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BrBRCVAg0100-29452003000200014

BrBRCVAg0100-29452003000200014

variedadeBr
ano2003
fonteScielo

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Comportamento do pessegueiro (Prunus persica L. Batsch) cv. Chimarrita em diferentes sistemas de condução Comportamento do pessegueiro (Prunus persicaL. Batsch) cv. Chimarrita em diferentes sistemas de condução1

Behavior of the peach tree (Prunus persica L. Batsch) cv. Chimarrita in different training systems

Clevison Luiz GiacobboI,*; João Luiz Carvalho FariaII; Oberdan de ContoIII; Roberto Fossa de BarcellosIII; Fernando Rogério Costa GomesI IAluno do PPGA, área de concentração em Fruticultura de Clima Temperado. FAEM/ UFPel. E-mail: giacobbo@ufpel.tche.br, Fone: (053) 275-7124. R. Argolo 1418/ 102, 96015-160. Pelotas, RS IIProfessor DR, do Departamento de Fitotecnia da Faculdade de Agronomia Eliseu Maciel, Universidade Federal de Pelotas. Fone: (053)275-7326. Cx. P. 354, 96010-900 ' Campus Universitário E-mail: jfaria@ufpel.tche.br IIIGraduando em Agronomia, Faculdade de Agronomia Eliseu Maciel, Universidade Federal de Pelotas. Fone: (053)275-7124. Cx. P. 354, 96010-900 ' Campus Universitário

INTRODUÇÃO Até a década de 50, somente 20% do pêssego consumido no Brasil foi proveniente da produção nacional, enquanto o restante era importado fresco ou industrializado. Com medidas restritivas à importação, conseguiu-se que a cultura obtivesse desenvolvimento significativo e alcançasse maior expansão. Na região sul, em particular no Rio Grande do Sul, atingiu maior importância a partir da década de 60, quando programas de melhoramento genético deram grande estímulo à cultura (Sachs & Campos, 1998).

Visando incrementar lucros com esta cultura, busca-se aumentar a produtividade e antecipar a entrada de produção sem perder em qualidade no produto final, desta forma, o estudo de novas formas de condução e densidade de plantio se faz necessário. Para Fachinello (1999), a tendência da fruticultura moderna, em algumas culturas, é o cultivo em sistemas de pomares adensados, com uso de mudas pré-formadas, que rapidamente proporcionam a cobertura do solo, melhorando a capacidade de interceptação da luz solar, combinando e otimizando todos os fatores de produção.

A técnica de plantio em alta densidade surgiu no início dos anos 70 na Itália, com o objetivo de reduzir os custos das operações de poda, raleio e colheita, visando ainda antecipar a entrada em produção das plantas e acelerar a obtenção da produtividade máxima dos pomares (Guerriero & Loreti, 1978; Guerriero et al., 1980; Loreti, 2001).

Para Salaya (1999), vários são os sistemas e derivações empregados na formação e condução de plantas frutíferas em função de sua fisiologia e necessidades práticas, ou de ambas, sendo atualmente os mais utilizados as formas em volume, com a copa se desenvolvendo em todos os sentidos, com eixo central (livre ou globoso, pirâmides ou cone, fuso, fusito e minifusito), sem eixo central (vaso, vasito e Y transversal livre) e com eixo a meia altura (eixo modificado e vaso retardado).

Em pomares de frutíferas de caroço conduzidos em baixa densidade (menos de 800 plantas.ha-1) é necessário formar as plantas com copas grandes para melhor aproveitamento da área, podendo ser utilizado os sistemas em forma de 'Vaso', 'Vaso Retardado' e 'Guia Modificado'. Em plantios de média densidade (800 a 2.500 plantas.ha-1), as formas de condução mais utilizadas são 'Palmeta Livre', 'Y Transversal' e 'V', enquanto que no sistema de alta densidade (mais de 2.500 plantas.ha-1), as mais utilizadas são 'Fuso', 'Y Transversal' ou 'Tatura Trellis' e 'Áxis Colunar' (Fideghelli, 1994; Fachinello, 1999; Salaya, 1999).

Com o propósito de avaliar o desenvolvimento anual do diâmetro do tronco e a produção em pomar de pessegueiro da cultivar 'Chimarrita', enxertada sobre o porta-enxerto 'Capdeboscq' em diferentes sistemas de condução e densidade de plantio, procedeu-se o acompanhamento nos terceiro e quarto anos de produção.

