TEORES DE NUTRIENTES FOLIARES NO MARACUJAZEIRO-AMARELO ASSOCIADOS À ESTAÇÃO
FENOLÓGICA, ADUBAÇÃO POTÁSSICA E LÂMINAS DE IRRIGAÇÃO
TEORES DE NUTRIENTES FOLIARES NO MARACUJAZEIRO-AMARELO ASSOCIADOS À ESTAÇÃO
FENOLÓGICA, ADUBAÇÃO POTÁSSICA E LÂMINAS DE IRRIGAÇÃO 1
INTRODUÇÃO
O maracujazeiro tem apresentado, no Brasil, altas taxas de crescimento na área
plantada nos últimos anos, passando de 28.259 ha em 1989 para 44.462 ha em 1996
(Agrianual, 2000), sendo uma das fruteiras com maior potencial de exploração
para o Brasil, tanto para o mercado interno, quanto para o, ainda pouco
explorado, mercado externo. No Estado do Rio de Janeiro, a área cultivada com
esta fruteira vem mantendo-se estável nos últimos anos, estando em torno de
1.600 ha, mesmo com as excelentes condições de clima e solo e com o enorme
potencial de mercado existente, além da instalação, nos últimos anos, de
algumas fábricas que processam o fruto.
A produtividade do maracujazeiro-amarelo no Brasil situa-se numa ampla faixa,
variando de 5 a 70 t ha-1 ano-1, sendo que a média nacional, em torno de 9,2 t
ha-1 ano-1 em 1996 (Agrianual, 2000), é muito baixa quando se observa o
potencial produtivo da cultura. A inadequada ou não-utilização de práticas
culturais recomendadas, entre elas a adubação e a irrigação, têm sido
responsáveis pela obtenção de valores tão baixos.
Os níveis adequados de nutrientes encontrados pela análise foliar ainda não
foram estabelecidos para o maracujazeiro em suas fases fenológicas. Porém,
alguns autores admitem faixas adequadas para macro e micronutrientes, nas
condições em que foram determinadas, observando-se grande variação nas
informações apresentadas. Kliemann et al. (1986) explicam que essas
divergências podem ser ocasionadas por várias razões, como diferenças na época
de amostragem, na parte amostrada, nas variedades, no manejo, etc.
Segundo Menzelet al. (1993), os padrões foliares desenvolvidos preliminarmente
para o maracujazeiro não podem ser extrapolados diretamente para pomares
comerciais, porque os procedimentos de amostragem não foram bem definidos.
Muitos autores não consideraram, em seus experimentos, o efeito da estação de
crescimento, a idade da folha, o estádio de frutificação e a fase fenológica da
planta.
Menzelet al. (1993) observaram que as concentrações foliares de N, P e K
apresentaram grandes flutuações durante o ano; entretanto, apenas as mudanças
na concentração do K apresentaram diferenças significativas. Ocorreu um
declínio na concentração de N, P e K após o período de máximo desenvolvimento
vegetativo e durante o período de pegamento do fruto, refletindo a mobilização
dos nutrientes para o desenvolvimento dos ramos, flores e frutos.
O potássio (K+) é um nutriente com diversos papéis no metabolismo vegetal. Atua
como ativador enzimático de processos responsáveis pela síntese e degradação de
compostos orgânicos e participam no processo de abertura e fechamento das
células estomatais, síntese de proteínas, osmorregulação, extensão celular e
balanço entre cátions e ânions (Marschner, 1995; Malavolta et al., 1989). É
requerido em larga quantidade pelas culturas, sendo o cátion mais abundante nos
vegetais, afetando o rendimento e a qualidade dos produtos colhidos (Daliparthy
et al., 1994).
No maracujazeiro, a deficiência de K+ provoca clorose seguida de necrose nas
margens das folhas, inicialmente das mais velhas, diminuição no crescimento dos
ramos, perda de folhas e baixo pegamento de flores. O início da floração é
atrasado, ocorre queda prematura, mumificação ou diminuição significativa no
tamanho dos frutos e queda no teor de sólidos solúveis do suco (Malavolta,
1994).
