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EuPTHUAp1645-44642009000200005

EuPTHUAp1645-44642009000200005

variedadeEu
Country of publicationPT
colégioHumanities
Great areaApplied Social Sciences
ISSN1645-4464
ano2009
Issue0002
Article number00005

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A imagem turística de Portugal no Brasil: A influência dos atributos na formação da imagem de um destino turístico

Elevada competitividade entre os destinos e produtos turísticos, diversidade da oferta e mudanças na natureza do turista e nas suas necessidades actuais obriga o sector a ser criativo na promoção de produtos que satisfaçam os seus desejos e na construção de uma imagem forte e consistente que crie referências e seduza os potenciais turistas a visitar e descobrir os valores de um destino (Cooper et al., 2001).

Nessa perspectiva, a imagem vista como uma representação mental, é formada por um conjunto de atributos que definem o destino e é largamente reconhecida na literatura como factor de sucesso para qualquer destino turístico. A imagem de um destino é construída a partir de um conjunto de impressões, conhecimentos e emoções que um indivíduo desenvolve sobre um determinado lugar (Jenkins, 1999), sendo resultante da experiência vivida e da informação que recolhe durante o processo de escolha (Crompton e Fakeye, 1991; Baloglu e Brinberg, 1997). Essa expressão do conhecimento pode estimular um efeito positivo ou negativo no comportamento futuro dos turistas e condicionar o sucesso ou insucesso de um determinado destino (Kastenholz, 2002).

Muitos estudos internacionais (Baloglu e Mangaloglu, 2001; Echtner e Ritchie, 1993; Crompton, 1979) são realizados no sentido de avaliar a importância da imagem percebida para captar a atenção e gerar o interesse de potenciais turistas e visitantes. Os destinos com imagens fortes e positivas têm maior probabilidade de serem escolhidos pelos turistas (Woodside e Lysonski, 1989). O desafio dos mercados actuais é descobrir, fundamentalmente, que referências criam no imaginário do público-alvo, que formas utilizarão para comunicar os seus atractivos, produzindo na figura do turista a satisfação dos seus sonhos, fantasias, ideais de beleza, e assim alcançar o efeito desejado, a escolha do destino. Consequentemente, é importante para o mercado reconhecer a influência de determinados atributos, pois a imagem pode determinar o sucesso de um destino e não deve haver incompatibilidade entre a imagem retratada e a realidade do mesmo.

Este estudo visa dar alguns contributos ao sector do turismo português, na medida em que procura aferir a imagem que o consumidor/turista brasileiro tem sobre Portugal como destino turístico, analisando a influência dos atributos do destino na formação dessa imagem. Com o alcance desses objectivos, poderemos contribuir com sugestões de algumas políticas e acções de divulgação e ajustamento da imagem, promovendo Portugal no Brasil e assim mostrar a oportunidade que a indústria do turismo português tem para trabalhar o mercado brasileiro e retirar vantagens do seu posicionamento face aos demais concorrentes.

Referencial teórico

* Imagem do destino

No âmbito do turismo, a imagem tem sido considerada como uma das principais variáveis para a segmentação, e proporciona um efeito de impulso na preferência, na motivação e no comportamento de um indivíduo relativamente aos produtos e destinos turísticos (Cooper et al., 2001). As imagens no turismo representam um papel importante na tomada de decisão do turista em potencial e influenciam o nível de satisfação com a experiência do turista, ajudando ainda nas recomendações positivas para novas visitas ao destino turístico (O'Leary e Deegan, 2005).

As causas da imagem de um destino e a sua mensuração são temas de diversos estudos e investigações. Echtner e Ritchie (1991) criaram um modelo referencial para apoiar as investigações empíricas sobre a imagem dos destinos turísticos (ver Figura 1) e identificaram três dimensões básicas da imagem:

* Atributos-holísticos ' atributos relacionados com as características específicas dos destinos porque se relacionam com a impressão geral do visitante; aspectos funcionais e psicológicos; * Funcional-psicológico ' dimensão que gira em torno das impressões mais tangíveis (atractivos, acomodações, cidades) ou mais abstractas (tranquilidade, hospitalidade, reputação); * Comum-único ' dimensões relacionadas com atributos ou impressões frequentemente encontradas ou que são genuínas de alguns destinos.

