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BrBRCVAg0100-29452001000300060

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variedadeBr
ano2001
fonteScielo

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EFEITO DO ESTÁDIO DE MATURAÇÃO DO FRUTO E DO TEMPO DE PRÉ-EMBEBIÇÃO DE ENDOCARPOS NA GERMINAÇÃO DE SEMENTES DE UMBUZEIRO (Spondias tuberosa Arr. Câm.) COMUNICAÇÃO CIENTÍFICA

O umbuzeiro é uma árvore frutífera nativa do semi-árido do Nordeste brasileiro (Duque, 1980), ainda explorada extrativamente. Os seus frutos são muito apreciados e procurados para o consumo in natura, sendo comercializados nos diversos mercados juntamente com produtos processados como polpa, doces, sucos e picolés. A espécie tem crescente importância socioeconômica para a região, fato confirmado pelo surgimento de várias pequenas agroindústrias de processamento.

No umbuzeiro, a propagação é feita normalmente por semente, que se encontra no interior do endocarpo, o qual é comumente chamado de "caroço". A germinação é lenta e desuniforme, constituindo-se em problema para a produção comercial de mudas, seja para plantio como pé-franco seja para uso como porta- enxerto. Isto deve-se ao tegumento da semente, estrutura crítica na dormência, que limita a entrada de água e oxigênio e impede, também, a expansão do embrião. Adriance & Brison (1980) salientaram que a germinação de sementes pode ser acelerada por tratamentos de pré-embebição em água.

Outro fator de fundamental importância na germinação diz respeito à maturidade fisiológica da semente que, segundo Carvalho & Nakagawa (2000), representa, teoricamente, o ponto em que a semente atinge o máximo de qualidade fisiológica, vigor, germinação, tamanho e peso de matéria seca.

Em virtude do grande potencial de exploração agroindustrial dessa fruteira, este trabalho teve como objetivo estudar o efeito de diferentes estádios de maturação do fruto e tempos de pré-embebição dos endocarpos em água, na germinação e vigor de plantas de umbuzeiro.

O ensaio foi conduzido em casa de vegetação, no Centro de Ciências Agrárias da Universidade Federal da Paraíba, no período de março a setembro de 1998. Antes da colheita, dez plantas de umbuzeiros vigorosas, sadias e com crescimento vegetativo normal foram selecionadas em função do tipo de fruto (azedo e doce), os quais foram colhidos, separados e os estádios de maturação (verde, de vez, maduros e maturação avançada) selecionados de acordo com o peso, comprimento, diâmetro (Tabela_1) e análise química (Acidez Total Titulável ¾ ATT, expresso em gramas de ácido cítrico/100 ml de suco, realizada por titulometria, segundo metodologia do IAL (1973); pH, realizado conforme metodologia do IAL (1973), utilizando-se de potenciômetro; Sólidos Solúveis Totais - SST, expresso em °Brix, determinado por refratometria, conforme metodologia da AOAC (1970) e Ratio, determinado pelo quociente entre SST/ATT), como apresentados na Tabela 2. Os frutos dos estádios verdes, de vez e maduros foram colhidos diretamente das plantas, e os de maturação avançada, apanhados do chão, sob a copa dos umbuzeiros. O ensaio foi instalado no delineamento experimental inteiramente casualizado, em esquema fatorial (4´4´2), sendo os fatores: estádios de maturação dos frutos (verde, de vez, maduro e maturação avançada), tempos de pré-embebição dos endocarpos em água (0; 48; 96 e 144 horas) e tipos de umbuzeiros (azedo e doce), com quatro repetições e dez endocarpos/parcela. Os frutos foram despolpados manualmente, os endocarpos pré-embebidos em água destilada por 0; 48; 96 e 144 h, com renovação da água a cada 24 h. A semeadura foi realizada a 3cm de profundidade, em bandejas de isopor de 72 células, contendo Areia Quartzosa Distrófica e irrigada de acordo com a necessidade. As avaliações foram feitas diariamente, por um período de 150 dias, para cálculo da percentagem de emergência de plântulas, e para a altura de planta e número de folhas e de folíolos; as avaliações foram realizadas aos 30 dias após a emergência.

Emergência de plântulas A emergência de plântulas foi considerada baixa e irregular, uma vez que o início da emergência foi observado aos 16 dias após o semeio, e, aos 150 dias, a maior percentagem obtida foi de 56% em frutos doces, no estádio de vez (Tabela_3).

