A Comunicação Estratégica aplicada à divulgação da Ciência. O caso do Centro de
Estudos de Comunicação e Sociedade
Introdução
"Uma sociedade educada apenas pode existir quando o conhecimento não é
meramente armazenado mas é totalmente partilhado".
Jacob Bronowski, in Knowledge and education, 19572.
Vivemos num mundo em que a Ciência ocupa um lugar de destaque e a democracia
prova-o, já que, cada vez mais, e cada vez mais ativamente, os cidadãos são
chamados a envolver-se e a tomar partido das decisões que são importantes na
vida em sociedade. Na verdade, o progresso científico e social não faz sentido
sem que os cidadãos, que tão diretamente por ele são afetados, não tenham
conhecimento dos avanços que se vão fazendo e das descobertas científicas.
Sendo a comunicação uma atividade tão intrínseca ao Homem, o seu auxílio à
Ciência e à sua divulgação, mais do que fazer sentido, é uma necessidade
premente. Desde sempre o conhecimento científico acompanhou a evolução da
espécie humana (e o que seria da espécie humana sem a evolução científica?), de
uma forma mais ou menos aprimorada. Com o tempo, e com os constantes progressos
resultantes da sua atividade, a Ciência provou ser um aliado do Homem,
permitindo-lhe alcançar sonhos que, de outra forma não se realizariam.
Em tempos que se mostram conturbados no que respeita à Ciência e ao seu
financiamento, importa perceber até que ponto a divulgação da ciência pode, de
facto, revelar o seu real valor; aproximar os cientistas e a comunidade, com o
propósito de promover a notoriedade do seu trabalho e atrair o financiamento
necessário à prossecução da sua atividade.
Desde cedo, a Ciência esteve ao serviço do Homem, embora só muito recentemente
lhe tenha sido reconhecido o peso que tem no progresso social, político,
económico e tecnológico. Assumindo-se, então, que esta é uma atividade da qual
o ser humano não pode prescindir, sob pena de embrutecer e paralisar o seu
desenvolvimento, tentaremos perceber qual a importância de dar a conhecer à
sociedade os resultados da sua atividade e se a delineação de uma estratégia
comunicativa, aliada às potencialidades da comunicação online, será o melhor
caminho para chegar à comunidade não científica.
Este estudo tem como principal objetivo perceber o papel e a importância que a
comunicação online representa na estratégia de divulgação científica. Para tal,
optamos pelo estudo de caso do Centro de Estudos de Comunicação e Sociedade
(CECS), o que permitirá a observação, auditoria e avaliação da estratégia de
divulgação científica, no que concerne à utilização das ferramentas de
comunicação online.
A Ciência não é do cientista, é de todos, portanto, não deve estar confinada à
comunidade científica, aprisionada, sem lhe ser dada a oportunidade de contacto
com a comunidade - o que enriquece mutuamente a sociedade e a Ciência.
1. A Ciência e a importância da sua divulgação
"O primeiro dever do homem de ciência é a comunicação; só é ciência, a
ciência transmissível".
Leonardo da Vinci (Século XV)
A Ciência é tão vital a uma sociedade que Emília Afonso defende que:
"Numa sociedade democrática é fundamental levar até aos
cidadãos conhecimentos sobre ciência e tecnologia que invadam as suas
vidas, de forma a permitir moldar o seu hoje e o seu futuro, para que
possam compreender, criticar e desenvolver as ferramentas para fazer
face às suas escolhas individuais" (Afonso, 2008, p. 21).
E Luís Barbeiro (2007, p. 9) corrobora, ao afirmar que:
"(A ciência) Está entrelaçada na nossa sociedade, a alargar em
permanência as fronteiras do conhecimento, mantendo uma complexa
relação que se perpetua na reciprocidade: a sociedade necessita da
ciência assim como esta da sociedade".
Na verdade, quando o autor aponta que cabe à sociedade a
"responsabilidade de determinar o seu (da ciência) rumo" (Barbeiro,
2007, p. 9), verifica-se que a comunicação da atividade científica assume uma
importância vital na manutenção do fluxo entre a comunidade científica e a
sociedade. Esta 'ponte' constitui um esforço que é, e deve ser,
contínuo e ininterrupto. A comunicação é a única via entre quem produz o
conhecimento científico e o grande público, já que "a sociedade necessita
da Ciência como esta da sociedade. A consciência do seu papel e da sua natureza
tornou-se um elemento fundamental para a democracia" (Barbeiro, 2007, p.
9).
"Comunicação da Ciência pode ser definida como o uso apropriado de
competências, média, atividades e diálogo no sentido de produzir uma, ou mais,
das seguintes respostas pessoais à ciência (a analogia das vogais):
* Notoriedade (Awareness), que inclui a familiaridade com novos aspetos da
ciência;
* Prazer (Enjoyment) ou outras respostas afetivas, isto é, apreciar a ciência
como entretenimento ou arte;
* Interesse (Interest), evidenciado no envolvimento voluntário com a ciência e
a sua comunicação;
* Opiniões (Opinions), a formação, reformulação ou confirmação de atitudes
relacionadas com a ciência;
* e Compreensão (Understanding) da ciência, dos seus conteúdos, processos e
fatores sociais". (Burns et al., 2003, p. 191).
A Comunicação da Ciência agrega as atividades de interação desenvolvidas por
investigadores e comunicadores profissionais, destinadas a promover a
compreensão pública da ciência. A compreensão pública da ciência (Public
Understanding of Science) supõe:
* Compreender o conteúdo da ciência ou do conhecimento científico
* Compreender os processos de investigação
* Compreender o impacto da ciência como algo benéfico para os indivíduos e
para a sociedade (Milllar, 1996)
Comunicação da ciência pode ainda ser definida como "o processo através
do qual a cultura e o conhecimento da ciência é absorvida na cultura de uma
comunidade mais ampla" (Bryant, 2003, p. 357)
Nos últimos 20 anos acentuou-se uma preocupação cada vez maior, por parte da
comunidade científica, por razões de vária ordem (financiamento, prestação de
contas, visibilidade, ensino) em comunicar os seus processos e resultados ao
público, à sociedade. Afinal, é a sociedade que valida o trabalho que é feito
no âmbito científico.
Recentemente tem-se afirmado uma corrente de pensamento que considera que as
descobertas científicas devem ser partilhadas com a sociedade, chamando a
atenção para a importância da comunicação da Ciência. Mas tanto a Ciência, como
a investigação científica, para serem comunicadas, necessitam de uma estratégia
que se baseie na descodificação das descobertas científicas para o público que
não pertença a este meio.
Na verdade, comunicar a Ciência é um compromisso com a própria Ciência, na
perspetiva de que "comunicar ciência é tão importante como fazer ciência,
não só pelas implicações que a Ciência tem no dia-a-dia dos cidadãos -
mesmo quando eles não se apercebem disso, mas também porque só comunicando
ciência se despertam vocações científicas", defende José Manuel
Fernandes, diretor do jornal Público, numa entrevista ao canal BQ3.
Defendem Gregory e Miller (1998) que a divulgação científica é tão antiga
quanto a própria Ciência. A comunicação pública da Ciência, ou divulgação da
Ciência, mais não é do que
"o exercício através do qual os produtores de conhecimento
científico - cientistas - dão a conhecer o resultado do
seu trabalho a destinatários não-especialistas - leigos. Os
objectivos subjacentes a este exercício são díspares embora tenham em
comum a preocupação de divulgar o conhecimento científico junto dos
que não integram a comunidade de cientistas assim fomentar uma maior
compreensão da mesma" (Fernandes, 2011, p. 93).
Na visão de Lemos et al. (2007, p. 76), são vários os motivos que levam a que
os cientistas procurem estabelecer um fluxo comunicacional com a comunidade não
científica:
* "informar os cidadãos sobre o trabalho que é realizado com o dinheiro
dos impostos que pagam;
* inspirar os jovens a seguir carreiras em ciência;
* envolver os cidadãos em decisões de financiamento científico;
* envolver os cidadãos na atividade científica e torná-la mais familiar;
* tornar a ciência como uma parte visível da cultura dos cidadãos".
A comunicação da ciência será, então, "um processo vivido em coabitação
com prática científica e a relação da sociedade com a ciência que produz"
(Moutinho, 2007, p. 21). Depois do Homo Economicuse doHomo Socialis, a autora
defende que a importância crescente da divulgação científica e da solidificação
de uma cultura científica dão origem ao Homo Scientificus, estando este
associado a um processo durante o qual
"a ciência se autonomiza da comunidade científica e da
exploração associada à competitividade económica para se constituir
como factor de cidadania(…). Esta ontogenia é observável à escala
global, mas também dentro de cada país/sociedade e reflecte-se
claramente na retórica associada aos programas públicos"
(Moutinho, 2006, p. 62).
O público tem contacto com a Ciência "através das notícias e dos media,
mas também pela interação com aqueles que comunicam a Ciência. Geralmente, a
Ciência é transmitida ao público leigo através de jornais, revistas, TV e
internet" (Besley & Tanner, 2011, p. 239). Na verdade, a comunicação
da Ciência está, frequentemente "associada à divulgação pública do
conhecimento científico" (Carvalho & Cabecinhas, 2004, p. 6), embora
o mesmo seja feito para diferentes tipos de público. Comunica-se a Ciência para
grupos tão distintos como o governo e organismos do Estado; a comunidade
científica, as escolas e demais membros destes agrupamentos; os museus de
Ciência; os meios de comunicação social e a indústria (Carvalho &
Cabecinhas, 2004, p. 6). Podemos, então, afirmar que teremos dois tipos de
públicos distintos para as organizações que se constroem em torno da atividade
científica/de investigação, sendo que para cada um deles se torna necessária
uma comunicação diferenciada: a comunidade científica, composta por
especialistas, para os quais a comunicação será estruturada com o propósito de
"disseminação da Ciência", pelo que se recorre à transferência de
informações científicas e tecnológicas, transcritas em códigos especializados,
defende Bueno (1985); e a comunidade em geral, composta pelos cidadãos e também
pelos meios de comunicação que não possuam profissionais especializados em
jornalismo científico. Para estes, a comunicação ser-lhes-á dirigira como
"divulgação científica", pelo facto de serem usados recursos,
técnicas e processos para a veiculação de informações científicas e
tecnológicas em linguagem acessível ao público em geral (Bueno, 1985).
