A cooperação militar chinesa
Os períodos relativos às transições na redistribuição de poder do sistema
internacional têm sido historicamente pautados por um incremento da
instabilidade, resultado, essencialmente, de persistentes e significativos
conflitos de interesses entre grandes potências que se digladiam numa
competição estratégica pela acumulação de recursos e de bens tendencialmente
limitados.
Desde o final do século XX que as percepções relativas à ascensão da República
Popular da China e ao relativo declínio da preponderância de poder dos Estados
Unidos no seio do sistema internacional, fizeram reavivar referenciais
históricos (essencialmente eurocêntricos), catalisando um sentimento de
ansiedade ' nalguns quadrantes de análise por vezes quase fatalista ' quanto à
inevitabilidade de esta ser mais uma transição que não escapará às forças
centrífugas da estrutura anárquica e conflitual desse mesmo sistema2.
Assim, a maximização do poder ' entendido aqui de uma forma simples como o
produto das capacidades pelas intenções ' associada a esta anarquia estrutural,
leva a que os estados focalizem primariamente a sua atenção nas capacidades de
outros estados e não nas suas intenções, opção que degenera na criação do
denominado dilema de segurança, ao abrigo do qual as acções levadas a cabo por
um Estado para incrementar a sua segurança contribuem para o potenciar da
percepção de insegurança de outros estados.
Esta percepção é particularmente relevante no contexto conceptual da teoria da
transição de poder, onde a questão que se coloca não é se a China ultrapassará
os Estados Unidos, sendo que ' discutivelmente ' tal será praticamente
inevitável uma vez completado o seu processo de modernização e de ascensão na
escala de crescimento e acumulação de poder, mas antes quando e que
consequências implicará para a segurança internacional.
O «pessimismo histórico-geográfico» dos defensores desta teoria enfatiza que a
díade Estados Unidos-China apresenta duas das três condições para o deflagrar
de um conflito militar entre ambos (paridade e aquisição) e que as armas
nucleares não lograrão funcionar como elementos de dissuasão clássica. A
variável é o grau de satisfação ou insatisfação da China com a ordem
internacional que os Estados Unidos moldaram e sobre a qual ainda detêm uma
considerável influência3. As determinantes do grau de satisfação chinesa serão
a similaridade institucional, a interdependência económica e a estratégia
norte-americana. Quanto mais a China adoptar instituições democráticas
liberais, maior será a interdependência económica com os Estados Unidos e
outros estados na economia global, e maior será a tendência para Washington
minimizar a insatisfação chinesa com o sistema4. Como Tammen et al. argumentam,
«A reconciliação das preferências e a obtenção de uma satisfação no seio da
ordem internacional, são a solução»
5
.
No entanto ressalve-se que cada transição de poder é única, reflectindo a
combinação de múltiplos factores que condicionam positiva e negativamente o
comportamento das grandes potências, bem como a forma como estas encaram
potenciais fontes de conflito e modalidades de cooperação entre si.
Com a ênfase na hierarquia do sistema internacional, diferentes níveis de
crescimento económico e transformações sistémicas, a teoria da transição de
poder é um bom ponto de partida para quem pretenda analisar as implicações para
a ordem internacional da ascensão da China. No entanto, focalizar a sua análise
sob o prisma global, desvalorizando interacções de cariz intra-regional e
regional-global, acaba por não ser a melhor ferramenta conceptual para explicar
a interacção estratégica entre a potência global dominante e uma potência
regional em ascensão, quanto mais transições de poder no plano intra-regional,
especialmente quando o seu referencial histórico acaba por ser eurocêntrico
(tal como o conceito de balance of power).
Tal acarreta que nem uma nem outra, por si, se assumam como a melhor ferramenta
analítica para explicar a ascensão da China na Ásia e no mundo. As teorias
liberais e da «Escola Inglesa» também apresentam as suas lacunas, pelo que a
comunidade académica está perante outro dilema, não o de segurança, mas o de
tentar enquadrar conceptualmente, se possível, esta multidimensionalidade e
contradições internas e externas à China, que pautam esta sua ascensão/
desenvolvimento pacífico (hepingjueqi/ /fanzhan) no sistema internacional.
A China costumava esconder o seu poder ' negá-lo mesmo. No início da década de
1990 Deng Xiaoping terá alegadamente afirmado que a China devia «aguardar pela
sua oportunidade e dissimular as suas capacidades, mas que devia fazer algumas
coisas» (taoguang yang hui you suozuo hui).
Hoje tal dissimulação já não é possível, o que a obriga a desenvolver
mecanismos institucionais multilaterais cooperativos capazes de assegurar às
outras potências que o seu crescimento tem intuitos pacíficos, por intermédio
daquilo que alguns autores denominam de hedgingcontra o poder dos Estados
Unidos, através do desenvolvimento da sua influência, meios e liberdade de
acção, enquanto prossegue com o seu crescimento económico como facilitador do
seu ressurgimento como grande potência
6
. Como refere Jianwei Wang,
«A China tornou-se mais sensível à apreensão crescente de vários
países da Ásia-Pacífico, relativamente ao crescimento do seu poder.
