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BrBRCVAg0100-29452004000100020

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variedadeBr
ano2004
fonteScielo

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Efeitos de reguladores vegetais na qualidade de uvas 'Niagara Rosada' na região Noroeste do Estado de São Paulo

INTRODUÇÃO A videira da cultivar Niagara Rosada tem se apresentado como uma alternativa interessante para a produção de uvas na região Noroeste do Estado de São Paulo.

Pouco suscetível às doenças fúngicas, e conseqüentemente com baixo custo de produção, a uva 'Niagara Rosada' atinge preços elevados no período de junho a novembro, entressafra das regiões vitícolas tradicionais do Estado. Entretanto, devido às condições edafoclimáticas, os cachos e bagas são relativamente pequenos, o que é desfavorável à comercialização.

Castro et al. (1974) constataram que aplicações de ácido giberélico (AG3) a 100 mg.L-1, 11 dias após florescimento, aumentaram a massa dos cachos, o número e a massa das bagas e a massa da ráquis de uvas da cultivar Niagara Rosada, na região de Jundiaí-SP. Por outro lado, Maraschin et al. (1986) não observaram efeitos de aplicações de AG3 nas doses entre 0 e 120 mg.L-1, nas características físicas dos cachos da cultivar Niagara Branca. Entretanto, doses superiores a 30 mg.L-1 reduziram o teor de sólidos solúveis totais do mosto. Pereira et al. (1979) verificaram para a cultivar Niagara Rosada aumento do comprimento e da largura dos cachos e da massa dos engaços mediante duas aplicações de AG3 a 100mg.L-1, antes e após o florescimento, porém não houve diferenças significativas para as variáveis massa e número de bagas.

O thidiazuron (N-fenil-N-1,2,3-tidiazol-5-tiuréia) (TDZ) é uma citocinina sintética utilizada na cultura do algodoeiro para provocar desfolhamento, e em cultura de tecidos para induzir brotação in vitro(Petri et al., 1992). Em fruticultura, trabalhos que comprovaram a eficiência do thidiazuron no aumento do tamanho e pegamento dos frutos de maçãs, kiwis e caquis (Petri et al., 1992; Schuck & Petri, 1992; Itai et al., 1995).

Nas variedades de videiras sem sementes Sovereign Coronation, Simone, Selection 495 e Selection 535, Reynolds et al. (1992) estudaram os efeitos de aplicações de thidiazuron nas doses de 0; 4 e 8 mg.L-1, quando as bagas atingiram 5 mm de diâmetro. Pelos resultados obtidos, verificaram que o thidiazuron aumentou linearmente a massa dos cachos e das bagas e reduziu o teor de sólidos solúveis totais e o pH do mosto.

Por outro lado, Byun & Kim (1995) trataram cachos de videiras da cultivar Kyoho, com AG3 a 20 mg.L-1 e thidiazuron a 5 ou 10 mg.L-1, 5 dias após o pleno florescimento, e verificaram que AG3, aumentou o tamanho das bagas, enquanto o thidiazuron aumentou o número de bagas. Entretanto, o thidiazuron reduziu a coloração das bagas e o teor de sólidos solúveis totais.

Tendo em vista as possibilidades de utilização de reguladores vegetais para a melhoria da qualidade de uvas, este trabalho teve como objetivo estudar os efeitos de aplicações de thidiazuron e ácido giberélico nas características dos cachos e bagas de uvas da cultivar Niagara Rosada na região da Nova Alta Paulista.

MATERIAL E MÉTODOS Este experimento foi conduzido em vinhedo da cultivar Niagara Rosada localizado no município de Junqueirópolis-SP. As videiras, em ano de produção e enxertadas sobre porta-enxerto IAC-572 'Jales', encontravam-se no espaçamento 3 x 2m, e conduzidas no sistema de pérgola.