Considerando a extração total, o N é o elemento absorvido em maior quantidade
durante o desenvolvimento do maracujazeiro, seguido pelo K+. Entretanto, por
ocasião da colheita, o K+é o mais extraído. Isto se deve ao fato de a
concentração de K+ na casca dos frutos ser, aproximadamente, o dobro daquela
observada para o N (De Paula et al., 1974, citados por Kliemann et al., 1986;
Haag et al., 1973). Considerando isto, pode-se afirmar que o K+ é o nutriente
mais exportado dos pomares, visto que as partes colhidas são os frutos.
As práticas de manejo aplicadas aos solos brasileiros, em geral carentes em
minerais potássicos facilmente intemperizáveis, concorrem para que o balanço de
K+ no sistema solo-planta seja, em muitas situações, negativo. Freqüentemente,
as perdas por erosão, lixiviação e exportação desse nutriente pelas culturas
são maiores que as adições promovidas pelas adubações potássicas, o que acaba
por comprometer o processo produtivo.
A interação entre o K+ e outros cátions ocorre tanto na parte aérea quanto no
solo. Adubações potássicas podem levar à diminuição dos níveis foliares de Mg
(Reis Jr., 1995; Rhue et al., 1986) e de Ca (Reis Jr., 1995; Locascio et al.,
1992), pois potássio, cálcio e magnésio competem por sítios de absorção pela
planta. O potássio reduz a concentração de Mg na parte aérea através da redução
da sua translocação das raízes para a parte aérea (Ohno e Grunes, 1985, citados
por Reis Jr., 1995). A alteração dessas concentrações de nutrientes pode trazer
problemas ao crescimento vegetal, à morfologia da planta e afetar sua produção.
O excesso de potássio no solo pode inibir a absorção do magnésio. Claassen e
Wilcox (1974) constataram que o aumento da concentração de potássio na solução
do solo resultou em redução da absorção de magnésio pelas raízes de milho. Em
solução nutritiva, o efeito inibitório do potássio sobre a absorção do magnésio
em azevém, cevada, milho e beterraba cessou quando a concentração de potássio
ao redor das raízes atingiu valores inferiores a 2 mmolc L-1, dobrando a taxa
de absorção do magnésio (Seggewiss e Jungk, 1988, citados por Fonseca e Meurer,
1997). Fonseca e Meurer (1997) concluíram, para o milho, que devido à alta
demanda, a taxa de absorção de K+ pelas raízes é normalmente muito mais alta do
que a do Mg++. A interface solo-raiz, dessa forma, é muito mais rapidamente
exaurida de potássio do que de magnésio e, assim, à medida que a concentração
do K+ decresce, o influxo do Mg++ aumenta.
Analisando mensalmente, durante um ano, folhas recém-maduras de goiabeira,
Shikhamany et al. (1986) observaram grandes flutuações no conteúdo de NPK.
Malavolta et al. (1989) ressaltam o fato de o clima, o solo, a época de
amostragem e a variedade poderem alterar os teores foliares dos nutrientes.
O bom aproveitamento dos fertilizantes pela planta depende muito de adequada
disponibilidade de água. A absorção de alguns nutrientes parece ser
marcadamente prejudicada pela falta de água. Entretanto, o excesso de água pode
elevar em demasia as perdas causadas pela lixiviação de nutrientes tais como N
(NO3-) e K+ (Raij, 1991; Malavoltaet al., 1989).
Os objetivos do presente trabalho foram avaliar os efeitos da adubação
potássica e de diferentes lâminas de irrigação, sobre os teores, na matéria
seca foliar, de N orgânico (Norg), NO3-,P, K, Ca, Mg, S, Zn, Fe, Cu, B, Cl, Mn
e Na, em diferentes épocas do desenvolvimento do maracujazeiro-amarelo
cultivado no Norte do Estado do RJ.
MATERIAL E MÉTODOS
O experimento foi instalado no município de Campos dos Goytacazes-RJ (Latitude
= 21º 19' 23"; Longitude = 41º 10' 40" W; Altitude = 14 m), em um
Argissolo Amarelo distrófico, desenvolvido a partir de sedimentos terciários,
com camada superficial arenosa, horizonte B textural e relevo suave ondulado,
que representa bem as condições edafoclimáticas das áreas onde se cultiva o
maracujazeiro-amarelo na região Norte Fluminense. As umidades do solo na
capacidade de campo e no ponto de murcha permanente, até a profundidade de 40
cm, foram estimadas, através da curva característica de retenção de água no
solo, em 13% e 6,5% em volume, respectivamente.