Uma recusa em se envolver em mecanismos de segurança multilateral
seria encarado como um péssimo sinal reforçador de potenciais
intenções de cariz unilateral. Assim, para a China, o apoio e a
participação neste tipo de mecanismos de segurança pode ser uma forma
mais eficaz de reduzir as percepções relativas a uma ameaça
chinesa, em vez de reiterar sistematicamente princípios retóricos
relativos às suas ambições não hegemónicas para a região.»
7
Mas porquê tal preocupação em manter um certo lowprofilee contenção
estratégica? Porque ter poder implica gerar reacções e expectativas sobre as
quais a China tem um controlo relativo e limitado, daí a importância conferida
por Pequim em encarar o sistema internacional e a sua política de
desenvolvimento nacional segundo um misto de perigo, crise e autoconfiança
estratégica, ao abrigo da qual a sua política externa assume como condição
sinequa nono mitigar do dilema de segurança resultante da sua ascensão, o que
naturalmente induz hostilidades estruturais. Como declarou em 2006 o primeiro-
ministro Wen Jiabao, «Pensar no perigo que nos rodeia, garantirá a nossa
segurança. Pensar porque é que o caos sucede, irá garantir-nos a paz. Pensar no
porquê do fracasso de um país garantirá a nossa sobrevivência»8. Na mesma linha
de raciocínio o último Livro Branco da Defesa da China, publicado em Janeiro de
2009, refere:
«O crescimento e declínio das forças estratégicas internacionais está
a acelerar e as maiores potências estão a unir os seus esforços para
cooperarem umas com as outras [ ] embora continuem a competir e a
observarem-se mutuamente, assim como aos grupos de novas potências
emergentes que estão a crescer. Contudo, um profundo reajustamento
está a acontecer no sistema internacional Todos os países estão a
dar mais importância ao apoio das lutas diplomáticas com meios
militares. O resultado disso é o acelerar da corrida ao armamento em
algumas regiões, aumentando os desafios ao controlo internacional de
armas e ao regime da não-proliferação. [ ] A China depara-se com
manobras estratégicas e contenção do exterior enquanto tiver que
enfrentar a desordem e sabotagem das forças separatistas e hostis do
interior.»9
A estratégia de desenvolvimento económico e social chinês está envolta num
casulo com três camadas de segurança externa. A primeira camada é formada pelos
omnipresentes «Cinco Princípios da Coexistência Pacífica entre Estados»10, a
segunda pelo «Novo Conceito de Segurança» (xinanquan guan) avançado em 1997
pelo então ministro dos Negócios Estrangeiros Qian Qichen
11
, a que se adicionou em 2005 o emolumento de Hu Jintao de «Desenvolvimento
Pacífico» (hepingfanzhan)12.
A ligação simbiótica que Pequim estabeleceu entre o plano interno e o externo
do país é exemplarmente ilustrada por Hu Jintao ao afirmar que
«Devemos ter uma perspectiva abrangente do mundo ao analisarmos as
situações; devemos ver claramente os desafios que se nos colocam
através da intensa competição internacional; devemos ver claramente
as dificuldades e os riscos que se nos deparam no futuro; e devemos
dominar com firmeza e aproveitar conscientemente este período de
oportunidade estratégica.»
13
Mas tal materializa um «dilema (zuoyouweinan) de vasos comunicantes com um
toque de Catch-22». Por um lado, no plano externo, a China espera que os
Estados Unidos, a União Europeia, a Rússia, o Brasil, a Índia e o Japão,
mantenham uma envolvente cooperativa/competitiva mas não antagónica, capaz de
alimentar o seu crescimento, pois em parte precisam do seu «contributo
responsável» para a segurança e estabilidade do sistema internacional (pelo
menos no plano das organizações internacionais e regionais), vendo nela, e em
alternativa, um muito apetecível mercado para as suas empresas.
Por outro lado, e no plano interno, Pequim não pode (ou não deve) alterar
unilateralmente o equilíbrio de segurança regional (percepcionado ou não) ou
potenciar políticas externas mais conflituais (mesmo no que concerne a Taiwan,
excepto em caso de ruptura unilateral do status quopor parte de Taipé) pois tal
irá minar toda a sua estratégia de desenvolvimento pacífico. Ou seja, ainda que
exista a percepção de uma «ameaça dos Estados Unidos» ' mais política que
estratégica ' ao crescimento do poder regional e global chinês, o país
apresenta um défice de recursos que não lhe permite efectuar um
internalbalancinge não existe nenhuma outra potência disponível para apoiar a
China num externalbalancingao poder norte-americano
14
. Concomitantemente, e por exclusão, Pequim tem seguido uma política externa
não conflitual de curto/médio prazo, a qual lhe permitirá assumir-se cada vez
mais como uma grande potência responsável (fuzeren de daguo). No entanto, como
caucionou o general Xiong Guangkai, director do Instituto Chinês para os
Estudos Estratégicos Internacionais, «Os Estados Unidos não ameaçam por
enquanto os interesses vitais da China, pelo que podemos viver com uma potência
hegemónica, mas a China terá mais dificuldades em cooperar no futuro devido a
comportamentos hegemónicos norte-americanos»15.
