Conhecer as regras do jogo: Uma introdução às normas para escrita científica da
American Psychological Association
Independentemente da secção em que são apresentados, o objectivo principal dos
quadros e figuras é o de ajudar o leitor a compreender informação extensa ou
complexa. Assim sendo, só devem ser utilizados se forem efectivamente úteis
(e.g., a apresentação de informação estatística relativa a variáveis sócio-
demográficas como idade ou sexo dispensa, na generalidade dos casos, a
utilização de quadros ou figuras, pois pode facilmente ser sintetizada numa
única frase). Em todo o caso, deve evitar-se a redundância. Ou seja, nunca se
deve apresentar um quadro e uma figura para ilustrar a mesma informação, tal
como não se deve reproduzir de forma detalhada no texto a informação que estes
contêm. Em vez disso, deve orientar-se o leitor na compreensão da informação
que apresentam, identificando em que quadro ou figura esta está sintetizada, e
salientando os pontos-chave.
Os quadros e figuras devem ser identificados com números de acordo com a ordem
de referência no texto, utilizando letra maiúscula (e.g., Figura_1; Quadro_1).
Para fazer referência no corpo do texto a uma dada figura ou quadro utiliza-se
sempre a sua designação numérica, evitando expressões como na figura acima ou
no quadro da página 10 porque tais aspectos alteram-se com eventuais mudanças
de paginação.
Quadros.As principais regras subjacentes à construção de quadros são a
identificação das unidades de medida (não utilizar diferentes unidades de
medida ou diferentes números de casas decimais numa mesma coluna) e a
consistência na terminologia referente a um determinado fenómeno ou variável
(e.g., usar tempo de reacção ou tempo de resposta, mas não ambos).
Recomenda-se o uso de duas casas decimais na apresentação dos dados. A nível
gráfico, os quadros caracterizam-se pela ausência de linhas verticais. Os
quadros são delimitados apenas por uma linha horizontal no topo e na base. O
Quadro_3 constitui um exemplo realizado de acordo com estas normas gerais, mas
contém algumas modificações que se prendem com as normas gráficas específicas
da revista científica na qual o artigo foi publicado.
Como podemos observar no Quadro_3, após a identificação do quadro encontramos,
na linha seguinte, o título onde é explicitado quer a variável medida (i.e.,
proporção de falsas memória) quer as manipuladas (i.e., tipo de lista e tipo de
tarefa de memória). Note-se que o título deve ser apresentado em itálico, sem
ponto final, e as principais palavras são apresentadas em maiúsculas7. O
cabeçalho das colunas é definido por uma linha horizontal inferior. No exemplo
encontramos cinco colunas: uma relativa aos acertos verificados por tipo de
item ' List items (Hits) ' e quatro referentes aos tipos de listas (i.e.,
Social Negative, Social Positive, etc.). Note-se que como na primeira
coluna se apresentam os dados relativos a duas tarefas de memória (i.e.,
Impression Formation e Memory), os diferentes tipos de itens são
apresentados de forma indentada de forma a potenciar a legibilidade.
Existem três tipos de notas que podem suceder à apresentação do quadro: (a)
geral ' aquela que qualifica, explica ou fornece informação partilhada por
todas as células do quadro e que termina com a explicação de quaisquer
abreviaturas ou símbolos, sendo introduzida pela expressão da palavra Nota
(itálico, seguida de ponto final); (b) específica ' informação que diz respeito
apenas a uma coluna, linha ou célula específica do quadro, sendo cada nota
deste tipo identificada por uma letra minúscula em texto superior à linha
(e.g., a,b,c) e, por fim, (c) nota de probabilidades ' indica como asteriscos
ou outros símbolos são utilizados no quadro para indicar p values e,
consequentemente, os resultados de testes estatísticos. No Quadro_3 apenas está
representada uma nota geral.