Estruturalmente, a comunicação da Ciência, pela via formal, faz-se através da
publicação "em revistas de conteúdo altamente especializado"
(Crane, 1975, p. 34), já a vertente informal, realiza-se através das
"comunicações orais, troca de cartas e conversas" (p. 36).
2. As Relações Públicas, a comunicação estratégica e as potencialidades da
comunicação online
A Comunicação Estratégica é parametrizada por Cheney et al. (2011, p. 126) como
"a noção de que as organizações, a fim de estabelecer a sua
presença e legitimidade no mercado, devem comunicar de forma
consistente em diferentes públicos e diferentes meios de comunicação.
Ao coordenar e alinhar todas as mensagens da organização (incluindo
visões, estratégias e temas de identidade), as organizações buscam a
comunicação integrada esperando criar uma impressão unificada de que
a organização é o que ela significa".
Por forma a organizar a comunicação e estabelecer vias com os diferentes
públicos, as Relações Públicas têm um papel fundamental, pelo "esforço
deliberado, planeado e contínuo para estabelecer e manter entendimento mútuo
entre uma organização e os seus públicos" (Lloyd & Lloyd, 1998, p.
19). Um outro conceito similar é o de Comunicação Integrada. Para Margarida
Kunsch (1986, p. 115), as Relações Públicas muito contribuem para a Comunicação
Integrada de uma organização, pela função que lhes cabe de lidar com públicos e
pelo planeamento que tal função exige, precisamente porque se dirige a vários
públicos e a vários segmentos, utilizando técnicas de comunicação específicas
para cada um deles. Para a autora, as Relações Públicas são uma ferramenta
imprescindível para as organizações. Prova disso, é a afirmação de que
"As organizações, mais do que nunca, não poderão prescindir de
uma comunicação viva e permanente, sob a óptica de uma política de
relações públicas. (…) (As organizações) terão que se valer de
serviços integrados nessa área, pautando-se por políticas que
privilegiem o estabelecimento de canais efectivos de diálogos com os
segmentos a elas vinculados e, principalmente, a abertura das fontes
e à transparência das suas acções" (Kunsch, 200, p. 165).
Kunsch (1986) acrescenta ainda que as Relações Públicas atuam também numa
vertente administrativa, coordenando esforços para a concretização dos
objetivos e necessidades organizacionais, e tendo sempre em consideração, na
delimitação da ação organizacional, a reação dos públicos e da opinião pública,
planeando, para o efeito, ações comunicacionais distintas (o que no fundo, é
uma ideia que integra também a definição de Comunicação Organizacional, campo
de que também fazem parte as Relações Públicas).
As Relações Públicas trabalham, então, no sentido de conseguir a aceitação da
organização, demonstrando o seu carácter de intencionalidade, junto dos vários
públicos, conseguindo-o através da criação de estratégias comunicacionais para
públicos distintos, sempre numa perspetiva de enquadramento na atividade e
valores organizacionais. As Relações Públicas mostram a sua utilidade na
aproximação da organização aos seus públicos e vice-versa. Todas as ações
comunicativas buscam esta proximidade, que pode ser mais potenciada pelas
ferramentas e tecnologias de comunicação digital e em rede, que facilitam as
trocas de informação entre os seus utilizadores.
O que é, então, a comunicação online, ou digital? Para Elisabeth Saad Corrêa, a
comunicação digital pauta-se pelo recurso às
"Tecnologias Digitais de Informação e Comunicação (TIC's), e de
todas as ferramentas delas decorrentes, para facilitar e dinamizar a
construção de qualquer processo de comunicação Integrada nas
organizações. Falamos, portanto, da escolha daquelas opções
tecnológicas, disponíveis no ambiente ou em desenvolvimento, cujo uso
e aplicação é o mais adequado para uma empresa específica e
respectivos públicos específicos" (Corrêa, 2005, p. 102).
Posto isto, esclareçamos que o simples facto de fazer uso de uma plataforma não
configura, por si só, uma mais-valia para a organização. Deve, o uso destas
plataformas, estar enquadrado numa estratégia de comunicação sólida, consciente
e produtiva, já que não basta as organizações utilizarem simplesmente as
"poderosas armas das novas tecnologias da informação e da comunicação,
por modismos" (Kunsch, 2007, p. 40), sem antes terem consciência das
bases que irão justificar a escolha dos meios digitais a utilizar. De entre
essas bases, destacamos a importância do conhecimento dos públicos, com quem se
comunica e perceber quais as necessidades comunicativas de cada um deles,
configurando as soluções que melhor se adequem. Da mesma forma que,
tradicionalmente, se usam estratégias de comunicação diferentes consoante o
público-alvo, com a comunicação digital, o mesmo se aplica. De qualquer modo,
"a comunicação neste contexto tem um importante papel a exercer e passa a
ser considerada de forma muito mais estratégica do que no passado"
(Kunsch, 2007, p. 41), devendo ser considerada como um processo social básico e
um fenómeno nas organizações, agindo como uma mais-valia para estas.
A internet trouxe algumas ferramentas específicas, que influenciam a forma de
comunicar, como o correio eletrónico, os sites, ou as redes sociais. De entre
estes, destacamos os social media, que consistem nos veículos mediáticos
utilizados pelos usuários para comunicarem entre si de forma social no universo
online. Por outro lado, temos as ferramentas relacionadas com o social network,
que acontece sempre que alguém cria um perfil, quer seja no Facebook, no
Twitter ou mesmo no MySpace,e cria interações por forma a fazer parte de uma
comunidade virtual (Scott, 2010). Muito embora sejam conotadas com lazer, o que
é facto é que estas são ferramentas importantes no que toca à comunicação
organizacional e à divulgação. Na verdade, a importância dos social mediavai
mais além da partilha de informações e de criação de relações sociais: trata-se
da possibilidade gerada para as organizações de contactarem com quem pretendem,
reduzindo significativamente o investimento nesse contacto. Por todas estas
razões, a comunicação digital assume, cada vez mais, um papel central na
comunicação das organizações.
Nunca como agora, as organizações precisaram das relações públicas, para que a
sua estratégia de comunicação acompanhe a evolução da era digital, e pela
necessidade de planear, defende Margarida Kunsch, já que cada vez mais se
revela a importância de "pensar e administrar estrategicamente a
comunicação organizacional com todos os públicos e a opinião pública"
(Kunsch, 2007, p. 42), mesmo que os modelos de gestão atual sejam mais
"descentralizados" (Pereira, 2005, p. 210). Lordan (2001, p. 583)
defende que a adoção das novas tecnologias nas relações públicas é o resultado
do crescimento sem precedentes do "número de meios de comunicação
disponíveis, da velocidade de transmissão da informação, da quantidade de
informação disponível, da dimensão das organizações que recorrem às relações
públicas, da dimensão das próprias organizações de relações públicas e da
variedade de novas tecnologias aplicáveis à indústria".
De uma forma geral, a preocupação com a comunicação é, hoje, feita com base,
não só na consideração dos públicos na criação da mensagem, mas também na
perspetiva de interação com eles. A rapidez e instantaneidade trazidos pela
comunicação em rede (transferência eletrónica de informação, mediada por um
computador que esteja ligado à internet), implicam que a comunicação deve ser
mais fluída, simples e direta. A evolução na forma de se comunicar com os
públicos deriva da inovação e dos "gadgets" tecnológicos, não só da
internet, mas da criação dos dispositivos móveis, o que faz com que a
comunicação seja feita de uma forma cada vez mais imediata. O modelo de
comunicação em rede permite a criação de processos de globalização
comunicacional; ligação em rede de media de massas e interpessoais e mediação
em rede; e permite também diferentes graus no uso da interatividade (Cardoso et
al., 2009). A revolução comunicacional acontece na internet e nas redes
sociais, onde se assiste à criação de novas formas de negócio, alterando
profundamente o tecido organizacional, e exigindo que este dê mais atenção à
comunicação, sob pena de não acompanhar a evolução, levando à extinção das
organizações que não a consigam acompanhar.
A comunicação digital não pode, de forma alguma, desligar-se das formas
tradicionais de comunicação, ou mesmo da estratégia de comunicação global da
organização. Kunsch defende que deve existir "uma filosofia da
comunicação integrada e a não-fragmentação dessa comunicação (2007, p. 48). A
comunicação digital abre as portas da organização para o mundo, sendo este
caminho um requisito necessário para sobreviva na "aldeia global" e
consiga levar a sua atividade mais longe. Não devemos, contudo ignorar a
quantidade de informação que a Internet nos oferece e que pode, muito
facilmente gerar uma "sobreinformação", conforme nos fala Edgar
Morin (1981, p. 19, citado em Pereira, 2005, p. 213) na obra As grandes
questões do nosso tempo. A informação está disponível a todos os que têm acesso
à Internet, mas depende das competências, da personalidade, dos valores e da
condição social de cada utilizador, o uso que se dá a toda essa informação.
Nesse sentido, podemos dizer que o profissional de comunicação deve saber
selecionar a informação que é disponibilizada, chamando a si a responsabilidade
de agir como um gatekeeper.
Nesta era caracterizada por uma "economia informacional", conforme
categoriza Pereira (2005, p. 214), a comunicação não deve ser pensada na lógica
linear, característica dos meios mainstream, mas sim em rede, promovendo o
acesso livre aos dados, democratizando o controlo da informação. A autora
refere ainda que se deve orientar o discurso de acordo com as expectativas dos
públicos, adaptando as mensagens, conforme a especificidade e cada um
(contrariamente à comunicação de massas), passando a agora a estratégia de
comunicação a focar mais a missão da organização e o cliente e menos no
produto. As linhas orientadoras da comunicação nesta nova fase são a
personalização, a seleção, a mediação e a avaliação constante (Pereira, 2005).
Refira-se, também, que qualquer setor de atividade pode beneficiar das
potencialidades do mundo online, desde que a estratégia de comunicação digital
não perca de vista os objetivos organizacionais, trabalhando em sintonia para
obter uma maior efetividade organizacional. Ora, esta efetividade pode
traduzir-se numa divulgação ampla e globalizada, trazendo novos públicos, novos
interesses e novas dinâmicas, como é o caso da Ciência e da divulgação
científica.