A análise do solo, por ocasião do plantio, apresentava as seguintes
características nas camadas de 0 a 20 e 20 a 40 cm, respectivamente: pH em H2O
(1:2,5) = 5,7 e 5,4; P = 16 e 3 mg kg-1; Ca = 18 e 12 mmolc kg-1; Mg = 10 e 8
mmolc kg-1; K = 1,15 e 0,4 mmolc kg-1; Na = 1,7 e 0,4 mmolc kg-1; Al = 2 e 2
mmolc kg-1; H + Al = 9,8 e 19,7 mmolc kg-1; Carbono = 7 e 4 g kg-1; CE = 1,4 e
1,35 dS m-1; Areia fina = 240 e 220 g kg-1; Areia grossa = 440 e 410 g kg-1;
Silte = 60 e 25 g kg-1; Argila = 260 e 345 g kg-1; Densidade aparente = 1,78 g
cm-3.
A água utilizada na irrigação apresentava, em fev./96 e ago./97,
respectivamente, as seguintes características químicas: pH = 6 e 4,5; CE = 0,75
e 0,66 dS m-1; Cloreto = 236 e 167 mg L-1; Ca = 20 e 5 mg L-1; Mg = 25 e 15 mg
L-1; K = 4 e 4,5 mg L-1; Na = 45 e 80 mg L-1 sendo, portanto, classificada como
C2S1 (Bernardo, 1995), indicando que pode ser usada para irrigação de plantas
com razoável tolerância a sais, sempre que o solo permitir um grau moderado de
lixiviação, e com pequena possibilidade de elevar o Na trocável no solo a
níveis perigosos.
O delineamento experimental adotado foi o de blocos casualizados, em esquema
fatorial 4 x 6, com três repetições. Os tratamentos utilizados corresponderam a
4 doses de potássio ¾ K (76, 307, 531 e 764 g planta-1 ano-1 de K), na forma de
cloreto de potássio, sob 6 lâminas de irrigação ¾ L (0; 25; 50; 75; 100 e 125 %
da evapotranspiração de referência - ETo), que corresponderam a lâminas totais
de água (irrigação + precipitação efetiva entre mar./96 e jun./97) de 826;
1.048; 1.199; 1.319; 1.476 e 1.714 mm de água, respectivamente. As parcelas
foram constituídas por três fileiras com 24 plantas, em espaçamento de 3 x 2
metros, sendo úteis as 6 plantas centrais (36 m2).
O plantio foi realizado em fevereiro de 1996, e as plantas foram conduzidas no
sistema de espaldeira vertical, com um fio de arame, a 1,8 m de altura em
relação ao nível do solo. Foram realizados os tratos culturais que se fizeram
necessários, tais como controle de plantas daninhas e tratamentos
fitossanitários. Utilizaram-se, preventivamente, pulverizações com fungicidas à
base de oxicloreto de cobre para controle de algumas doenças, principalmente a
bacteriose (Xanthomonas campestri pv. passiflorae) e a verrugose (Cladosporium
herbarum Link).
Todos os tratamentos receberam uma dose constante de 35 g de P, na forma de
superfosfato simples, 25 g de K, na forma de cloreto de potássio, e 50 g de
FTE-BR12, incorporados na cova 30 dias antes do plantio. Foram aplicados 10 e
16,6 g planta-1 de N e K, respectivamente, aos 30; 60 e 90 dias após o plantio.
Os adubos, em cobertura, foram aplicados numa faixa de, aproximadamente, 30 a
40 cm distante do colo da planta, espalhados numa faixa de 20 a 30 cm de
largura ao redor da planta. As doses de K, correspondentes aos tratamentos,
foram divididas em 10 parcelas iguais durante o ano, entre maio/96 e maio/97,
omitindo-se as aplicações nos meses de jul./96 e jan./97. Por ocasião da
aplicação do adubo potássico, aplicou-se uma dose constante de 20 g planta-1 de
N, totalizando 200 g planta-1 ano-1.