MATERIAL E MÉTODOS Os trabalhos foram conduzidos a campo, no período de março de 2000 a dezembro de 2001, na Faculdade de Agronomia Eliseu Maciel (FAEM) - Fazenda Agropecuária da Palma, propriedade da Universidade Federal de Pelotas ' UFPel, localizada no município de Capão do Leão/RS e no laboratório de Fisiologia de pós-colheita da Universidade.

O experimento constituiu-se de um pomar de pessegueiro, cultivar 'Chimarrita', enxertado sobre o porta-enxerto 'Capdebosq', implantado em julho de 1997. O plantio foi disposto em quatro blocos e cada bloco dividido em quatro parcelas, variando diferentes densidades de plantas, em função dos tratamentos. A distância entre filas foi mantida constante em 5 metros. As filas foram dispostas na orientação Norte-Sul.

Os tratamentos foram definidos como: a) Sistema de condução I: conduzido em forma de 'Áxis colunar', com espaçamento de 5 x 0,5 m, 25 plantas/parcela (4000 plantas.ha-1); b) Sistema de condução II: conduzido em "Y", com espaçamento de 5 x 1 m, 13 plantas/parcela (2000 plantas.ha-1); c) Sistema de condução III: conduzido em "Y", com espaçamento de 5 x 2 m, 7 plantas/parcela (1000 plantas.ha-1) e d) Sistema de condução IV: conduzido em 'Vaso', com espaçamento de 5 x 4 m, 4 plantas/parcela (500 plantas.ha-1).

O delineamento experimental foi em blocos casualizados, com quatro repetições.

Cada bloco foi constituído por três linhas de plantio, onde as linhas externas foram consideradas bordaduras e a central linha útil, contendo 4 parcelas em cada bloco, com os diferentes tratamentos, sendo as plantas das extremidades de cada parcela consideradas bordaduras.

As variáveis analisadas foram: a) Taxa de crescimento anual do diâmetro do caule, determinada pela mensuração anual do diâmetro do tronco medido a 10cm acima do ponto da enxertia. As medidas foram realizadas nos meses de novembro dos anos de 1999, 2000 e 2001, em duas direções, paralela e perpendicular à linha de plantio, utilizou-se paquímetro digital e realizou-se a média das medições. Através desta, foi calculado a taxa de crescimento anual do tronco pela fórmula: Tc = (X2-X1)/X1*100, onde: Tc (Taxa de crescimento em percentagem); X1 (Valor da medida do ciclo anterior); X2 (Valor da última medida); b) Dados de produção: foram realizadas colheitas nos dias 14/12 e 17/12 de 2000 e 23/11 e 28/11 de 2001, quando as frutas atingiram o ponto de maturação. No momento da colheita foram avaliados os seguintes parâmetros: 1) Produtividade estimada: a produção total, obtida em Kg na parcela foi estimada para um hectare; 2) Tamanho da fruta (altura e diâmetro): determinado através da amostragem de 20 frutos/parcela e medidos com um paquímetro digital; 3) Peso médio das frutas: determinado através de pesagem em balança mecânica com capacidade para 25 kg e realizado à média para cada parcela; 4) Firmeza da polpa (N): realizada com penetrômetro manual através de duas leituras na região equatorial das frutas em lados diametralmente opostos e após e remoção da epiderme; 5) Determinação do pH: realizado diretamente no suco das frutas amostradas, com o uso de um medidor de pH da marca Analion e expressos em medidas de pH; 6) ATT - Acidez total titulável (Cmol.L-1): determinada a partir de 10 mL de suco de pêssego, diluídos em 90 ml de água destilada. A solução foi titulada com NaOH 0,1 N até a mudança de coloração, usando o indicador fenolftaleina; 7) SST - Sólidos Solúveis Totais (ºBrix): leitura direta em refratômetro manual, marca Atago N1; 8) Ocorrência de podridão parda [Monilinia fruticola (Wint) Honey]: no momento da colheita foram recolhidas as frutas podres e contadas para verificar a incidência de podridão parda, expressa em porcentagem. Em ambos os anos não foram efetuados aplicações de fungicidas para o controle de podridão.