3. As formas de comunicar a ciência: as práticas do Centro de Estudos de
Comunicação e Sociedade
O Centro de Estudos de Comunicação e Sociedade é uma unidade de investigação
sediada na Universidade do Minho, Braga, cujos objetivos são a "promoção,
a coordenação e a difusão da investigação científica da área científica das
Ciências da Comunicação, tal como está estabelecido no Regulamento4 do CECS.
Esta unidade de investigação procura, através do seu trabalho e dos órgãos que
a representam, i) aprovar, promover e coordenar projetos de investigação; ii)
afetar recursos humanos e materiais a esses projetos de investigação; iii)
promover o intercâmbio científico entre o CECS e outras instituições ligadas à
investigação; iv) contribuir para o reconhecimento dos projetos de investigação
que promove; v) difundir a investigação científica desenvolvida no seio da sua
atividade; prestar serviços à comunidade enquadrados na atividade científica
(Regulamento do CECS). O CECS é financiado pela Fundação para a Ciência e
Tecnologia (FCT).
O CECS é composto pelos membros que se enquadram em duas categorias: integrados
e colaboradores e divide a sua atividade em três linhas de investigação5:
comunicação, organizações e dinâmicas sociais; estudos culturais; média e
jornalismo. E o Centro conta, atualmente, com uma equipa composta por 56
Membros Integrados, 12 membros que encaixam na categoria 'Outros
Doutorados' e 148 membros que se encontram a realizar o seu projeto de
investigação em doutoramento, os Estudantes de Doutoramento, perfazendo uma
equipa formada por 216 investigadores, na sua totalidade6. Este é, por
conseguinte, o público prioritário do CECS, no que respeita à comunicação
interna. Já conseguir chegar ao máximo de investigadores, docentes, alunos de
pós-graduação e demais interessados na área científica constitui o objetivo
para comunicar com os públicos prioritários, no que respeita à comunicação
externa.
No que toca à divulgação científica, o CECS faz uso das seguintes ferramentas:
* Publicações: o CECS tem um conjunto de publicações, que servem o propósito
de divulgar o trabalho dos seus investigadores, e não só. A Revista
Comunicação e Sociedade (C&S), que é editada pelo CECS semestralmente,
tem, em cada volume, um tema específico e está sujeita a peer review.Esta é a
forma de divulgar o trabalho dos investigadores do Centro como, de resto, dos
investigadores de qualquer parte do mundo. Atualmente, a Revista é atualmente
publicada online e é bilingue (todos os artigos são publicados em português e
em inglês, desde o volume 22). O CECS tem também uma coleção de livros, a
Coleção Comunicação e Sociedade, que conta com 25 publicações, todas dos
investigadores do Centro. Além destes, há também outros livros editados por
editoras externas ao CECS. Mais recentemente, foi criada a edição de e-books,
seguindo a tendência de digitalização atual. De entre Livros Coletivos, Atas
e outros, a publicação online do CECS tem vindo a crescer manifestamente.
Todas as informações sobre as publicações do CECS podem ser consultadas no
site http://www.comunicacao.uminho.pt/cecs/.
* Organização e participação/apresentação de comunicação em eventos
científicos: enquadram-se nesta categoria os Congressos, Seminários,
Workshops, Conferências, Palestras, entre outros. De maior ou menor
magnitude, os investigadores do CECS participam e organizam vários eventos.
Refira-se, a título de exemplo, a organização recente do IAMCR 2010 e do
Confibercom 2014. Quer da organização quer da participação/apresentação de
comunicação, resulta a publicação em Livros de Atas das comunicações orais do
evento (com ou sem referee).
* Site: o CECS divulga a sua atividade através do website, cujo endereço é
http://www.comunicacao.uminho.pt/cecs/. Na sua página está disponível
informação sobre o Centro, os seus investigadores, e a sua atividade
científica, ou ainda sobre publicações e eventos científicos.
* Facebook: o CECS dispõe de uma página no Facebook, que apoia a tarefa de
divulgação científica, a vários públicos. Toda a atividade científica pode
ser seguida no perfil www.facebook.com/pages/CECS-Centro-de-Estudos-de-
Comunicação-e-Sociedade/127149417348596?fref=ts.
* E-mail: através do endereço cecs@ics.uminho.pt, é possível o contacto direto
entre o Centro e os investigadores e entre este e os vários públicos. Meio de
divulgação massivo, o email é também uma forma de obter contacto instantâneo,
informações, esclarecer dúvidas.
* Newsletter: uma vez por mês, a Newsletter do CECS é publicada, dando a
conhecer, de forma aprofundada, a atividade dos seus investigadores. Contém,
também, informações importantes de eventos e outras atividades que sejam
importantes para o Centro.
* Telefone: este é apenas um meio auxiliar de estabelecer contacto imediato
com o Centro, para obter informações, esclarecer dúvidas, ou mesmo para
partilhar novidades relevantes, passíveis de serem divulgadas.
* Contacto presencial: esta forma de divulgação é possível, mediante contacto
direto com os bolseiros e com os investigadores e/ou direção do CECS.
4. Metodologia
4.1 A escolha de um estudo de caso
Esta investigação "concentra(-se) no estudo de um caso em particular,
considerado representativo de um conjunto de casos análogos" (Severino,
2007, p. 121). Partindo desta premissa e assumindo que o Centro de Estudos de
Comunicação e Sociedade possa representar os Centros de Investigação
portugueses, pretendemos com este trabalho analisar as práticas de comunicação
online da ciência do Centro, por forma a podermos inferir se a comunicação
online é uma mais-valia na estratégia de divulgação científica global. Invoque-
se ainda que a escolha da metodologia de estudo de um caso em particular, se
deveu ao facto de permitir "reunir informações tão numerosas e tão
pormenorizadas quanto possível, para abranger a totalidade da situação"
(Afonso, 2008, p. 72). Na verdade, mediante a "análise empírica de um
fenómeno contemporâneo em contexto real", é possível "atingir o
mundo real com a maior proximidade possível e interpretar esse mundo", de
modo a "descrever experiências ou criar teorias (…) que sirvam de base de
estudo e actuação em situações semelhantes" (Ruão, 2006, p. 113).
Mas, ainda antes de descrevermos quais os instrumentos de análise e técnicas
utilizadas, consideramos pertinente revelar a pergunta de partida e as os
objetivos do estudo:
* Qual o papel das ferramentas online na comunicação da ciência?
Assumindo esta missão, os objetivos da investigação são: 1) identificar as
ferramentas de comunicação online utilizadas pelo CECS para atingir os públicos
internos e externos; 2) descobrir quais as políticas de comunicação online do
CECS; 3) avaliar essas políticas de comunicação, face às particularidades do
meio online; e 4) sugerir melhorias nas práticas avaliadas.
O CECS será o centro de investigação que servirá como caso em estudo, para
tentarmos verificar o papel das ferramentas online na comunicação da ciência.
4.2 Os instrumentos de recolha de dados: a análise de documentos
Berelson define a análise de conteúdo como "uma técnica de investigação
para a descrição objectiva, sistemática e quantitativa do conteúdo manifesto da
comunicação" (1967, pp. 488-489, citado em Janeira, 1972, p. 371), sendo
que, essa comunicação assumirá a forma de documento (nos mais variados
suportes). Este método tem como objetivo, na opinião de Quivy e Campenhoudt
(1992), analisar a "lógica de funcionamento das organizações, graças aos
documentos que elas produzem" (p. 230), documentos esses que, mediante a
sua análise, servem como "fontes de informação a partir das quais o
investigador tenta construir um conhecimento" (Quivy & Campenhoudt,
1992, p. 226). Os autores apontam que uma das principais vantagens de
"uma comunicação reproduzida num suporte material (geralmente um
documento escrito", é o "controlo posterior do trabalho de
investigação" (Quivy & Campenhoudt, 1992, p. 226).
Tomando por princípio que a análise de conteúdo se serve de documentos
escritos, assumindo as mais variadas formas, tornando possível a recolha e
análise posterior ao acontecimento do fenómeno e a descoberta da lógica de
funcionamento de uma organização, assumimos que esta ferramenta será útil a
esta investigação. Analisaremos os textos produzidos nos suportes digitais, aos
quais faremos uma análise temática, de acordo com o que Bardin (1990, citado em
Quivy & Campenhoudt, 1992, p. 228) parametrizou. O autor considera que uma
das formas de fazer análise temática é a análise categorial. Trata-se de
"calcular e comparar as frequências de certas características (que podem
ser sistematizadas como temas) previamente agrupadas em categorias
significativas" (Quivy & Campenhoudt, 1992, p. 228). Sobre isso,
Bardin estabelece também que, "uma característica é tanto mais
frequentemente citada quanto mais importante é para o locutor" (citado em
Quivy & Campenhoudt, 1992, p. 228).
Consideramos ser importante referir que as categorias foram criadas por nós,
para esta investigação em específico, para o Facebook, e-mail e Newsletter,
seguindo a lógica de produção dos textos em análise e a especificidade da
comunicação que envolve: a divulgação da ciência.
* Clipping:informação relativa a notícias que são publicadas nos media(nas
várias plataformas e nos vários meios).
* Divulgação de eventos: informação relativa à promoção de eventos -
congressos; seminários/palestras; workshops; provas de doutoramento, em 3
fases: 1) Anterior ao evento (informação sobre data, hora, local e
participantes); 2) No dia do evento (lembrete do evento, com atualização de
informação, se necessário); 3) Posterior ao evento (follow up - reportagem
fotográfica).
* Outras notícias: outras notícias/informações relativas aos investigadores do
CECS, tais como: nomeação para cargos; atribuição de prémios; outras
informações relevantes.
* Revista Comunicação e Sociedade: Informação sobre chamadas de artigos e
publicação da Revista Comunicação e Sociedade.
* Bolsas de investigação: Informação sobre concursos para a atribuição de
Bolsas de investigação no âmbito de projeto de investigação afetos ao CECS.
* Newsletter: Divulgação de publicação da newsletter mensal.
* E-book: Divulgação de publicação de e-books.
* Call for papers:Divulgação de chamadas de trabalhos.