Figuras.Contrariamente aos quadros, o título (i.e., descrição sumária da
figura) sucede à apresentação das figuras e é apresentado imediatamente a
seguir à identificação numérica da figura seguida de ponto final. As figuras
semelhantes, ou de igual importância, devem ser do mesmo tamanho e escala. De
facto, as figuras semelhantes podem mesmo ser combinadas (e.g., apresentar um
gráfico de linhas acima, ou ao lado, de outro com eixos idênticos) numa figura
única de forma a facilitar a comparação entre estas. A legibilidade é um
critério essencial na preparação da figura. Assim sendo, a APA recomenda a
utilização de tipos de letra simples (como Arial, Futura ou Helvetica) de
tamanho compreendido entre 8 e 14 pontos, evitando o negrito. Tendo em conta
que, habitualmente, os artigos são publicados a preto e branco, quando se
escolhe o preenchimento das barras de um gráfico deve maximizar-se a diferença
entre estas (e.g., no caso de serem dois tipos de barras recomenda-se uma a
preto e outra a branco, ou seja, nesta última, apenas o seu contorno).
Como podemos observar na Figura_4, o título sintetiza a informação
representada. De facto, a variável dependente (i.e., recordação média de itens
não redundantes) está representada no eixo vertical (i.e., y). No eixo
horizontal (i.e., x) estão representadas duas condições de organização da
codificação (i.e., correspondente ou não correspondente). Já as barras, tal
como indicado na legenda, dizem respeito a dois tipos de tarefa de recordação
(Nominal e Colaborativa) estando ainda representadas as barras de erro-
padrão (i.e., standard errorou SE). As figuras que incluam gráficos de linhas
ou colunas devem conter informação sobre a distribuição, habitualmente
intervalos de confiança ou erro-padrão associados às médias.
Discussão
Após a apresentação dos resultados procede-se à avaliação e interpretação das
suas implicações, especialmente no respeitante às hipóteses ou objectivos
originais. Esta secção visa assim examinar, interpretar e inferir a partir dos
resultados verificados (ou das conclusões alcançadas no caso de artigos não
empíricos) e deve iniciar-se com uma afirmação clara relativamente ao suporte
das hipóteses ou concretização dos objectivos. As semelhanças (ou diferenças)
entre os resultados verificados e os patentes na literatura devem ser
utilizadas para contextualizar, confirmar e clarificar as conclusões. No caso
de as hipóteses não serem suportadas, podem ser propostas explicações post hoc,
isto é, avançar de forma sustentada com explicações alternativas para os dados
obtidos. É relevante evitar a repetição de informação: cada afirmação
apresentada deve contribuir para a interpretação avançada pelo autor e para a
compreensão do leitor. Caso esta secção seja muito breve e directa pode ser
integrada numa secção Resultados e Discussão na qual se acrescenta esta
discussão à descrição dos resultados (no caso de estudos empíricos). Em alguns
artigos empíricos com vários estudos é frequente encontrar secções de
Resultados e Discussão no final de cada estudo empírico e no final introduzir
uma secção de Discussão Geral.
Outros aspectos a discutir são as limitações do estudo (e.g., fontes de
potencial enviesamento; imprecisão de medidas, etc.); mecanismos explicativos
do impacto da intervenção ou manipulação (alternativos ao postulados
inicialmente); generalização dos resultados (e.g., diferenças entre amostra e
população-alvo). A discussão deverá terminar com um comentário acerca da
relevância das evidências (retomar, por exemplo, a discussão da pertinência do
tópico avançada na introdução, extrapolar para outros campos, etc.) a nível
prático, teórico ou clínico, salientando ainda que questões permanecem sem
resposta, ou que emergem dos resultados obtidos ou das conclusões retiradas.
Lista de Referências
Um dos aspectos mais explorados no Manual de Normas de Publicação da APA é a
definição de estilos de citações e referências bibliográficas. O domínio destas
normas é uma ferramenta essencial. Por um lado, enquanto autores de trabalhos
académicos ou artigos científicos, permite-nos reconhecer as contribuições de
outros autores, contextualizando a nossa própria contribuição para a literatura
e evitando situações de plágio (incluindo auto-plágio, i.e., a apresentação de
uma ideia já publicada pelo próprio autor como uma ideia nova). Por outro lado,
enquanto leitores, ficamos aptos a identificar a fonte original e a sua
tipologia específica, facilitando a sua recuperação no caso de pretendermos
clarificar ou aprofundar um dado tópico.
As referências devem ser apresentadas numa secção própria, cujo objectivo é
fornecer, de forma rápida e inequívoca, a informação necessária para a
identificação (e eventual recuperação) de cada fonte utilizada na investigação
e preparação do trabalho. A organização da lista obedece primariamente a um
critério alfabético, segundo os apelidos do primeiro autor de cada documento.