Figura 1 Componentes da imagem dos destinos

Alguns autores (Baloglu e Brinberg, 1997; Baloglu e McCleary, 1999) consideram que a imagem é formada pelas interpretações racionais e emocionais do consumidor e tem o efeito de dois componentes inter-relacionados: as avaliações cognitivas/perceptivas, que pertencem ao conhecimento do indivíduo e às suas convicções sobre o objecto; e as avaliações afectivas, que pertencem aos sentimentos do indivíduo relativamente ao objecto. No contexto do turismo, estes dois componentes da imagem combinados têm influência directa na imagem global ou composta que se refere a uma avaliação positiva ou negativa do destino.

Alhemoud e Armstrong (1996) salientam que o termo imagem tem diversos significados e que, no que é relevante para este estudo, agrupam o conjunto de ideias ou conceitos detidos por um indivíduo ou uma comunidade sobre o destino turístico. A imagem tem na sua génese expectativas anteriores à experiência, que tenham origem no indivíduo ou que lhe sejam sugestionadas. A imagem terá origem numa construção mental baseada num conjunto de impressões retiradas da informação que o indivíduo tem disponível, com as mais variadas origens, incluindo a comunicação de marketing, mas também muitas outras que não são controladas pelo marketing.

* Factores que influenciam a formação da imagem turística de um destino

De acordo com Gunn (1972, em O'Leary e Deegan, 2005), os turistas formam uma imagem sobre um destino turístico após passarem por um processo com diferentes etapas. Segundo esta teoria, a imagem cognitiva é criada em diferentes níveis:

* Orgânicos ' a imagem orgânica surge de várias fontes, tais como livros, documentários, experiências dos amigos e família e representa as sensações e o conhecimento global acerca de um destino; * Induzidos ' resulta de um esforço consciente na busca de informações. Essas imagens emanam da própria área do destino, derivam do marketing e material promocional e serão interpretados pelo potencial consumidor em função da sua estrutura cultural; * Induzido-modificados ' são resultado da experiência pessoal, é a que deriva da pessoa que conhece o destino.

Para Gunn (1972, em O'Leary e Deegan, 2005), a resistência à mudança da imagem depende da satisfação das expectativas que são criadas antes da viagem e que, quando são satisfeitas, contribuem para a repetição. Mesmo o indivíduo que nunca visitou um destino poderá ter uma imagem formada sobre o mesmo, sendo muito importante para o desenvolvimento do turismo monitorizar regularmente as imagens do viajante. O surgimento da motivação para realizar uma viagem desperta um interesse afectivo no consumidor e obriga o indivíduo a definir um enquadramento dessa viagem com base nos factores pessoais e no conjunto de informações a serem recolhidas, iniciando o processo de formação da imagem.

Mazursky (1989), Gartner (1986), Echtner e Ritchie (1991) tendem a considerar duas grandes categorias de variáveis explicativas da imagem: uma referente a atributos do destino turístico ' clima, preço, gastronomia, hospitalidade, beleza natural ', ou seja, o lado cognitivo; outra focando o lado psicológico/ holístico ' expectativas, emoções esperadas, associações -, o lado afectivo.

Atributos da imagem Uma pista para a compreensão das origens da imagem de um destino turístico é salientada por Hankinson (2005): o destino turístico como marca, que aumenta a visibilidade do destino e cria diferenciação. O desenvolvimento da imagem de marca positiva associada ao destino turístico baseia-se, por regra, em atributos do local, tais como património, História, perfil dos habitantes locais, associação a eventos importantes e pessoas conhecidas. Desta perspectiva resulta um conjunto de atributos das marcas dos destinos turísticos que podem ser agrupados nas seguintes categorias: económico, envolvente física, actividades e estruturas disponíveis, atitudes relativas às marcas e pessoas.