* Outras candidaturas: Divulgação de aberturas de outros concursos.
A análise documental será aplicada às seguintes ferramentas:
Facebook
O Facebook constitui uma das formas de divulgação contínua do CECS, contando
com publicações frequentes na sua página7. A análise documental deste suporte
de comunicação digital contou com a observação do comportamento do CECS no
Facebook, durante o período de tempo compreendido entre os dias 01 de março e
31 de maio de 2014, mediante a verificação dos seguintes vetores, que ajudam a
classificar a presença e ação na rede social:
* Total de seguidores da página (considera-se pertinente incluir aqui também a
evolução de seguidores da página);
* Total de posts publicados no período em questão e categorização dos mesmos
(consideramos que a categorização ajuda a definir mais claramente a
estratégia comunicacional do CECS);
* Análise dos likes, comentários e partilhas dos posts publicados.
E-mail
À semelhança da análise feita aos posts do Facebook, e para uma melhor análise
dos e-mails enviados, consideramos que seria pertinente discriminar os assuntos
divulgados. Assim, usaremos as categorias estabelecidas para análise dos posts
do Facebook, para poder classificar os e-mails e perceber quais os assuntos de
maior relevância na divulgação do CECS.
Newsletter
Filipe Carrera (2009, p. 44) define uma Newsletter como um boletim informativo
que permite dar uma informação personalizada e atempada aos públicos. A
Newsletter do CECS, difundida via eletrónica, enquadra este objetivo, dando a
conhecer, tanto ao público interno como ao público externo, as atividades dos
seus investigadores no mês a que respeita. Além disso, dá ainda conta de
eventos e iniciativas científicas importantes, que decorram num futuro próximo
á sua publicação. Publicada periodicamente desde 2009 (excetuando o mês de
agosto), a Newsletter é lançada no último dia útil do mês a que respeita, no
site do CECS.
A Newsletter respeita o seguinte enquadramento:
- Notícias várias sobre a atividade de investigação
- Clipping
- Atividades dos investigadores do CECS
- Revistas de acesso livre (disponibilizam-se aqui alguns links de Revistas
científicas da área das Ciências da Comunicação, de acesso livre)
- Ficha técnica
Para uma melhor compreensão do que é divulgado, usaremos as mesmas do Facebook
e do e-mail, para poder classificar a informação divulgada e perceber quais os
assuntos de maior relevância. É importante mencionar, antes de analisar os
dados, que só caracterizamos o que é apresentado na página de rosto da
Newsletter. Existe um separador de Clipping, com as notícias que saíram nos
media. Como todos os meses é dada esta informação, através de um link que
remete para o site do CECS, esta informação não entrou na categorização feita
para os destaques da Newsletter. Dividimos, então, os destaques, segundo as
categorias parametrizadas para a análise dos posts do Facebook e dos e-mails.
Site
Com base na grelha disponibilizada por Barbosa (2012) (disponível nos anexos),
faremos a análise ao site do CECS, adaptada à nossa investigação. Assim, a
nossa grelha de análise incidirá sobre os seguintes parâmetros:
* Identificação
* Plano de trabalho para um planeamento a longo prazo do site
* Valores estratégicos
* Valores táticos
* Usabilidade
* Estrutura do site
* Conteúdos
* Acessibilidade
* Serviços
* Utilização extra
5. Análise documental: os
posts8
do Facebook; os e-mails ; a Newsletter e o site
5.1 Os posts do Facebook
Relembrando que a análise deste suporte comporta as publicações feitas entre 01
de março e 31 de maio, o CECS apresenta os seguintes indicadores:
* Total de seguidores da página: no dia 31 de maio, último dia de análise, o
CECS tinha 920 seguidores. Verificamos, ao longo do tempo estabelecido para a
amostra, que este número varia. Assim, é relevante referir que, no dia 01 de
março, o CECS tinha 840 seguidores e no dia 31 de maio, 920 seguidores,
originando uma amplitude de 80 seguidores, com uma média de 0,89 likes por
dia (em 92 dias de análise).
* Total de publicações, likes, comentários e partilhas: durante o período
estabelecido, o CECS publicou 107 posts na sua página, com uma média de 1,16
posts por dia. Da totalidade destes posts, retiramos as seguintes
estatísticas:
* Alcance das publicações: no total dos posts publicados, o CECS obteve um
alcance de 31 251 pessoas, fazendo com que a média de alcance das publicações
seja de 209. Se calcularmos a média de alcance em função dos dias em análise,
verificamos que 339 pessoas visualizam os posts do CECS. É relevante
mencionar que a publicação com menor alcance foi vista por 37 pessoas e a de
maior alcance foi vista por 1 748, o que dá uma amplitude de visualizações de
1 711. Podemos aqui considerar que a quantidade de pessoas alcançadas possa
ser influenciada pelo assunto ou investigador(es) visado na publicação.
* Likesdas publicações: com uma totalidade de 528 likes, cada publicação
obteve uma média de 5 likes. Houve 11 publicações com 0 (zero) likes e a
publicação com mais popular obteve 23 likes. À semelhança do que acontece com
o alcance das publicações, consideramos que o número de likes de cada
publicação possa ser influenciado pelo assunto/investigador(es), mais ainda
do que o alcance, pelo sentimento de proximidade ou empatia, que pode motivar
o like na publicação.
* Partilhas das publicações: as 107 publicações feitas pelo CECS tiveram 99
partilhas, fazendo uma média de 0,9 partilhas por publicação. É importante
mencionar que 58 posts não tiveram nenhuma partilha, e que o post mais
popular foi partilhado por 13 pessoas. Apresentada a hipótese acima de que o
alcance e os likes poderiam ser influenciados pelo assunto/investigador(es)
alvo da publicação, o mesmo parece suceder nesta variável.
* Comentários das publicações: no total dos posts publicados, houve 13
comentários. Em média, cada publicação obteve 0,12 comentários, dando uma
proporção de, aproximadamente, 1 comentário a cada 8 publicações. É
importante mencionar que, destes 13 comentários, 4 pertencem ao CECS, na
intenção de retificar e/ou complementar a informação dada na publicação
original. Mais uma vez, consideramos que, à semelhança das variáveis
anteriores, esta variável pode ser influenciada pelo assunto/investigador(es)
alvo da publicação.
Com uma amostra de 107 posts, e depois de estabelecidos os parâmetros de
classificação, apresentamos na tabela a seguir a distribuição pelas categorias:
Olhando para a tabela, rapidamente percebemos que, de entre os posts
analisados, a categoria que reúne mais publicações, é a "Divulgação de
eventos - anterior", com 28 posts, representando 26% da totalidade
de posts analisados. Com 26 posts, a categoria "Clipping", reúne
24% das publicações. A categoria "Outras notícias" tem dedicados
210 posts, representando cerca de 19% da amostra de publicações. Podemos
inferir que, no CECS, se aposta na divulgação pré-evento, na tentativa de
chamar mais participantes a esses acontecimentos programados, e aposta-se
também na divulgação da informação que os media publicam sobre os CECS, os seus
investigadores e os seus eventos - note-se que, o CECS não faz divulgação
das crónicas periódicas nos media, pelo que este valor é apenas representativo
das referências "extraordinárias"; também se verifica uma
importante divulgação de outras informações que são relevantes para os
investigadores.
De referir ainda que há uma preocupação em fazer algum acompanhamento dos
eventos, quer seja no próprio dia, ou nos dias subsequentes, nomeadamente com a
publicação da reportagem fotográfica dos mesmos, o que representa uma parte
significativa da divulgação feita via Facebook, com 16 posts (cerca de 15%). A
este propósito, cabe-nos dizer que o Facebook permite que esta interação se
torne produtiva, já que as pessoas podem ver, 'gostar' e partilhar
as fotografias em que estão presentes, criando uma dinâmica própria na página
de cada participante do evento.
No cômputo geral, podemos aferir que a visibilidade das publicações é ainda
relativamente baixa, já que a média de visualizações, 209, está muito longe do
valor de seguidores da página: 920. Se a isto juntarmos os valores médios de
likes (5), partilhas (0,93) e comentários (0,12), podemos afirmar que a página
não serve a função de interação, mas apenas de divulgação.
5.2 Os e-mails
A divulgação por e-mail é feita como parte da estratégia de comunicação online,
dado que permite alcançar muitas pessoas e públicos distintos. A mailing list
do CECS conta com o envio destes e-mails de divulgação para mais de 3000
endereços de correio eletrónico:
* Membros integrados e colaboradores e colaboradores do CECS;
* Blogues e Centros de Comunicação ligados à Comunicação e afins
* Gabinete para os Meios de Comunicação Social
* Entidade Reguladora da Comunicação Social
* Ydreams - MIT Portugal
* Todos os alunos que frequentam os doutoramentos em Estudos Culturais;
Ciências da Comunicação e Estudos da Comunicação
* Todos os alunos que frequentem os mestrados em Ciências da Comunicação;
Comunicação, Cidadania e Educação e em Comunicação, Arte e Cultura
* Mailing list da Intercom
* Mailing list da Sopcom e Sopcom junior
* Media (Imprensa, Rádio, Televisões, plataformas internet, provedores)
* Todos os endereços de e-mail da Universidade do Minho
* Escolas/Institutos da Universidade do Minho
* Todos os contactos da FCT.
A divulgação realizada via e-mail segue a seguinte estrutura:
Antetítulo (indica a data, a hora e o loca do evento) - apenas em alguns
dos e-mails
Título (geralmente o título - evento - é também o assunto da
mensagem)
Lead (indica quando e onde se realiza o evento e qual é o evento ou pessoa)
Outras informações complementares
Link para ver outras informações (ou remetendo para o site do CECS, ou para o
site específico do evento).
Para a Newsletter a estrutura é um pouco diferente:
Já está disponível a Newsletter nºxx
Link para a Newsletter completa
Destaques
Refira-se que a amostra estudada é constituída por 46 mensagens de correio
eletrónico, enviado no período entre 01 de março e 31 de maio de 2014. Em 92
dias de análise, obtivemos uma média de 0,5 e-mails por dia, sendo que,
estatisticamente, é enviado um e-mail a cada 2 dias.