No caso de existirem diferentes trabalhos de um mesmo autor (ou autores), estes
serão organizados por ordem cronológica (i.e., do mais antigo para o mais
recente). Sublinhamos que um único autor tem sempre precedência (face a uma
referência onde existe também um co-autor). No caso de existirem referências em
que um autor colabora com outros, aplica-se o critério de ordenação alfabética
de acordo com o apelido do segundo autor e assim sucessivamente.
A nível de formatação, a secção inicia-se numa página independente com o título
Referências, centrado na primeira linha. Deverá utilizar-se espaçamento duplo
e avanço pendente (i.e., a primeira linha de cada referência alinhada à
esquerda e as restantes indentadas). A Figura_5 ilustra uma lista de
referências (que inclui os trabalhos citados como exemplo ao longo do presente
artigo).
De seguida revemos as regras que dizem respeito à construção de cada referência
bibliográfica. Começaremos por definir a forma geral de referência (e
ilustramos com exemplos de materiais em português e em inglês) dos seguintes
tipos de material: (a) publicações periódicas; (b) livros, capítulos de livros
e entradas em livros de referência; (c) dissertações; (d) conferências; e (e)
fontes online.
Em todos os casos, pretende-se que a referência seja o mais completa possível,
sem no entanto ser redundante. Uma das dificuldades que frequentemente surgem
na realização das referências é a selecção de elementos a incluir, dada a
vastidão de informação disponível nas bases de pesquisa relativas a um dado
documento. Os elementos mais comuns são: informação relativa à autoria, data de
publicação, e título do documento. Dependendo do tipo de material, existem
outros elementos que devem ser incluídos (como o local de edição, a designação
da empresa editora, etc.). As regras contemplam ainda a definição de pontuação
específica, bem como aspectos gráficos (e.g., a utilização do tipo de letra em
itálico) que procuraremos explicitar.
Regras para a Elaboração de Referências Bibliográficas
Publicações Periódicas
Por publicações periódicas entende-se todos os itens publicados de forma
regular, tais como: revistas científicas (em inglês journals), jornais,
revistas, etc. Os elementos utilizados para referenciar uma publicação deste
tipo são: apelido do(s) autor(es), seguidos pelas suas iniciais,8 ano de
publicação, título do artigo, título da publicação periódica (itálico), volume
(itálico),9 página inicial e página final, doi.10 Segue-se a forma geral de
referência e alguns exemplos:
Autor, A. A., Autor, B. B., & Autor, C. C. (ano). Título do artigo. Título
da publicação periódica, xx,pp-pp. doi: xx.xxxxxxxxxx
Garrido, M. V., Garcia-Marques, L., & Hamilton, D. L. (2012b). Hard to
recall but easy to judge: Retrieval strategies in social information
processing. Social Cognition, 30, 57-71. doi:10.1521/soco.2012.30.1.56
Ou seja, sabemos assim que o artigo intitulado Hard to Recall but Easy to
Judge: Retrieval Strategies in Social Information Processing foi escrito por
três autores (M. V. Garrido, L. Garcia-Marques e D. L. Hamilton), publicado em
2012 no volume 30 da revista científica Social Cognition, e é apresentado entre
as páginas 57 e 71. Como no presente artigo já havíamos citado um outro
trabalho dos mesmo autores e do mesmo ano, torna-se necessário adicionar letras
à data para diferenciá-los e permitir a sua identificação na lista de
referências (i.e., a, b, c, etc. de acordo com a ordem em que são mencionados
no texto).
É importante salientar que a pontuação (e.g., pontos a seguir a cada inicial,
separação dos autores por vírgulas, etc.) e formatação específica que
apresentamos constam das directrizes da APA, devendo ser criteriosamente
respeitada. Por exemplo, apenas a primeira palavra do título do artigo se
inicia com maiúscula11 a não ser que este contenha palavras habitualmente
escritas com maiúsculas (como nomes próprios, de países ou organizações) ou
contenha pontuação que indique o início de uma nova frase (como no exemplo).
Note que apenas o título da publicação periódica e o respectivo volume são
italicizados. Existem alguns casos que constituem excepções a esta forma geral
de referência. Nomeadamente, se existem mais de sete autores, devem ser
referidos os seis primeiros, colocando depois reticências e, por fim, o último
autor. No exemplo que apresentamos de seguida, colaboraram oito autores. De
acordo com a regra, omite-se então apenas o sétimo (no caso Mouro, C.).