As práticas de manejo, principalmente podas, foram realizadas na mesma data em todos os tratamentos, seguindo as indicações técnicas para a cultura e considerando os diferentes sistemas de condução das plantas.

RESULTADOS Com relação à taxa de crescimento, observou-se que as plantas apresentaram comportamento semelhante na porcentagem de crescimento do tronco, não apresentando diferenças nos anos de 2000 e 2001 entre os diferentes sistemas de condução. Entretanto, quando considerado o valor absoluto do diâmetro do tronco, as plantas conduzidas em forma de vaso, sistema 'IV', apresentaram desenvolvimento do tronco superior ao sistema de condução em forma de áxis colunar ' 'I' e sistema em Y ' 'II', (Tabela_1).

Quanto à produtividade obtida nos anos de 2000 e 2001 (terceiro e quarto ano de produção), verificou-se diferenças significativas entre os sistemas de condução utilizados. O sistema II, conduzido em forma de Y, com 2000 plantas/ha, no ano de 2000, apresentou maior produtividade (6,57 t/ha) em relação ao sistema IV, conduzido em forma de vaso, com 500 plantas/ha (2,93 t/ha). No ano de 2001, o sistema II, conduzido em forma de Y, com 2000 plantas/ha e produtividade de 13,19 t/ha, foi superior aos sistemas III e IV, conduzidos em forma de Y e vaso, com 1000 e 500 plantas/ha e com produtividade de 7,12 e 5,38 t/ha, respectivamente. Observou-se ainda que o sistema IV, conduzido em forma de vaso, também foi inferior ao sistema de condução I, conduzido em forma de áxis colunar, com 4000 plantas/ha, cuja produtividade foi de 10,97 t/ha, conforme tabela_1. Quando considerado os dois anos em conjunto, os sistemas I e II, conduzidos em forma de áxis colunar e Y, respectivamente, apresentaram rendimentos superiores ao sistema tradicional IV, em forma de vaso (Tabela_1).

A análise físico-química das frutas não apresentou diferenças significativas em todas variáveis analisadas. Nos anos 2000 e 2001, não houve influência do sistema de condução, onde os valores médios relativos foram: ATT - acidez total titulável (0,32 e 0,28 cmol.L-1), pH (4,12 e 4,00), SST -sólidos solúveis totais (12,21 e 13,17ºBrix), firmeza da polpa (60,47 e 55,38 N), altura (59,35 e 55,39 mm) e diâmetro de frutos (62,77 e 55,57 mm).

No ano de 2000, em decorrência das condições climáticas terem sido favoráveis para o não desenvolvimento de podridões, não foram verificadas frutas com podridão parda [Monilinia fruticola(Wint) Honey]. Em 2001, a ocorrência de podridão parda foi maior, mas não observou-se influência quanto ao sistema de condução utilizado, apresentando porcentagem média relativa de 27,06% de frutos contaminados.

DISCUSSÃO No que se refere à taxa de crescimento de tronco, ainda que os dados obtidos não apresentem diferenças significativas, no terceiro e quarto ano de crescimento é possível verificar que o sistema de cultivo I apresentou, relativamente, maior incremento na variação da taxa de crescimento no período considerado (2000/2001), principalmente em relação ao sistema de cultivo IV. No sistema I, o incremento foi de 199% (4,47% para 13,36%), enquanto no sistema IV foi de 73% (7,80% para 13,51%), (Tabela_1).

Em relação à taxa de crescimento de tronco, observou-se maior incremento relativo no sistema I, conduzido em forma de 'áxis colunar' do que no sistema IV, conduzido em forma de vaso. Isto sugere que o sistema IV estaria próximo à estabilidade de crescimento, enquanto o sistema I poderia ainda não ter atingido a estabilidade referida devido a maior densidade de plantio utilizada.

É importante salientar que a forma em que as plantas foram conduzidas no sistema I, áxis colunar, é diferenciada dos demais sistemas e que a introdução da poda de verão, em 1999, pode ter ocasionado desequilíbrio, provocando estresse e conseqüentemente influenciando no incremento da taxa de crescimento.