Para os tratamentos, utilizou-se de thidiazuron (TDZ) a 5 ou 10mg.L-1 e ácido giberélico a 35mg.L-1, combinados ou não; aplicados 1; 2 ou 3 vezes, em intervalos semanais, a partir dos 14 dias após o pleno florescimento. Desta forma, os tratamentos foram os seguintes: T1 ' Testemunha T2 ' TDZ a 5mg.L-1 ' 1 aplicação T3 ' TDZ a 5mg.L-1 ' 2 aplicações T4 ' TDZ a 5mg.L-1 ' 3 aplicações T5 ' TDZ a 10mg.L-1 ' 1 aplicação T6 ' TDZ a 10mg.L-1 ' 2 aplicações T7 ' TDZ a 10mg.L-1 ' 3 aplicações T8 ' TDZ a 5mg.L-1 + AG3 a 35mg.L-1 ' 1 aplicação T9 ' TDZ a 5mg.L-1 + AG3 a 35mg.L-1 ' 2 aplicações T10 ' TDZ a 5mg.L-1 + AG3 a 35mg.L-1 ' 3 aplicações T11 ' TDZ a 10mg.L-1 + AG3 a 35mg.L-1 ' 1 aplicação T12 ' TDZ a 10mg.L-1 + AG3 a 35mg.L-1 ' 2 aplicações T13 ' TDZ a 10mg.L-1 + AG3 a 35mg.L-1 ' 3 aplicações T14 ' AG3 a 35mg.L-1 ' 1 aplicação T15' AG3 a 35mg.L-1 ' 2 aplicações T16 ' AG3 a 35mg.L-1 ' 3 aplicações Todas as práticas culturais no vinhedo, exceto a utilização de ácido giberélico, foram idênticas ao sistema convencional da propriedade para toda a área experimental.

Os tratamentos com reguladores vegetais foram efetuados através de única imersão dos cachos na solução contida em recipiente plástico, adicionada de espalhante adesivo Iharaguen-S® a 1%, formulação comercial com 20% de polioxietileno alquilfenol éter. Para o preparo das soluções com reguladores vegetais, foram utilizados os produtos comerciais Dropp®, com 50% de thidiazuron, e Pro-Gibb®, com 10% de ácido giberélico.

O delineamento experimental foi em blocos casualizados, com 7 repetições, e 2 cachos por parcela. Videiras semelhantes em vigor foram selecionadas para cada bloco, numa mesma linha de plantio, e os cachos foram sorteados dentro de cada um dos 7 blocos, para a realização dos tratamentos.

A coleta dos cachos foi realizada aos 118 dias após a poda, em 24 de julho de 2000, quando o tratamento-testemunha atingiu o ponto de colheita comercial, ou seja, com teor de sólidos solúveis totais mínimo de 14ºBrix.

Foram determinadas as seguintes variáveis: 1. Massa dos cachos, bagas e engaços, em balança de precisão. Após a medição da massa dos cachos, as bagas foram separadas dos pedicelos, cortando-os com tesoura, para posterior pesagem das bagas e engaços, separadamente; 2. Comprimento e largura dos cachos e bagas (amostra de 20 bagas), com paquímetro digital; 3. Número de bagas por cacho; 4. Número de sementes por baga (amostra de 20 bagos); 5. Relação comprimento/largura das bagas.

Para cada parcela, foram realizadas as seguintes análises do mosto de 100 bagas: 1. Teor de sólidos solúveis totais: com auxílio de refratômetro de mesa com auto-compensação de temperatura (Carvalho et al., 1990); 2. Acidez total titulável: por titulação em uma alíquota de 5ml do mosto com NaOH 0,1N, e expressa em g de ácido tartárico por 100ml de mosto (Carvalho et al., 1990); 3. Potencial Hidrogeônico: com auxílio de pHmetro digital (Carvalho et al., 1990); 4. Relação teor de sólidos solúveis totais/acidez total titulável (SST/ATT).

Os resultados foram submetidos à análise de variância e comparação de médias, pelo teste de Duncan, ao nível de 5% de probabilidade.

RESULTADOS E DISCUSSÃO A maioria dos tratamentos com reguladores vegetais aumentou significativamente a massa dos cachos (Tabela_1). O maior aumento da massa dos cachos foi verificado para o tratamento com TDZ a 5 mg.L-1, em 2 aplicações, o qual não diferiu significativamente dos seguintes tratamentos: TDZ 5 mg.L-1 + AG3, em 1 aplicação; TDZ 5 mg.L-1 + AG3, em 3 aplicações, e TDZ 10 mg.L-1 +AG3, em 3 aplicações. Aumento da massa dos cachos de uvas tratadas com ácido giberélico ou thidiazuron foi também verificado por outros autores (Castro et al., 1974; Pereira et al., 1979; Reynolds et al., 1992 e Byun & Kim, 1995).

Não houve diferenças significativas para as variáveis comprimento e largura dos cachos, embora a maioria dos tratamentos com reguladores vegetais tenha apresentado valores superiores ao da testemunha (Tabela_1). Medições de volume ou circunferência dos cachos talvez poderiam demonstrar de forma mais evidente o aumento do tamanho dos cachos.

