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BrBRCVAg0100-29452004000100042

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variedadeBr
ano2004
fonteScielo

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Produção do mamoeiro em função de adubação com nitrogênio, fósforo e potássio SOLOS E NUTRIÇÃO DE PLANTAS

Produção do mamoeiro em função de adubação com nitrogênio, fósforo e potássio1

Papaya yield under fertilization with nitrogen, phosphorus and potassium

Arlene Maria Gomes Oliveira; Ranulfo Correa Caldas Eng. Agrônomo, MSc, Pesquisador Embrapa Mandioca e Fruticultura, Caixa Postal 83, CEP 44380-000, Cruz das Almas-BA, Tel. (075) 621.8000, E-mail arlene@cnpmf.embrapa.br e rcaldas@cnpmf.embrapa.br

INTRODUÇÃO O mamoeiro (Carica papayaL.), originário da América Central, é uma planta cultivada em regiões tropicais e subtropicais, estando disseminado praticamente em todo o território nacional, onde existem milhares de hectares propícios ao seu desenvolvimento. Por ser uma planta de crescimento rápido e contínuo, com floração e frutificação concomitantes e ininterruptas, necessita de adubações e suprimento de água constantes em todo o seu ciclo.

O mamoeiro apresenta exigências contínuas por nutrientes durante o primeiro ano, atingindo o máximo aos 12 meses. O nitrogênio (N) é o elemento requerido em maior quantidade, seguido em ordem decrescente por potássio (K) e cálcio (Ca) (Cunha & Haag, 1980). Em níveis baixos de potássio e fósforo no solo, as recomendações de adubação dos manuais estaduais para a cultura do mamão, nos Estados da Bahia, Espírito Santo, Minas Gerais, São Paulo e Pernambuco, apresentam as seguintes faixas de recomendações, em g/planta, nos dois primeiros anos de cultivo: 180 a 400 de N; 90 a 300 de P2O5; 72 a 449 de K2O.

Estas diferenças nas doses recomendadas estão ligadas não às diferenças edafoclimáticas, mas também às produtividades esperadas e condições de irrigação.

Gaillard (1972), em um ensaio exploratório na África com mamoeiros do grupo Solo, observou que a adubação com K é benéfica ao crescimento e rendimento da planta, de forma que a relação K2O:N de 1:1 parece ser a mais favorável, enquanto as doses dos elementos por planta não devem ultrapassar 300 g. A maior produção foi obtida com o tratamento 250 g de N e 250 g de K2O/planta, enquanto as maiores doses com a mesma relação (500 g N e 500 g K2O/planta) apresentaram efeito depressivo sobre o rendimento. Coelho et al. (2001) também observaram que as doses físicas para as maiores produtividades apresentaram relação K2O: N de 1:1.

Awada & Long (1978), testando doses de N, P e K, observaram que o nível médio de N (686 kg/ha) em relação ao nível baixo (171 kg/ha) aumentou o número de frutos colhidos, tanto comercializáveis como deformados, e diminuiu o tamanho do fruto. Nos níveis de P2O5 testados (41; 185; 723 kg/ha), os autores observaram que o incremento de fósforo aumentou o número de frutos colhidos e deformados, mas não afetou o número de frutos comercializáveis. Nos níveis de K2O estudados (399; 1160 kg/ha), não foram constatados efeitos na frutificação.

Luna & Caldas (1984), estudando a resposta do mamoeiro Solo a três doses de nitrogênio (0; 200; 400 kg/ha de N), fósforo (0; 80; 160 kg/ha de P2O5) e potássio (0; 60; 120 kg/ha de K2O), observaram respostas significativas e positivas para nitrogênio e fósforo com relação, entre outros parâmetros, ao peso médio do fruto e produção. Porém, a exemplo de Awada & Long (1978), não verificaram efeito para o potássio, embora as dosagens estudadas tenham sido bem inferiores. A maior produção foi obtida com 200 kg de N e 160 kg de P2O5 por hectare. A análise de variância da produção indicou efeito linear e crescente com as doses aplicadas de nitrogênio e fósforo.

A obtenção de boa produtividade e qualidade de frutos está diretamente ligada a uma nutrição balanceada. Da mesma forma, sabe-se que uma planta nutrida adequadamente apresenta maior resistência às doenças e pode atingir seu potencial de produtividade. Porém, no Brasil, não se conhecem o comportamento e as exigências nutricionais das principais cultivares de mamoeiro.

Assim, este estudo objetiva determinar as doses de N, P e K para o mamoeiro do grupo Solo, para as condições edafoclimáticas de Cruz das Almas, representando a região do Recôncavo Baiano.