Apresentamos na tabela a seguir a distribuição pelas categorias estabelecidas:
Mais uma vez, a categoria "Divulgação de eventos - anterior"
é a que tem uma maior frequência, com 22 e-mails enviados, correspondendo a
quase metade da amostra de e-mails analisados. Segue-se a categoria
"outras notícias", com 7 e-mails e "Divulgação de eventos
- no dia", com 4 e-mails. É importante referir ainda que, da mesma
forma que através dos posts publicados no Facebook concluímos que no CECS se
aposta na divulgação antes dos eventos, na tentativa de chamar mais
participantes a esses eventos, o mesmo se verifica com o envio de mensagem de
divulgação via eletrónica. Note-se ainda que não é feita divulgação via e-mail
do follow up dos eventos (categoria "Divulgação de eventos -
posterior"), nem do "Clipping". Assume-se, portanto, que esta
ferramenta serve apenas para divulgação antecipada e no dia dos eventos, e
acontecimentos programados, e para outras informações que sejam muito relevante
para a atividade do CECS.
A título de curiosidade, apresentamos, na tabela a seguir a distribuição dos
temas dos e-mails, para uma melhor compreensão da divulgação científica levada
a cabo no CECS.
5.3 A Newsletter
Com uma amostra de 3 Newsletters, o que perfaz um conjunto de 67 destaques, e
depois de estabelecidos os parâmetros de classificação, apresentamos na tabela
a seguir a distribuição pelas categorias parametrizadas:
Olhando para a tabela, rapidamente percebemos que a categoria "Outras
notícias" congrega a maior parte dos destaques publicados na Newsletter,
com 19 destaques num total de 67, representando pouco mais do que ¼ da amostra
analisada. A segunda categoria mais publicitada na Newsletter é a
"Divulgação de eventos - anterior" (seguindo a tendência
dosposts do Facebook e dos e-mails), com 18 destaques, o que representa também
um pouco mais de ¼ da amostra. A categoria "Divulgação de eventos -
posterior" é a terceira categoria com mais destaques atribuídos, ou seja,
13. "Outras candidaturas" tem uma representatividade um pouco
menor, com 8 destaques; seguindo-se a "Call for papers", com 5
destaques; e as categorias "E-book" e Revista Comunicação e
Sociedade", com 2 destaques cada. Note-se que, as categorias
"Clipping" (por considerarmos que, por ter uma seção específica na
Newsletter, não foi considerada como destaque, que foi a amostra que
analisamos), "Divulgação de eventos - no dia"; "Bolsas
de Investigação" e "Newsletter" não têm qualquer ocorrência.
A natureza desta ferramenta (boletim de notícias mensal) não permite a
divulgação de eventos no próprio dia, ou de outras iniciativas que tenham
finalizado antes do final do mês a que respeita, como é o caso das bolsas de
investigação. Quanto à categoria "Newsletter", não faz sentido que,
na própria ferramenta se fizesse um destaque específico, a menos que se
tratasse de uma situação excecional (um prémio, por exemplo).
Para uma melhor análise, distribuímos os destaques também por categorias. Os
resultados são apresentados na tabela seguinte:
Mediante a análise da tabela, percebemos que o tema "Outros eventos
científicos" representam uma boa parte da amostra analisada, com 13
destaques, constituindo, assim, cerca de 1/5 da amostra. Os temas
"Participação em Projetos de Investigação", "Divulgação de
atividades de Projetos de Investigação", "Divulgação de outras call
for papers" e "Doutoramento sanduiche", têm 4 destaques cada;
os temas "Seminários de doutoramento"; "Defesa de Tese de
Doutoramento"; "Bolsas Marie Curie"; "7 dias com os
media" e "Gender in Focus" têm 3 destaques cada; os temas
"SIACOM", "Divulgação de outras atividades",
"Publicação de e-book", Confibercom 2014", "Congresso
Estudos Culturais", "Doutoramento em Estudos de Comunicação"
e "Doutoramento em Estudos Culturais" têm 2 destaques cada; os
temas "Jornadas Doutorais", "Call for papers Revista
Comunicação e Sociedade", "Publicação Revista Comunicação e
Sociedade", Doutoramento em Ciências da Comunicação",
"Menções honrosas", "GT Jovens Investigadores da
SOPCOM" e "Investigador FCT", têm apenas 1 destaque cada.
5.4 O Site
Identificação
* Nome: Centro de Estudos de Comunicação e Sociedade (CECS)
* URL: http://www.comunicacao.uminho.pt/cecs/
* Data de funcionamento: Desde 2010
* Ficha técnica: Universidade do Minho; Apoio do projecto LASICS (FCT); Gestão
de conteúdos: CECS
Osite do CECS está alojado no domínio http://www.comunicacao.uminho.pt/cecs/,
sendo uma subpágina do domínio principal: http://www.comunicacao.uminho.pt/, do
Departamento de Ciências da Comunicação, da Universidade do Minho. Neste
domínio, encontramos 3 subdomínios: Ensino (domínio dos cursos do Departamento
de Ciências da Comunicação); Investigação (domínio do CECS) e Departamento
(domínio do Departamento, órgãos e docentes).
* Plano de trabalho para um planeamento a longo prazo do site
* Do que trata.O site do Centro de Estudos de comunicação e Sociedade (CECS),
que serve como plataforma de divulgação online de toda a atividade resultante
da investigação científica. O site serve como auxiliar de divulgação online
de toda a atividade decorrente da investigação, feita no CECS, cuja
finalidade é o aumento da visibilidade da organização (Carrera, 2008) (o
mesmo se aplicando aos outros meios de divulgação online).
* Públicos.De uma forma geral, toda a comunidade científica e a comunidade não
científica constituem a audiência potencial do centro, abrangendo, por
conseguinte, toda a sociedade. Tratando-se de um centro de investigação que
centra a sua atividade na pesquisa em Ciências da Comunicação, os media, são
um dos públicos específicos, fazendo parte, claro está, da comunidade não
científica. Internamente, o CECS, através do seu site, comunica para os seus
investigadores (que podem estar, ou não, afetos à Universidade do Minho). O
CECS comunica para outros investigadores que não estejam afetos à área das
Ciências da Comunicação, estudantes de ensino superior, estudantes de ensino
básico, jornalistas, diretores dos órgãos de comunicação social e de agências
de comunicação e demais cidadãos.
* Necessidades dos públicos.Admite-se que os públicos do CECS pretendam
conhecer o CECS e a atividade que desenvolve, bem como os investigadores que
integra. Perceber o que é a investigação em Ciências da Comunicação e quais
os resultados dessa(s) investigação(ões).
* Objetivos.De uma forma bastante clara, o CECS pretende "Promover a
difusão dos resultados de pesquisa" Pretende-se, também" Reforçar
relações e desenvolver projectos com organizações semelhantes, em Portugal e
no estrangeiro"9.
* Que informação é divulgada.O que é o CECS; quais os investigadores e linhas
de investigação; quais os Observatórios, Projetos de Investigação,
Publicações e Parcerias do CECS; o que faz o CECS para se internacionalizar;
quais os cursos de Pós-Graduação que estão afetos ao CECS; quais os eventos
organizados e promovidos pelo CECS. Desta forma, o CECS descreve a sua
atividade e os limites da sua ação de investigação.
* Elementos gráficos.Logótipo da Universidade do Minho (UM) /Instituto de
Ciências Sociais (ICS) (instituição de que faz parte); separadores e secções
com toda a informação sobre a atividade decorrente da investigação; imagens e
descrição de eventos e de atividades em que participam os investigadores. O
site tem a identificação clara da Universidade do Minho, já que não tem um
logótipo próprio, previsivelmente devido às normas de identidade gráfica da
universidade. Tem também uma imagem fixa alusiva à investigação (pela lupa e
pelo livro) e, por cima desta, o nome do Centro. Do lado esquerdo contam-se
15 separadores. No final da página encontramos hiperligações para o domínio
principal e para os subdomínios (Ensino, Investigação e Departamento); os
contactos do Departamento de Ciências da Comunicação, do CECS e do Instituto
de Ciências Sociais.
* Atualizações.São da responsabilidade do staff do CECS (embora esta
informação não esteja presente em lado algum do site), e são realizadas
sempre que há necessidade (o que pode implicar que haja atualizações mais do
que uma vez por dia, ou mesmo nenhuma)
Valores estratégicos
* Branding(presença da marca institucional como fator de diferenciação). As
formas de branding que aparecem no site estão relacionadas com a Universidade
do Minho/Instituto de Ciências Sociais, quer no logo, quer nas cores. O CECS
não tem nem um logótipo próprio, nem de uma identidade visual. No site, a
identificação visual aplicada segue o manual de normas gráficas da
Universidade do Minho/Instituto de Ciências Sociais, pela presença do
logótipo, e pelos direitos de autor que constam no final da página: "©
Universidade do Minho. Todos os direitos são reservados". As cores não
parecem obedecer a uma coerência estética, já que o logótipo da UM é vermelho
escuro e o do ICS é rosa, e o site do CECS é verde e branco (foi atribuído a
cada subdomínio uma cor: Ensino: azul; Investigação: verde; Departamento:
rosa - do mesmo tom do logo do ICS). Assim, não parece ter havido um
estudo daa formas de aplicação gráfica das cores, nem no domínio principal,
nem entre este e os subdomínios, ou mesmo entre estes últimos.
* Impacto/valor notícia(correção e pertinência da informação). Na página
inicial aparecem os destaques, com informações sobre os investigadores,
chamadas de trabalhos, publicação de e-books, projetos de investigação e
atividades várias ligadas ao CECS. A informação encontra-se organizada pela
última entrada no site, ficando as mais antigas mais para baixo na navegação.
Aplica-se o critério de atualidade, implicando valor notícia intrínseco.
* Encontro com os valores dos públicos (coordenação, ou não dos valores do
site com os valores da audiência). O rigor, a atualidade, a verdade e a
transparência são valores que se pretende que se aliem à investigação
científica realizada e à ciência produzida. Assim, o site apresenta uma
imagem sóbria e alinhada. É um site com hiperligações, mas que não é muito
dinâmico.