Buijs, A., Hovardas, T., Figari, H., Castro, P., Devine-Wright, P., Fischer,
A., & ... Selge, S. (2012). Understanding people's ideas on natural
resource management: Research on social representations of nature. Society
& Natural Resources, 25, 1167-1181. doi:10.1080/08941920.2012.670369
Algumas publicações (ou autores) disponibilizam versões preliminares dos
artigos. Caso o manuscrito ainda esteja em fase de preparação, ou já tenha sido
submetido para publicação, deve utilizar-se a forma de referência abaixo
identificada. Note-se que nunca se identifica a revista científica ou a editora
a que se submeteu o trabalho. Se desejarmos citar esse trabalho no texto,
devemos indicar o ano da versão consultada.
Autor, A. A., Autor, B. B., & Autor, C. C. (ano). Título do manuscrito.
Manuscrito em preparação (ou Manuscrito submetido para publicação).
No caso de o artigo submetido já ter sido aceite para publicação mas ainda não
ter sido impresso, como não existe ainda uma data de publicação deve indicar-
se, no lugar do ano entre parêntesis, a expressão (in press ) ou (no prelo), se
o artigo for em português. No exemplo seguinte, ainda que saibamos em que
revista será publicado o artigo, não está ainda disponível qual será o volume e
o número de páginas:
Prada, M., & Domingos, A. (no prelo). Paradigma de primação afectiva.
Laboratório de Psicologia.
Em todo o caso, recomenda-se a actualização da lista de referências próximo da
data de publicação ou de entrega do trabalho, de modo a citar a versão final
dos documentos (i.e., já com a referência completa).
Se a publicação tem uma periodicidade muito frequente, como no caso de revistas
ou jornais de comunicação social,12 é necessária a inclusão de mais informação
relativa à data para permitir uma rápida identificação e recuperação do
documento. Por exemplo, tratando-se de uma revista publicada semanalmente
(e.g., Visão) ou de um jornal diário (e.g., Público), deverá incluir-se o dia
da publicação:
Marques, V. (2008, 16 de Outubro). Tenho um fraquinho por ti ' As nove regras
da atracção inicial. Sábado, 110-111.13
Livros e Capítulos de Livros
Esta secção inclui livros ou manuais sobre um dado tópico, bem como livros de
referência tais como enciclopédias ou dicionários. Podemos diferenciar entre
livros de autor (um ou vários) e livros editados (no qual uma ou várias pessoas
são responsáveis pela organização do livro, podendo ser ou não autores de
capítulos nesse mesmo livro). Outra distinção relevante é se pretendemos
referenciar a totalidade do livro ou apenas um dos capítulos. Segue-se a forma
geral de referência para os dois casos e alguns exemplos:
Autor, A. A. (ano). Título do livro. Local: Editora.
Neves, J. G., Garrido, M. V., & Simões, E. (2008). Manual de competências
pessoais, interpessoais e instrumentais ' Teoria e prática(2ª ed.) Lisboa:
Edições Sílabo.
Ou seja, o livro intitulado Manual de Competências Pessoais, Interpessoais e
Instrumentais ' Teoria e Prática foi escrito por três autores (J. G. Neves, M.
V. Garrido e E. Simões) e publicado em Lisboa pelas Edições Sílabo. Note-se que
a data (i.e., 2008) corresponde à segunda edição desta obra. É essencial
indicar a edição específica consultada dado que é comum a reestruturação e
actualização de conteúdos entre diferentes edições de uma mesma obra. Apenas o
título do livro é italicizado.
Editor, A. A. (Ed.). (ano). Título do livro. Local: Editora.
Vala, J., & Monteiro, M. B. (Eds.) (2013). Psicologia social (9ª ed.).
Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian.
Neste caso, J. Vala e M. B. Monteiro são os editores da nona edição do livro
Psicologia Social, editado em 2013, em Lisboa, pela Fundação Calouste
Gulbenkian. Como podemos observar, a única diferença consiste em identificar os
editores com a expressão Eds. antes de se indicar a data.