O macroenquadramento supra, segundo uma política de acumulação do poder na
melhor tradição realista, leva-nos a entroncar nas quatro grandes preocupações
de segurança e defesa por parte da China:
i) uma potencial intervenção militar dos Estados Unidos em apoio de Taiwan,
caso a China recorra ao emprego da força militar (daí a promulgação da Lei
Anti-Secessão, que sinaliza aos Estados Unidos as situações em que Pequim
intervirá militarmente e coloca a pressão de dissuasão política sobre Taipé nos
ombros da Casa Branca);
ii) a vulnerabilidade da sua dissuasão nuclear estratégica face aos Estados
Unidos (agudizada pelos programas de defesa antimíssil National Missile Defense
e theatre Missile Defense);
iii) a vulnerabilidade das suas áreas costeiras onde se concentram mais de 50
por cento do seu Produto Interno Bruto; e
iv) uma crescente dependência de matérias-primas importadas (que conjuntamente
com a defesa das áreas costeiras, a protecção das linhas de comunicação
marítima que abastecem a China de petróleo e de matérias-primas é uma das
justificações para o forte investimento na modernização da Marinha e da Força
Aérea e também no programa espacial). Se a energia é fundamental para o
crescimento económico e este é essencial para a estabilidade social, temos
assim referenciado um dos «calcanhares-de-aquiles» de Pequim.
Estas preocupações e a forma como o país com elas tem lidado, têm tido o condão
de alimentar algumas desconfianças dos seus vizinhos regionais, particularmente
da Associação de Países do Sudeste Asiático (ASEAN), que, não obstante, tem
vindo a adoptar uma estratégia de «emaranhar o Gulliver chinês numa teia de
foramultilaterais, protocolos e declarações» de modo a aumentar a
interdependência regional de Pequim, naquilo que Evelyn Goh, caracteriza de
forma inspirada como omniemeshment, o qual poderá evoluir para um enquadramento
similar a um «concerto de arcos de segurança» através do Asia Regional Forum
(ARF), do Asia-Pacific Economic Caucus (APEC), da ASEAN+3 (China, Japão e
Coreia do Sul) e Organização de Cooperação de Xangai (OCX)16.
Por outras palavras, através da criação e participação em instituições
regionais limitadas, nos seus objectivos, mas moderadamente credíveis quanto à
capacidade de consecução dos mesmos, Pequim está a conduzir na Ásia, e não só,
uma diplomacia omnidireccional
17
como instrumento passível de reduzir as desconfianças e ansiedades quanto à
transição na distribuição de poder no sistema regional asiático, mitigando, ou
em última análise e optimamente, procurando eliminar o dilema de segurança,
através do enfoque numa estratégia de benefícios mútuos e de «atracção pelo
charme»18, algo que os Estados Unidos em tempos também efectuaram, e que
abandonaram, pelo menos na última década, pretendendo agora retomá-la através
do sloganda estratégia de
Smart Power
19. O reflexo desta estratégia de softbalancingou para outros autores de
balance of influence
20pode pretender fazer, em sentido figurado, que os seus vizinhos asiáticos
«passem a jogar voluntariamente mais pingue-pongue do que ténis».
A diplomacia omnidireccional chinesa assenta fundamentalmente em quatro pilares
operacionais: diplomacia política, diplomacia económica, diplomacia cultural e
diplomacia militar
21
.
Os objectivos desta última não são substancialmente diferentes dos da maioria
dos estados visando na sua essência: moldar a envolvente internacional de
segurança, tornando-a mais benéfica à ascensão/desenvolvimento pacífico da
China; melhorar as relações políticas e militares com outros países; facilitar
o processo de modernização da sua indústria militar de defesa; fornecer apoio
técnico-militar a países em desenvolvimento; e adquirir conhecimentos
doutrinários modernos no plano das operações, treino, medicina militar, apoio
logístico, operações de socorro e protecção civil
22
. Neste contexto uma justificação de «excepcionalismoetnocultural» relativo a
este processo de diplomacia militar conduzido pela China não colhe aqui
qualquer fundamentação. Os princípios operacionais da diplomacia militar
chinesa são três:
· Flexibilidade estratégica: no sentido em que a China está disposta a cooperar
com todos os países que subscrevam a política de «Uma China», independentemente
de poderem ter prioridades estratégicas regionais e globais distintas ou mesmo
conflituantes.
· Multilateralismo: a China, ainda que continue a privilegiar diálogos
bilaterais, reconhece que uma boa solidez nas relações bilaterais serve de
alavanca de reforço a iniciativas multilaterais as quais por possuírem maior
visibilidade apresentam um maior potencial mitigador do dilema de segurança.