Nos tratamentos com irrigação, a água foi aplicada, inicialmente, através de um
sistema de gotejamento por tubogotejador denominado "Queen Gil". Em
set./96, trocou-se o sistema de irrigação por outro com gotejadores
autocompensantes do tipo "Katif", com vazão de 3,75 L h-1. O controle
do volume aplicado por parcela foi feito com hidrômetros instalados nas linhas
de distribuição do sistema. Utilizou-se um turno de rega de 2 dias. Um tanque
classe A, com o qual foi estimada a ETo, e um pluviômetro foram instalados na
área, o que permitiu quantificar o volume de água a ser aplicado diariamente na
cultura, sendo que o referido volume foi determinado conforme descrito a
seguir:
1º) CTA = capacidade total de água no solo, mm;
2º) CRA = capacidade real de água no solo, mm (CRA = CTA x f), sendo f = fator
de disponibilidade igual a 0,5;
3º) ETo = evapotranspiração potencial de referência, em mm dia-1 (ETo = EV x
Kt), sendo EV = evaporação do tanque classe A e Kt = coeficiente do tanque
sempre igual a 0,70;
4º) ETpc = evapotranspiração potencial da cultura, em mm dia-1 (ETpc = ETo x
Kc), sendo o Kc = coeficiente de cultura igual a 0,4 do plantio até 60 dias
após, igual a 0,6 de 60 até 120 dias após o plantio e 0,75 após este período;
5º) LAA = lâmina atual de água no solo, mm (LAA = CTA ¾ ETrc), adotando-se LAA
= CTA para o 1º dia do balanço;
6º) ETrc = evapotranspiração real da cultura, mm dia-1 (ETrc = ETpc x Ks);
7º) Ks = coeficiente de umidade do solo (Ks = {Ln(LAA + 1,0)}/{Ln(CTA + 1,0)};
8º) LT = lâmina total de água no solo no final do dia ( =< CTA), mm (LT = LAA ¾
ETrc + I + P), sendo I = lâmina de irrigação aplicada, em mm, e P =
precipitação pluviométrica, em mm;
9º) Z = profundidade efetiva do sistema radicular igual a 20 cm do plantio até
60 dias após, 30 cm de 60 até 120 dias após o plantio e 40 cm após este
período.
Os nutrientes analisados foram: nitrogênio orgânico (Norg), nitrogênio nítrico
(NO3-), fósforo (P), potássio (K), cálcio (Ca), magnésio (Mg), enxofre (S),
cloro (Cl), sódio (Na), ferro (Fe), zinco (Zn), cobre (Cu), manganês (Mn) e
boro (B). As análises foram realizadas de acordo com metodologias descritas por
Malavolta et al. (1989) e Jones Jr. et al. (1991).
O Norg foi determinado pelo método de Nessler (Jackson, 1965), após submeter o
material vegetal à oxidação pela digestão sulfúrica (H2SO4 e H2O2). Para o
NO3-; utilizou-se o método de ultravioleta (Cawse, 1967), após submeter o
tecido vegetal a banho-maria por 1 hora. O mesmo extrato submetido a banho-
maria foi utilizado para a determinação do Cloreto, dosado por titulação com
AgNO3. O P, determinado colorimetricamente pelo método do molibdato, e o K, por
espectrofotometria de emissão de chama, foram determinados no extrato obtido a
partir da digestão sulfúrica. O Ca, Mg, Fe, Zn, Cu, Na e Mn foram
quantificados, após oxidação do material vegetal pela digestão nitro-perclórica
(HNO3 e HClO4), por espectrofotometria de absorção atômica, com exceção do Na,
que foi determinado por espectrofotometria de emissão de chama. O S, utilizando
também o extrato proveniente da digestão nitro-perclórica, foi determinado por
turbidimetria do sulfato. O B foi determinado, colorimetricamente, pela
azometina H, após incineração em mufla.
Foram realizadas análises de variância para os parâmetros quantificados, sendo
que, para o fator época de amostragem de folhas, se compararam as médias pelo
teste de Tukey, a 5% de probabilidade, enquanto para os outros fatores
utilizou-se análise de regressão polinomial, teste F da análise de variância da
regressão e coeficientes do modelo estatisticamente significativos e maior R2.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Os teores foliares dos nutrientes apresentados nos Tabelas_1 e 2 correspondem,
nas diversas épocas, ao tratamento em que Carvalho et al. (1999) verificaram a
máxima produtividade de frutos no maracujazeiro-amarelo, ou seja, 531 g planta-
1 ano-1 de K e lâmina de irrigação correspondente a 100% da ETo, ou lâmina
total de água (precipitação efetiva + irrigação) igual a 1.476 mm. Houve grande
variação nos teores foliares da maioria dos nutrientes avaliados nas diversas
épocas de coleta de folhas, não havendo diferenças, entre estas épocas, apenas
para NO3-, Ca e Cu.
