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BrBRCVAg0100-29452003000300016

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variedadeBr
ano2003
fonteScielo

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Nível de dano, plantas invasoras hospedeiras, inimigos naturais e controle do psilídeo da goiabeira (Triozoida sp.) no submédio São Francisco DEFESA FITOSSANITÁRIA

Nível de dano, plantas invasoras hospedeiras, inimigos naturais e controle do psilídeo da goiabeira (Triozoida sp.) no submédio São Francisco1

Studies of damage level, weed host plants, natural enemies and control of Triozoida sp. in guava plants at the São Francisco River Valley

Flávia Rabelo BarbosaI; Rachel Gonçalves FerreiraII; Lúcia Helena Piedade KiillI; Eduardo Alves de SouzaIII; Wellington Antonio MoreiraI; José Adalberto de AlencarIV; Francisca Nemaura Pedrosa HajiI IEng. Agr., D.Sc., Pesquisador da Embrapa Semi-Árido, BR 428, km 156, C.P. 23, CEP 56302-970, Petrolina-PE. Fone: (087) 3862-1711. E-mail: flavia@cpatsa.embrapa.br IIEng. Agr., D.Sc., Pesquisador da Empresa Pernambucana de Pesquisa Agropecuária-IPA, C.P. 1022, CEP 50761-000, Recife-PE. Fone (081) 3325-5988. E- mail: rachelgferreira@ig.com.br IIIEstagiário Embrapa Semi-Árido IVEng. Agr., M.Sc., Pesquisador da Embrapa Semi-Árido, BR 428, km 156, C.P. 23, CEP 56302-970, Petrolina-PE. Fone (087) 3862-1711. E-mail: alencar@cpatsa.embrapa.br

INTRODUÇÃO A área explorada com a cultura da goiabeira no Brasil cresce intensivamente, sendo o Estado de Pernambuco o segundo maior produtor nacional (Agrianual, 2000). A alteração do agroecossistema, provocada pela expansão desta cultura, tem propiciado condições favoráveis ao surgimento de problemas fitossanitários, destacando-se, dentre estes, os relacionados às pragas.

No Brasil, Maricone & Soubihe Sobrinho (1961) registraram mais de cem espécies de insetos em goiabeira. No Submédio São Francisco, o psilídeo Triozoida sp. (Hemiptera: Psyllidae) é a principal praga da cultura (Barbosa, 2001a). A partir de 1995, a praga, antes desconhecida na região, vem ocasionando severos danos, em decorrência da redução da área foliar, impedindo o desenvolvimento das brotações e, conseqüentemente, comprometendo a produção.

A presença de Triozoida sp. em goiabeira foi também relatada nos estados de São Paulo, Maranhão, Rio de Janeiro e Paraná (Nakano & Silveira Neto, 1968; Lemos, 2000; Souza et al., 2000; Menezes Júnior & Pasini, 2001).

No contexto da filosofia do Programa de Manejo Integrado de Pragas, o uso de inseticidas constitui-se em uma das táticas disponíveis para o agricultor regular as populações de insetos potencialmente danosos à cultura. Contudo, torna-se importante determinar o nível de dano, o impacto dos inseticidas sobre os inimigos naturais e o papel de plantas infestantes como hospedeiras alternativas da praga ou como abrigo para os inimigos naturais. O objetivo deste trabalho foi estudar o nível de dano, plantas invasoras hospedeiras e verificar a seletividade e o efeito do thiamethoxam, em duas formulações, no controle do psilídeo Triozoida sp., em goiabeira.

