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EuPTHUHu0874-55602013000100001

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variedadeEu
Country of publicationPT
colégioHumanities
Great areaHuman Sciences
ISSN0874-5560
ano2013
Issue0001
Article number00001

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Editorial Editorial

Teresa Pinto

O número vinte e sete da ex æquo, correspondente ao primeiro semestre de 2013, atesta a periodicidade estável que a revista continua a conseguir manter, desde a sua criação, em 1999, mesmo numa época de crise como a que se tem vindo a atravessar. A revista internacionalizou-se, com a publicação de artigos originais decorrentes de investigações provenientes de distintos países e regiões1, e adquiriu visibilidade e reconhecimento aquém e além-fronteiras, na Europa e fora dela, devido à qualidade e à diversidade temática e disciplinar dos artigos que publica no âmbito dos estudos sobre as mulheres, estudos feministas e estudos de género.

Um sistema de arbitragem exigente e uma colaboração empenhada e rigorosa por parte do conselho de redação e das equipas coordenadoras dos dossiers temáticos têm garantido a permanência da ex æquo na SciELO Portugal e o seu progressivo aperfeiçoamento com vista à indexação em bases conceituadas de ampla cobertura internacional, processo que se encontra em curso neste momento. Mantendo a publicação em suporte papel e eletrónico2, a revista contribui para a divulgação do conhecimento produzido por investigadoras e investigadores nacionais e estrangeiras/os, no âmbito dos domínios definidos na sua política editorial, prestando um serviço inegável à comunidade científica.

Dirigida e suportada pela APEM, a ex æquo não pertence nem é apoiada por qualquer centro de investigação. O apoio financeiro que recebia da Fundação para a Ciência e a Tecnologia, através do Fundo de Apoio à Comunidade Científica (FACC) ' Apoio a Publicações Periódicas de caráter científico, foi suspenso em 2012 e o recentemente publicitado regulamento do FACC não contempla apoio a publicações periódicas. Atualmente, a ex æquo, única revista portuguesa de estudos sobre as mulheres, estudos feministas e estudos de género, com caráter multidisciplinar, indexada na SciELO, depende das receitas da APEM (provenientes de quotas de sócias e sócios e de atividades sociais desenvolvidas pela Associação) e de muito trabalho voluntário. Estamos convictas de que esta área de estudos ainda tem um lugar de legitimidade a conquistar no seio da Academia.

O dossier temático do presente número, intitulado "Políticas Feministas nas Artes Visuais e Performativas" e coordenado por Cristiana Pena, João Oliveira e Teresa Furtado, propõe-se discutir a relação entre as práticas artísticas, as teorias feministas, os estudos queer e de género no âmbito das artes visuais e das artes performativas. Esta proposta introduz um debate ainda incipiente no contexto nacional, mas expressivo noutros países, sobretudo ao longo da última década. No horizonte da equipa coordenadora, assume relevo a reflexão sobre as alterações nas representações de género, dos corpos e das sexualidades na sua relação com práticas artísticas subversivas e com os questionamentos sociopolíticos que lhes subjazem. No texto introdutório, Cristiana Pena, João Oliveira e Teresa Furtado destacam, em síntese, os aspetos mais significativos de cada um dos artigos que integram o dossier, sublinhando que "têm em comum uma aplicação das teorias e movimentos feministas numa lógica política de questionamento radical e de crítica".

A secção Estudos e Ensaios é constituída por três artigos. Rosa Monteiro e Sílvia Portugal, no texto "As políticas de conciliação nos planos nacionais para a igualdade: uma análise dos quadros interpretativos", procedem a uma análise comparativa das políticas de conciliação enunciadas nos três primeiros Planos para a Igualdade em Portugal, com o objetivo de identificar até que ponto é que as respetivas políticas foram concebidas tendo em conta as relações sociais de sexo e as desigualdades que as conformam. O estudo revela que as políticas de conciliação são edificadas sobre conceções estereotipadas sobre o feminino e o masculino e sobre extrapolações a partir de universos específicos da massa trabalhadora, contribuindo pouco para a mudança social. As autoras apresentam alguns fatores explicativos destas fragilidades identificadas nas políticas públicas portuguesas nesta matéria.

O artigo "Fortalezas e masmorras: a persistência da divisão sexual das profissões na sociedade contemporânea", de Manuel Abrantes, desloca o debate sobre igualdade de género no mercado de trabalho para a análise da distribuição de mulheres e homens pelos diversos grupos profissionais, mobilizando abordagens teóricas sobre a problemática e examinando dados do Instituto Nacional de Estatística da primeira década do século XXI. Em questão estão as diferentes velocidades e tendências de alteração ou manutenção da sexualização dicotómica das profissões e a influência dos níveis de escolarização e qualificação nesse processo. Nas palavras do autor, "enquanto nos escalões mais escolarizados se assiste a um derrube gradual das fortalezas masculinas, as profissões com condições de trabalho mais pobres permanecem para as mulheres masmorras de difícil evasão".

O terceiro artigo desta secção, "Adília Lopes ou a impessoalidade da terceira mulher", de Sónia Rita Melo, conduz-nos numa leitura da obra poética de Adília Lopes à luz de um paradigma ginocrítico que coloca a mulher como sujeito e não mero objeto da crítica. Assumindo esta perspetiva crítica, a autora pretende colocar a diferença sexual, como categoria da análise epistemológica, no centro do seu exercício hermenêutico, por contraposição à categoria género, central na crítica feminista. Sónia Melo não envereda, porém, por uma discussão sobre uma escrita feminina, mas por uma busca de compreensão do "fundamento e [d]os processos imaginativos e ideológicos que presidem à construção desse feminino ou desse masculino no tecido poético".

Decompondo na obra poética de Adília Lopes os efeitos de uma escrita impessoal, expressão da terceira via postulada pela poetisa e que permite contrariar representações binárias, explorando um terceiro corpo, a autora polemiza as perspetivas de Gilles Lipovetsky, de Hélène Cixous e de Roberto Esposito sobre a terceira mulher, o terceiro corpo e a terceira pessoa, respetivamente.

Na secção Leituras e Recensões, Luísa Veloso propõe-nos a leitura da obra coletiva, coordenada por Sara Falcão Casaca, Mudanças laborais e relações de género: novos vectores de (des)igualdade (Almedina, 2012). Teresa Pinto sugere a leitura de O Tempo das Criadas. A condição servil em Portugal (1940-1970) (Tinta da China, 2012), da autoria de Inês Brasão. Maria Isabel de Sousa Ramos apresenta-nos a antologia de textos de Maria de Lourdes Pintasilgo organizada por Antónia Coutinho, Fátima Grácio, Noémia de Oliveira Jorge, Paula Borges Santos e Regina Tavares da Silva e intitulada Para um novo paradigma: um mundo assente no cuidado. Antologia de textos de Maria de Lourdes Pintasilgo (Edições Afrontamento, 2012). Teresa Alvarez introduz-nos na obra de Isabel Ventura, As primeiras mulheres repórteres. Portugal nos anos 60 e 70 (Tinta da China, 2012). A encerrar a secção, Sofia Almeida Santos convida-nos à leitura de Fazendo género no recreio. A negociação do género em espaço escolar (Instituto de Ciências Sociais, 2012), da autoria de Maria do Mar Pereira.

Notas 1A ex æquo publica em quatro línguas: português, inglês, espanhol e francês.

2A versão eletrónica da revista está disponível na SciELO Portugal em http:// www.scielo._gpeari.mctes.pt/scielo.php?script=sci_serial&pid=0874- 5560&lng=pt&nrm=iso


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