Impasses e «esperanças»
Impasses e «esperanças»
René Pélissier
Historiador. Autor de Les campagnes coloniales du Portugal, 1844-1941(2004) e,
com Douglas L. Wheeler, de História de Angola(Tinta-da-China, 2009).
Na nossa opinião, a pior crítica que se pode fazer a um historiador ou a um
bibliógrafo não é estar mal informado ou ser incompetente; é ser sectário ou '
o que é disso corolário ' ser complacente para quem pensa como ele. As páginas
de apresentação e análise de uma dezena de livros que se seguem dizem respeito,
a diversos níveis, à colonização portuguesa tardia, à Guerra Colonial e à
situação vivida em vários países saídos de uma e de outra. Estas notas não
pretendem ser uma visão detalhada de todos os aspectos que abordam, já que
estamos dependentes da produção internacional que alguns editores pretendem dar
a conhecer, ou seja, vender, o que é muito legítimo da sua parte. Vários dos
títulos assinalados chocarão as convicções dos leitores e do autor. Este último
não tem de se desculpar: explora o que lhe chega à secretária, bom ou mau,
insignificante ou magistral. Mas isso não o impede de conservar os seus valores
' se ainda os tiver, após tantas centenas de milhar de páginas consumidas e,
muitas vezes, indigestas.
Comecemos pela memória colonial entre os antigos colonos, revisitada por uma
jornalista, Ana Sofia Fonseca
1
, que fez um trabalho impressionante. Angola, Terra Prometida, é uma fonte de
primeira importância para conhecer a vida de uma sociedade desaparecida após
1975. Será uma obra de propaganda nostálgica e unilateral? Não. A autora
esforça-se por contrabalançar os argumentos do Estado Novo e os dos
nacionalistas africanos, ainda que com uma preponderância das opiniões dos
colonos, o que é compreensível, dado o título escolhido e o público a que se
destina em Portugal. O panorama coberto é vasto e vai do rico fazendeiro até ao
colono médio ou pobre, passando pelos seus criados ou por indivíduos
sexualmente marginais. As informações são essencialmente retiradas de
entrevistas (perto de uma centena), da leitura da imprensa local (antes de
1975) e de memórias publicadas ou transmitidas aos descendentes. A autora
consultou igualmente os arquivos da PIDE/DGS, de algumas empresas, e de algumas
famílias. Trata-se de um clássico trabalho de historiador, tratado segundo as
técnicas jornalísticas, a fim de interessar o leitor. Ana Sofia Fonseca
deslocou-se a Luanda, Sá da Bandeira/Lubango e a Novo Redondo/Sumbe o que, no
último caso, não é tão frequente.
Teve a boa ideia de dividir o livro por temas, começando pela viagem marítima
(a partir dos anos 1940-1950), seguindo para a instalação na cidade, nas
plantações e mesmo no mato (essencialmente através de um casal de caçadores ou
de alguns administradores). No conjunto, sem contar com uma grande secção sobre
os ricos fazendeiros de café dos arredores de Novo Redondo, a tónica é posta na
vida urbana, o que reflecte bem o carácter essencialmente recente e gregário da
imigração portuguesa. Uma boa parte do livro ocupa-se dos divertimentos da
burguesia branca nas cidades (corridas de automóveis, rádio, cinema, praias,
vida nocturna). Na verdade, em contraste com a existência mesquinha dos pobres
da Metrópole sob o Estado Novo ' pobres mobilizados para os virem defender ' a
maior parte dos colonos acreditava ter encontrado um ersatz do Brasil em
Angola, onde tudo é possível para quem quer trabalhar ou para quem tem boas
relações para fazer trabalhar os africanos. A autora tem razão quando recorda
que esta vida de sonho só é possível sob a égide do Exército, que não pertence
ao seu mundo. Não escamoteia o facto de a prosperidade ter um carácter
artificial que repousa sobre a exploração inicial do indígena, nem que a
Administração sabia perfeitamente que os abusos coloniais tinham provocado
condições de vida infra-humanas na Baixa de Cassange e, em menor grau, no
Noroeste (durante a corrida ao café dos anos de 1950-1960). Estas condições
persistiam tardiamente em determinados locais do interior (por exemplo, no
Cuando Cubango, em 1971, mesmo depois da abolição do trabalho contratado, em
1962). Os castigos corporais ainda eram praticados por certos administradores,
muito depois do fim oficial do indigenato, na Lunda, entre outras regiões.