Caso se pretenda citar apenas um capítulo, e não o livro inteiro, devemos
começar pelo(s) autor(es) do capítulo específico, seguido(s) da data de
publicação do livro e o título do capítulo. De seguida, indicamos o(s) nome(s)
do editor(es), indicando primeiro a(s) sua(s) inicial(ais). Este caso é, aliás,
o único previsto nas normas de referências em que as iniciais precedem o
apelido do autor. Segue-se então a indicação que se trata(m) do(s) editor(es) '
(Eds.) ', o título do livro e as páginas em que o capítulo pode ser encontrado,
bem como o local de edição e o nome da editora:14
Autor, A. A., & Autor, B. B. (ano). Título do capítulo. In A. Editor &
B. Editor (Eds.), Título do livro (pp. xx-xx). Local: Editora.
Garcia-Marques, L., Ferreira, M. B., & Garrido, M. V. (2013). Processos de
influência social. In J. Vala & M. B. Monteiro (Eds.), Psicologia social
(9ª ed., pp. 245-324). Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian.
Imagine agora que consultou um livro de referência, como uma enciclopédia de
psicologia, com o objectivo de definir um dado conceito (e.g., medida de
atitude). Neste caso, deverá referenciar essa entrada específica. Como pode
observar no exemplo seguinte, a forma de referência é semelhante à de capítulo
de um livro, correspondendo o nome da entrada ao título do capítulo. Note-se
ainda que no exemplo que se segue são apresentados dois locais de edição dado
que a publicação do livro resultou da colaboração de duas editoras (a APA e a
Oxford University Press).
Schwarz, N. (2000). Attitude measurement. In A. E. Kazdin (Ed.), Encyclopedia
of psychology(Vol. 1, pp. 313-317). Washington, DC/ New York, NY: American
Psychological Association/ Oxford University Press.
Noutros casos, como quando a definição do conceito é consultada num dicionário,
poderá não haver um autor ou editor identificado. Sendo uma edição online,
também a data poderá não estar presente. Por exemplo, se consultou a definição
de um termo (e.g., ageism ou estereótipo) num dicionário online (Merriam
Webster ou Priberam), o nome do conceito ocupa o lugar habitualmente reservado
para os autores. Tendo em conta que não existe uma data disponível utiliza-se a
abreviatura n.d. ou s.d. para indicar no date ou sem data. As
referências relativas a estes termos seriam:
Ageism (n.d.). In Merriam-Webster's Online Dictionary . Retirado de [ou
Retrieved from, se estiver a redigir o texto em inglês] www.merriam-
webster.com/dictionary/ageism
Estereótipo (s.d.). In Dicionário Priberam da Língua Portuguesa . Retirado de
[ou Retrieved from, se estiver a redigir o texto em inglês] www.priberam.pt/
dlpo/default.aspx?pal=estereótipo
Destacamos que a definição apenas surge na lista de referências quando é
efectivamente transcrita no texto (exclui-se assim as consultas ao dicionário
efectuadas apenas para clarificar o significado de uma palavra na preparação do
texto).
Dissertações
A consulta de dissertações de mestrado ou doutoramento é frequente sobretudo
pela utilidade ao nível do mapeamento da literatura num dado campo. Apenas o
nome do autor (i.e., o candidato ao grau) é referenciado, não sendo mencionado
o nome do(s) orientador(es) do trabalho, seguindo-se a data e o título. Deve
ainda ser indicado, entre parêntesis, a que tipo de dissertação se refere
(i.e., Dissertação de Mestrado ou Master's thesis; Dissertação de Doutoramento
ou Doctoral dissertation), bem como o nome da instituição que confere o grau e
o nome da cidade e do país a que esta pertence. Segue-se o formato geral e
alguns exemplos:
Autor, A. A. (ano). Título da dissertação (Tipo de dissertação: Mestrado ou
Doutoramento). Nome da Instituição, Local.
Correia, I. F. (2001). Concertos e desconcertos na procura de um mundo
concertado: Crença no mundo justo, inocência da vítima e vitimização secundária
(Dissertaçãode Doutoramento). Instituto Universitário de Lisboa (ISCTE-IUL),
Lisboa, Portugal.
Ferreira, M. B. (2004). Automaticity and cognitive control: A dual process
approach to reasoning under uncertainty(Doctoral dissertation). Faculty of
Psychology, University of Lisbon, Lisbon, Portugal.