Analisando-se a influência do tipo de umbu na percentagem de emergência (Tabela 3), constatou-se, de maneira geral, que as sementes dos endocarpos do tipo doce apresentaram maior germinação nos diversos estádios de maturação. Para os endocarpos oriundos de frutos de vez, o tipo doce alcançou melhor desempenho (48,41%) em relação aos do tipo azedo (39,61%). Situação semelhante ocorreu para as sementes dos endocarpos provenientes de frutos maduros.

Observando-se o estádio de maturação do fruto sobre a percentagem de emergência de plântulas, constata-se, para o umbu azedo, que a maior percentagem de emergência foi das sementes provenientes de frutos de vez (39,61%), seguido de maturação avançada (37,41%) e verde (35,32%). De maneira geral, os resultados encontrados refletem a desuniformidade de germinação das sementes de umbu do tipo azedo, provavelmente devido à grande variabilidade genética das plantas matrizes. Por outro lado, percebe-se, dentre os demais estádios de maturação, que as sementes dos endocarpos de frutos maduros apresentaram menor percentagem de emergência. Isto ocorreu, provavelmente, em virtude de o endocarpo possuir as camadas externa e interna denso-fibrosa (lignificada) totalmente desenvolvidas, dificultando a expansão do embrião, o que talvez não tenha ocorrido nos endocarpos dos frutos verde e de vez.

Nas sementes do tipo doce, não houve diferença significativa para a emergência de plantas nos estádios de vez (48,41%), maturação avançada (43,48%) e maduros (39,97%). A menor percentagem de emergência foi obtida nas sementes procedentes de frutos verdes; isto se deve, certamente, à incompleta maturação fisiológica da semente. Para as demais sementes, cujas percentagens de emergência não diferiram estatisticamente entre si, os dados alcançados refletem o proposto por Carvalho & Nakagawa (2000).

Ao analisar os diferentes tempos de pré-embebição dos endocarpos em água, constata-se que não houve diferença significativa entre os tempos de pré- embebição estudados nos endocarpos do tipo azedo (Tabela_4). Entretanto, em valores absolutos, a melhor percentagem de emergência ocorreu nas sementes dos endocarpos pré-embebidos por 48h, confirmando mais uma vez a possibilidade de o endocarpo, neste estádio, encontrar-se menos lignificado e a semente, provavelmente, com bom desenvolvimento fisiológico, não ocorrendo o mesmo com endocarpos de frutos maduros e maturação avançada devido à dificuldade de penetração de água pela terceira camada (que está em contato com a semente) por ser lignificada e não apresentar perfurações.

Nas sementes dos endocarpos do tipo doce, houve uma diminuição na percentagem de emergência com o aumento do tempo de pré-embebição em água. A pré-embebição, a partir de 96h, reduziu significativamente a emergência de plântulas.

Entretanto, em valores absolutos, o tipo doce apresentou maior desempenho germinativo quando comparado ao tipo azedo nos tempos de imersão estudados.

Altura de planta As plantas oriundas de endocarpos do tipo azedo apresentaram altura de 11,77cm, seguido do tipo doce com 12,27cm, não diferindo estatisticamente entre si (Tabela_5).

Com relação ao estádio de maturação do fruto, constata-se que plantas originadas das sementes de endocarpos em maturação avançada (12,55cm) e maduros (12,53cm) alcançaram maior desempenho (altura), seguido do estádio de vez (11,87cm), sendo que este não diferiu de frutos verdes que alcançaram menor crescimento em altura. Isso é explicado por Delouche (1975), quando afirma que sementes originadas de frutos imaturos alcançam a capacidade germinativa; entretanto, as plântulas obtidas dessas sementes apresentam baixo vigor.

Considerando-se os diferentes tempos de pré-embebição de endocarpos em água, não houve diferença significativa para o crescimento em altura de plantas.

Número médio de folhas/planta Pelos dados da Tabela_5, constata-se que não houve diferença estatística entre os fatores tipo de umbu, estádio de maturação de fruto e tempo de pré-embebição em água dos endocarpos. A média foi de 5 folhas/planta de umbuzeiro aos 30 dias após a emergência.

Conclui-se que o tipo de umbu e o estádio de maturação do fruto influenciaram na germinação e altura de plantas; as maiores percentagens de germinação foram obtidas nas sementes dos endocarpos dos frutos de vez e em maturação avançada; os diferentes tempos de pré-embebição dos endocarpos em água não influenciaram na germinação das sementes de umbuzeiro.


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