Do ponto de vista cognitivo, a imagem de destino turístico é avaliada num conjunto de atributos que correspondem aos recursos ou atractivos que um destino turístico tem à sua disposição (Stabler, 1995). Atractivos esses que fornecem as motivações e o fascínio necessários para persuadir um indivíduo a visitar um determinado local (Alhemoud e Armstrong, 1996) e que, no contexto turístico, são os elementos que atraem os turistas para um destino: um cenário, as actividades em que se pode tomar parte e um conjunto de experiências vividas pelos turistas.

Motivações A motivação é outro factor de influência na formação da imagem e do processo de escolha do destino porque é o princípio que está por detrás de todas as acções do indivíduo (Baloglu e McCleary, 1999; Um e Crompton, 1990).

Fodness (1994) argumenta que a teoria da motivação descreve um processo activo de factores psicológicos internos - necessidades, desejos e objectivos - que originam um nível desconfortável de tensão, no corpo e na mente do indivíduo.

Essas necessidades internas e a tensão resultante induzem o indivíduo a agir para diminuir a tensão e assim satisfazer as suas necessidades.

Para Baloglu e McCleary (1999), a motivação funciona como uma força psicológica/social que predispõe um indivíduo a escolher e participar numa actividade turística.

Experiência de visita Segundo alguns autores (Crompton, 1979; Echtner e Ritchie, 1991), quando um destino é conhecido a sua imagem sofre uma transformação e passa a ser uma experiência concreta e vivenciada, pois o que permanece é a avaliação pós- consumo do turista. A relação existente entre uma experiência positiva e a repetição da visita pode conduzir a um círculo virtuoso de imagem positiva e lealdade a um destino turístico (Kastenholz, 2002).

Essa interacção provoca um forte impacto, não na figura do turista que usufruiu da viagem, como também na opinião que irá ser transmitida por ele junto dos familiares e amigos. Echtner e Ritchie (1993) acreditam que maior familiaridade com um destino conduz sobretudo às características psicológica, holística e única da imagem, enquanto menor familiaridade resulta em imagens baseadas nas características mais funcionais dos atributos.

No contexto turístico, as experiências passadas têm maior peso do que as informações oriundas de fontes externas visto que reduzem a necessidade do turista receber tais informações para a avaliação de um destino (Mazursky, 1989).

Metodologia O estudo que originou este artigo foi de natureza exploratório-descritiva, e teve como objectivo aferir a imagem turística de Portugal para os brasileiros, com base na variável atributos da imagem do destino. A cidade escolhida para aplicação da pesquisa foi Fortaleza, tendo sido seleccionados diferentes locais de abordagem dos potenciais inquiridos, tais como o aeroporto, algumas empresas, faculdades e centros comerciais, de modo a diversificar a amostra em termos de características sócio-demográficas.

Os dados foram recolhidos através de uma pesquisa quantitativa por meio de entrevistas pessoais conduzidas pela autora e levada a cabo durante o mês de Agosto de 2007, dirigidas ao cidadão brasileiro, do sexo masculino e feminino, com idade superior a 16 anos, que tivesse efectuado pelo menos uma viagem para fora do país, sendo que metade dos entrevistados tinha obrigatoriamente de conhecer Portugal e a outra metade não conhecer, tendo sido obtidos um total de 360 respondentes válidos.

Para compreender o papel dos atributos na formação da imagem turística aplicou- se um questionário com questões estruturadas, com perguntas fechadas, onde o inquirido escolhia entre as alternativas fornecidas pelo autor, e não- estruturadas, com perguntas abertas onde o inquirido respondia com suas próprias palavras (Hill e Hill, 2005). Deste modo, permite-se uma maior objectividade na recolha das informações mais específicas e apresenta-se uma maior flexibilidade na obtenção das opiniões pessoais e percepções dos entrevistados. Nas questões fechadas foram utilizadas as escalas de classificação de sete níveis, onde cada extremidade está associada a um adjectivo ou frase positiva e negativa, que permite aos inquiridos avaliar conceitos próprios e conceitos sobre os destinos (Malhotra, 2006).