Pode-se observar que os valores de N, P, K (Tabela_1) e Fe e Zn (Tabela_2)
foram menores em nov./96, período que correspondeu ao pico de florescimento e
início da colheita de fruto, sendo que, nesta época, os teores de N ficaram bem
abaixo das faixas consideradas adequadas por Robinson (1986) e Malavolta et al.
(1989). De modo geral, os teores foliares foram sempre menores nos períodos
compreendidos entre o início do máximo florescimento (set./96) e quando
ocorreram, em maior intensidade, florescimento e frutificação (nov./96).
Resultados semelhantes foram observados por Menzel et al. (1993).
Os teores foliares de P, K, Ca e Mn estiveram, em todas as épocas, com exceção
do P, em nov./96, abaixo da faixa considerada adequada por Malavolta et al.
(1989), porém, dentro da faixa adequada apresentada por Robinson (1989). Os
teores de Zn estiveram bem abaixo da faixa considerada adequada por Robinson
(1986). É importante ressaltar que, independentemente de estarem ou não dentro
de faixas consideradas adequadas por alguns pesquisadores, não foram
verificados, no campo, sintomas de deficiências dos nutrientes.
Tanto para o Norg quanto para o NO3-, foram verificados decréscimos lineares
com o aumento das lâminas de irrigação (Figura_1), sendo que os mesmos, assim
como para o P e o S, não foram afetados pelo incremento na adubação potássica.
Quanto ao nitrato, Bar-Akiva et al. (1967; 1971; 1972 e 1974), citados por Kato
(1986), encontraram que a concentração de NO3- em folhas de citros e uva
refletiam a taxa de aplicação de nitrogênio, e que existia uma relação positiva
entre o conteúdo de nitrato, o nível de N foliar e a produtividade. Entretanto,
a pouca variabilidade e os pequenos valores observados para o NO3- no limbo
foliar do maracujazeiro-amarelo não permitiram que se fizessem estas
inferências. Os mesmos autores sugerem que a atividade da redutase do nitrato
pode ser usada como fator de avaliação do estado do nitrogênio foliar e da
produtividade de uvas.
Com exceção das três primeiras épocas de amostragem foliar, os teores foliares
de potássio aumentaram linearmente em função do adubo potássico aplicado
(Tabela_3). Foram verificadas elevações que variaram entre 35%, em nov./96, a
21%, em maio/97, nos teores foliares de K, em função do aumento da dose de
adubo potássico de 76 para 764 g planta-1 ano-1 de K.
O incremento de potássio no solo provocou uma redução linear nos teores
foliares de Mg, sendo que apenas em três épocas de amostragem não foram
verificados efeitos. Verificaram-se decréscimos, entre a menor e a maior dose
de K aplicada, de 14; 10; 20 e 16% nos teores foliares do Mg em nov./96, jan./
97, mar./97 e maio/97, respectivamente (Tabela_3). A redução dos teores de Mg
nos tecidos foliares do maracujazeiro-amarelo é atribuída ao efeito competitivo
entre os íons K+ e Mg++ (Reis Jr., 1995; Malavolta et al., 1989; Rhue et al.,
1986; Ologunde e Sorensen, 1982). Apenas em uma época, mar./97, observou-se a
influência do adubo potássico sobre os teores foliares de Ca (Y = 14,6 ¾
0,00323K, R2 = 0,97*).
É provável que a falta de resposta ao adubo potássico, nas três primeiras
épocas de coleta de folhas (Tabela_3), se deva ao fato de este adubo ter sido
aplicado na superfície do solo, numa faixa entre 30 e 40 cm de distância do
colo da planta, e, possivelmente, o sistema radicular ainda pouco desenvolvido,
não tivesse atingido esta faixa, estando, portanto, impossibilitado de absorver
o K adicionado. Os teores de potássio, cálcio e magnésio na matéria seca foliar
do maracujazeiro-amarelo não foram afetados pelas lâminas de irrigação.
Os resultados observados para o Mn (Tabela_2) estão bem abaixo daqueles
verificados, em condições de campo, por Haag et. al. (1973) e por Menzel et al.
