O acesso aberto
EDITORIAL
O acesso aberto
Paulo Lourenço
Editor RPOT
A publicação da RPOT distribuída aos sócios da SPOT e outros correspondentes no
formato impresso faz parte do passado.
Desde 2011, com a implementação do formato electrónico, os artigos ganharam
maior visibilidade e disponibilidade, graças à utilização crescente da Internet
para pesquisa em investigação científica.
Vacilámos na divulgação em língua inglesa, quase universal na área médica, por
constrangimentos económicos, mas preservámos a língua portuguesa ainda com
ampla dispersão no mundo.
Acompanhámos a evolução da credibilidade científica com a implementação
rigorosa da revisão por pares no processo editorial, sem compensações
económicas para os revisores, admitindo o seu empenho enquanto sócios ou
convidados da SPOT.
Adotámos a classificação dos artigos por níveis de evidência como paradigma da
hierarquia da qualidade dos estudos.
Iniciámos o nosso processo de indexação na plataforma Scielo como forma de
chegar mais longe na visibilidade, disponibilidade e facilidade de consulta dos
nossos artigos.
Apesar destas vicissitudes acompanharem a evolução dos tempos parece-nos que
uma importante mais valia da RPOT neste novo paradigma de divulgação é o acesso
aberto.
A iniciativa do acesso aberto tem mais de uma década e tem-se observado um
crescente movimento em sua defesa.
A Budapest Open Access Initiative (BOAI) foi a primeira iniciativa a usar o
termo "open access" (OA) para este propósito, a primeira a
articular uma definição pública, a primeira a propor estratégias complementares
para atingir o OA, a primeira a generalizar o apelo ao OA a todas as
disciplinas e países, e a primeira a ser acompanhada por financiamento
significativo.
Na "declaração de princípios, …declaração de estratégia, e…declaração de
compromisso" da BOAI reafirmou-se a aspiração de atingir este "bem
público sem precedentes" e "a acelerar a investigação, enriquecer a
educação, partilhar a aprendizagem dos ricos com os pobres e os dos pobres com
os ricos, fazer desta literatura o mais útil possível e lançar os fundamentos
para unir a humanidade num comum diálogo intelectual e demanda pelo
conhecimento".
Definiu-se como meta que durante os próximos dez anos, o OA passar a ser o
método normal e padrão para distribuir os novos resultados de investigação com
revisão por pares, em todos os domínios científicos e em todos os países.
Os benefícios do OA são a rapidez da descoberta, pois com o acesso livre os
pesquisadores podem aceder à informação, ler e construir sobre os resultados
dos outros sem restrição; o enriquecimento público, pois a investigação
científica e médica quanto é pago com recursos públicos, com o acesso livre,
todos podem ver os resultados de seu investimento; o desenvolvimento
educacional, pois com o acesso livre os professores e os alunos têm acesso aos
mais recentes avanços científicos em todo o mundo.
Os benefícios do OA traduzem-se na satisfação e realização dos autores da RPOT
ao verem os seus artigos acedidos, com crescentes downloads, lidos,
referenciados e trazerem um aporte significativo ao conhecimento científico.
Do nosso ponto de vista a RPOT fez a melhor opção para o seu formato
electrónico e deve continuar a participar neste movimento.