Numa primeira fase, o questionário foi desenvolvido para avaliar aspectos relacionados com a componente holístico-psicológica da imagem do destino.

Inicialmente, os entrevistados foram questionados sobre o seu maior sonho em termos de turismo e, seguidamente, foi-lhes perguntado qual o destino de sonho para visitar sozinho e para visitar acompanhado. Procurou-se permitir aos respondentes pensar livremente sobre as características mais psicológica- holísticas da imagem associada ao seu destino de eleição, como também tentar capturar algumas particularidades do comportamento do turista.

Seguidamente, com a utilização de um conjunto de perguntas abertas, foi efectuada uma abordagem com o objectivo de analisar o conhecimento do turista brasileiro sobre o destino turístico Portugal. Os inquiridos foram questionados sobre: se visitou Portugal; qual o motivo da viagem; quais os autores literários que conheciam e quais as impressões positivas e negativas. A justificação para esta abordagem prendeu-se com a intenção de avaliar se a experiência vivenciada resultou numa maior familiaridade e com a preocupação em compreender as percepções do turista e o seu envolvimento com o destino, o que pode ser importante para orientar a divulgação da imagem turística de Portugal no Brasil.

Por último, procurou-se avaliar e comparar uma série de destinos turísticos relativamente aos atributos da imagem, com a utilização de perguntas fechadas.

Esta variável foi medida através da escolha cuidadosa de um conjunto de doze atributos fixos, que nos proporciona uniformidade na análise, para possibilitar a avaliação de dez destinos turísticos, incluindo Portugal. A escolha dos destinos recaiu intencionalmente sobre um grupo de países com proximidade geográfica a Portugal (Espanha, França, Inglaterra, Itália e Alemanha), e um grupo com proximidade geográfica ao Brasil (EUA, Argentina, Chile e Peru). A avaliação foi feita com base numa escala de 7 níveis, onde 1 = «péssimo» e 7 = «muito bom», e os atributos seleccionados que resultaram directamente da recolha bibliográfica (Jenkins, 1999; Joppe, Martin e Waalen, 2001; O'Leary e Deegan, 2005), foram: 1 - Beleza Natural; 2 - Costumes locais/tradicionais; 3 - Segurança; 4 - Património; 5 - Hospitalidade/Simpatia; 6 - Gastronomia; 7 - Clima; 8 - Modernidade/Vanguarda; 9 - Preços/Custo de Vida; 10 - Turismo de Qualidade; 11 - Atracções Turísticas; e 12 ' Oportunidade de Compras. Obteve-se assim uma matriz de 120 respostas de cada entrevistado.

Dada a natureza da base de dados a explorar e os objectivos da pesquisa, foram utilizadas estatísticas multivariadas, destacando-se a análise factorial para medir as correlações entre as variáveis, seguindo as recomendações de Malhotra (2006) e Pestana e Gageiro (2003). O erro de amostragem ou nível de precisão efectivo da amostra, para uma população finita e uma variância desconhecida, foi de 0,052.

Análise dos dados e apresentação dos resultados

Para elaboração desta pesquisa foi tido em consideração o uso de vários métodos de avaliação da imagem. As questões abertas foram relacionadas com os aspectos mais emocionais e afectivos do comportamento do consumidor, um enfoque holístico que procura conhecer as ligações ao destino sem atribuir nenhum valor para não condicionar os inquiridos. Seguidamente, procedeu-se a uma análise multi-atributo, com a pré-definição de um conjunto de atributos associados a diversos destinos turísticos (Echtner e Ritchie, 1991), objectivando avaliar a influência destes atributos para a imagem dos destinos e obter a graduação de proximidade/distância dos destinos turísticos por meio das semelhanças captadas.

