Editorial
Editorial
O presente número da RPBG cobre um leque diversificado de temas, que vão desde
o empreendedorismo universitário ao marketing viral e publicidade para
crianças, passando pelos modelos de governança e ainda pelo difícil equilíbrio
entre a vida de trabalho e a vida familiar.
Este último aspecto ganha actualmente maior relevância dado o peso crescente
das mulheres em posições técnicas e de liderança no mercado de trabalho.
Estamos certos de que a actualidade e diversidade de temáticas tratadas
constituirão um bom motivo de interesse para os nossos leitores.
Destacamos aqui o artigo sobre o empreendedorismo uma vez que foca um público
particular ' os estudantes universitários ' segmento que tem vindo a ganhar
importância face aos empreendedores tradicionais.
A necessidade crescente de inovação e de conhecimento que os novos negócios
exigem, aliada à quebra acentuada do trabalho por contra de outrem, estará na
raiz deste forte interesse das universidades pelo empreendedorismo.
De facto, serão poucas as universidades que não contemplam hoje nos seus
curricula, disciplinas de empreendedorismo, ou que não possuem actividades de
incubação de negócios.
É uma mudança enorme e recente na tradição universitária, que exige sobretudo
mudança de atitudes de professores e alunos, indo muito para além simples
existência das disciplinas de empreendedorismo e das actividades de incubação.
Trata-se de desenvolver nos estudantes, espírito de autonomia e de
responsabilidade, pensamento crítico, aceitação do risco, capacidade de
liderança e competências relacionais, entre outras, que normalmente não faziam
parte das preocupações de curricula das universidades.
Enfim, a universidade deve criar um ambiente de ensino e aprendizagem que
reforce as características psicológicas dos indivíduos propensos a actividades
empreendedoras.
Um outro aspecto que gostaríamos de salientar é a relevância do estudo dos
perfis do empreendedor para os modelos de análise de risco da banca ou das
empresas de capital de risco.
Estes modelos cingem-se normalmente aos aspectos técnicos e financeiros do
negócio descurando muitas vezes a figura do empreendedor. É certo que não
existem ainda estudos muito consistentes que possibilitem a predição de sucesso
a partir do perfil do empreendedor, mas sabemos já o suficiente para não
menosprezar estes factores. As universidades têm aqui um vasto campo para
investigação aplicando posteriormente este conhecimento quer nos modelos de
risco quer no desenho de programas de formação para empreendedores.