Curiosamente, Ana Sofia Fonseca dá um grande destaque à mentalidade dos liceais
de Luanda. Inclui o racismo de certos estudantes em relação aos seus
condiscípulos mais escuros que depositavam esperanças de ascensão social na
FNLA (?) e sobretudo no MPLA. Há várias páginas úteis sobre a Livraria Lello,
viveiro de livros «subversivos» e como tal vigiada. Em Sá da Bandeira, a
modesta Atenas do ensino secundário meridional, um folclore estudantil
procurava copiar os costumes de Coimbra. Mais inesperado entre a bibliografia
em português, a autora lembra o papel emancipador das missões protestantes e
descobre que em Novo Redondo havia uma directora de um colégio a favor da
independência. Citando uma tese brasileira (p. 174), acrescenta que no fim da
colonização havia cerca de três mil estudantes no ensino superior local (um
número razoável) mas que apenas quarenta eram negros. Termina com a catástrofe
de 1975 e o êxodo penoso destas centenas de milhar de brancos (e alguns
mestiços) abandonados pelo seu Exército. O sonho tornara-se pesadelo e todo o
seu mundo se desmoronava na explosão dos mitos salazaristas e pré-salazaristas.
Uma bibliografia modesta e 331 notas completam este trabalho não maniqueísta e,
sob muitos aspectos, muito útil.
Existe outro livro importante sobre os colonos, mas num registo mais militante
e pessoal, porque vivido do interior, e já não em Angola, mas num contexto
familiar em Lourenço Marques. Trata-se da confissão impúdica de Isabela
Figueiredo
2
, a autobiografia de uma retornada rebelde que não suportava o racismo
acentuado de seu pai e que regressa sozinha, aos 13 anos, para a casa da avó
nas Caldas da Rainha, em 1975, ou seja, numa altura em que os retornados não
eram acolhidos de braços abertos na sua antiga Metrópole. Depois da leitura de
Caderno de Memórias Coloniais, um psicanalista que tivesse nascido na Argélia
nos anos de 1940-1950 não tardaria a fazer o seu diagnóstico: «Complexo de
Electra tropicalizado, com transferência negrófila atenuada pela lucidez do
sujeito». Mas nós, simples recenseadores de ruínas imperiais, que nunca lemos
Jung, Lacan e outros «engenheiros de almas» para idólatras ociosos, seremos
muito menos restritivos. A autora interessa-nos? Sim. Porquê? Porque demole as
defesas agressivas ou lacrimejantes de alguns retornados em ruptura com o
Paraíso. Esses viam-no ' ou ainda o vêem ' retroactivamente verdejante e ela
denuncia-o pela sua negrura, ensanguentada pela injustiça. Não é a relação
amor-ódio contra o progenitor demonstrada neste livro brutal que nos prende a
atenção; é o que revela sobre uma certa sociedade branca e patriarcal.
Ela que sossegue: não é próprio da situação sul-moçambicana, ela mesma herdeira
do arcaísmo e da violência em relação aos pobres da província portuguesa antes
e durante o Estado Novo. O seu meio familiar é o do colono médio que
enriqueceu, imigrado de primeira geração, decidido a explorar os seus operários
negros que considera, na melhor das hipóteses, como animais preguiçosos e
alcoólicos. Pessoalmente, encontrámos na mesma época (1967) este tipo de colono
no Gabão, já independente. Mas havia uma marcada diferença entre os dois
países: a guerra colonial no Norte de Moçambique, tão longe da capital que nem
era mencionada nas conversas. Quando chegou o 25 de Abril, a autora tinha 11
anos e a maior parte dos brancos locais estava tão imbuída do seu poderio
irreal que acreditava ser possível obter uma independência à rodesiana. Reflexo
típico de uma incapacidade em medir a fragilidade da sua dominação? Na verdade,
não havia nenhum dirigente de envergadura, não havia nenhuma organização. Tudo
era confusão e verbalismo.
Depois do 7 de Setembro de 1974 os massacres dos brancos pelos negros
revanchistas dissipam-lhes os sonhos. Usado e hostil, o Exército português na
sua maioria não é favorável a estes filhos perdidos da dialéctica. É a
derrocada, a evaporação de uma colonização que não era de modo nenhum secular
mas mais um simples artifício recente na capital. A família permanece e a
menina de 12 anos dá por si a alfabetizar os filhos dos assassinos dos brancos
e a receber o ensino da FRELIMO. Toda a história é invertida, as novas verdades
marxistas-leninistas com molho africano substituem as dos salazaristas. A
continuação é inesperada. Enviada para a província portuguesa para continuar a
sua educação e «contar a expoliação dos colonos pela FRELIMO», esta jovem
imigrada lusófona considera então os seus novos compatriotas na Metrópole bem
pequenos e francamente mesquinhos. Ainda em Moçambique, em 1978, o pai ' um
«gabarolas» de um racismo irreprimível ' é detido por injúrias a Samora Machel.
Sairá da cadeia fragilizado e mais prudente, mas preso a Maputo, caído na
deliquescência. Ou seja, o valor deste texto reside naquilo que diz da
convivência desequilibrada durante os dez últimos anos da colonização numa
cidade sob a dependência oculta da África do Sul. O que já é muito.