A massa dos engaços foi aumentada para a maioria dos tratamentos com reguladores vegetais (Tabela_1). O maior aumento para esta variável foi para o tratamento com TDZ a 5mg.L-1, em 2 aplicações, que incrementou a massa dos engaços em 46,6% em relação à testemunha, sem, contudo, prejudicar a aparência dos cachos. Estes resultados são condizentes com aqueles apresentados por Castro et al. (1974), Pereira et al. (1979) e Byun & Kim (1995).

Poucos tratamentos aumentaram significativamente a massa e a largura das bagas, e não houve diferenças significativas para a variável comprimento das bagas (Tabela_2). No entanto, todos os tratamentos com reguladores vegetais apresentaram valores absolutos superiores ao da testemunha para estas variáveis. Os tratamentos com reguladores vegetais também não influenciaram significativamente no número de bagas por cacho (Tabela_2).

Para o aumento da massa e das dimensões das bagas, destacaram-se os tratamentos com TDZ a 5 mg.L-1, em 2 aplicações, e com TDZ a 10mg.L-1 + AG3, em 3 aplicações. Os tratamentos com thidiazuron a 5mg.L-1, em duas aplicações, e o tratamento com TDZ a 10 mg.L-1 + AG3, em três aplicações, apresentaram massa média das bagas de 4,37 e 4,38g, respectivamente, representando um aumento de cerca de 22,4% em relação à testemunha. Não se constatou influência dos reguladores vegetais na relação comprimento/largura das bagas (Tabela_2).

Aumento do tamanho das bagas de uvas tratadas com thidiazuron foi também constatado por Reynolds et al. (1992), em 4 cultivares de uvas sem sementes. O maior desenvolvimento das bagas e engaços promovido por aplicações de thidiazuron pode ser explicado pela sua ação de citocinina em tecidos vegetais, induzindo a divisão celular, em geral, por uma interação com auxinas (Mcgraw, 1988). Além disso, segundo Davies (1988), citocininas podem também estimular o crescimento celular e retardar a senescência de órgãos vegetais.

Aplicações isoladas de ácido giberélico foram pouco efetivas no aumento do tamanho das bagas de uvas da cultivar Niagara Rosada, estando de acordo com os relatos de Pereira et al. (1979) e Maraschin et al. (1986).

O teor de sólidos solúveis totais apresentou diferenças significativas entre 1 e 3 aplicações, para os tratamentos com TDZ a 5mg.L-1, e com TDZ a 10mg.L-1 + AG3. Redução do teor de sólidos solúveis totais do mosto de uvas tratadas com thidiazuron ou ácido giberélico foi também constatada por Maraschin et al.

(1986), Reynolds et al. (1992) e por Byun e Kim (1995).

Pelos resultados aqui apresentados, ficou evidente a possibilidade de utilização de reguladores vegetais para incrementar o tamanho e massa dos cachos e bagas de uvas 'Niagara Rosada' na região da Nova Alta Paulista. O tratamento com thidiazuron a 5mg.L-1, em 2 aplicações, foi suficiente para a obtenção de cachos e bagas com maior desenvolvimento e, portanto, com qualidade superior para a comercialização (Figura_1). Para as condições deste experimento, este tratamento possibilitou aumento de 31,7% da massa dos cachos e de 22,4% da massa das bagas, sem alterar o teor de sólidos solúveis totais, a acidez total titulável, o pH e a relação SST/ATT do mosto.

O thidiazuron ainda não está registrado para a cultura da videira no Brasil, não podendo ser recomendado para o uso comercial. Novas pesquisas deverão ser conduzidas, incluíndo estudos toxicológicos, objetivando a futura utilização desta substância para a melhoria da qualidade de uvas 'Niagara Rosada', uma vez que o ácido giberélico usado isoladamente não apresentou resultados satisfatórios.

CONCLUSÕES 1) Aplicações de thidiazuron associado ou não ao ácido giberélico após florescimento foram efetivas no aumento da massa e dimensões das bagas de uvas 'Niagara Rosada', sem alterar o teor de sólidos solúveis totais, a acidez total titulável e o pH do mosto.

2) Duas aplicações de thidiazuron a 5 mg.L-1 foram efetivas no aumento do tamanho das bagas de uvas 'Niagara Rosada', embora não tenham apresentado aumentos significativos nas dimensões dos cachos.


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