(1993), fora da faixa considerada adequada por Malavolta et al. (1989) e no
limite inferior da faixa apresentada por Robinson (1986). Porém, não foram
observados sintomas tais como amarelecimento internerval e uma estreita faixa
de tecido verde ao longo das nervuras, típicos de deficiência de Mn (Marschner,
1995). Segundo Marschner (1995), o nível crítico do manganês para a maioria das
culturas varia entre 10 e 20 mg kg-1 de Mn na matéria seca de folhas maduras.
As lâminas de irrigação não influenciaram os teores foliares do Mn.
Os teores de Mn nas folhas decresceram com o aumento na dose do adubo potássico
(Y = 73,3 ¾ 0,0152K, R2 = 0,72*). É possível que possa ter ocorrido competição
entre os cátions Mn++ e K+ e, com isso, redução dos teores de manganês nos
tecidos foliares. Além disso, é provável que haja perdas de Mn, deslocado das
partículas do solo pelo K, por lixiviação, o que poderia causar, ao longo do
tempo, deficiências deste micronutriente nas plantas.
O incremento de adubo potássico elevou, linearmente, os teores de Cl na matéria
seca foliar do maracujazeiro-amarelo (Y = 22,5 + 0,00292K, R2 = 0,93**). Para a
irrigação, observou-se um efeito quadrático nos teores de Cl na matéria seca
foliar do maracujazeiro-amarelo, com aumento até a lâmina correspondente a
89,2% da ETo (Y = 20,4 + 0,112K ¾ 0,000628K2, R2 = 0,97**). Os acréscimos nos
teores foliares de Cl, em função da adubação potássica e das lâminas de
irrigação, são devido à presença deste nutriente tanto no adubo utilizado, no
caso o cloreto de potássio, quanto na água de irrigação.
O adubo potássico influenciou nos teores de zinco na matéria seca foliar do
maracujazeiro-amarelo apenas na coleta de maio de 1997 (Y = 34,6 ¾ 0,0268K +
0,0000313K2, R2 = 0,77**). A utilização da irrigação não afetou os teores
foliares do Zn, os quais estavam bem abaixo da faixa observada por Menzel et
al. (1993) e daquela considerada adequada por Robinson (1986); porém, as médias
observadas estão dentro da faixa considerada como adequada por Malavolta et al.
(1989).
O boro, com média de 38 mg kg-1 de B, o cobre, média de 24,2 mg kg-1 de Cu, e o
ferro, com média de 110 mg kg-1 de Fe, não tiveram suas concentrações foliares
influenciadas pela adubação potássica ou por lâminas de irrigação. Houve grande
variação nos teores de B, Cu e Fe entre as diversas épocas de coleta de folhas
(Tabela_2). É interessante ressaltar que, para o Cobre, uma das possíveis
causas desta variação deve-se a pulverizações, em algumas épocas, com
fungicidas que continham, em sua formulação, altas concentrações deste
elemento.
A adubação potássica decresceu linearmente os teores de sódio nas folhas do
maracujazeiro-amarelo (Y = 2,27 ¾ 0,00117K, R2 = 0,93**). Verificou-se, entre a
menor e a maior dose de K aplicada, uma redução de 70% nos teores de Na nas
folhas. O efeito competitivo entre os íons K+e Na+ é a provável causa para o
decréscimo nos teores de sódio nas folhas. Quanto à irrigação, verificou-se,
entre a menor e a maior lâmina, um incremento de 32% nos teores de Na nas
folhas do maracujazeiro-amarelo (Y = 1,57 + 0,0034L, R2 = 0,70**). A presença
do sódio na água utilizada para a irrigação é a mais provável explicação para
este aumento nos teores deste elemento químico em função da irrigação. O teor
médio de sódio encontrado na matéria seca foliar do maracujazeiro-amarelo foi
de 1,46 g kg-1 de Na, valores bem maiores que aqueles verificados, ao nível de
campo, por Menzel et al. (1993).
CONCLUSÕES
1 - Os teores dos macronutrientes na matéria seca foliar, relacionados com a
máxima produtividade de frutos, variaram entre as diferentes épocas do ano.
2 - Os teores de Na e de micronutrientes na matéria seca foliar, relacionados
com a máxima produtividade de frutos, variaram entre as diferentes épocas.
3 - De modo geral, o adubo potássico elevou os teores de K e Cl e reduziu os de
Mg, Mn, Zn e Na nas folhas do maracujazeiro.
4 - A irrigação afetou os teores de N orgânico, NO3-, Cl e Na e não influenciou
nos teores foliares dos demais nutrientes avaliados.