Mais curto, salientamos igualmente o testemunho romanceado (?) de um jovem
colono, chegado aos quatro anos a Inhaminga (a norte da Beira). O pai possui
uma grande plantação de algodão e, diz ele, trata bem dos trabalhadores. Mas a
guerrilha aproxima-se e incendeia-lhe metade da colheita de algodão. Uma bomba
ao retardador explode no cinema local. O pai fica, mas a mãe e o filho são
evacuados de comboio, que é por sua vez atacado, apesar da escolta militar. Por
um golpe de teatro, o seu criado, anjo-da-guarda e amigo, é um chefe local da
FRELIMO responsável pelo incêndio. O autor torna-se retornado com menos de dez
anos na Beira Litoral. Continua um rapazinho anti-racista e humanista. África
não se esquece
3
e à medida que envelhece mais lhe sente a falta. Idealizada ou não, é a sua
infância. Compreendemo-lo.
Prosseguiremos agora por outros impasses, não já os que bloqueiam a ascensão
dos colonos para o Paraíso mas aqueles aonde a política conduziu muitas
centenas de milhar de soldados metropolitanos numa guerra acima dos seus meios.
A literatura dos antigos combatentes é um género, ou subgénero, que mobiliza e
mobilizará os professores de literatura portuguesa durante muitas gerações, bem
depois do desaparecimento dos que a escreveram. Estes académicos, em geral, não
têm as mesmas preocupações dos autores e ainda menos as dos historiadores. Os
últimos desejam saber o que não se encontra nos comunicados de imprensa da
época nem na história oficial estabelecida a posteriori pelos estados-maiores.
Para os historiadores, o estilo e o lirismo, a poesia e o vocabulário das
emoções não são mais do que acessórios. O aborrecimento chega depressa após a
leitura das proezas desta ou daquela unidade; não nos devemos desencorajar,
pois acabamos por descobrir pepitas mesmo nos romances históricos, redigidos
por certos actores (em geral oficiais ou suboficiais milicianos) que tiveram de
combater a sério.
Memória dos Dias sem Fim
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é disto um bom exemplo ainda que, infelizmente, não seja datado e se revele um
pouco «literário» de mais. Luís Rosa está numa guerra absurda, não patriótica,
e enfrenta na Guiné um inimigo decidido e combativo que o quer suplantar
militarmente. Psicologicamente já venceu a maior parte dos soldados
portugueses. Mas ainda não venceu todos os seus auxiliares fulas/peuls ou
outros muçulmanos que têm um interesse, real ou simulado, em recusar a
dominação do PAIGC, dos seus métodos e dos seus objectivos. O alferes Rosa e a
sua companhia estão na zona nevrálgica fronteiriça do Sudeste, entre o rio
Cacine e o limite artificial da Guiné Conacri. É um lugar de passagem
obrigatória do PAIGC, que está encarregado de retomar e defender. Um
historiador que já sublinhou abundantemente o carácter arbitrário do traçado
dos contornos da Guiné não pode ficar insensível a esta demarcação que divide o
país dos nalu. De entre as características mais importantes do livro, limitar-
nos-emos a citar as mais originais: a) a presença de um comerciante português
em Gadamael (o «porto» de acostagem fluvial das lanchas da Marinha que
asseguram o abastecimento das tropas terrestres) que explora impiedosamente os
nalu (incluindo a instalação de um bordel militar com as filhas ou as mulheres
dos seus devedores); b) a tortura de um louco, prisioneiro; c) a execução em
Guilege, por um alferes, de um velho informador/agente duplo, a quem obriga a
cavar o próprio túmulo antes de arrancar uma orelha do seu cadáver; d) o
bombardeamento com morteiros do posto de Sangonhá a partir do campo de Marela
do PAIGC na Guiné Conacri e o franqueamento, em represália, da fronteira pelos
comandos fula e pela milícia local, que destroem a base do PAIGC; e) a recepção
dos refugiados que fogem da fome; f) a primeira destruição pelas unidades
regulares de artilharia do PAIGC da guarnição portuguesa de Guilege, refugiada
nas trincheiras em volta do posto ' apenas os bombardeamentos aéreos fariam
recuar os guerrilheiros; g) o fornecimento de informação contra o PAIGC por um
chefe nalu, refugiado na Guiné Conacri, em troca de um tratamento contra as
doenças venéreas, quando em princípio os bufos que chegavam do outro lado da
fronteira eram pagos pelos portugueses em moeda guineense.
