Home   |   Structure   |   Research   |   Resources   |   Members   |   Training   |   Activities   |   Contact

EN | PT

EuPTHUHu1645-37942014000200001

EuPTHUHu1645-37942014000200001

variedadeEu
Country of publicationPT
colégioHumanities
Great areaHuman Sciences
ISSN1645-3794
ano2014
Issue0002
Article number00001

O script do Java parece estar desligado, ou então houve um erro de comunicação. Ligue o script do Java para mais opções de representação.

Nota Editorial NOTA EDITORIAL Nota Editorial

Ana Bénard da Costa* *Centro de Estudos Internacionais (CEI-IUL), Instituto Universitário de Lisboa (ISCTE-IUL), Avenida das Forças Armadas, 1649-026 Lisboa, Portugal, ana.benard.costa@iscte.pt

Este número dos Cadernos de Estudos Africanos divide-se em duas partes. Na primeira parte apresentamos um conjunto de três artigos que têm como elemento comum a análise de temáticas essencialmente de cariz político ou militar. A segunda parte estrutura-se em torno do dossier Multinational enterprises in Africa: Corporate governance, social responsibility and risk management organizado por Virginie Tallio e Luca Bussoti, ambos investigadores do Centro de Estudos Internacionais do Instituto Universitário de Lisboa.

O conjunto de três artigos que compõem a primeira parte deste número da Revista, embora centrados em questões políticas ou militares, focam estas problemáticas em diferentes contextos do continente africano e sob diversos ângulos. Os dois primeiros artigos têm em comum o facto de analisarem a importância das ações de atores que não são de cariz estritamente político e partidário forças religiosas e forças militares na arena política ao nível da sua participação nos governos e estados. O último artigo, centrado na questão dos conflitos internos e na ação que as intervenções externas têm nestes, analisa a contribuição destas últimas para a promoção da paz.

David Nievas Bullejos, do Departamento de Estudos Árabes e Islâmicos e Estudos Orientais da Faculdade de Filosofia e Letras da Universidade Autónoma de Madrid, reflete sobre as implicações que a questão do Islão tem na política do Mali. O autor analisa a trajetória do Islão no Mali na época contemporânea e conclui que embora haja uma crescente influência do Islão na política do país, esta influência está sobretudo relacionada com o descontentamento das populações em relação à classe política e que não existem riscos de o Mali se vir a tornar um Estado islâmico.

O artigo de Eduardo Carreño, do Instituto de Estudos Internacionais da Universidade do Chile, analisa o papel político dos militares na África subsariana, particularmente na Nigéria, procurando determinar as causas e as consequências dos sucessivos golpes de Estado, desde a Independência até à atualidade. O autor detalha a análise examinando as estratégias implementadas durante a Quarta República nigeriana para submeter os militares ao controle efetivo dos governos civis. Eduardo Carreño defende que a presença dos militares na política se relaciona com o facto de estes serem considerados uma força de modernização capaz de conseguir tirar a população local da desordem e do subdesenvolvimento. Carreño conclui que a presença dos militares na política constituiu uma força de equilíbrio neste gigante país africano que necessita da participação de todos os sectores da sociedade para não colapsar como Estado.

O terceiro artigo é da autoria de Ricardo Sousa, do Centro de Estudos Internacionais do ISCTE-IUL. Ricardo Sousa no artigo External interventions and civil war intensity in south-central Somalia (1991-2010) socorre-se da teoria do equilíbrio de forças para testar os efeitos que as intervenções externas têm na intensidade dos conflitos internos. O argumento central da sua análise é de que apesar de as intervenções externas em conflitos armados serem consideradas mecanismos para a promoção da paz, estas raramente diminuírem a intensidade dos conflitos. Analisa o caso da Somália no período entre 1991 e 2010 como fundamento empírico da sua reflexão e conclui que os objetivos de promoção da paz concorrem com outros objetivos das intervenções externas.

Na sua introdução ao dossier Multinational enterprises in Africa: Corporate governance, social responsibility and risk management, Virginie Tallio salienta os diferentes ângulos através dos quais esta problemática é abordada nos três artigos que este dossier reúne e refere alguns dos desafios mais importantes que o envolvimento das multinacionais em países africanos coloca. O questionamento dos efeitos da presença de multinacionais em África é de uma pertinência indiscutível. Não em termos do presente e do futuro dos países africanos em que as análises se centram, nomeadamente Níger, Moçambique e Nigéria, e de todo o continente africano, mas igualmente em termos globais e ao nível das relações internacionais entre países pobres e países emergentes e entre países e entidades que são por definição supranacionais. A leitura dos artigos de Youssoufou Hamadou Daouda, Luca Bussoti e Eghosa Osa Ekhator permite abarcar sob diferentes ângulos um conjunto complexo de questões como sejam a responsabilidade social das empresas, as relações entre os sectores público e privado, o papel dos média ou os riscos ambientais e sociais. Os argumentos destes autores, alicerçados em sólidos dados empíricos e em revisões de literatura, contribuem para nos dar novas perspetivas sobre o papel que na atualidade as multinacionais desempenham em países onde os problemas políticos, económicos e sociais têm sido e continuam a ser de enorme gravidade.

Contrariamente à diversidade temática, que caracterizou o número anterior dos Cadernos de Estudos Africanos, neste número podemos encontrar, para além do enfoque na mesma problemática que necessariamente une os artigos reunidos em Dossier, alguns paralelismos temáticos e geográficos nos artigos que apresentamos. Em seis artigos temos dois artigos que se debruçam sobre a Nigéria e dois artigos que focam sobre a participação de atores não estritamente políticos nos governos de estados chefiados por líderes de partidos políticos. Contrariamente também a números anteriores, temos apenas um artigo centrado num país dos PALOP, e apenas um dos artigos é de um autor português (no último número publicámos quatro artigos de autores portugueses e três artigos centrados nos PALOP). O facto de podermos diversificar e, por outro lado, congregar temáticas em números alternados e de a Revista estar a acolher um número crescente de autores de diversas nacionalidades e continentes que trabalham sobre problemáticas africanistas sob diferentes perspetivas, constituiu para todos os que trabalham e colaboram com esta Revista um motivo de grande satisfação. Tal demonstra ainda que os esforços realizados em prol da divulgação da Revista e da sua inserção em diferentes bases de dados estão a ter resultados concretos.

A todos aqueles que aceitaram em regime de anonimato comentar os artigos, elevando com os seus comentários os níveis de qualidade deste número da Revista, queremos aqui expressar os nossos maiores agradecimentos. Igualmente, e nunca é de mais realçar, não podemos deixar de elogiar o esforço conjunto de toda a equipa editorial, de secretariado e de revisão e edição, bem como o apoio de diversos membros da comissão científica e que contribuíram para a realização deste número.


transferir texto