Conferências
As actas (proceedings) de conferências podem ser publicadas em formato de livro
ou publicação periódica (nessa situação aplicam-se as formas já definidas para
esses casos). Caso as comunicações (orais ou em formato poster) não tenham sido
formalmente publicadas deve seguir-se a seguinte formatação geral:
Apresentador, A. A. (ano, mês). Título da comunicação oral ou poster.
Comunicação [ou poster] apresentada na conferência x, Local.
Arriaga, P. F., Arede, M., Ulrich, E., & Martins, R. (2010, Fevereiro). A
importância das emoções na empatia face às vítimas no desejo de punir os
perpetradores e na percepção de risco. Comunicação apresentada no VII Simpósio
Nacional de Investigação em Psicologia, Braga, Portugal.
Lopes, D., Vala, J., & Costa-Lopes, R. (2005, July). Social validation of
everyday knowledge and the use of the heterogeneity norm: An application to
prejudice change. Poster presented at the 14th General Meeting of the European
Association of Experimental Social Psychology, Wurzburg, Germany.
Fontes Online
No respeitante às normas para material pesquisado e/ou obtido online, devemos
em primeiro lugar identificar que tipo de material se trata. No caso de um
documento (integral ou excerto) obtido num website, como um artigo científico
sem doi disponível, devemos citá-lo no texto e incluí-lo na lista de
referências. Para tal, utilizamos as regras já abordadas para cada tipo de
material bibliográfico (e.g., artigo ou livro):
Calheiros, M. A., & Monteiro, M. B. (2007). Relações familiares e práticas
maternas de mau trato e negligência. Análise Psicológica, 25, 195-210. Retirado
de www.scielo.gpeari.mctes.pt/pdf/aps/v25n2/v25n2a03
Noutros casos, a identificação não é óbvia. Regra geral, é preciso fornecer os
quatro elementos de informação que se seguem.
Autor, A. (data). Título do documento [Descrição do formato]. Retirado de [ou
Retrieved from] http://xxxxxxxxx
No exemplo seguinte trata-se de uma brochura da APA, acerca das diferentes
áreas de aplicação da psicologia, disponibilizada em formato PDF no website
indicado:
American Psychological Association (2011). Careers in psychology [PDF].
Retirado de [ou Retrieved from] www.apa.org/careers/resources/guides/
careers.pdf
Por vezes, a informação não integra um documento específico, estando apenas
presente numa dada página da Internet. Nesse caso, basta citá-la no texto não
sendo necessário uma entrada na lista de referências. Por exemplo, imagine que
se trata de um excerto da introdução de um trabalho:
A existência de 56 divisões diferentes na APA (www.apa.org/about/division/
index.aspx) é ilustrativa da variedade de aplicações da psicologia.
Ou seja, no caso acima o autor apenas consultou o website da APA com vista a
determinar quantas são as divisões que compõem a associação e utiliza essa
informação para sustentar a afirmação de que a psicologia se caracteriza por
uma grande diversidade de aplicações.
Citações no Texto
Todas as fontes citadas no texto (identificação do autor e da data de
publicação) surgem obrigatoriamente na secção de referências (e vice-versa). As
únicas excepções a esta regra são as citações de trabalhos clássicos com
secções estandardizadas e independentes da edição (e.g., Bíblia, Alcorão) e as
referências a comunicações pessoais.15
Quando reproduzimos integralmente as palavras de um autor (ou, por exemplo,
instruções dadas a participantes num estudo) devemos indicar não só o apelido
do autor e a data, mas também a página específica em que o excerto está
presente. Destacamos que a reprodução deve ser fiel ao original (em termos de
idioma16, grafia, pontuação, gramática, etc.) mesmo se este contiver alguma
incorrecção. Se considerarmos que uma eventual incorrecção poderá confundir o
leitor deve colocar-se imediatamente a seguir ao erro a expressão latina sic
(que significa é assim) em itálico e entre parêntesis rectos. Este tipo de
parêntesis também é utilizado quando adicionamos palavra(s) à citação com o
intuito de a clarificar. Se desejarmos omitir material que consta na fonte
original devemos assinalar a omissão utilizando três pontos espaçados (...) se
a omissão é numa mesma frase e quatro pontos espaçados (...) se a omissão é
entre duas frases (no texto não se incluem os parêntesis, apenas os pontos).