Day (1998) e Salaya (1999) relatam que o aumento na circunferência do tronco tem relação direta com a severidade da poda, principalmente quando realizada nas primeiras estações de crescimento, pois quanto mais severa for a poda, menor é o desenvolvimento do tronco. Isto justifica o menor desenvolvimento inicial do sistema de cultivo I, que por ter maior densidade de plantas exige poda mais severa, principalmente para a retirada de ramos longos, objetivando aproximar a produção do eixo central.

A poda verde realizada no experimento, no mês de dezembro de 1999, mais intensa no sistema I, conduzido em forma de áxis colunar, visando adequar a arquitetura das plantas ao sistema, pode ter interferido na baixa taxa de crescimento no ano de 2000. Após o período de um ciclo vegetativo, as plantas provavelmente superaram o estresse provocado pela poda e retomaram seu crescimento.

Com relação à produtividade, dentre os sistemas de condução estudados, os sistemas I e II são mais produtivos em relação ao sistema IV, o qual é o mais utilizado na região. Esta observação leva em consideração o somatório das safras 2000 e 2001, terceira e quarta safras, respectivamente. Resultados semelhantes também foram observados por Bargioni et al. (1985) e Recupero et al. (1985), os quais citam que populações próximas a 2000 plantas.ha-1 são mais indicadas para obtenção de alta produtividade e melhor qualidade de frutas, além de facilitar os tratos culturais.

A baixa produtividade obtida em todos os sistemas na safra de 2000 foi resultante provavelmente, da queda antecipada das folhas. Como conseqüência ocorreram brotações e floração antecipada em todo o pomar (maio de 2000) prejudicadas pela ocorrência de geadas no período de inverno.

É importante observar que até o quarto ano de cultivo, mesmo não havendo diferenças na produtividade entre os sistemas I, áxis colunar e II, Y, o custo de implantação dos pomares é diferenciado. Para a implantação do sistema II o custo com a aquisição das mudas é inferior, que, metade do número de mudas se faz necessário. Este fato deve ser considerado no momento da decisão de qual sistema adotar para a implantação de novos pomares, porém, é importante salientar que esta avaliação poderá ser conclusiva e suficientemente segura, considerando-se mais anos de estudos.

Pelas análises físico-químicas, nos dois anos considerados, observou-se que os diferentes sistemas não influenciaram estas variáveis, o que havia sido observado em anos anteriores, mas isso não significa que não ocorram diferenças no futuro. Bargioni et al. (1985), estudando durante dez anos diferentes sistemas de condução em pessegueiros, relataram que mesmo nos sistemas que apresentaram maior produtividade, a qualidade e o diâmetro de frutas somente diferiram a partir do quinto ano de produção.

Foi verificado ainda, nas safras estudadas, que a variação na densidade de plantio, no sistema de poda e conseqüentemente na área e estruturação da copa, não proporcionaram efeitos sobre a ocorrência de doenças fúngicas, principalmente quanto à incidência de podridão parda [Monilinia fruticola(Wint) Honey]. Provavelmente fatores como luminosidade, circulação do ar e retenção de umidade não foram suficientemente significativos para provocar doenças. Desta forma, o maior adensamento, com copa mais compacta, não necessariamente resulta em maior vulnerabilidade ao ataque de agentes patogênicos, como o causador da podridão.

Este último aspecto somente será melhor esclarecido em estudos que se seguirão nos próximos anos. Entretanto, parece haver uma tendência no aumento de produção com o adensamento do pomar. Maior critério na quantificação destes ganhos deverá ser adotado, pois é necessário levar em consideração a compensação dos gastos maiores com a implantação e manutenção do pomar, assim como as condições futuras, que existe indicação da ocorrência de uma aceleração no processo de envelhecimento de plantas quando cultivadas em alta densidade, comprometendo desta forma a longevidade do pomar com conseqüente influência na rentabilidade.

CONCLUSÕES Baseado nas terceira e quarta safras colhidas em plantas de pessegueiro da cv.

'Chimarrita' sobre o porta-enxerto 'Capdeboscq', pôde-se concluir que os sistemas de condução estudados neste trabalho ('áxis colunar', 'Y' e 'vaso'): 1) não interferem na qualidade das frutas; 2) os sistemas 'áxis colunar' com 0,5 m e 'Y' com 1,0 m entre plantas proporcionam maior produtividade que o sistema em 'vaso'; 3) os sistemas de condução não influenciam na incidência de podridão parda.


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