As diferentes técnicas de medição da imagem serviram de base para capturar os sentimentos, emoções e percepções da imagem que aproximam os indivíduos a um determinado destino turístico.

* Destino de sonho «versus» motivações

Procurou-se explorar as motivações dos entrevistados na escolha de um destino para realizar um sonho de viagem, que pudesse ser realizado de três maneiras diferentes. Com base na análise dos dados, Portugal surge em segundo lugar, como local de sonho para uma viagem, com 10,7% apenas entre os entrevistados que nunca visitaram o País. Considerando o total de respostas entre os dois grupos, e se considerarmos que Nova Iorque e Paris também são mencionadas separadamente dos países, os EUA e a França surgem como a escolha de sonho com mais referências, com médias de 15% e 12% respectivamente. Seguidamente vem a Grécia, com média de 7% na escolha dos inquiridos (ver Tabela 1).

Tabela 1 Lugar de sonho para visitar

Quando questionados sobre o lugar de sonho para visitar sozinho, mais de um terço dos entrevistados (33,4%) demonstraram não ter interesse em realizar este tipo de viagem e responderam «nenhum» país. Contudo, os EUA mantêm a preferência dos inquiridos com 12,85%. Num sonho de viagem acompanhada, Paris é escolhida com média de 12%, e Portugal surge novamente com 10,9% apenas nas respostas entre os indivíduos que nunca visitaram o país.

Nas duas situações em que Portugal se destaca apenas nas respostas do grupo que nunca visitou o país, podemos observar que o lugar de sonho é considerado pelo indivíduo como um estímulo ao que existe de novo, a busca do diferente. Ao conhecer um determinado destino de sonho, poderá repetir a visita, mas o sonho a ser realizado em termos de destino turístico passará a ser outro.

* Experiência de visita

Tal como explicado anteriormente, do total da amostra (360 entrevistados) apenas 51% dos inquiridos visitaram Portugal. Entre estes, o motivo de visita mais mencionado foi o lazer, com 60% das respostas, seguido pelos negócios com 15%, e, em alguns casos, os inquiridos referiram razões de lazer associadas a visita aos parentes (12,8%), conforme mostra a Tabela 2.

Tabela 2 Grupo que visitou Portugal e motivo da visita

Quanto ao conhecimento sobre os autores da literatura portuguesa, as respostas dos inquiridos que visitaram Portugal evidenciaram um certo desconhecimento sobre o assunto, visto que até citaram nomes que não se referiam à literatura mas sim à música portuguesa e até mesmo nomes da literatura brasileira.

Contudo, entre os mais mencionados constam os nomes de autores mais tradicionais: Luís de Camões com 29,4% das menções, Fernando Pessoa com 18,5% e Eça de Queirós com 9,81%. O destaque fica para o escritor José Saramago que é reconhecido por 32,7% dos inquiridos. Estes resultados revelam a pouca familiaridade que os turistas brasileiros têm com a atualidade do destino turístico Portugal.

Na abordagem à percepção dos entrevistados a respeito dos aspectos positivos e negativos do destino turístico Portugal, o grupo dos que nunca visitaram o país não se sentiu qualificado para expressar sua opinião. Contudo, o grupo dos que visitaram indicou um conjunto de aspectos positivos e negativos associados à imagem de Portugal.

No que respeita aos aspectos mais positivos da imagem, a «segurança» e a «gastronomia» obtiveram, respectivamente, 28,3% e 17,5% das menções, sendo também positivamente apontadas a «simpatia» (9,4%), a «beleza natural» (9%) e a «hospitalidade» (7%). De forma negativa foram mais apontados aspectos como «custo de vida» (17,1%), «pouco desenvolvimento» (11%), «discriminação das brasileiras» (9,5%) e «cidades pequenas» (7,6%), conforme evidencia a Tabela 3.

