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EuPTCVHe1646-69182015000100002

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variedadeEu
Country of publicationPT
colégioLife Sciences
Great areaHealth Sciences
ISSN1646-6918
ano2015
Issue0001
Article number00002

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Editorial EDITORIAL

Editorial J. M. Schiappa MD, FACS, PhD (H), Edit. Emer.

Correspondência

Tive o privilégio de ser convidado pela Sociedade Portuguesa de Cirurgia para ser o Presidente de Honra do XXXV Congresso Nacional.

Por razões várias, da minha vida particular, não me foi possível estar presente no XXXIV Congresso e, por isso, não posso estabelecer comparações fundadas; foi com enorme prazer que vi o grande número de jovens congressistas, entusiasmados e participantes, que vi salas cheias com assistência envolvida na discussão e, aqui sem surpresa, um alto nível científico.

Estas considerações vieram mostrar-me a razão que acreditava ter quando afirmei, conforme escrevi na Mensagem do Presidente de Honra O papel de um cirurgião (em treino ou com o treino terminado) não se limita à actividade clínica diária; faz parte das nossas obrigações o permanente estudo, a auto- educação contínua e a contribuição para a educação dos colegas que nos rodeia e, como corolário destas obrigações, a transmissão e avaliação científica das nossas experiências O cirurgião isolado estagna e, cada vez mais, é uma espécie em via de extinção até porque também, mais e mais, sobretudo em países pequenos como o nosso, a prática clínica deverá progredir, tão depressa quanto possível, em nome da Qualidade, para uma prática de grupo, multidisciplinar e, dentro do razoável, especializada, articulando-se em rede com os grupos que actuarão de forma mais básica Houve também discussões sobre Educação e Treino, outro dos meus temas favoritos; foi com satisfação que me pareceu estar-se a estabelecer consensos sobre pontos básicos que poderão elevar mais o nosso nível profissional. Parafraseando-me outra vez:

A obrigatória formação contínua leva a que todos nos devamos articular cientificamente, de preferência dentro da estrutura mais indicada para isso, a Sociedade Portuguesa de Cirurgia. É a esta que cumpre fazer a coordenação das acções de formação, se necessário em articulação com as outras Instituições como Faculdades, Hospitais e Sociedades ou Grupos Nacionais e Internacionais, e que tem de ser o dialogante preferencial com o Ministério da Saúde ou mesmo, se necessário, com o Ministério da Educação e do Ensino Superior.

Mais do que nunca a Sociedade Portuguesa de Cirurgia tem suprido o papel ' que deveria ser o principal e o mais empenhado ' do Ministério da Saúde, no que respeita às obrigações de formação dos Internos. Deve ser o Ministério a providenciar o programa base e a custear grande parte das acções de formação; os tempos não estão fáceis, é um facto, mas a escolha, infeliz, de formar médicos que vão trabalhar a custo zero de formação para o estrangeiro (tal como muitos outros profissionais) não entrou na compreensão dos governantes Houve uma outra inovação, que me deu muito prazer. Por ideia do Presidente, Prof. Jorge Maciel, foi introduzido, na Cerimónia de Abertura, um cerimonial de que estávamos necessitados; o uso, por parte dos vários cirurgiões envolvidos, Presidente de Honra, Sócios Honorários agraciados, Novos Sócios Titulares, Presidentes dos vários Capítulos e Direcção da Sociedade, de vestes formais, distintivas e a prestação de um Juramento de Honra pêlos Novos Sócios Titulares, acompanhados pêlos presentes. Gostei! Não pela coincidência da Honra com a ocasião mas também pela necessidade da introdução de um ritual de formalismo que esteja ligado à seriedade dos vários actos e à credibilidade e prestígio que a nossa Sociedade merece.

Com o convite para a Presidência de Honra vinha o compromisso de apresentar um tema na sessão de abertura. Deveria ser um tema de índole geral, de interesse para a parte da assistência não médica, mas ligado à Cirurgia. De entre os assuntos que poderiam ser abordados e que, simultaneamente, são do meu interesse, escolhi a Qualidade em Cirurgia.

Trata-se de um tema pouco abordado e considerado por muitos, de menor interesse. No entanto, cada vez mais, é a base da maior parte do nosso trabalho, sobretudo nestes tempos de eficiência, eficácia, controles e contabilizações de trabalho.

Como clarificado, a Qualidade torna tudo mais barato! É mais barato fazer tudo bem à primeira do que ter que repetir ou corrigir. A Qualidade tem de ser interiorizada e temos de, tanto quanto possível e o mais rapidamente que conseguirmos, tomar em mãos o seu controle. Não é mais possível deixá-la ao sabor de novos Especialistas em Qualidade ou de instituições externas à Cirurgia, mesmo que oficiais e governamentais. Sempre que assim sucede, as soluções e as imposições são as piores opções para os profissionais.

Da parte dos restantes envolvidos, doentes, especialistas, instituições e pagadores, as visões da Qualidade são tão diferentes e tão opostas, por vezes, que se torna difícil conseguir idealizar uma situação em que haja concordância de opiniões para a obtenção da Qualidade Total; como participantes privilegiados neste quadro, cumpre-nos actuar quanto antes como mediadores.

A Qualidade tem inúmeras facetas mas duas mais marcantes: a instituição de passos que nos garantam melhor segurança e menor dependência da memória e a instituição da Padronização. Esta última é muito importante mas não pode ser encarada de um modo fundamentalista que leve à estagnação.

Outro ponto importante e, cada vez mais, em discussão relaciona-se com a Especialização, com o volume Institucional e com o volume de casos de cada cirurgião. Por vezes a discussão alarga-se de modo a ficar esquecida a realidade de cada Instituição, bem como a dimensão do nosso país. Está demonstrado que o grande volume de casos, Institucional, de grupo ou individual, é factor positivo para os resultados, não tanto, talvez, por si próprios mas pelo que levam quanto a padronização e a protocolização; o chamado Processo de Cuidados.

Por outro lado, a Qualidade não beneficia de algo que é, infelizmente, tão comum entre nós: recriminações e acusações. É sempre negativo seguir um caminho que não leva à percepção do que se passou e de quais as suas causas; desse modo é possível minimizar, futuramente, o erro, a falha, a falta de Qualidade.

é positivo e benéfico para toda a implementação de Qualidade, com os consequentes bons resultados e benefícios de segurança, a continuidade de aplicação do chamado Círculo de Demming; trata-se de, permanentemente, verificar tudo o que se faz, perceber o que é menos eficiente, entender o que é necessário modificar e aplicá-lo. Isto corresponde também a outra ferramenta que é obrigatório aplicar: a auditoria externa.

Tudo o mencionado, adicionado de um bom sistema de colecção de dados, permite uma avaliação permanente, com a consequente melhoria. No fundo, também aqui, como em tantas outras áreas, é necessário modi ficar comportamentos, interiorizando uma nova Cultura e forma de estar.

Correspondência: JOSÉ MANUEL SCHIAPPA e-mail: schiappa.lund@net.vodafone.pt


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