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BrBRCVHe0034-71672013000300011

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variedadeBr
ano2013
fonteScielo

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Participação efetiva do enfermeiro no planejamento: foco nos custos

INTRODUÇÃO O ensino de Administração em Enfermagem surgiu no século XIX por iniciativa de Florence Nightingale, considerada a pioneira de administração hospitalar por suas experiências bem sucedidas de utilização de funções administrativas em hospitais militares na Guerra da Criméia. Ao longo dos anos, este ensino foi aprimorado e inserido no curso de graduação em enfermagem(1). As funções administrativas do enfermeiro englobam planejamento, organização, direção, coordenação e controle das ações executadas nas unidades assistenciais da instituição. O enfermeiro também é responsável pelo gerenciamento de unidades, que envolve prever, prover, manter e controlar recursos materiais, humanos e financeiros a fim de garantir o funcionamento do serviço e de gerir o cuidado prestado ao paciente pela equipe de enfermagem(2).

Porém, para que o enfermeiro possa desempenhar suas funções gerenciais é imprescindível que haja um planejamento, ou seja, a determinação dos objetivos que se pretende alcançar e a definição de como atingi-los da melhor forma possível(3). O planejamento é realizado de maneiras distintas conforme os níveis organizacionais, por isso existem três tipos de planejamento. Temos o planejamento estratégico, que é elaborado pela alta administração abrangendo a organização na totalidade. É programado para longo prazo e direcionado para a eficácia da organização. Outro tipo de planejamento é o tático, que sendo de nível intermediário, compreende a transformação das decisões estratégicas em planos reais no nível departamental. o planejamento operacional, refere-se à realização de tarefas e operações específicas para curto prazo, visando à otimização e maximização dos resultados(4).

O planejamento é uma importante ferramenta que possibilita a manutenção de uma postura ativa dos gestores no processo gerencial(4). Entre as atividades gerenciais está o gerenciamento de custos, um método administrativo que tem como foco as decisões que envolvem a arrecadação, os gastos e a distribuição dos recursos financeiros para obter resultados adequados às finalidades da instituição e às necessidades dos seus clientes. Enquanto profissional participante do processo gerencial, o enfermeiro de instituições hospitalares pode atuar como chefe de unidade, gerente ou diretor de divisão de serviço(5).

Essa participação do enfermeiro é muito significativa para a organização, pois este pode garantir assistência com maior eficácia, efetividade e eficiência, haja vista que gerencia a assistência como um todo, refletindo na quantidade e qualidade assistenciais. Vários outros fatores contribuem para essa afirmação, tais como o fato de que a enfermagem corresponde a aproximadamente 60% da totalidade do quadro de pessoal dos hospitais, estando presente em praticamente todas as unidades de serviços, além de manter maior contato com o cliente e familiares(6). O enfermeiro pode ser responsável por 40 a 50% do faturamento de instituições hospitalares, através da qualificação assistencial repercutindo na eficiência do atendimento ao cliente(5).

A obtenção destas vantagens é muito importante para os hospitais, principalmente para os particulares, pois o maior desafio enfrentado por eles é conseguir atender qualitativamente toda a demanda de seus serviços, proporcionando assistência eficiente(6).

A administração eficiente é essencial para que haja crescimento da organização enquanto empresa geradora de lucro(7). Além de preocupar-se com o lucro a ser obtido, as organizações de serviços de saúde também precisam visar a sustentabilidade, pois agindo dessa forma poderão garantir sua sobrevivência e empreender seus negócios de maneira duradoura. Assim, a instituição pode desenvolver-se economicamente e ser ao mesmo tempo sustentável, através da responsabilidade socioambiental e da eficiência do seu gerenciamento(8).

Apesar disso, no Brasil existem poucos trabalhos publicados a respeito de custos no âmbito da atuação da enfermagem e, ainda, este assunto consta apenas superficialmente na disciplina de administração da matriz curricular do curso de graduação em enfermagem(9). Isso se reflete tanto na falta de visão de gerenciamento de custos hospitalares por parte do enfermeiro, quanto na inconsciência de que a sua atuação e a de sua equipe contribuem para a eficiência da instituição(5).

Este contexto se torna preocupante, pois as despesas e os custos na área da saúde têm aumentado, os recursos são escassos e o controle dos gastos é ineficiente(5-6). Essa dificuldade de gerenciar os gastos inicia-se na ausência de informações a respeito dos custos dos procedimentos terapêuticos em relação à produtividade dos vários serviços da instituição. Outro problema relacionado à falta de informação é o desperdício, pois os serviços e produtos hospitalares em geral têm de 20 a 30% de custos desnecessários, que se fossem eliminados não afetariam a produtividade da organização(10). Ainda assim, existe alta competitividade entre empresas prestadoras de serviços, fazendo com que o mercado determine os preços que estão dispostos a pagar. Para garantir a sua sobrevivência, algumas organizações ampliam suas receitas por meio do aumento da quantidade e da diversificação dos serviços prestados, enquanto outras optam por reduzir seus gastos, diminuindo os custos por meio da padronização de procedimentos e do aumento da produtividade, mas as medidas adotadas por ambas podem refletir negativamente na qualidade da assistência prestada ao cliente (5).

Por estes motivos, a realização da presente pesquisa justifica-se na medida em que visa contribuir para a conscientização do enfermeiro sobre a relevância de sua participação no planejamento estratégico institucional, bem como esclarecer a importância do conhecimento a respeito do gerenciamento de custos de instituições de serviços de saúde e de sua aplicação no exercício cotidiano de sua profissão, sendo benéfico tanto para o desenvolvimento do potencial deste profissional quanto para a otimização do processo gerencial dos hospitais.

