Nota Editorial
NOTA EDITORIAL
Nota Editorial
Maria João Alcoforado1
1Directora da Finisterra - Revista Portuguesa de Geografia, do Centro de
Estudos Geográficos do Instituto de Geografia e Ordenamento do Território da
Universidade de Lisboa. E-mail: mjalcoforado@campus.ul.pt
Este número da Finisterra tem grupos diversos de notícias que, ao contrário do
habitual, merecem alguns comentários, que escrevo também em nome dos meus
colegas da Comissão Executiva da Finisterra.
No primeiro grupo, são feitos breves apanhados da vida científica de dois
geógrafos prestigiados, que receberam o prémio internacional de Geografia
“Vautrin-Lud”, por muitos considerado o prémio Nobel da Geografia: Michael
Batty, em 2013 e Anne Buttimer, em 2014. Tendo participado no júri de
atribuição do prémio nos últimos anos, desde 2012 que os laureados são
recordados na Finisterra pelo presidente do júri do prémio no respectivo ano.
Além do seu prestígio em diversas áreas da Geografia e na comunidade científica
em geral, Anne Buttimer e Michael Batty têm colaborado bastante com geógrafos
portugueses; a primeira principalmente na União Geográfica Internacional e nos
grupos de trabalho sobre o estudo do “género”; o segundo através do CASA
(Centre of Advanced Spatial Analysis), a que preside e onde tem recebido
vários investigadores portugueses, e na colaboração em diversos eventos
relacionados com a Modelação e Análise Espacial.
Mas a vida também é feita de momentos tristes e, nos últimos anos, temos visto,
com desgosto, desaparecer Colegas e Amigos, que ainda tinham muito para dar à
Geografia. Recebemos testemunhos referentes a Fernando Rebelo e António Gama,
da Universidade de Coimbra, para publicação neste número da Finisterra. A
Directora e a Comissão Executiva associam-se a estas homenagens póstumas e
agradecem aos autores os respectivos depoimentos. Pela minha parte, conheci
melhor o Professor Doutor Fernando Rebelo, desde que esteve presente no júri do
meu Doutoramento e que, pouco depois, me convidou para o primeiro júri de
mestrado de que fui arguente (o de Nuno Ganho em climatologia urbana). Foi
também ele uma das pessoas que me incentivou várias vezes a pedir as provas de
agregação. Durante muitos anos, fomo-nos encontrando em diferentes júris ou
concursos em diversas universidades do País. Fui também convidada para ir a
Coimbra participar em jornadas científicas, onde era sempre muito
calorosamente recebida. No último ano, correspondemo-nos bastante, por termos
assuntos académicos comuns para resolver. A notícia do seu desaparecimento foi
um choque. Margarida Queirós, que foi sua aluna, recorda sempre a excelência
das suas aulas de Geografia Física e, numa reunião da Finisterra, falámos com
muito apreço do Doutor Rebelo e recordámos a tese de Doutoramento sobre as
serras do Valongo, em que abordou a geomorfologia de um ponto de vista muito
inovador para a época, sobre o incentivo que deu a muitos jovens e sobre o seu
papel nos vários cargos administrativos, descritos à frente, destacando os
cargos de Reitor e Vice-Reitor da Universidade de Coimbra. Pessoalmente,
conhecia mal o António Gama, mas chegavam-me, de vários quadrantes,
universitários ou não, relatos da sua interessante e peculiar personalidade.
Margarida Queirós, estudante de Coimbra testemunhou na nossa reunião as
diversas facetas deste geógrafo que nunca se curvou às exigências da academia,
mas que não era por isso menos brilhante, tanto nas aulas, no trabalho de campo
e na atenção dada a todos os que privavam com ele, como é apontado nos
testemunhos que se seguem.
Por fim, temos duas notícias, a primeira relativa a uma conferência organizada
por colegas do IGOT “4thEuropean Conference on Permafrost (EUCOP4)”, em Évora,
e a segunda referente ao Seminário “Contribuição à Geografia Brasileira:
Encontro de Gerações”, na cidade da Bahia.