MATERIAL E MÉTODOS O experimento foi instalado em maio de 1996, no município de Cruz das Almas-BA, na área Experimental da Politeno, da Escola de Agronomia da UFBA. A precipitação pluviométrica anual é de 1.224 mm, a temperatura média de 23,8 ºC e a umidade relativa do ar de 80% (EMBRAPA, 1993). Utilizou-se a cultivar Sunrise Solo, irrigada por microaspersores, em sistema de plantio de fileiras duplas, no espaçamento 3,60 x 1,80 x 1,80 m. A irrigação foi feita de acordo com os dados de precipitação (PP) e evaporação do tanque classe A que resultou na evapotranspiração potencial e, conseqüentemente, na evapotranspiração da cultura (ETc). Pelo balanço entre a ETc e PP, determinou-se a quantidade de água a aplicar na cultura em intervalos de três dias.

O delineamento experimental empregado foi o de blocos casualizados, com três repetições, quatro plantas úteis e bordadura dupla. Para a composição dos tratamentos, foi utilizada a matriz experimental Plan Puebla III, utilizando-se como doses centrais da matriz as quantidades de 400; 200 e 400 kg/ha de N, K2O e P2O5, respectivamente, de forma que foram obtidas cinco doses de N (40-240- 400-560-760 kg/ha), P2O5 (20-120-200-280-380 kg/ha) e K2O (40-240-400-560-760 kg/ha), perfazendo um total de 15 tratamentos. Antes da instalação dos experimentos, foram realizadas análises químicas do solo nas profundidades de 0-20 e 20-40 cm, que demonstraram os seguintes valores, respectivamente: pH água= 5,0 e 4,9; P (mg/dm3)= 1,0 e 1,5; K (cmolc/dm3)= 0,20 e 0,13; Ca (cmolc/ dm3)= 1,05 e 1,25; Mg (cmolc/dm3)=0,6 e 0,4; Al (cmolc/dm3)= 0,2 e 0,4; Na (cmolc/dm3)= 0,26 e 0,04; H+ (cmolc/dm3)= 2,22 e 2,13 e matéria orgânica (g/ kg)= 16,2 e 13,3. Efetuaram-se ainda aração e gradagem a 20 cm, e subsolagem cruzada a 50 cm de profundidade. As fileiras de plantas foram localizadas nas linhas de subsolagem. A calagem foi efetuada, utilizando-se de calcário dolomítico e elevando a saturação por bases para 80%. Todas as covas receberam adubação com 30 g de FTE BR 12 (9,0% de Zn; 1,8% de B; 0,8% de Cu; 3,0% de Fe; 2,0% de Mn e 0,1% de Mo), que foi repetida no ano seguinte. Na cova, aplicaram- se ainda 20% do N; 60% do P2O5 e 20% do K2O das doses de N (uréia), P (superfosfato simples) e K (cloreto de potássio) estudadas. As adubações em cobertura foram efetuadas mensalmente.

As colheitas foram realizadas, no verão, três vezes por semana, e, no inverno, uma vez por semana, durante um ano de colheita (fevereiro de 1997 a janeiro de 1998). Foram analisadas as seguintes variáveis: dias para iniciar a colheita; altura do primeiro fruto colhido; dados de produção (número, peso total e médio de frutos) aos 14 e 20 meses de idade, que correspondem aos primeiros seis meses e aos doze meses de colheita. Aplicaram-se aos dados análise de variância e modelos de superfície de resposta.

RESULTADOS E DISCUSSÃO A análise de variância dos dados de produção do mamoeiro, com 14 meses após o plantio, mostrou diferenças estatísticas, ao nível de 5% de probabilidade (p<0,05), para a variável produção e peso médio do fruto. Não mostraram significância os parâmetros dias para iniciar a colheita, altura do primeiro fruto colhido e número de frutos/ha (Tabela_1), que apresentaram valores médios de 289 dias, 92cm e 51.534 frutos, respectivamente.

A produtividade variou de 9,87 a 27,41 t/ha e os frutos, em seis meses de colheita, apresentaram um peso médio de 236 a 423g. Marinho et al. (2001), em experimento irrigado com mamoeiro do grupo Solo testando diferentes doses de N, obtiveram, em cinco meses de colheita, produtividade superior às observadas (33,5 t/ha), porém o maior peso médio do fruto observado foi de 321g.