* Valores competitivos. A concorrência implica aspetos comerciais e de
mercado, que o CECS não concretiza diretamente, embora se encontre, de certa
forma, em ambiente de mercado concorrencial, onde concorre com instituições
congéneres por financiamento ou mesmo, por exemplo, a financiamento da sua
atividade, ou mesmo pela atração dos melhores investigadores para integrar a
sua equipa. Assim sendo, a finalidade do seu site é aproximar o público ao
CECS e à Ciência.
Valores táticos
* Valor de produção(qualificação de quem criou o site). Não há qualquer menção
à empresa que criou o site.
* Valor de utilidade(o que se pode fazer, efetivamente, no site). Apenas ler e
consultar informação disponível.
Usabilidade
* Eficiência(rapidez das ações). As páginas carregam em poucos segundos.
* Efetividade(funcionamento das páginas e alcance dos objetivos). Todas as
páginas funcionam corretamente, com toda a informação a que dizem respeito.
* Facilidade de aprendizagem(orientação da navegação). Cada página apresenta o
conteúdo respetivo. Em todas as páginas o menu das sub-páginas disponíveis
está sempre visível, o que possibilita o retrocesso em qualquer altura da
navegação.
* Compatibilidades (com browsers). O site pode ser consultado através dos
browsers mais populares (Google Chrome, Internet Explorer).
* Visualização (rolagem vertical/horizontal)(necessidade de fazer scroll para
ver todos os conteúdos da página). Em algumas páginas não é necessário fazer
scroll, já que o conteúdo fica visível no ecrã (normalmente ligações para os
conteúdos).
Estrutura do site
* Arquitetura do site.Em todo o momento de navegação, o menu com as subpáginas
está sempre visível, pelo que a identificação da página que se está a
consultar é facilmente visualizada, bem como a página para que se pretende
mudar.
* Layout
o Equilíbrio do layout da página.A zona de maior atenção está no centro da
página. Há elementos do lado direito (nalgumas páginas), mas que não
desconcentram o utilizador. O site tem, fundamentalmente, duas cores
(branco e verde), mais a cor de fundo (azul), que se conjugam com o
cinzento do texto. Há simplicidade, pela pouca diversidade de cores, o que
coaduna com a imagem que se pretende: sólida, credível, institucional,
séria.
o Legibilidade/Clareza.O fundo branco ajuda à legibilidade do site,
conjugada com o tipo de letra simples e sem serif.
o Direcionamento da leitura.A leitura dos conteúdos faz-se na vertical,
maioritariamente. Nota-se, também, uma grande conjugação com o registo web.
Tem pouco texto na página principal, existindo a possibilidade de
'ler mais', com hiperlink, para quem quiser complementar a
informação essencial.
o Lógica de organização do conteúdo.Os conteúdos estão organizados pelas
subpáginas: Sobre o CECS; Grupos de Investigação; Investigadores;
Observatórios; Projectos; Publicações; Parcerias; Internacionalização; Pós-
Graduações; Destaques; Eventos; Comissão Externa de Aconselhamento
Permanente (CEPAC); Newsletter; Clipping; Revistas Open Access.
o Estímulo à navegação/proatividade do utilizador.A navegação não impele à
proatividade do utilizador, já que não há interatividade possível, além da
consulta e leitura da informação disponível.
Conteúdos
* Rigor.Há rigor, clareza e organização dos conteúdos e na forma metódica de
apresentação/escrita dos mesmos). Contudo, o acordo ortográfico não está
aplicado a todo o site (por exemplo, existe um separador
"Projectos", mas na apresentação dos eventos, projeto já está
escrito de acordo com o Acordo ortográfico).
* Organização do conteúdo/armazenamento interno.Existe um motor de pesquisa no
topo superior direito da página, que é visível na navegação de qualquer uma
das subpáginas.
* Identificação e descrição do organismo.Existe uma subpágina "Sobre o
CECS", que contem informação sobre o Centro de investigação, bem como
um texto de boas vindas do Diretor do CECS.
* Contactos.Visíveis no fundo da página (os do CECS, do Departamento de
Ciências da Comunicação e do Instituto de Ciências Sociais), em qualquer
altura da navegação.
* Publicações.Existe um separador "Publicações" onde contém toda a
informação das publicações editadas pelo CECS e/ou da autoria dos seus
investigadores.
* Eventos.Existe um separador dedicado a todos os eventos organizados pelo
CECS, organizado em subpáginas respetivas a cada ano de atividade, desde a
fundação do CECS (1999).
* Relatórios de contas.Não se verifica.
* Plano de atividades e orçamento.Não se verifica.
* Perguntas frequentes.Não se verifica.
* Novidades:o separador "Destaques" serve a função de relevar o
mais recente da produção do CECS.
* Formulários para download:não se verifica.
* Atualização da informação:a atualização da informação é feita sempre que
haja conteúdo para atualizar, o que pode significar mais do que uma vvez por
dia, ou nenhuma vez por dia.
* Ferramentas de comunicação sincronizadas:não se verifica.
* Elementos dinâmicos (hipermédia/som/vídeo):apenas se verificam hiperlinks
para mais conteúdo, outras páginas e/ou sites.
* Versões do site em outras línguas:existe uma versão em inglês.
Acessibilidade
* Registo do site em motores de pesquisa:verifica-se.
* Linksem outros websites:não se verifica.
Serviços
* Interação com/entre os cidadãos
o Newsletter: existe um separador específico para a Newsletter.
o Correio Eletrónico:o endereço está visível no fundo da página, mas não há
um formulário próprio para contacto direto com o e-mail.
o Fórum:não se verifica.
o Chat: Não se verifica.
o Livro sugestões/reclamações:não se verifica.
o Interação com os utilizadores:não se verifica.
* Utilização extra:não se verifica. Não há, por exemplo, um botão para
partilha do conteúdo no Facebook.
6. Algumas conclusões
Como ponto de partida desta investigação definimos que procuraríamos analisar o
papel que a comunicação online tem na estratégia de comunicação da Ciência. Por
forma a estudar este fenómeno, selecionámos um caso-exemplo, a partir do qual
observámos as práticas organizacionais de divulgação científica, dando uma
atenção especial aos fenómenos de comunicação online. O caso escolhido foi o
Centro de Estudos de Comunicação e Sociedade, da Universidade do Minho, que
assumimos como um exemplo-tipo dos centros de investigação portugueses -
ainda que assumindo as limitações resultantes suas particularidades: trata-se
de uma instituição de pesquisa em ciências sociais (algo diferente do ambiente
das ciências puras), com poucos anos de existência (se comparado com outros no
espaço nacional) e constituindo o local de trabalho da investigadora. Não
obstante as circunstâncias apontadas, consideramos que seria um ambiente de
estudo academicamente relevante e cientificamente pertinente.
O estudo partiu de uma questão que colocava em relação a Ciência, a comunicação
e a sociedade; e partir daí delineámos um conjunto de objetivos de pesquisa,
que relembramos: 1) identificar as ferramentas de comunicação online utilizadas
pelo CECS para atingir os públicos internos e externos; 2) descobrir quais as
políticas de comunicação online do CECS; 3) avaliar essas políticas de
comunicação, face às particularidades do meio online; e 4) sugerir melhorias
nas práticas avaliadas.
Assim sendo, estamos agora em condições de afirmar, com segurança, que as
ferramentas de comunicação online utilizadas pelo CECS são: a página do
Facebook, o website, o e-mail e a Newsletter. Todas estas ferramentas são
utilizadas para atingir tanto o público interno, como o público externo.
O CECS tem uma política de comunicação assente na alimentação continuada do
processo de informação e que obedece a uma estratégia definida. E feita a
análise documental a estas ferramentas de comunicação online, estamos agora em
condições de afirmar que o CECS aposta num conjunto de orientações
estratégicas, que passamos a identificar: (1) acentuada comunicação no período
pré-evento, com recurso ao e-mail, Facebook, site e Newsletter. Senão repare-
se: em 107 posts publicado no Facebook, 28 são dedicados à categoria
"Divulgação de eventos - anterior", o que corresponde a cerca
de 26% da amostra; na mesma proporção, a Newsletter, em 67 destaques, dedica 18
a esta categoria; já no e-mail esta categoria tem um pouco mais de
expressividade: 22 em 46 mensagens analisadas, o que representa cerca de metade
da amostra.
Mais do que a aposta na comunicação pré-evento, (2) o CECS dedica especial
atenção à preparação e partilha de informação durante a realização do evento,
bem como ao follow up no pós-evento. De facto, os dados indicam que as
categorias "Divulgação de eventos - no dia" e
"Divulgação de eventos - posterior" ocupam uma posição
importante nos programas de divulgação: no Facebook, vemos que as mensagens
dedicadas à informação no dia do evento agregam 2 posts, e o follow up do
evento tem dedicados 16 posts, na sua totalidade, representando cerca de 17% da
amostra analisada; o e-mail apenas faz divulgação antes e no dia do evento,
sendo que as mensagens difundidas no próprio dia do evento, 4, representam
menos de 1/10 da amostra; já a Newsletter, não conta com a divulgação no dia do
evento (o que é justificável pela sua periocidade), conta com 13 destaques
dedicados à divulgação posterior dos eventos, representando cerca de 1/5 da
amostra analisada.
Desta forma, podemos dizer que os eventos organizados (contando com a
divulgação anterior, no dia e posterior) pelo CECS têm uma divulgação destacada
nos meios online. No Facebook, em 107 posts, encontramos 46 dedicados à
divulgação de eventos, o que representa cerca de metade da distribuição; no e-
mail, em 46 mensagens analisadas, dedica 26 integram esta categoria,
representando mais de metade da amostra; já a Newsletter conta com 31
destaques, em 67, o que representa também cerca de metade da amostra analisada.
Mais ainda, o site do CECS segue esta linha de divulgação, com a atualização
permanente dos separadores "Destaques" e "Eventos". O
primeiro, podemos afirmar que serve de plataforma para a divulgação anterior, e
no segundo encontramos a reportagem completa dos eventos, o que caberia na
categoria de divulgação posterior, estando sempre acessível aos visitantes do
site, organizados por ano.
Posto isto, podemos dizer que a política de divulgação do CECS foi definida com
o propósito de disseminar pacotes de informação em momentos diferenciados,
cabendo à informação prévia o objetivo de chamar público aos eventos, e à
informação de follow up a criação de impressões de imagem positiva. Assumindo
que a imagem se cria através da "soma total do conhecimento, sentidos e
impressões acerca de uma actividade, atitude ou serviço de uma empresa, marca
ou produto" (Sherril Kennedy, 1977, p. 130, citado em Ruão, 2008, p.