Tabela 3 Aspectos positivos e negativos de Portugal

* Importância dos atributos da imagem

Relativamente à imagem de Portugal, as Tabelas 4 e 5 permitem identificar os atributos da imagem que tiveram as avaliações mais elevadas e mais baixas, em função dos percentuais das notas atribuídas. A média mais elevada é 6,55 e diz respeito ao atributo «gastronomia», seguindo-se «segurança» (6,39), «beleza natural» (6,35), «património» (6,17) e «hospitalidade» (6,12). Os restantes atributos obtiveram notas médias entre 5 e 6 (razoável e bom), com excepção do «custo de vida» que ficou com a média mais baixa de 4,87.

Tabela 4 Avaliação dos atributos da imagem de Portugal - I

Tabela 5 Avaliação dos atributos da imagem de Portugal ' II

Em termos comparativos, tomando como referência as médias dos atributos que caracterizam a imagem de Portugal como destino turístico, os países que mais se aproximam dessa imagem são Itália, Chile e Argentina. O outro grupo mais próximo em termos de médias é EUA, Inglaterra, França e Alemanha, conforme Tabelas 6 e 7.

Tabela 6 Médias dos atributos dos países ' I

Tabela 7 Médias dos atributos dos países ' II

* Estrutura da imagem de Portugal

Para testar a relevância do modelo de factores, ou seja, a hipótese da ausência de correlações entre as variáveis e a população e comparar a importância dos coeficientes de correlação, usamos o teste de esfericidade de Bartlett e o coeficiente de adequação KMO (Malhotra, 2006). Como é referido por este autor, a estatística do teste baseia-se na transformação do qui-quadrado de determinante da matriz de correlações, com um nível de significância associado de 0,000. Como mostra a Tabela 8, no presente estudo, o teste rejeita a hipótese nula e o coeficiente KMO para a amostra apresenta um valor de 0,761, que é considerado acima do desejado (> 0,500), podendo ser considerado como «médio» (Malhotra, 2006, p. 550).

Tabela 8 Teste de Bartlett e KMO ' Atributos da imagem

Inicialmente, o teste foi desenvolvido com doze atributos da imagem, sendo que três factores resultaram da análise factorial com uma variância total explicada de 61,4%. Os resultados estão sintetizados na Tabela 9.

Tabela 9 Matriz de factores/atributos da imagem de Portugal

Posteriormente, foram retiradas as variáveis que apresentaram baixo poder de relacionamento com as demais e repetido o procedimento para a aplicação da ferramenta estatística de análise factorial. Pela matriz de correlação anti- imagem, que revela a adequação das variáveis à amostra, extraímos as variáveis mais explicadas pelos factores e aplicou-se o reliability statistics a um conjunto de cinco atributos ' «beleza natural», «segurança», «património», «gastronomia» e «atracções turísticas» ', obtendo-se como resultado um coeficiente alfa de Cronbach igual a 0,669, significando uma confiança interna satisfatória.

Na sequência, aplicou-se o reliability statistics a um conjunto de quatro atributos: «hospitalidade», «modernidade», «turismo de qualidade» e «atracções turísticas». A consistência interna desses atributos carregados no primeiro factor apresentou um alfa de Cronbach igual a 0,842. Esse factor representa 25,41% da variância explicada e este resultado indica que a hospitalidade, a modernidade, o turismo de qualidade e as atracções turísticas são atributos que exercem uma forte influência na percepção da imagem de Portugal.

Conclusões Adoptando como referência a estrutura teórica desenvolvida a partir da bibliografia, nesta pesquisa são analisados os traços gerais que caracterizam a imagem de Portugal como destino turístico para os brasileiros e a influência dos atributos na formação dessa imagem.

Dos resultados extrai-se um conjunto de atributos que constituem elementos aglutinadores de valor para a imagem de Portugal, e outros que representam valores negativos nas expectativas dos turistas brasileiros. Os resultados apontam para que os atributos mais influenciadores da imagem positiva do país são, resumidamente, a «gastronomia», a «segurança», a «beleza natural» e a «hospitalidade/simpatia» dos habitantes. Com menor amplitude, o atributo «atracções turísticas» também evidencia uma influência positiva para a imagem de Portugal, contribuindo favoravelmente para a promoção do país.