· Idealismo pragmático: a abertura ao diálogo e cooperação no âmbito da
segurança e defesa não obsta a que haja um estabelecimento de parceiros
prioritários neste tipo de iniciativas (e.g.Estados Unidos e Rússia).
Quanto à tipologia de actividades de diplomacia militar conduzidas pelo
Exército Popular de Libertação (EPL) podem-se dividir em quatro áreas, cada uma
com três subdivisões:
· Actividades de impacto estratégico
a) Diálogos anuais bilaterais com outros países: o Ministério da Defesa
Nacional tem conduzido diálogos estratégicos anuais no âmbito da segurança e
defesa com a África do Sul, Alemanha, Austrália, Cazaquistão, Estados Unidos,
França, Índia, Japão, Mongólia, Paquistão, Quirguistão, Reino Unido, Rússia e
Tailândia
23
.
b) Vendas e transferências de armamento as quais tendem a ser utilizadas cada
vez mais não como fontes de receita mas como meio de incremento de influência
estratégica junto de países que a China defina como importantes para os seus
interesses nacionais
24
.
c) Visitas e intercâmbios de delegações ao mais alto nível (ministros da
Defesa, chefes de Estado-Maior, etc.). Por exemplo em 2007 e 2008, 33
delegações chinesas visitaram países vizinhos, e 38 delegações de países
asiáticos viajaram até Pequim. O anterior ministro da Defesa chinês, o general
Cao Gangchuan, em cinco anos visitou 24 países, já o actual ministro, o general
Liang Guanglie só em 2008 realizou 20 visitas ao estrangeiro25.
· Actividades de cariz regional
a) Exercícios militares multinacionais: no âmbito da OCX (Peace Mission 2007 e
2009); nas águas territoriais do Paquistão (Peace 2007 e Peace 2009, este
último realizado entre 5 e 11 de Março e que contou com a participação de 11
países e 20 observadores de outros tantos países; como observador de exercícios
aeronavais da ASEAN e como participante nas acções de patrulhamento naval no
combate à pirataria no estreito de Malaca e no golfo de Aden nas costas da
Somália. No total e nos últimos 10 anos o EPL participou em 45 exercícios
multinacionais conjuntos envolvendo forças armadas de 21 estados.
b) Exercícios militares bilaterais: os mais mediatizados dos quais foram com a
Rússia ' Peace Mission 2005 ' o qual mereceu a realização de um documentário
com 20 episódios sobre os «bastidores» deste exercício «de combate ao
terrorismo», exibidos na CCTV entre Fevereiro e Março de 2009); e com a Índia
(Hand in Hand 2008) também de combate ao terrorismo. O EPL tem também convidado
um crescente número de observadores militares estrangeiros a assistirem a
alguns dos seus exercícios anuais de escalão brigada/divisão (cf. tabela 1).
c) Participação em forade segurança no âmbito da ocx, na iniciativa anual
«Shangri-la Dialogue» do International Institute of Strategic Studies e com
academias e institutos militares de outros países (track 1.5 e II).
Tabela 1 Exercícios militares do EPL observados presencialmente por militares
estrangeiros (2003-2008)30
· Intercâmbio no âmbito da formação militar
a) Envio de oficiais chineses para frequência de cursos no estrangeiro: Estados
Unidos, França, Reino Unido, Alemanha, Espanha, Itália, Portugal, Brasil,
Rússia, Canadá, Índia, Paquistão, Austrália, Japão, África do Sul, Israel,
Ucrânia, Turquia, num total de 40 países, que entre 2006 e 2008 perfez cerca de
900 alunos
26
.
b) Frequência de cursos de curta e longa duração na China por parte de oficiais
estrangeiros: os quais são alojados na Universidade de Defesa Nacional ou no
Colégio de Comando em Nanjing (actualmente são 179 de 67 países). Em cinquenta
anos frequentaram estes cursos cerca de nove mil alunos estrangeiros
27
.
c) Convite a docentes militares para leccionarem na Universidade de Defesa
Nacional e na Academia de Ciências Militares: entre 1997 e 2006 foram 330
docentes militares chineses e 25 estrangeiros de 14 países
28
.
·Cooperação em áreas não tradicionais no plano da segurança
a) Missões de manutenção da paz da ONU: o EPL já contribuiu com 11 063
militares, distribuídos por 18 missões e que em finais de Março de 2009
totalizavam 2146, fazendo que a China fosse dos cinco membros permanentes do
Conselho de Segurança da ONU, o segundo com maior número de militares
empenhados (a seguir à França) e o décimo quinto no rankingde países
contribuidores
29
.
b) Operações de protecção civil e socorro em caso de desastres naturais: como
aquando do sismo no Afeganistão em 2002, do tsunamina Ásia em 2004, do sismo no
Paquistão, do furacão Katrinanos Estados Unidos, e dos mais recentes sismos no
Irão, na Indonésia e na Argélia (note-se que estas acções têm sido mais
simbólicas do que substantivas).
c) Apoio no combate aos vários surtos de gripe das aves e da síndrome de
insuficiência respiratória aguda (2002, 2003 e 2004), os quais ainda que numa
fase inicial foram alvo de justificadas críticas quanto a tentativas de
encobrimento por parte do Governo chinês, uma vez estas fracassadas, a acção
dos médicos e militares ao serviço do EPL foi decisiva no controlo dos mesmos.
