o seu diagnóstico. O tratamento cirúrgico precoce com fixação percutânea é simples, rápido, barato e permite obter um bom resultado funcional.


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