MATERIAL E MÉTODOS O experimento foi conduzido no período de março a novembro de 2001, em pomar comercial, no município de Petrolina-PE. Utilizaram-se plantas da cultivar Paluma com 24 meses de idade, no espaçamento 5 x 4 m. Os tratamentos foram iniciados após a poda das plantas, no início da brotação. Os tratamentos foram: 1) thiamethoxam 10GR aplicado no solo; 2) thiamethoxam 250WG pulverizado semanalmente; 3) thiamethoxam 10GR aplicado no solo + thiamethoxam 250WG pulverizado semanalmente; 4, 5 e 6) pulverizações com thiamethoxam 250WG quando se constatou 10, 20 e 30% de ramos infestados, respectivamente; 7, 8 e 9) thiamethoxam 10GR aplicado no solo + thiamethoxam 250WG pulverizado semanalmente quando se constatou 10, 20 e 30% de ramos infestados, respectivamente e 10) testemunha (sem inseticida). Foi utilizado 75g p.c./ planta de thiamethoxam 10GR e 20g p.c./100 litros d'água de thiamethoxam 250WG.

A aplicação de thiamethoxam 10GR, independente do tratamento, foi realizada apenas uma vez, manualmente, em sulcos, em ambos os lados da fileira das plantas, na projeção da copa. As pulverizações foram realizadas com pulverizador costal manual, gastando-se em média 500 mL de calda por planta.

O delineamento experimental foi o de blocos ao acaso com quatro repetições, sendo cada tratamento constituído por doze plantas. Após a primeira aplicação dos inseticidas, as amostragens do número de ramos danificados por psilídeos e de inimigos naturais foram realizadas em intervalo semanal, caminhando-se ao redor da planta e anotando-se o número de ramos infestados, bem como, o número e espécies de inimigos naturais presentes. Foram também registrados o número e peso médio de frutos produzidos por planta/tratamento. As porcentagens de redução populacional dos inimigos naturais foram mensuradas comparando-se a média do número de inimigos naturais nas plantas testemunhas com a média do número de inimigos naturais nas plantas nos tratamentos, as quais foram enquadradas na seguinte escala de seletividade: 1 = atóxico (< 25%); 2 = pouco tóxico (25-50%); 3 = moderadamente tóxico (51-75%) e 4 = tóxico (> 75%) de redução populacional de inimigos naturais (Hassan, 1994).

Para se constatar a presença-ausência de psilídeos e inimigos naturais nas plantas invasoras presentes no interior e nas bordaduras do pomar, foram realizadas amostragens com rede entomológica ou coletadas partes infestadas da planta hospedeira.

O levantamento das plantas invasoras foi realizado por meio de amostragens aleatórias em cinco parcelas de 30 m2, de acordo com a determinação da área mínima (Kiill & Lima, 2001).

Para a análise de variância, os dados referentes à percentagem de galhos infestados foram transformados em arco seno . As médias foram comparadas pelo teste de Tukey, ao nível de 5% de probabilidade.

RESULTADOS E DISCUSSÃO A percentagem de galhos com brotações infestadas na testemunha foi de 33,62%, diferindo significativamente dos resultados dos tratamentos 2, 3, 4, 7, 8 e 9, com, respectivamente, 2,83%; 4,33%; 19,71%; 13,45%; 14,50% e 15,00%. Não foi constatada redução significativa na porcentagem de galhos infestados quando se utilizou somente thiamethoxam 10GR, isto é, aplicação do produto no solo; bem como quando foram realizadas pulverizações com thiamethoxam 250WG, quando foram observados 20% e 30% de galhos infestados pelo psilídeo. Também não foram constatadas diferenças significativas entre os tratamentos 2 e 3, assim como entre 3 e 7, entre 4, 5, 6 e, ainda, entre 6, 7, 8, 9 e 3, 7, 8 e 9 (Tabela_1).

A eficiência de inseticidas da classe dos neonicotinóides, no controle do psilídeo da goiabeira, foi também observada por Barbosa et al. (1999, 2001b), que observaram redução significativa dos danos desta praga, quando utilizaram imidacloprid e thiacloprid, em pulverização.