131), podemos afirmar que a preocupação em fazer uma divulgação em tempos
distintos representa o método escolhido para promover essas impressões de modo
continuado e redundante. Para corroborar esta ideia, apresentamos alguns
exemplos: as categorias "Outras notícias", a
"Newsletter" e o "Clipping", dão a conhecer informação
mais pormenorizada sobre as atividades de investigação e sobre os
investigadores (por exemplo, a divulgação de nomeação para cargos, prémios e
menções honrosas) e, nessa medida, ajudam a construir uma imagem positiva, de
sucesso dos investigadores. Já a Newsletter tem uma função primordial neste
caso: serve como forma de prestar contas da atividade mensal dos investigadores
e de mostrar o trabalho de investigação no seu conjunto, dando uma visão não
tão fragmentada como acontece com a disseminação de mensagens isoladas. O
clipping ajuda a demonstrar a importância do trabalho de investigação. A
referência ao CECS e dos investigares em notícias, entrevistas ou mesmo
comentários pontuais, dão visibilidade ao seu trabalho e são testemunho do
reconhecimento que lhe é dado pelos media. E ainda que não tenha sido objeto de
estudo, podemos referir que, até final de julho 2014, o CECS contava já com
mais de 100 destaques nos media. As restantes categorias servem também este
propósito de criação de imagem, embora sejam mais destinadas a um público mais
especializado: "Call for papers", "Revista Comunicação e
Sociedade", "Outras candidaturas", "E-book" e
"Bolsas de investigação".
Esta política comunicativa demonstra a preocupação do CECS em desenvolver uma
comunicação integrada da ciência, com base em programas de Relações Públicas,
que constituem um "esforço deliberado, planeado e contínuo para
estabelecer e manter entendimento mútuo entre uma organização e os seus
públicos" (Lloyd & Lloyd, 1984, p. 19). A propagação contínua e
planeada das mensagens, tal como descrevemos acima, demonstra isso mesmo: um
esforço deliberado, planeado e contínuo de manter uma via de comunicação aberta
com os seus públicos, permitindo que se busque coordenar e alinhar todas as
mensagens da organização (incluindo visões, estratégias e temas de identidade),
na expectativa de criar uma impressão unificada de que a organização é o que
ela significa (Cheney et al., 2011).
É desta forma que a política de comunicação do CECS ajuda à criação da sua
imagem favorável, através do recurso aos "serviços integrados nessa área,
pautando-se por políticas que privilegiem o estabelecimento de canais efectivos
de diálogos com os segmentos a elas vinculados e, principalmente, a abertura
das fontes e à transparência das suas acções" (Kunsch, 2006, p. 165).
O terceiro objetivo dessa investigação é o de avaliar essas políticas de
comunicação, face às particularidades do meio online.Defende Pereira (2005, p.
214) que a comunicação não deve ser pensada na lógica linear, característica
dos meios mainstream, mas sim em rede, promovendo o acesso livre aos dados,
democratizando o controlo da informação. Nesse sentido, os meios online
utilizados pelo CECS, cumprem essa função, uma vez que todos os dados estão
permanentemente acessíveis, permitindo que o utilizador controle o que quer ver
e quando quer ver.
Sobre a política de comunicação do CECS, descrita acima, consideramos que a
disseminação da informação com uma contextualização espácio-temporal é positiva
e cumpre com alguns dos requisitos que a comunicação online implica. Desde
logo, a redução de custos, já que não há nenhum custo acrescido pela colocação
de informação disponível quer no Facebook, quer no site, quer na Newsletter,
quer pela difusão por e-mail. Com as plataformas digitais, a não-linearidade é
também possível, concomitantemente à acessibilidade. Embora tenhamos dito que a
informação é disseminada, com um antes, um durante e um depois, esta está
acessível ao internauta da forma que ele quiser consultá-la (pode apenas ver o
depois, ou apenas o antes). De qualquer das formas, o utilizador é livre de
criar a sua própria narrativa, independentemente da ordem em que é colocada,
dada a sua permanente acessibilidade. Tudo isto torna a mensagem atrativa e
capaz de captar a atenção dos públicos-alvo.
Da mesma forma, só com as plataformas de comunicação online é possível a
instantaneidade, a dirigibilidade e a interatividade. Neste três pontos
específicos devemos considerar que a política comunicacional do CECS apenas
cumpre um deles: a instantaneidade, já que a informação está disponível
imediatamente após a sua difusão, o que permite que, na hora, seja possível a
qualquer utilizador ver e consultar o que foi difundido. Quanto aos outros dois
pontos, consideramos que não se cumprem estes requisitos, uma vez que
consideramos que as mensagens difundidas não são específicas para cada um dos
públicos, e não se cria muita interatividade.
Consideramos, ainda, pertinente fazer uma avaliação isolada das ferramentas
analisadas, para demonstrar o que foi dito acima.
A página do Facebook
A página do Facebook do CECS, durante o período de análise, teve 107 posts, o
que dá um índice de 1,16 publicações/dia, com um alcance total no conjunto de
todos os posts de 31251, obtendo uma média de 209 visualizações/post. É
importante mencionar também que o total de likes foi de 528, perfazendo uma
média de 5 likes/post; o total de partilhas foi de 99, o que indica que, em
média, houve 0,9 partilhas/post; e o total de 13 comentários, o que, em média,
dá 0,12 comentários/post,ou seja, em média, estatisticamente, é feito um
comentário a cada 8posts. Consideramos que estes dados nos indicam que a página
do Facebook do CECS não serve a função de interatividade, no sentido de criar
diálogo entre o Centro e o público, pelo baixo índice de likes, comentários e
partilhas. Ainda assim, é de considerar que a página sirva a finalidade de
divulgação e disseminação, o que é justificado, em boa parte pelo indicador de
alcance/visualização. Note-se que, no final do período de análise, a página
contava com 902 likes; a publicação com maior índice de visualização obteve um
alcance de 1 748 pessoas, quase o dobro do número de likes da página.
O e-mail
Durante o período de análise, foram enviadas 46 e-mails, cuja periocidade, em
função do tempo de análise, nos indica que, estatisticamente, foi enviado um e-
mail a cada dois dias. A mailing list do CECS inclui cerca de 3000 endereços de
correio eletrónico, podendo considerar-se que o alcance é bastante
significativo, e com públicos bastante abrangentes. Recorde-se que, a mailing
list do CECS integra os endereços dos membros do CECS; blogues ligados às
Ciências da Comunicação; Gabinete de Meios para a Comunicação Social; Entidade
Reguladora da Comunicação Social; MIT Portugal; alunos de pós-graduação em
Comunicação; mailing lists da Intercom, SOPCOM e SOPCOM júnior; vários media;
todos os endereços do domínio da Universidade do Minho; Fundação para a Ciência
e Tecnologia.
Posto isto, consideramos que o uso do e-mail é um vetor estratégico da
atividade de comunicação do CECS, e que a estrutura definida para as mensagens
enviadas é adequada. Com uma estrutura baseada no formato da notícia
jornalística, a informação mais pertinente é colocada no topo, para gerar o
interesse junto dos leitores. Com a profusão de mensagens e a invasão diária de
milhares de mensagens na caixa de correio, a economia de informação que segue
no corpo da mensagem é vital, já que o tempo dispensado à sua leitura pode ser
bastante escasso. A isto se junta o facto de haver um link com mais informação
disponível, o que permite uma pesquisa aprofundada. Quanto à periodicidade,
consideramos que o envio de uma mensagem a cada dois dias pode tornar-se um
risco.
A Newsletter
Publicada mensalmente, a Newsletter do CECS dá a conhecer a investigação e os
investigadores do CECS. Durante o período de análise, foram publicadas três
Newsletters, com um total de 67 destaques no seu conjunto.
A sua estrutura sólida e coesa, como boletim informativo que deve ser, tem um
espaço dedicado às principais notícias sobre a atividade de investigação, no
seu conjunto (a que nós chamamos destaques), outro dedicado ao clipping, outro
ainda destinado à atividade dos investigadores, de forma isolada, um espaço
dedicado às Revistas de acesso livre, na área da Comunicação e a Ficha Técnica.
A informação é bastante completa, sempre remetendo para informações que estejam
disponíveis no site do CECS ou em outros links. A estrutura dos destaques segue
o formato noticioso aplicado às mensagens enviadas por correio eletrónico, o
que permite uma leitura mais rápida a quem não tem muito tempo. A perspetiva
diacrónica de continuidade, que já havíamos demonstrado existir no Facebook,
está presente também nesta ferramenta, sendo possível reconstruir toda a
narrativa, ou apenas atualizar a informação existente.
O site
A última ferramenta de comunicação analisada foi o site. Neste caso, não foi
aplicado um período de tempo de análise, já que não foi feita análise aos
conteúdos, detalhadamente, mas ao conjunto de informação publicado.
A principal finalidade de um site é a de aumentar a visibilidade da organização
(Carrera, 2008). Tendo isto em mente, consideramos que o site falha nessa
missão, mas apenas no aumento da visibilidade do CECS como organização isolada.
Desde logo, porque o site não é um domínio isolado, mas é um subdomínio. Não
sendo uma página independente, não mostra a identidade organizacional do grupo,
mas sim como parte de um Departamento. Consideramos que esta dependência
identitária possa representar um problema, uma vez que, por exemplo, não é
possível conjugar a sua identidade organizacional com a identidade visual e
gráfica, pois não é possível a introdução de elementos distintivos. Veja-se o
caso escolha das cores. Para cada subdomínio foi atribuída uma cor: o
Departamento ficou com o rosa, na mesma pantone do logótipo do Instituto de
Ciências Sociais (ICS), a investigação ficou com o verde e o ensino ficou com
azul. Tal demonstra uma incoerência visual, que poderia ser resolvida através
da introdução de tonalidades diferentes dentro da mesma cor: ou rosa, do ICS,
ou vermelho, da UM. Não há também um logótipo que permita identificar
claramente e sem qualquer dúvida que se trata do CECS. Ao invés, os logótipos
presentes são sempre os do ICS e da Universidade do Minho. Percebendo que o
CECS beneficia da imagem positiva relacionada com a marca Universidade do
Minho, a nossa proposta é que uma possível identificação gráfica siga as linhas
de continuidade com a marca mãe, evitando conflitos institucionais.