Adicionalmente, a imagem percebida é condizente com um país com turismo de qualidade, porém relacionada com um elevado custo de vida e pouco desenvolvimento.

Nesta pesquisa, torna-se evidente que a experiência de visita enquanto causadora de maior conhecimento e maior envolvimento e familiaridade com o destino geram uma imagem tendencialmente mais positiva do destino. Para o grupo dos que nunca visitaram, a imagem é mais negativa e está mais distanciada dos seus destinos de eleição, enquanto para o grupo dos que visitaram, o país tem uma imagem mais positiva e mais condizente com os destinos considerados mais desenvolvidos.

Finalmente, verifica-se que as motivações para escolher um destino de sonho podem ser directamente relacionadas com o significado emocional que uma viagem representa. Consequentemente, diferentes interpretações se podem extrair das respostas dadas para um sonho de viagem.

Em primeiro lugar, conclui-se que o sonho é aquele lugar que ainda não conhecemos. Como exemplo é o caso de Portugal que foi escolhido em segundo lugar apenas por aqueles que não conheciam o país. Outra conclusão diz respeito ao sonho por um lugar que se julga diferente da realidade e habita o imaginário dos indivíduos, ou seja, que está relacionado com o que é inalcançável. Os EUA e a França representam para os brasileiros o desenvolvimento económico que gostariam de alcançar ou o requinte e a reputação que desejariam ter, e, por isto, são escolhidos como viagem de sonho. Por conseguinte, para o consumidor destaca-se uma necessidade absoluta para orientar as suas escolhas em função da qualidade e da necessidade de se deslocar preferencialmente para locais com produtos turísticos complementares e diversificados.

* Implicações para os gestores

Com base nos resultados alcançados, e considerando o facto de que este estudo pode beneficiar as organizações envolvidas no sector, sugere-se que os gestores dêem especial importância: - a realização de acções e medidas de divulgação com regularidade junto do mercado brasileiro, difundindo a diversidade turística e os valores do património histórico e cultural de Portugal, e reafirmando os aspectos que foram positivamente associados à imagem do país neste estudo, tais como gastronomia, hospitalidade, simpatia e segurança; - o desenvolvimento de novos pólos de atracção, investindo na criação de novos produtos, de forma a permitir que as varias regiões do país ampliem as suas capacidades turísticas, estimulando o uso dos recursos naturais para atrair novos segmentos e responder a diferentes motivações dos turistas; - tendo em vista que no mercado turístico brasileiro uma falta de promoção de Portugal como destino turístico interessante, sugerem-se algumas acções de divulgação direccionadas para segmentos com interesses específicos, como por exemplo revelando o imenso potencial gastronómico e vitivinícola do país.

* Limitações do estudo e sugestões para trabalhos futuros

Tal como qualquer projecto de investigação, embora com diferentes graus de intensidade, esta pesquisa apresentou limitações que, de certa forma, balizaram a abrangência da análise efectuada. Sendo que a mais relevante diz respeito à abordagem de medida da imagem do destino, uma vez que não foi efectuada com os mesmos turistas antes e depois da visita a Portugal, o que nos impediu de fazer a comparação entre a percepção da imagem com o mesmo indivíduo.

Finalmente, como primeira sugestão, consideramos que poderá ser de grande importância um estudo detalhado da importância da escala dos atributos no momento em que o turista faz a escolha do destino e saber qual a satisfação no momento em que ele sai do destino. Assim, seria de avaliar três momentos diferentes: processo de decisão (importância da imagem); processo de compra (importância dos atributos); e avaliação pós-visita (satisfação).

Outra abordagem que poderá ser alvo de futuros estudos diz respeito às variáveis de mensuração do turismo cultural, integrando um planeamento e desenvolvimento de produtos turísticos, integrados ao plano de marketing e coerentes com os recursos disponíveis.


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