Editorial
EDITORIAL
Editorial
Rui Pinto
Presidente da SPOT
Num país onde o maior corte orçamental é na área da saúde, compete às
sociedades cientificas dialogar com a tutela e propor soluções que evitem a
diminuição dos cuidados de saúde aos nossos doentes. O problema pode
equacionar-se da seguinte forma: por um lado a necessidade do estado diminuir
custos, por outro os doentes com necessidade de tratamento com recurso a
dispositivos médicos, sendo o envelhecimento da população um fator de
agravamento destes custos nos próximos anos. A solução não passa, no nosso
entender, por uma visão puramente economicista de criação de centrais de
compras que podem sem dúvida trazer benefícios na aquisição dos dispositivos
médicos. Pensamos que a correta atuação para diminuir custos, mantendo uma
assistência de qualidade, passa pela melhoria dos cuidados primários de forma a
serem detetadas as patologias e serem referenciadas a tempo de tomarmos
decisões preventivas ao contrário de atitudes curativas muitas vezes com
recursos a substituição de articulares. Passa pela criação de centros de
referência de tratamento de tumores, infecções ósseas, deformidades vertebrais
e revisão de artoplastias em especial as ligadas a infeção ou grandes perdas
ósseas. Passa também pela elaboração de normas clínicas em três áreas que nos
parecem prioritárias e com maior impacto económico: artroplastias, profilaxia
da infeção pós-operatória e do tromboembolismo. As normas para utiização de
artoplastias devem ser apoiadas pelos estudos baseados na evidência, pelos
registos de artroplastias e pela opinião de especialistas na área, de forma a
permitir o aconselhamento de um grupo de próteses que nos garantam excelentes
resultados funcionais a longo prazo. Por esta forma parece que somos contra a
inovação. Pelo contrário, sempre fomos a favor dela, mas deve ser efetuada de
forma sistemática conduzindo a estudos que permitam obter resultados que apoiem
a sua utilização futura e não pelo simples fato de experimentar um altíssimo e
piores resultados funcionais. A infeção pós-operatória e as complicações
tromboembólicas estão associadas a maior morbilidade e mortalidade, bem como
piores resultados funcionais com custos diretos e indiretos elevedíssimos.
Estas complicações pode ser minimiadas se corrigidos todos os vetores desde os
hospitalares, da competência das comissões de controle de infeção, aos da nossa
responsabilidade como o despiste de comorbilidades que propiciam estas
complicações, à preparação pré-operatória e ao estabelecimento de normas
clínicas, baseadas na evidência, de antibioterapia profilática e profilaxia
tromboembólica. Para terminar temos de concordar com o conceito de getting it
right first time defendido pela BOA que permite identificar e promover o
tratamento adequado no tempo apropiado, com os melhores resultados funcionais e
mínimo de complicações se torna a melhor forma de diminuir cutos.