Um dos melhores romances sobre a guerra colonial na Guiné! Outro livro
interessante são as memórias de um furriel responsável pelos veículos da sua
companhia que reconhecia a inutilidade desta guerra. Os Tempos de Guerra
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situa-nos numa região ligeiramente mais a norte, no eixo Buba-Aldeia Formosa
(Quebo) e para além, na direcção da fronteira sudeste. Quem é que nesta
companhia estacionada em Buba saberia que em Fevereiro de 1881 se tinha aí
travado a maior batalha dos fula contra a principal guarnição portuguesa da
época na África atlântica, antes de chegar a Luanda? Ninguém, evidentemente,
porque o comando em Lisboa, afogado nos seus mitos, enviava para ali os seus
homens dizendo-lhes que a Guiné era deles desde o século XV! A ignorância paga-
se sempre caro, sobretudo na carne dos soldados sacrificados. O autor descreve
minuciosamente as várias tabancas onde a sua unidade esteve implantada. Buba,
nesta última guerra, era um ponto importante porque era o «porto» onde
desembarcavam os homens e as munições destinadas a opor-se à ofensiva de Nino
Vieira, que destruiu a guarnição de Contabane (22 de Junho de 1968). Finalmente
os descendentes dos fula de 1881 tinham Buba por conta dos portugueses! A
título de curiosidade ficamos a saber que uma disputa mortal opunha os
fuzileiros e os comandos em Buba, e que o aeródromo de Bissau era utilizado
pelos aviões que abasteciam o Biafra. Spínola morreu, Nino Vieira foi
assassinado, o Biafra já não existe. Amílcar Cabral também não e o que é que
aconteceu à Guiné independente?
Se deixarmos as linhas de fronteira coloniais na Guiné, encontramos outras
sentinelas imperiais em Angola, a começar no Sudeste, e depois em Cabinda. Quem
ouviu falar de Ninda
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? Para além de ser uma aldeia perdida, a 41 quilómetros da fronteira com a
Zâmbia (e não 15 quilómetros, como escreve o antigo furriel miliciano que aí
está estacionado desde Maio de 1973), era a cinco dias de viagem (de caminho-
de-ferro e depois de camião) de Luanda. O que é que nos ensina este texto?
Muito: a) a paralisia operacional quase total dos guerrilheiros do MPLA; b) a
existência de uma base de helicópteros sul-africanos que transportam as tropas
portuguesas; c) a presença de uma companhia de katangueses que estão cansados
de lutar pelos portugueses; d) as reacções dos soldados depois do 25 de Abril
de 1974. Sem receberem alimento a partir do Luso, em plena confusão, têm de ir
à caça de noite; e) o medo das minas continua a ser o seu único inimigo.
Ficamos a saber que no fim de Julho de 1974 a companhia é transferida para Nova
Gaia (Baixa de Cassange). É rendida por soldados «libertadores». Abandonam-se
os auxiliares africanos à sua sorte. A administração portuguesa é substituída
por pequenos quadros arrogantes do MPLA. Os roubos e pilhagens de algumas
fazendas intensificam-se. No fim de Novembro de 1974 a companhia é encarregada
de manter a ordem em Malange, dominada pelos extremistas que se lançam contra
os colonos. O que se segue é do conhecimento geral.
No extremo oposto de Angola descobrimos uma outra situação fronteiriça,
ligeiramente anterior (por volta de 1972-1973), narrada num romance de amor em
tempo de guerra. A originalidade de Viagem ao Fim do Império
7
está em ser dos poucos livros situados na floresta de Maiombe, em Cabinda, e é
acerca do MPLA que pretende «libertar» o enclave, e dos seus habitantes, que
não o aceitam, por aspirarem a separar-se de Angola. O livro foi escrito por um
capitão miliciano que, na vida real, se integrou tão bem no Exército que acabou
tenente-coronel. Nota-se: a) os contactos oficiosos entre os oficiais e os
guerrilheiros que exigem dinheiro para não minar as pistas e montar emboscadas
(sector de Luali); b) a presença de um rico fazendeiro (de café) provavelmente
em contacto, também ele, com uma guerrilha sobretudo vitoriosa nos seus
comunicados; c) a espionagem recíproca que permite uma informação razoável
sobre o adversário; d) a liberdade de expressão dos oficiais que esperam uma
mudança de política que não vem; e) os roubos de materiais por alguns soldados,
que o revendem; f) a simulação de loucura de certos oficiais no hospital
militar de Luanda a fim de serem repatriados; g) a adesão dos chefes
consuetudinários do Maiombe ao separatismo da FLEC; h) a visita ' controversa
para os oficiais ' da «Cilinha», que vem erguer o moral dos soldados num posto
avançado e alimentar assim a propaganda oficial do Estado Novo.