Gráfico 1 Evolução numérica da representação de países com adidos de Defesa na
China e vice-versa (1979-2008)
31
Gráfico 2 Evolução numérica das visitas de delegações militares à China e vice-
versa (1979-2008)32
Em resumo, podemos afirmar que o processo de diplomacia militar levado a cabo
pelo EPL na última década e meia tem sofrido uma evolução substancial, ainda
que por enquanto mais quantitativa que qualitativa. Tal deve-se a factores como
a maior ênfase conferida pela China à forma em detrimento da substância, o que
tem transformado algumas das iniciativas bi e multilaterais em acções
essencialmente mais simbólicas que concretas quanto aos resultados produzidos.
Tal deve-se a uma diferente noção das prioridades estratégicas e do tempo para
as materializar face aos seus congéneres, a que se associa uma cultura
estratégica mais vincada ao nível da dissimulação e secretismo (e.g.questão da
transparência quanto à real dimensão do orçamento de Defesa, as capacidades que
estão a ser desenvolvidas e doutrina de emprego dos novos e modernos meios
militares navais, aéreos, balísticos e nucleares)
33
. Não obstante, os processos de diplomacia militar com a China, pela sua
importância, deverão ser aprofundados como um dos instrumentos disponíveis na
prevenção de conflitos ' ainda que reconhecendo que estes por si só não
resolvem o dilema de segurança, pois as capacidades do EPL permanecem envoltas
num casulo cuja opacidade é intencionalmente construída. Na condução deste tipo
de diálogos que redunde em acordos de cooperação entre os países é importante
ter presente:
· Que os interlocutores chineses dominam até ao pormenor os antecedentes dos
processos anteriores, preparando meticulosamente as suas reuniões, podendo
apontar com facilidade inconsistências (se estas existirem) entre a actual e a
anterior posição negocial.
· Que quando pretendem arrastar o processo negocial enfatizam princípios gerais
de cooperação, mas se conhecerem o enquadramento político-estratégico geral que
preside ao interesse do seu congénere nas negociações bilaterais, e se este for
explicado numa lógica de partilha e de interesses comuns, tenderão a aceitar
com maior facilidade compromissos em áreas mais técnicas e específicas ainda
que tal não seja obtido com rapidez ' paciência aqui deve ser a palavra de
ordem, pelo que se deve evitar a imposição de deadlinespara a assinatura de
acordos, sendo relevante não alterar com frequência os membros da equipa
negocial.
· Por fim deve-se compreender o contexto político em que opera o interlocutor
chinês, não devendo o outro negociador deixar-se influenciar por elogios
exagerados não só ao seu país, instituição que representa e no enfatizar por
parte da China de princípios como o de «harmonia global».
Convém relembrar que a China adoptou e continuará a seguir uma política externa
pragmática capaz de potenciar a sua ascensão /desenvolvimento pacífico com
aquisição pacífica de capital, tecnologia e recursos, assente nos seguintes
princípios:
· utilizar organizações multilaterais para transmitir confiança a outros
estados sobre as suas intenções cooperativas, constringindo a influência de
outras grandes potências regionais;
· dominar sempre que possível as interacções bilaterais;
· providenciar incentivos económicos ao desenvolvimento;
· enfatizar o seu soft power; e
· em caso de fracasso destes quatro princípios exibir uma clara determinação em
recorrer ao emprego de meios coercivos (e.g.EPL) se existir ameaça à sua
soberania.
A história e a teoria dos ciclos de poder sugerem que os momentos em que o
poder relativo entre as grandes potências começa a sofrer transferências são
períodos de grande incerteza, senão de algum perigo. É de acreditar que a
história não se repete, mas que possa rimar, como afirmou Mark Twain. Por parte
da potência em ascensão (China), tais períodos de maior incerteza necessitam de
líderes capazes de julgarem correctamente as suas novas capacidades e de
assegurarem a cooperação política, económica e militar com as restantes
potências. Uma nova moldura institucional regional e global torna-se assim
necessária, de forma a inserir a potência em ascensão naquilo que RonaldTammen
denominou de uma «coligação de satisfeitos»34.
O desafio que se coloca aos restantes actores do sistema internacional é o de
serem capazes de se ajustarem produtiva e pacificamente a uma China em rápida
mudança, ao mesmo tempo que vão moldando a sua integração no sistema
internacional, porque as consequências de um fracasso chinês serão bem mais
difíceis de gerir do que as resultantes do seu sucesso. O aperfeiçoamento e
aprofundamento da diplomacia militar é um instrumento que não deve ser
subalternizado, apesar de a China só o ter começado a desenvolver e a aplicar
mais activamente há pouco mais de uma década. Ainda que esta não possa escapar
ao provérbio de «ser um copo meio cheio ou meio vazio», a verdade é que «tem
líquido no seu interior e este tenderá a ser cada vez menos opaco».