Observou-se que o número e o peso de frutos foram semelhantes em todos os tratamentos. A testemunha (sem inseticida), que apresentou 33,62% de galhos infestados, produziu 27,42 kg, não diferindo, respectivamente, dos tratamentos 2 e 3, que produziram 33,42 e 36,59 kg, com menos de 5% de galhos infestados (Tabela_1). Tais resultados indicam que o nível de controle da praga para a região é de 30% de galhos infestados, desde que, a goiabeira pode suportar até 30% de galhos danificados pelo psilídeo, sem que haja dano econômico, não havendo, portanto, necessidade de pulverizações semanais, como normalmente o produtor realiza.

Em relação aos inimigos naturais, constatou-se a presença dos coccinelídeos Cycloneda sanguinea, Eriopis conexa e Scymnus sp. e de espécimes de crisopídeos (Crysoperla externa e Ceraechrysa cubana), aracnídeos, sirfídeos, nabídeos e tacnídeos. O número médio de inimigos naturais na testemunha foi 10,30 por planta, enquanto nas plantas tratadas, houve variação de 6,06 a 8,78, correspondendo às notas 2 e 1, na escala de seletividade (Tabela_1), ou seja, 39,6% a 12,5% de redução populacional de inimigos naturais, em relação às parcelas não tratadas.

Na área estudada foram encontradas 51 espécies de plantas invasoras pertencentes a 38 gêneros e 15 famílias botânicas (Tabela_2), contudo, nenhuma espécie foi hospedeira do psilídeo. Na Tabela_2 estão relacionadas as espécies invasoras inventariadas, com seus respectivos nomes científicos e vulgar, família botânica e freqüência. A família Poaceae foi a mais representativa, abrangendo 17,50% do total de espécies levantadas.

Nas plantas invasoras, observou-se crisopídeos (C. externa e C. cubana), principalmente, sobre espécies de poáceas. Ovos e larvas destes insetos foram observados também na goiabeira e em outras invasoras. Outros insetos predadores como sirfídeos, nabídeos e coccinelídeos foram encontrados com freqüência sobre plantas invasoras. Adultos de sirfídeos foram encontrados, principalmente, sobre Herissanthia crispa (L.) Brizicky e Bidens pilosa L. Coccinelídeos e sirfídeos foram encontrados predando pulgões em diversas invasoras. A presença de invasoras na área em estudo possibilitou a multiplicação destes insetos, que auxiliam na manutenção do equilíbrio populacional do psilídeo da goiabeira.

Contudo, estudos adicionais sobre o manejo de invasoras necessitam ser realizados, para que não se tornem competidoras da cultura. De acordo com Altieri (1991) o aumento da diversidade de espécies vegetais pode resultar na diminuição de algumas pragas, devido ao aumento da diversidade e abundância de inimigos naturais.

A demanda por uma solução a curto prazo, para atender as necessidades dos produtores de compatibilização do cultivo da goiabeira com requisitos de ordem econômica, ecológica e social, expressa a necessidade urgente de tecnologias sustentáveis, próprias para as condições do Semi-Árido. Os conhecimentos gerados neste trabalho fornecerão subsídios para o desenvolvimento do Manejo Integrado de Pragas da goiabeira no Vale do Rio São Francisco.

CONCLUSÕES 1) As menores percentagens de galhos infestados pelo psilídeo da goiabeira foram observadas nos tratamentos: thiamethoxam 250WG em pulverizações semanais, thiamethoxam 10 GR no sulco + pulverizações semanais; 2) Thiamethoxam 10GR e thiamethoxam 250WG apresentam boa seletividade para coccinelídeos, crisopídeos, aracnídeos, sirfídeos e tacnídeos; 3) A goiabeira pode suportar até 30% de galhos infestados pelo psilídeo, sem que haja redução significativa no número e peso de frutos; 4) As 51 espécies de plantas invasoras pertencentes ao agroecossistema estudado não são hospedeiras do psilídeo da goiabeira; 5) As plantas invasoras encontradas no agroecossistema estudado abrigam inimigos naturais do psilídeo.


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