É duro arriscar a pele por uma causa em que não se acredita. Vejamos então
aqueles que continuam a acreditar. Não sabemos se são representativos de uma
grande proporção da opinião pública. Em todo o caso, mesmo assim, há pouco
publicavam grossos livros, por vezes muito bem documentados, mas sempre
vingativos. A polémica está cada vez mais presente, mas nos opúsculos recebidos
tornou-se difícil identificar dados concretos, porque os discursos e as
diatribes impõem-se aos números. Comecemos, apesar de tudo, por um sector em
que um mestiço cabindense, secretário provincial da educação (1964-1971) em
Angola deu um impulso tardio mas notável ao ensino. A este título, quer
queiramos quer não, foi ele que o africanizou nos níveis inferiores, apesar da
oposição surda ou virulenta de certos decisores que percebiam que, com esta
acção, estava prestes a cortar o ramo sobre o qual repousava a supremacia do
poder branco em Angola. Percebemos logo que a dezena de pequenas brochuras
obtidas da Edição Neos (aliás Núcleo de Estudos Oliveira Salazar, que parece
ser a sucessora das Edições Nova Arrancada que tinham um catálogo de livros)
dizem todas respeito a Angola, e não a Moçambique nem às pequenas parcelas
imperiais. Falta de autores ou de interesses?
Das três brochuras de José Pinheiro da Silva
8
, a mais útil para quem quiser ter estatísticas, e não simples declarações de
intenções, é a primeira enumerada em nota de rodapé. A segunda é uma recolha de
discursos e de entrevistas deste partidário indomável da assimilação oficial
mas também, à sua maneira, artesão da preparação intelectual dos angolanos. A
terceira acumula outros discursos onde, num, não dissimula que o MPLA tentou
atraí-lo 47 pp. para o seu lado. Onde tantos outros funcionários angolanos
viraram a casaca, ele, ao menos, permanecerá fiel ao ideal salazarista e às
suas convicções. Não teremos qualquer dificuldade em ligar este trio com a
reedição de uma outra brochura publicada em três línguas (propaganda oblige),
em 1968, pela pena do jornalista Arthur Ligne
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. De extrema-direita ou de extrema-esquerda, os regimes autoritários tentaram
sempre captar os jovens. Era mais difícil numa colónia, mesmo que fosse
apresentada como portuguesa desde há séculos. Mas, apesar de tudo, a construção
de uma escola rural ou de um posto sanitário no mato, por adolescentes, é uma
actividade em benefício da comunidade. O problema é que era uma gota de água
num oceano de pobreza, de ignorância e de doenças. Ao lermos título tão sedutor
como Angola. O 4 de Fevereiro de 1961
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o historiador que há em nós desperta e crê ir obter informações, novas, já que
esta data fatídica se tornou no símbolo da «guerra de libertação» do MPLA e o
autor da brochura é o governador-geral de Angola no momento dos factos.
Infelizmente, nas 79 páginas do texto, a secção angolana ocupa apenas umas 28.
É pouco para grandes revelações e, de facto, são raras. Mesmo assim, são
fornecidos alguns detalhes acerca das medidas de precaução que o governador
pediu que a Metrópole tomasse para evitar a contaminação pelo Congo ex-belga em
1960. Pretende que a misteriosa revolta da Baixa de Cassange não se devia aos
excessos da «autocracia do algodão» local ' o que é insustentável ' mas às
tradições independentistas do Cassange (é parcialmente possível mas onde
estavam os sobas supostos a encarná-las?) e à influência de provocadores vindos
do Congo independente. É mais do que provável, mas porque é que teriam
escolhido este lugar afastado do mato angolano quando o caminho mais curto era
o que descia de Léopoldville, como o fez a upa em Março de 1961? Se não
houvesse um terreno socioeconómico favorável no Cassange, não teria havido uma
revolta. Relembra que evitou o pior das represálias dos colonos brancos contra
os musseques de Luanda em Fevereiro de 1961, quando a polícia queria ajudá-los,
e não deixa de sublinhar que os seus apelos a Lisboa depois do 15 de Março
depararam com a má-vontade do Ministério da Defesa, que não quis dotar as
milícias com armas. O governador teve de importar armas e munições britânicas.
Coloca em causa dois generais vindos da Metrópole que visitaram Cabinda e o
Congo a 15 de Março e minimizaram a violência (p. 71) junto de Lisboa. Mordicus
defende a posição de Salazar contra o general Botelho Moniz, e dá a entender
que, sem a sua serenidade, teria ocorrido um levantamento geral. Ipso facto, as
acusações de impreparação e passividade que lhe fizeram são, segundo ele,
mitos. Esta defesa pro domopor um jurista tão experiente como o autor merece
mais de 28 páginas. Desejamos, portanto, que apesar da sua idade avançada
(nasceu em 1915), publique ou encoraje a publicação de um relatório ' ou mesmo
de uma tese ' completo da sua gestão entre 1960 e 1961. Antigamente os
governadores-gerais de Angola (e de outros territórios) publicavam as suas
memórias ou justificações em grossos volumes. Ele, mais do que outros, ocupa
uma posição charneira e crucial na história de Angola. Tantos milhares de
páginas contraditórias sobre este período apareceram que já não se sabe em quem
acreditar e, infelizmente, não é a sua outra brochura
11
que dissipará as dúvidas dos historiadores sérios.