Como referiu Lu Xun, «Não se pode dizer que exista esperança, nem que não
exista. É como as estradas que atravessam a terra. Na realidade no início não
existiam estradas mas quando muitas pessoas passam pelo mesmo caminho muitas
vezes, então surge uma estrada»
35
. O caminho da segurança regional faz-se caminhando e fazê-lo acompanhado
torna-o mais agradável e produtivo. O EPL não é excepção.
NOTAS
1
Este artigo foi desenvolvido a partir da comunicação «O exército popular de
libertação e cooperação militar regional: Um dos pilares de Ascensão/
desenvolvimento pacífico da China?», efectuada pelo autor no dia 23 de Abril de
2009, inserida nos Seminários de Investigação dos Encontros Arrábida 2009, co-
organizados pela Fundação Oriente e pelo instituto Português de Relações
Internacionais da Universidade Nova De Lisboa. A análise efectuada pelo autor é
da sua exclusiva responsabilidade não representando a posição do Instituto da
defesa Nacional.
2Para uma leitura das principais obras sobre as teorias de transição de poder
no sistema internacional cf. ORGANSKI, A. f. K., e KUGLER, Jacek ' The War
ledger. Chicago: University of Chicago Press, 1980; GILPIN, Robert ' War and
Change in World Politics. Nova York: Cambridge University Press, 1981;
MODELSKI, George, e THOMPSON, William ' Leading sectors and World Powers: the
Co-evolution of global economics and Politics. Columbia: University of South
Carolina Press, 1996; TAMMEN, Ronald et al.' Power transitions: strategies for
the 21stCentury. Nova York: Chatham House, 2000; IKENBERRY, John ' After
Victory: institutions, strategic Restraint, and the Rebuilding of Order after
Major Wars. Princeton: Princeton University Press, 2001.
3
A título de curiosidade, refira-se o regresso ' após um intervalo de pouco mais
de uma década ' aos escaparates editoriais chineses de obras que reivindicam
uma maior preponderância de poder da China no sistema internacional. Ainda que
estejam longe de representar a actual estratégia do país, não deixam de ser
ilustrativos quanto à «insatisfação» vigente entre alguns círculos elitistas e
nacionalistas. Em 1996, o livro China Can say no(Zhongguo Keyi shou bu), da
autoria de Song Qiang (jornalista, editor e argumentista), Song Xiao Jun
(comentador televisivo nacionalista convidado com frequência pela cctv e pela
phoenix tv), Wang Xiaodong (gestor com formação universitária obtida no Japão),
Huang Jisu (sociólogo e editor da versão chinesa da revista Journal of
International Social Science)e Liu Yang (comentador conceituado de questões
culturais, históricas e de economia) abriria o caminho para em 1999 ser
publicado o livro China under the Conspiracy of globalization(Quanqiuhua yinmou
xia de Zhongguo zhi lu) de Wang Xiaodong (um dos editores da influente revista
Zhanlue yu guanli' estratégia e gestão ' ligada ao EPL) eFang Ning (professor
da Universidade Normal de Pequim). O «clube» do ChinaCan say novoltou aos
escaparates a 13 de Março de 2009 com uma nova obra intitulada Unhappy China:
the GreatTime,Grand Vision and Our Challenges(Zhongguo bu gaoxing). Apesar do
novo sucesso de vendas, a agência noticiosa estatal Xinhua caracterizou a obra
como «um conjunto de críticas e observações de bloggerse de alguns académicos
clamando por um nacionalismo embaraçoso e não construtivo». Xinhua ' book
rallying for social change fails to inspire the masses. [Consultado em: 26 de
Março de 2009]. Disponível em: http: //news.xinhuanet.com/english/2009-03/25/
content_11072198.htm. Os livros China Can say noe China Road under the shadow
of globalizationestão disponíveis para leitura, respectivamente, em: http://
www.xiaoshuo.com/readindex/index_00118540.html e http://www.xiaoshuo.com/
readindex/index_0015423.html
4
Para uma crítica acérrima a esta perspectiva optimista de liberalização cf.
MANN, James 'The China Fantasy: Why Capitalism Will notbring democracy to
China. Londres: Penguin Books, 2007.
5
TAMMEN, Ronald et al.' Power transitions: Strategies for the 21stCentury, p.
33.
6
MEDEIROS, Evan ' «Strategic hedging and the future of Asia-pacific stability».
in Washington Quarterly. Washington. N.º 29, 2006, p. 153. [Consultado em: 20
de Março de 2009]. Disponível em: http://www.twq.com/06winter/docs/
06winter_medeiros.pdf. Autores há que denominam esta política como soft
balancing, sendo definida como um esforço destinado a contrabalançar a potência
hegemónica através de políticas que ficam um pouco aquém da constituição de
alianças formais, onde existe uma modernização militar relevante, são
efectuados exercícios e implementados mecanismos de cooperação militar ad hoc,
e existe colaboração em instituições regionais e internacionais. Para uma
análise aos prós e contras do conceito desoft balancing cf. PAPE, Robert '
«Soft Balancing against the United states». in International Security. vol. 30,
N.º 1, 2005, pp. 7-45; PAUL, T. V. ' «Soft balancing in the age of US primacy».
in International Security. vol. 30, N.º 1, 2005, pp. 46-71; BROOKS, Stephen, e
WOHLFORTH, William ' «Hard times for soft balancing». in International
Security. vol. 30, N.º 1, 2005, pp. 72-108.