Refira-se ainda que o site não apresenta grande dinamismo. Aparte da navegação
entre páginas, o retrocesso e hiperlinks, a imagem global é estática, tal como
a figura que consta no topo de todas as páginas: um livro aberto e uma lupa.
Contudo, o facto de ter pouco texto, o fundo branco e a presença bastante
assídua de links para outras páginas e conteúdo, faz com que a navegação não
seja tão aborrecida. Notámos também um subaproveitamento de toda a janela,
sendo que o conteúdo se concentra no centro, onde existe o fundo branco.
Não obstante, consideramos que satisfaz a pretensão principal do público, que é
a de conhecer o CECS, a sua atividade e os investigadores. O conteúdo,
permanentemente atualizado pelo staff do CECS, apresenta toda a atividade do
CECS, mesmo desde a fundação do Centro, que não coincide com o lançamento do
site. É possível consultar esta informação em qualquer altura, o que permite a
aproximação do CECS com os seus públicos. Mais ainda, o registo do site nos
motores de busca é um atalho valioso, para chegar a mais pessoas, mesmo para
quem não conheça o CECS, ou não saiba em que domínio está alojado o site.
Todas estas ferramentas analisadas contribuem, não só para a criação de imagem,
mas também para o alcance potencial de cada vez mais públicos. Consideramos,
assim, que o alcance possível demonstrado na avaliação feita acima, demonstra
que a comunicação da ciência realizada através dos meios online permite a
partilha dos resultados da investigação científica com mais públicos, mais
especificamente os media e outras instituições parceiras, embora não tanto com
o público em geral.
Finalmente, o último objetivo do nosso trabalho é o de sugerir melhorias nas
práticas avaliadas. Face ao que foi exposto, cumpre-nos agora, apresentar
algumas soluções para melhorar a comunicação do CECS. Utilizaremos, para tal,
algumas das sugestões apresentadas pelos investigadores, que nos parecem
pertinentes e relevantes. Assim, para a página do Facebook, sugerimos o
seguinte:
* Estruturação da mensagem diferente da estrutura noticiosa que é utilizada. O
Facebook é por natureza um ambiente mais descontraído, cuja finalidade é
criar alguma relação mais informal entre as pessoas. As mensagens deviam ser
construídas especificamente para a plataforma, com mais recursos visuais.
* Publicar em horas diferentes, poderia permitir alcançar públicos diferentes
e mais variados e obter alcances maiores.
* Criar um espaço dedicado aos investigadores. Havendo a possibilidade de
fazer álbuns, como forma de organizar a informação, propomos que seja criado
um álbum para os investigadores, onde conste a fotografia dos mesmos e
informação sobre eles: áreas de investigação, projetos em curso, hobbies,
interesses pessoais e outras informações. O CECS é constituído por pessoas e
dar a conhecer essas pessoas é também dar a conhecer o CECS e a sua cultura.
Para o e-mail, sugerimos:
* Alterar a periocidade do envio de mensagens. Pode, eventualmente, criar-se
um boletim semanal para substituir as mensagens diárias, ou fazer o envio com
mais do que uma mensagem agregada. No início da semana, por exemplo, agregar
toda a informação pertinente, para que quem recebe as mensagens e quer
participar das atividades, possa organizar a sua semana um pouco mais
atempadamente. Outra possibilidade é a de enviar a informação no final da
semana, informando sobre a atividade relevante da semana seguinte. No dia do
evento, o Facebook serviria como plataforma complementar de lembrete e para
dar mais informações.
Quanto à Newsletter, consideramos que a estrutura adotada e a forma de escrever
estão perfeitamente adequadas ao perfil de comunicação da ciência: sóbrio,
claro, simples.
Para o site, sugerimos as seguintes alterações:
* Conceber um site autónomo, se possível. Ao criar um domínio independente de
raiz, seria possível pensar e criar uma identidade para o CECS, sempre em
conformidade com a identidade visual da marca institucional da UMinho, e
torna-la coerente com a identidade visual aplicada ao site.
* Criar um espaço específico para os investigadores. Existe já uma página para
os investigadores, mas que apenas contém o nome do investigador e o link para
o seu endereço de correio eletrónico. Tal como sugerido para o Facebook,
deveria existir um espaço em que fosse possível conhecer o investigador: com
informação sobre as áreas de investigação, áreas de interesse, hobbies e
outras informações.
* Criar um espaço dedicado a outros públicos. A criação de conteúdos
específicos para os media, para empresas, escolas, e outras instituições
permitiria alcançar mais públicos.
* Tentar dar alguma dinâmica ao site. A imagem estática que consta no topo das
páginas deveria ser substituída por uma apresentação tipo slide show com
imagens, por exemplo, usando as imagens dos eventos e outras atividades.
Seria também uma forma de apresentar o CECS. Outra forma de o fazer seria
através da publicação de conteúdos em vídeo e som, e não apenas em texto e
imagem.
* Criar uma caixa de comentários. No final da página constam os contactos do
CECS, mas seria mais fácil se existisse uma caixa em que os visitantes
pudessem deixar comentários, dúvidas e outras sugestões, com envio direto
para o e-mail do CECS. Além de criar interatividade, o feedback imediato é
uma boa forma de medir a experiência de quem acede ao site.
* Aproveitar melhor o espaço, na horizontal. Se no lado esquerdo constam as
páginas que constituem o site, no outro lado, poderiam estar ligações úteis,
para que o utilizador não tivesse que procurar. Por exemplo, um dos outputs
mais importantes do CECS é a Revista C&S e demais produção bibliográfica.
Poderia, então, haver um link de acesso rápido e permanente à revista, aos e-
books e outras publicações.
* Fazer ligação para a página do Facebook(e outras redes socias, se for o
caso). Sendo este um elemento de divulgação importante, devia haver uma
ligação no site para a mesma.
Fora do âmbito destas ferramentas, gostaríamos ainda de apresentar as seguintes
sugestões:
* Criação de um perfil no Twitter. Seria de considerar criar um perfil para
CECS no Twitter, como forma de expandir o seu alcance e complementar a
divulgação do seu trabalho.
* Considerar a expansão às redes sociais dedicadas ao domínio da ciência:
ResearchGate e Academia.edu.
* Organizar eventos que envolvam mais a comunidade não científica. Por
exemplo, criar o Dia do CECS, ou a Semana da Ciência, em que se abririam
portas a quem pretendesse conhecer um pouco mais do CECS e da investigação
científica que lá se produz. Poderiam ser incluídas atividades específicas
para os meios de comunicação social, no intuito de demonstrar, por um lado, a
importância da atividade de investigação, por outro, sensibilizar os media
para a relevância da divulgação científica.
Uma vez cumpridos os objetivos do nosso estudo, estamos em condições de
responder à pergunta de partida da investigação: qual o papel das ferramentas
online na comunicação da Ciência?
Para responder a esta questão, primeiro teremos que lembrar algumas das formas
de divulgação científica usadas no CECS: publicações; organização e
participação/apresentação de comunicação em eventos científicos; site;
Facebook; e-mail; Newsletter; telefone; contacto presencial. Note-se, desde já,
que a maioria das formas de disseminação do conhecimento científica têm por
base a comunicação online. Mesmo para o caso das publicações: através da
disponibilização de todos os volumes da Revista C&S e a publicação de e-
books. Queremos então dizer que as ferramentas online têm um peso considerável
na política de comunicação do CECS. Sem estas, o alcance de mais públicos seria
quase impossível. Além disto, a possibilidade de consulta da informação após a
sua publicação e divulgação, é uma forma de manter viva a ciência e a
investigação: não morre com a divulgação, ou com a realização do evento
científico. É possível ver toda a atividade científica realizada, estabelecendo
paralelos com os outros centros concorrentes, criar uma imagem sobre o CECS e
levá-lo além-fronteiras. Em conclusão, o CECS cimenta a sua estratégia de
divulgação na comunicação online, faz das plataformas digitais as janelas de
saída da Ciência.
A comunicação da Ciência é, hoje, feita numa base de rapidez e instantaneidade,
sob pena de perder o comboio da velocidade da informação da era da comunicação
digital. Com a profusão e a rapidez de disseminação das mensagens, a constante
atualização é um requisito que a comunicação da ciência não pode ignorar, até
pela prestação de contas a que está sujeita, dado que o seu financiamento
também depende da demonstração da sua validade e importância. O recurso a
plataformas cada vez mais interativas e que permitam a bidirecionalidade da
relação emissor - recetor, é uma exigência que nenhum centro de
investigação pode deixar passar. Daí a importância de ter ao seu serviço um
profissional com conhecimentos de Relações Públicas, como um acrescento
qualitativo, quer para a Ciência, quer para a divulgação da mesma. É importante
que a Ciência se faça "ouvir" nas várias plataformas digitais e,
mesmo que esta presença não gere a interatividade pretendida, a continuidade do
fluxo comunicativo não deve ser quebrado. Dito isto, consideramos que a
representatividade do CECS face aos demais centros de investigação do país
mostra que uma estratégia comunicativa científica de sucesso passa pela
presença em várias plataformas, pela atualização constante e pelas permanentes
tentativas de levar a Ciência até aos cidadãos, numa tentativa de a
"desdramatizar" (Hernando, 2006b). Indissocialvelmente, a
comunicação e a Ciência andam de mãos dadas.
Da mesma forma que as organizações ligadas à Ciência, também os outros tipos de
organização funcionam como base numa comunicação dispersa por várias
plataformas, adaptadas, no conteúdo e forma, aos públicos específicos.
Comunicar, hoje, não se resume apenas a apresentar um produto ou um serviço,
mas a enviar mensagens que definem a organização e, que no seu conjunto,
permitirão a criação de uma imagem, criando associação e empatia nos públicos.
Consequentemente, esta empatia gerará reconhecimento do valor da organização,
distinguindo-a da multidão organizacional que paira na esfera digital. É assim
também que o CECS marca o seu lugar na divulgação da Ciência, através dos meios
online.