Na dita brochura afirma que Salazar e Caetano queriam uma «paz negociada», mas
que esperavam o «momento propício», sabendo que uma vitória militar era
impossível (p. 11). Será talvez verdade para o segundo, mas o tempo não tinha a
mesma fluidez em Lisboa que no resto do mundo, infelizmente. A lentidão foi
sempre inimiga dos portugueses e a sua rival pérfida, a precipitação, foi e
continua a ser ainda mais catastrófica para as suas aventuras. Outro título
enganador? Com os três opúsculos
12
do general Silvino Silvério Marques esperávamos ter uma narração detalhada e
seguida do seu segundo e derradeiro mandato (15 de Junho a 19 de Julho de
1974). Mas, vítima do afastamento geográfico e da total insuficiência das bases
de dados das livrarias portuguesas, em que nenhuma põe à venda toda a produção
editorial nacional, fundamentamo-nos nas indicações bibliográficas que
encontramos por vezes em certos livros de que os autores, evidentemente, não se
dão ao trabalho de indicar o número de páginas das entradas que citam. Assim,
quando ocasionalmente esperamos três volumes grossos, acabamos por receber três
finas publicações com um total de 69 páginas, o que interdita, evidentemente,
longos desenvolvimentos a todos os autores. O que é que nos resta? A reprodução
de cartas ou de artigos, alguns dos quais aparecidos na imprensa de extrema-
direita, onde o autor defende a sua gestão de um mês durante um período
cataclísmico da história portuguesa. Rectifica os erros de facto enunciados nos
livros ou declarações de vários artesãos desta famosa «descolonização
exemplar». Ao fazê-lo, divulga alguns detalhes concretos sobre os bastidores do
poder e o jogo desarticulado do MFA em 1974-1975. Encontramos igualmente do
mesmo autor uma demolição
13
de um dos promotores da dita descolonização. Faltam-nos conhecimentos para
fazer mais do que assinalar a existência desta polémica aos que se interessam
por este género que pulula na literatura ultramarina portuguesa há mais de dois
séculos.
Com os impasses e as lamentações para trás, olhemos agora para as «esperanças»
ou, pelo menos, para as tentativas feitas para ultrapassar as inúmeras
dificuldades que assaltam os PALOP desde a independência. O que haveria de
melhor para abrir esta caixa de Pandora do que o romance
14
redigido por um advogado que, de 1994 a 1998, participou em projectos
humanitários e culturais? A obra imagina um misterioso trouble shooterque a ONU
despacha para os países de língua portuguesa na África. Desde logo, o autor
inspira-se naquilo que conheceu de perto nos tempos de juventude. Em Angola, o
seu herói é enviado a título de mediador entre o governo local e um jornalista
guineense que entrevistou um antigo ministro que acusa as autoridades de ter
assassinado um candidato a primeiro-ministro. Aproveita para descrever uma
Luanda desfigurada. Em São Tomé visita São João dos Angolares e deplora as
desventuras da ajuda técnica portuguesa e o tráfico de droga gerado pelos
colombianos. Na Guiné, assiste a um rito de passagem entre os Bissagos (ilha de
Bubaque), onde três crianças morrem no mar. Em Bafatá são as aspirações de um
movimento político que quer sanear a situação. É dizimado. Por todo o lado
reina a corrupção e a degradação de um não-Estado. Em Moçambique, a polícia de
Maputo extorque quem passa, e o autor completa o quadro com um episódio
sectário e mórbido.
Podemos encontrar exemplos mais optimistas, mas não nos desencorajemos, pois um
coronel irlandês
15
dá-nos as suas memórias de oficial dos Capacetes Azuis da ONU, especialmente
em Angola. Consagra dois capítulos ao seu papel na missão da Untag (1989-1990),
encarregada de observar a retirada das forças cubanas e da SWAPO, a organização
principal dos nacionalistas namibianos. Por trás dos habituais discursos e
recepções em Lubango (ex-Sá da Bandeira) e em Luanda, o coronel, como peixe na
água na Babel das forças militares das Nações Unidas, conta--nos que os
angolanos são pouco receptivos a estes enviados mal equipados. A desconfiança
das FAPLA (Forças Armadas do MPLA) explicar-se-á pela dificuldade que têm em
encontrar soldados voluntários para irem ser mortos. O autor vê desfilar
jovens, vítimas de uma razia, presos por cordas para não escaparem, na própria
Lubango. Faz-nos recordar o recrutamento forçado dos contratados pela
Administração portuguesa, no Sul de Angola. Este livro é útil para seguir a
evacuação das bases militares da SWAPO (mais de cinco mil soldados) e a
libertação dos prisioneiros políticos namibianos encarcerados por este partido,
que os detinha em dois «campos da morte» (incluindo um para mulheres e
crianças) no território angolano. Uma mulher esteve aí prisioneira onze(?)
anos. Quando tudo terminou a Untag recebeu as medalhas da ONU. A estada
angolana do autor (pp. 255-297) foi a sua última missão para as Nações Unidas.