7
JIANWEI, Wang ' «managing conflict: chinese perspectives on multilateral
diplomacy and collective securit y». in YONG, deng, e FEILING, Wang (eds.) ' In
the eyes of the dragon: China Views the World. Lanham: Rowman &
Littlefield, 1999, p. 84.
8
cctv-1, «PRC's premier Wen Jiabao News conference», 14 de Março de 2006,
Foreign broadcast information service(FBIS), fbis-cpp20060314070001.
[consultado em: 26 de Março de 2009]. Disponível em: https://
www.lexisnexis.com.
9
Information Office Of The State Council Of The People's Republic Of China '
China's national defense in 2008. [consultado em: 12 de Fevereiro de 2009].
Disponível em: http://english.chinamil.com.cn/site2/special-reports/2009-01/21/
content_1627631.htm. Todas as edições do livro branco da defesa da RPC (1998,
2000, 2002, 2004, 2006 e 2008) estão disponíveis em: http://
english.chinamil.com.cn/site2/special-reports/2008national/index.htm
10Respeito pela integridade territorial e soberania dos estados,não-agressão
mútua, não interferência nos assuntos internos dos estados, igualdade e
benefício mútuo, e coexistência pacífica.
11Assente na noção de que a segurança do pós-guerra fria já não se baseia em
meros cálculos de poder militar, mas também em factores de natureza política,
económica e tecnológica. As alianças são encaradas como reminiscências da
guerra fria, inadequadas e potenciadoras do dilema de segurança. O diálogo, a
cooperação e a negociação são as palavras--chave na interacção entre os
estados.
12O conceito inicial denominou-se de «caminho de desenvolvimento para a
ascensão pacífica da china» (Zhongguo heping jueqi de fazhan daolu) avançado em
2003 por Zheng bijian (conselheiro político, reitor da escola de Humanidades e
ciências sociais da Academia chinesa de ciências), e destinou-se a assegurar
que a china não é uma potência revisionista mas sim conservadora do status quo.
No entanto o termo jueqisignifica brusco, de forma que após intensos debates
que incluíram o Comité Permanente do Politburo, desde finais de 2005 que a
expressão oficial passou a ser a de desenvolvimento pacífico, slogannão muito
diferente do formulado porDeng Xiaoping (paz e desenvolvimento). cf. BIJIAN,
Zheng ' «china's peaceful rise to greatpower status. in Foreign affairs. vol.
48, N.º 5, pp. 18-24.
13XINHUA ' «Hu Jintao summarizes china's world view in political bureau study
session». in Foreign broadcast information service(fbis), fbis-cHi-2004-0224,
24 de Fevereiro de 2004. [consultado em: 26 de Março de 2009]. Disponível em:
https://www.lexisnexis.com
14Sobre estes dois conceitos cf. WALTZ, Kenneth ' Theory of International
Politics. Reading: Addison-Wesley, 1979, p. 168.
15Comunicação do general Xiong Guangkai, efectuada a 15 de Novembro de 2007, no
painel intitulado «the Asia-Pacific Strategy of Major Powers», aquando do
simpósio internacional sobre segurança na Ásia-Pacífico, efectuado no Colégio
de Estudos de Defesa da Universidade de Defesa Nacional do Exército Popular de
Libertação onde o autor participou.
16GOH, Evelyn ' «Great power and hierarchical order in southeast Asia:
analyzing regional security strategies». In International Security. vol. 32,
N.º 32, 2007, pp. 113-157.
17cf. QUANSHENG, Zhao ' Interpreting Chinese Foreign Policy. Oxford: Oxford
University Press, 1996.
18Assente no recurso a ajudas ao desenvolvimento, comércio, investimento e
atractividade do seu modelo de desenvolvimento económico. KURLANTZICK, Joshua '
Charm Offensive: How China's soft Power is transforming the World. New Haven:
Yale University press, 2007, p. 84.
19cf. COHEN, William, e GREENBERG, Maurice ' Smart Power in US-China Relations:
a Report of the CSIS Commission on China. [Consultado em: 27 de Março de 2009].
Disponível em: http://www.csis.org/media/csis/pubs/090304_mcgiffert_uschi-
nasmartpower_web.pdf. Cf. ainda NYE, Joseph S. ' Smart Power, the U.S. and the
World. [Consultado em: 26 de Abril de 2009]. Disponível em: http://
www.csis.org/media/csis/pubs/issuesinsights_v09n03.pdf
20Sobre o significado desta terminologia conceptual cf. KELLER, William, e
RAWSKI, Thomas (eds.) ' China's Rise and the balance of influence in Asia.