Caso o excerto reproduzido seja inferior a 40 palavras, a citação pode ser
incorporada no texto e apresentada entre aspas. Por exemplo, se a citação surge
a meio de uma frase:
Garrido, Azevedo, Prada e Santos (2011) sugerem que o próprio conteúdo
espacial das palavras-estímulo utilizadas remete para diferentes localizações
espaciais (p. 70), logo...
Se surgir no final, a referência deve suceder à citação entre parêntesis como
apresentado no exemplo seguinte.
... ou Os factores (T. Ramos, comunicação pessoal, 09 de Janeiro, 2007).
Tal poderá ser explicado porque o próprio conteúdo espacial das palavras-
estímulo utilizadas remete para diferentes localizações espaciais (Garrido,
Azevedo, Prada, & Santos, 2011, p. 70).
Caso a citação seja mais extensa do que 40 palavras, deverá ser apresentada num
bloco de texto independente, a espaçamento duplo, destacado e sem aspas:
Tais discrepâncias levaram Garrido, Azevedo, Prada e Santos (2011) a
questionar:
se palavras positivas e negativas activam diferentes áreas do espaço
visual devido à sua valência, tal como as propostas teóricas que
tentam explicar estes efeitos parecem sugerir, ou porque o próprio
conteúdo espacial das palavras-estímulo utilizadas (até agora não
controlado) remete para diferentes localizações espaciais. (p. 70)
No exemplo acima a fonte é citada na afirmação que introduz o bloco de texto
(daí que no final do bloco apenas seja necessário referir o número da(s) página
(s) em que este se encontra). Em alternativa, a fonte pode ser citada no final
do bloco.
Mais comum do que a reprodução textual das palavras de um autor é a citação das
suas ideias. Neste caso não é necessário incluir o número de página nem
utilizar aspas. A citação pode fazer parte da própria narrativa do texto:
Prada (2010) demonstrou que a primação afectiva é independente da familiaridade
dos alvos.
Em alternativa, pode estar apenas indicada entre parêntesis:
A primação afectiva é independente da familiaridade dos alvos (Prada, 2010).
Enquanto o ano de publicação deverá ser sempre indicado, existem algumas
variações relativamente à indicação dos autores consoante o seu número: (a) um
ou dois autores, deve citar-se sempre o(s) seu(s) apelido(s), independentemente
do número de vezes que aquele trabalho específico é citado; (b) três a cinco
autores, deverá citar-se todos os apelidos apenas na primeira vez que o
trabalho é referenciado, em referências subsequentes usar apenas o apelido do
primeiro autor e a abreviatura et al. ou, se for fora de parêntesis, a
expressão e colaboradores (embora et al. também possa ser usado), seguido
da data; (c) seis ou mais autores, todas as referências (mesmo a primeira)
seguem esta última regra.
Os nomes de grupos que asseguram a autoria de um trabalho (e.g., empresas,
associações, centros de investigação, institutos) são habitualmente escritos
por extenso sempre que citados, a não ser que a sua abreviatura seja familiar
(e.g., INE) ou rapidamente compreensível (utilização possível a partir da
segunda referência). Todos estes casos se encontram ilustrados no Quadro_4.
É frequente verificarmos que a ideia que citamos está presente em múltiplos
trabalhos existentes na literatura. Assim sendo, devemos ordenar a apresentação
dessas múltiplas referências por ordem alfabética (tal como na lista de
referências bibliográficas), e não por ordem cronológica, de importância ou
qualquer outro critério:
Em consequência, a correspondência entre atitudes e avaliacõeş (e.g., Haddock
& Maio, 2004; Petty, Briñol, & DeMarree, 2007; Wegener & Carlston,
2005) ou julgamentos avaliativos (e.g., Schwarz & Bohner, 2001) tem
dominado as definicõeş contemporâneas de atitudes.
Sendo dois ou mais trabalhos do(s) mesmo(s) autores, deverá seguir-se uma ordem
cronológica. No exemplo que se segue, um dos trabalhos está publicado e o outro
estaria no prelo:
da cognição social situada (Semin, Garrido, & Palma, 2012, no prelo).