Angola ainda teria uma guerra civil durante mais de onze anos, larvar ou
violenta, mas disso não nos conta nada, porque já lá não está.
A esperança tímida chega-nos de onde menos esperamos, com o primeiro guia
turístico alguma vez consagrado a Angola, país mais reputado pelas desgraças e
estatuto de eterna vítima do que pelas belezas naturais. Sejamos claros. Não só
a Angola
16
de Mike Stead e Sean Rorison cobre uma enorme lacuna como é um ponto de
viragem na bibliografia angolana. Depois de milhares de livros onde a tinta não
era a única coisa negra ou vermelho-sangue, eis algo que se inclina mais para o
cor-de-rosa. Um cor-de-rosa ainda tingido pela dor das recordações mas que
deseja orientar-se para um optimismo prudente. Os autores não escondem que
estão no quarto de um doente grave, mas que foi finalmente retirado da morgue.
Pode começar a receber alguns visitantes intrépidos ou, melhor, alguns
viajantes muito aventurosos, mas já não cangalheiros. Como especialista em
Angola, tenho portanto o prazer de registar esta evolução, fazendo votos para
que a convalescença não seja apenas uma simples remissão sem amanhã.
Não acreditamos que Angola alguma vez se torne numa concorrente séria da
Riviera, mas o editor tem razão em apostar em leitores pragmáticos (homens de
negócios apressados, humanitários enquistados, expatriados de todos os géneros,
etc.), não fascinados pelo dolce farnientemas necessitados de informação séria
e actualizada sobre hipóteses de sobrevivência, não apenas no inferno actual de
Luanda, mas igualmente nos locais de veraneio idílicos que são o Kuíto (três
páginas) e Menongue, sem falar de Cuito Cuanavale, M'Banza Congo, Soyo,
Saurimo, etc. Nem tudo é perfeito neste guia. Duvidamos que o forte de Encoje
tenha desaparecido completamente, a julgar pela espessura das muralhas, tal
como as vimos em 1966. Da mesma forma, fixar (p. 242) em 40 mil o número
conjecturado dos mortos pelos bombardeamentos portugueses (1961) na Baixa de
Cassange, e depois pelas doenças e a fome, é absolutamente inverificável e
releva do exagero próprio dos nacionalistas. Estas bagatelas, inevitáveis num
contexto anticolonial, não nos devem esconder a imensa utilidade desta chave
que abre o cofre-forte onde estão guardadas as realidades angolanas (incluindo
as menos agradáveis, a começar por uma burocracia e uma corrupção que atingem
níveis estratosféricos raramente igualados em África, até ao perigo das minas e
de uma situação sanitária deplorável). Há 95 páginas consagradas a informações
gerais, 50 à província de Luanda, 102 às outras províncias e dois apêndices com
uma iniciação ao vocabulário utilizado em Angola (incluindo o calão local
bastante impenetrável a um lusófono médio) e uma bibliografia de base em três
línguas. De notar ' caso raríssimo para um autor de guia turístico ' que Mike
Stead é um diplomata de carreira que esteve um ano em Luanda como cônsul e
chefe adjunto da missão britânica e que viajou muito para fora da capital. O
seu co-autor, mais jovem, Sean Rorison, é de nacionalidade canadiana e ficou
com as províncias mais «difíceis», como Cabinda (nove páginas incluem o
Maiombe, com Buco Zau e Belize, e depois a fronteira nordeste que é atravessada
por um simples caminho). Uma verdadeira aventura que deve trazer recordações a
alguns milhares de antigos combatentes. Em resumo, temos aqui um conjunto de
informações impossíveis de encontrar noutro lugar, e só nos resta recomendar
muito fortemente esta obra.
E como estamos com um diplomata que não tem medo de apanhar com um mau golpe de
muleta de um mutilado de guerra à saída de um cocktailluandense, vejamos um
outro ' desta feita, francês ' que também viajou pela Angola profunda. Na
verdade pertence aos serviços culturais e o seu ponto forte é a fotografia.
Três anos em Angola permitiram-lhe escapar-se da embaixada, não para tão longe
como os dois anglófonos, mas bem mais do que os outros fotógrafos francófonos
que o precederam. Antigo jornalista, deveria ter desenvolvido mais as legendas
dos seus «bilhetes-postais». Quatro em cada cinco fotografias não sabemos onde
foram tiradas. O seu entusiasmo diplomático condu-lo, muito naturalmente, a
eliminar todas as asperezas políticas que possam causar mossa.