As produtividades observadas em um ano de colheita variaram de 51,43 a 99,53 t/ ha, onde a maior produtividade foi demonstrada no tratamento com aplicação de 560; 280 e 560 kg/ha de N, P2O5 e K2O, respectivamente (Tabela_1). O peso médio dos frutos variou de 370 a 452g. Segundo Marin et al. (1995), esses pesos situam-se em frutos para o mercado interno, classificados entre as faixas dos Tipos 13 e 15. Quarenta por cento dos tratamentos apresentaram picos de produção no mês de agosto, enquanto, em 60%, os picos se situaram no mês de setembro, onde se observou o maior pico de colheita (22,77 t/ha) (Figura_1). O maior peso médio dos frutos foi observado no mês de julho (645g), enquanto o menor se apresentou em fevereiro (233g) (Figura_2). Em Cruz das Almas, a temperatura começa a diminuir a partir do mês de maio (mínima de 20 °C e máxima de 26 °C, em 1997), de forma que diminui o processo de amadurecimento dos frutos de mamão, embora a planta continue a produzir novos frutos e a alimentar os que estão nos troncos. Os frutos colhidos no período frio apresentam-se com os maiores pesos médios. Quando aumenta a temperatura, a partir de setembro (mínima de 20 °C e máxima de 30 °C, em 1997), os frutos entram em processo de amadurecimento rápido, proporcionando maiores colheitas. No Norte do Espírito Santo, comportamento similar do peso médio do fruto foi observado por Marin et al. (1995).

Para o ajuste de modelos de superfícies de resposta para produtividade, foram utilizados os dados de seis meses e um ano de colheita. Quando se aplicou um modelo quadrático aos dados considerando, os três fatores, ou seja, N, P e K, observou-se estimativa de pontos acima dos observados, denotando que o ajuste não representava o comportamento da produção em função dos tratamentos. Quando foram ajustados os dados considerando apenas os dados de P com K e P com N, não se observou uma superfície onde pudesse ser ajustado um modelo estatístico.

Porém, a superfície ajustada utilizando as doses de N e K apresentou uma tendência a um ponto de máximo. Embora a dose de 280 kg de P2O5, no tratamento 8, tenha apresentado a maior produção, quando foram fixadas as doses de 120 e 280 kg/ha de P2O5para ajustar a superfície N e K, observou-se um ponto de sela na maior dose. Desta forma, isolou-se o fator P, fixando-o na dose de 120 kg de P2O5/ha/ano e ajustaram-se superfícies de resposta apenas para os fatores N e K. O modelo quadrático de superfície de resposta, aplicado aos dados de produção, apresentou significância ao nível de 10% de probabilidade (p<0,10) (Tabela_2). Os parâmetros linear e quadrático para N e K foram significativos, enquanto não foi observada significância para a interação N*K.

O ponto de máximo estimado pelo modelo, aos seis meses de produção, foi de 26,17 t/ha para as doses físicas de 319 kg de N e 360 kg de K2O por ha/ano (Tabela_2). Em um ano de colheita, o ponto de máximo estimado foi de 93,41 t/ha nas doses físicas de 347 kg de N e 360 kg de K2O por ha/ano, o que corresponde a uma relação N:K2O próxima a 1:1 (Tabela_2). A análise química do solo, antes do plantio e após 12 meses de cultivo, apresentou níveis de potássio acima de 0,18 cmolc/dm3 na camada de 0-20cm, que são considerados médios (Tomé Jr., 1997 e Oliveira, 1999), excetuando-se o tratamento onde a aplicação anual era de 40 kg/ha/ano de K2O (T13). Com 24 meses após o plantio, observaram-se níveis ainda considerados médios para a maioria dos tratamentos (=0,16 cmolc/dm3), excetuando-se os tratamentos 5 e 13. Gaillard (1972) também observou melhores respostas na produção, no tratamento com relação N:K2O de 1:1. Coelho et al.

(2001), trabalhando com fertirrigação em mamoeiro Sunrise Solo, também obtiveram efeito quadrático para produção e doses físicas de 490 kg/ha/ano, tanto para N como K2O (relação 1:1). Porém, Awada & Long (1978) e Luna & Caldas (1984) não observaram efeito das doses de K2O testadas na produtividade do mamoeiro Solo, mas Awada & Long (1978) observaram efeito quadrático para doses de N, onde a produção máxima observada foi de 78,70 t/ha na dose de 686 kg de N/ha/ano. Ao contrário do observado neste experimento, Marinho et al. (2001) e Luna & Caldas (1984) observaram efeito linear para produção do Mamoeiro Solo nas doses de N estudadas.

Quanto às doses de P2O5 estudadas, observou-se que a matriz utilizada não permitiu o estabelecimento de uma superfície de resposta para o fósforo, sendo necessário o desenvolvimento de novos estudos para o estabelecimento da dose de máxima eficiência física para este nutriente.

CONCLUSÕES Adubação nitrogenada e potássica proporcionaram aumentos de produtividade. O ponto de máximo para produtividade estimado foi de 93,41 t/ha/ano de frutos de mamão no primeiro ano de colheita, nas doses máximas físicas de 347 e 360 kg/ ha/ano de N e K2O, respectivamente, para teores médios de potássio no solo. Os picos de colheita de mamão, na região de Cruz das Almas, para os plantios estabelecidos no início das chuvas, localizaram-se em agosto e setembro.


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