Se os autores forem os mesmos (e na mesma ordem) e as datas de publicação forem
iguais, devemos adicionar uma letra enquanto sufixo (a,b,c, etc.) depois do
ano, de forma a diferenciar entre trabalhos (e incluí-los na lista de
referências):
Vários estudos demonstram tal padrão de resultados (Garrido, et al., 2012a,
2012b)
Por último, revemos o caso em que a fonte é secundária (i.e., citamos um
trabalho em segunda mão). Este tipo de referência deve ser utilizado com pouca
frequência e apenas quando justificado (e.g., quando o trabalho original não
está disponível nas fontes habituais, a edição foi descontinuada, não está
disponível numa língua directamente acessível ao leitor, etc.). É essencial que
fique claro no texto que o original não foi lido pelo autor e, para tal,
introduz-se a expressão citado por ou as cited in:
A perspectiva elementarista, que remonta aos filósofos britânicos dos séculos
XVII e XVII, como Hume e Locke (citados por Garrido, Azevedo, & Palma,
2011)...
Ou seja, neste caso como o autor não teria acesso às obras, poderá citá-las em
segunda mão. Apenas a referência consultada aparece na lista de referências
(i.e., Garrido, Azevedo, & Palma, 2011).
Comentário Final
As orientações da APA para a escrita científica foram elaboradas sobretudo para
promover uma comunicação científica forte, simples e elegante, maximizando
assim a probabilidade de publicação. Neste artigo procurámos sistematizar as
principais normas relativas à produção de escrita científica sugeridas pela APA
(e clarificar dúvidas comuns) e, sempre que possível, ilustrando com casos
adaptados para a língua portuguesa. Desta forma, esperamos ter contribuído para
facilitar o processo de escrita académica no domínio da psicologia, em
particular para os alunos e jovens investigadores que agora iniciam o seu
percurso, para quem a leitura do manual de normas da APA possa parecer, num
primeiro momento, desencorajadora pela sua extensão e complexidade. De facto,
reconhecemos que nem todas as normas contribuem de igual forma para potenciar a
clareza e objectividade da comunicação. Alguns aspectos poderão mesmo parecer
triviais, o que habitualmente está na origem da resistência a aprofundar o
conhecimento das normas (e.g., Beins, 2006). Porém, estamos seguras de que os
benefícios ao nível da qualidade da produção científica justificam o
investimento.
Muitos são os aspectos que, por uma questão de parcimónia, não foram aqui
contemplados. Por exemplo, ao nível da elaboração de referências
bibliográficas, não contemplámos as normas relativas a outros tipos de fontes
como filmes, música, ou fotografia. Para um domínio das normas é essencial a
consulta do manual (APA, 2010a) que, certamente, estará disponível nas
bibliotecas institucionais. Um outro recurso de grande utilidade é o website da
APA dedicado a este tópico (www.apastyle.org/) onde podem ser encontrados
tutoriais de iniciação às normas. Sugerimos ainda a consulta do blogue
(blog.apastyle.org/), centrado no estilo da APA, onde se podem encontrar
esclarecimentos face a situações menos comuns ou menos claras no manual, ou
mesmo a respectiva página do Facebook (www.facebook.com/APAStyle). Ambas as
opções permitem interagir com especialistas em normas e colocar questões. Outra
opção será consultar informação disponível em websites (e.g., Laboratório de
Escrita da Universidade de Purdue ' owl.english.purdue.edu/owl/resource/560/01/
), que apresentam uma síntese fiável das normas.
Salientamos ainda que o estilo da APA é actualmente adoptado pela maioria dos
autores, editores, professores e estudantes no âmbito das ciências sociais e
comportamentais. No entanto, e não obstante a utilidade das orientações da APA
e da sua ampla adopção por parte da maioria das publicações científicas na área
da psicologia, quando um autor submete um artigo a uma revista científica
deverá sempre assegurar-se que segue as recomendações descritas nas políticas
de submissão dessa publicação específica. Do mesmo modo, na preparação de
dissertações ou trabalhos académicos para unidades curriculares específicas o
autor deve sempre consultar o professor supervisor para especificar as
orientações de estilo pretendidas. O mesmo se aplica à redacção de propostas ou
projectos submetidos a concursos específicos, que embora possam beneficiar do
estilo de escrita e formatação recomendados pela APA deverão ser preparadas de
acordo com as normas e regulamentos referidos nas orientações de candidatura
divulgadas.
Por último, relembramos que a prática leva à perfeição. Neste sentido, é
nossa expectativa que o presente artigo contribua para que, dominando estas
orientações, os leitores se aventurem com sucesso na publicação dos seus
trabalhos de investigação.