O seu texto bilingue está, portanto, no limite de uma reportagem publicitária.
Prisioneiro do charme, não arrisca seguramente ver as autoridades angolanas
exigir a sua saída do país. Mesmo assim ficamos perplexos de ler (p. 82),
«1618, quando os portugueses foram expulsos de Angola pelos espanhóis, estes,
por sua vez, expulsos pelos holandeses». Mas como os historiadores não
frequentam muito os serviços culturais franceses no estrangeiro, isto não tem
nenhuma importância, pois Gilles Germain
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quis agradar e mostrar que Angola saiu do abismo. Graças a este álbum
magnífico conseguiu fazer-nos apaixonar pelas paisagens e populações. O que já
é muito e, com ele, as «esperanças» perdem finalmente as aspas da dúvida. Ou
seja, tudo está bem quando acaba bem. Tornamo-nos eufóricos.
Tradução: Marta Amaral
Notas
1
FONSECA, Ana Sofia ' Angola, Terra Prometida. A Vida Que os Portugueses
Deixaram. Lisboa: A Esfera dos Livros, 2.ª edição, 2009, 327 pp., fotografias a
preto e branco e a cores.
2
FIGUEIREDO, Isabela ' Caderno de Memórias Coloniais. Coimbra: Angelus Novus
Editora, 2009, 138 pp. + 24 pp. com fotografias a preto e branco.
3
SILVA, Medina da ' África Não Se Esquece. Tamanga Maningue ' Corre Muito
Depressa. Porto: Edições Ecopy, 2009, 95 pp.
4
Rosa, Luís ' Memória dos Dias sem Fim. Barcarena: Editorial Presença, 2009,
262 pp.
5
TRAQUINA, Manuel Baptista ' Os Tempos de Guerra. De Abrantes à Guiné.
Companhia de Caçadores 2382. Buba-Aldeia Formosa 1968/70. Abrantes: Edições
Palha de Abrantes, 2009, 231 pp., fotografias a preto e branco e ilustrações a
cores
6
VICTOR, Aristides ' Ninda. Os Trilhos da Angústia. As Areias da Angústia.
Porto: Edições Ecopy, 2007, 269 pp.
7
INURA, Martz ' Viagem ao Fim do Império. Lisboa: Âncora Editora, 2008, 325 pp.
8
SILVA, José Pinheiro da ' A Batalha da Educação em Angola (Subsídios para a
História ' 1964-71). Lisboa: Edição NEOS, 2009, p. 109; Há Só Uma Língua Culta
Portuguesa (A Batalha da Educação em Angola), 1964-1971. Lisboa: Edição NEOS,
2009, 63 pp., fotografias a preto e branco; A Educação e o Futuro de Angola
(1970). Lisboa: Edição NEOS, 2009, 47 pp.
9
LIGNE, Arthur ' «Da Vida e da Obra» das Brigadas de Acção Social da Mocidade
Portuguesa (Divisão de Angola). Lisboa: Edição NEOS, 2009, 63 pp.
10
TAVARES, Álvaro da Silva ' Angola. O 4 de Fevereiro de 1961. Lisboa: Edição
NEOS, 2008, 79 pp.
11
TAVARES, Álvaro da Silva ' A Entrega do Ultramar Português e o 4 de Fevereiro
de 1961 em Angola. Lisboa: Edição NEOS, 2009, 63 pp.
12
MARQUES, Silvino Silvério ' Governo Geral de Angola. Dias do Fim. Lisboa: Nova
Arrancada, 2003, 23 pp.; Idem, vol. II, 2005, 31 pp.; Idem, vol. III, Lisboa:
Edição Núcleo de Estudos Oliveira Salazar, 2006, 15 pp.
13
MARQUES, Silvino Silvério ' Comentário às Quase Memórias de Almeida Santos.
Lisboa: Edição NEOS, 2004, 31 pp.
14
FARIA, Alexandre ' Filhos de África. Porto: Edições Ecopy, 2008, 203 pp.,
fotografias a preto e branco.
15
MORIARTY, Michael ' An Irish Soldier's Diaries. Mercier Press, Cork, 2010, 315
pp. + 16 pp. com fotografias a preto e branco.
16
STEAD, Mike, e RORISON, Sean'Angola. Chalfont St Peter (Inglaterra): Bradt
Travel Guides Ltd., 2009, viii-280 pp. + 15 pp. com fotografias a cores, mapas
e ilustrações a preto e branco.
17
GERMAIN, Gilles' Angola, Le renouveau. Recomeçar. Pau (França): Éditions
Cacimbo, 2009, 176 pp., centenas de fotografias a cores
Rua Dona Estefânia, 195, 5 D
1000-155 Lisboa
Portugal
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