Pittsburgh: University of Pittsburgh, 2007.
21CHEN, peiyao, e Xia, liping ' Xinshiji Jiyuqi yu Zhongguo guoji Zhanlue[O
período de Oportunidade no Novo século e a estratégia internacional da china].
beijing: time publishers, 2004, p. 46; li, qinggong, e Wei, Wei ' «the world
needs a new security concept». in Jiefangjun bao(diário do ePl de 24 de
dezembro de 1997). [consultado em: 14 de março de 2009]. disponível em: https:/
/www.lexisnexis.com
22GUNNESS, Kristen ' «China military diplomacy in an era of change».
Comunicação apresentada no National Defense University Symposium on China's
Global Activism: implications for US Security Interests realizado em 2006.
[consultado em: 10 de Dezembro de 2006]. disponível em: http://www.ndu.edu/
inss/symposia/pacific2006/gunnesspaper.pdf. SOARE, Simona ' «The chinese
Westward military diplomacy». in CSISanalysis(38). [Consultado em: 20 de Março
de 2009]. Disponível em: http://www.csis.ro/publications/csis__analysis_38.html
23GILL, Bates ' Rising star: China's new security diplomacy. Washington DC:
Brookings Institute Press, pp. 67-68.
24Entre 2004 e 2008 os principais países compradores de armamento à china foram
o paquistão, o bangladesh, o sudão, a Arábia saudita, o irão, o egipto, a
birmânia e o sri lanka. sipri (stockholm institute peace research institute) '
arms transfers database. disponível em: http://www.sipri.org/contents/armstrad/
at__db.html
25
Jiefangjun bao
(diário do EPl)'«Advancing military diplomacy amid reform and opening-up».
[consultado em: 10 de março de 2009]. disponível em: http://
english.chinamil.com.cn. Note-se no entanto, que o General Cao Gangchuan tinha
alguns problemas de saúde que condicionavam o seu número de visitas ao exterior
do país.
26Jiefangjun bao (diário do EPl) ' «PLA totally sends more than 2000 servicemen
to study abroad». [consultado em: 10 de Março de 2009]. Disponível em: http://
english.chinamil.com.cn. dados compilados pelo autor na Universidade de defesa
Nacional do exército popular de libertação em Pequim em Novembro de 2007.
27
Jiefangjunbao
(diário do EPl) ' «More than 4,000 foreigners trained in Chinese top military
Academy». [consultado em: 10 de Março de 2009]. Disponível em: http://
english.chinamil.com.cn. dados compilados pelo autor na Universidade de defesa
Nacional do exército popular de libertação em Pequim em Novembro de 2007.
28
Dados compilados pelo autor na Universidade de defesa Nacional do exército
popular de libertação em Pequim em Novembro de 2007.
29em setembro de 2007 e pela primeira vez um general do epl assumiu o comando
de uma força da onu, mais concretamente na minurso (sara Ocidental) como chefe
dos observadores militares. united nations ' Ranking of Military and Police
Contributions to un Operations. [consultado em: 15 de Abril de 2009].
disponível em: http://www.un.org/depts/dpko/dpko/contributors/2009/mar09_2.pdf.
cf. ainda Jiefangjunbao(diário do ePl) ' «chronicle of china's participation in
UN peacekeeping operations». [consultado em: 10 de março de 2009]. disponível
em: http://english.chinamil.com.cn
30Dados compilados pelo autor na Universidade de defesa Nacional em Pequim em
Novembro de 2007. LIANG, guanglie ' «china's military diplomacy keeps pace with
times». [consultado em: 28 de dezembro de 2008]. disponível em http://
english.chinamil.com.cn. china's defence White papers, 1998, 2000, 2002, 2004,
2006, 2008; gunness, Kristen ' «china military diplomacy in an era of change».
comunicação apresentada no National defense University symposium on china's
global Activism: implications for Us security interests realizado em 2006.
[consultado em: 10 de dezembro de 2006].
31
ibidem
.
32
ibidem
.
33A actual modernização militar chinesa é profunda, envolvendo um processo
complexo e multidimensional com acentuadas características de opacidade. Os
oficiais do epl justificam esta divergência quanto aos critérios de
transparência institucional face aos seus congéneres europeus, norte-americanos
e japoneses com base no facto de as forças Armadas chinesas estarem num patamar
de desenvolvimento técnico-doutrinário inferior, pelo que esta «menor
transparência» garante à china uma certa «dissuasão psicológica». conversas
tidas com vários oficiais superiores do RPL durante o simpósio internacional
sobre segurança na Ásia--pacífico, efectuado no colégio de estudos de defesa da
Universidade de defesa Nacional do exército popular de libertação em 2007.
34TAMMEN, Ronald L. ' «the impact of Asia on world politics: china and india
options for the United states». in international studies Review. N.º 8, 2006,
p. 564.
35 Citado em LIANG, Congjie ' The Great Thoughts of China. Nova York: Wiley
& sons, 1996, p. 76.
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