OBJETIVOS Observar como ocorre a participação dos enfermeiros nos vários níveis de planejamento, com foco nos custos.

[/img/revistas/reben/v66n3/a11img01.jpg] Verificar se os enfermeiros de uma instituição particular de serviços de saúde da cidade de São Paulo possuem visão de gerenciamento de custos.

METODOLOGIA Trata-se de uma pesquisa de campo descritiva, com abordagem quantitativa, na qual se estudou a população de enfermeiros de uma instituição hospitalar privada cidade de São Paulo(11). A pesquisa foi autorizada pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Nove de Julho, estando de acordo com os pressupostos éticos de pesquisas envolvendo seres humanos da resolução 196 de 10 de Outubro de 1996, do Conselho Nacional de Saúde.

Foi entrevistada uma amostra de 40 enfermeiros, de ambos os sexos, de todos os turnos de trabalho, ou seja, manhã, tarde, noite par e ímpar, sendo o critério de inclusão ser enfermeiro horista atuante na instituição pesquisada. Foram excluídos do estudo quaisquer outros profissionais da saúde, inclusive enfermeiro que não possuísse vínculo empregatício formal ou que estivesse na condição de folguista, que estes não possuem vínculo específico com uma determinada unidade e, consequentemente, não têm vivência contínua na dinâmica da instituição.

A entrevista foi realizada na própria instituição, durante o horário de trabalho dos enfermeiros. Os entrevistados foram amplamente esclarecidos pela pesquisadora responsável pelo projeto acerca dos objetivos do presente estudo e aceitaram participar voluntariamente do mesmo, tendo assinado o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido. Em seguida, foi entregue aos voluntários, no início do seu turno de trabalho, um questionário a respeito dos níveis de planejamento organizacional e gerenciamento de custos assistenciais, contendo 22 questões, das quais 16 eram objetivas e seis dissertativas, sendo recolhido duas horas após a entrega. As respostas obtidas nas questões dissertativas foram agrupadas por aproximação de significado, sendo quantificadas, e os dados coletados em todas as questões foram tabulados.

Para a tabulação dos dados coletados através do questionário, optou-se por utilizar uma planilha do aplicativo Microsoft Office Excel 2007®, sendo que os resultados foram apresentados em valores absolutos e/ou percentuais.

RESULTADOS E DISCUSSÃO A amostra foi constituída de 40 enfermeiros, sendo 10 participantes (25%) de cada turno, considerando-se quatro turnos, ou seja, manhã, tarde, noite par e ímpar. Esta amostra se configura proporcionalmente relevante para a análise da pesquisa, haja vista que, em cada turno de trabalho da instituição, atuam cerca de quinze enfermeiros.

A grande maioria dos voluntários era composta por mulheres (85%) e apenas 15% por homens. Isto vem ao encontro da clássica associação entre a prestação de cuidados e o gênero feminino, que é decorrente da história do processo de cuidar e da consolidação da enfermagem como profissão(12).

Em relação à variável idade, 47,5% encontravam-se na faixa etária dos 31 aos 40 anos, seguido da faixa etária dos 20 aos 30 anos (30%), 12,5% dos 41 aos 50 anos, e 10% dos 51 aos 60 anos. Observa-se que a faixa etária dos 20 aos 40 anos, a qual representa a maior parte da idade da população economicamente ativa, corresponde a praticamente 80% dos entrevistados, assim pode-se perceber que proporcionalmente o profissional de enfermagem está ativo por mais de 20 anos no mercado de trabalho. Isso está de acordo com pesquisas as quais mostraram que no Brasil o tempo médio de trabalho do enfermeiro é de cerca de 18 anos(13).

Com relação ao tempo de formação como enfermeiro, observou-se que a maioria dos entrevistados (70%) tinha até 10 anos de formação, 20% tinham de 11 a 20 anos e apenas 10% tinham de 21 a 30 anos. Pode-se constatar que a formação de profissionais de enfermagem em nível superior se deu mais enfaticamente a partir de meados da década de 1980, com a aprovação da Lei 7.498/86, conhecida como Lei do Exercício Profissional de Enfermagem, a qual dispõe, entre outras coisas, sobre as ações privativas do enfermeiro. A partir de então, observou-se um incremento na formação de enfermeiros, principalmente nos anos 2000(14).

Cabe, no entanto, salientar que na década de 1980 havia um descontentamento com a profissão por constatação de falta de reconhecimento de status, somado a condições de trabalho ruins e baixos salários(15).

No que se refere ao tempo de trabalho na instituição como enfermeiro, 80% dos entrevistados haviam trabalhado até 10 anos e o restante de 11 a 20 anos (20%).

Como 70% dos entrevistados tinham até 10 anos de formação como enfermeiro, supõe-se que alguns dos participantes tinham trabalhado em outras instituições antes de atuar no hospital em que foi realizada a pesquisa.

Referente às disciplinas estudadas na graduação em Enfermagem, especificamente sobre alguma disciplina que tenha abordado o conteúdo de Administração ou Gestão aplicada à Enfermagem, a grande maioria dos entrevistados (87,5%) respondeu positivamente, enquanto que apenas 12,5% dos entrevistados responderam negativamente. A disciplina de Administração passou a ser obrigatória no currículo mínimo do curso de graduação em Enfermagem através do Parecer nº271/62 do Conselho Federal de Educação. Este parecer foi criado em colaboração pela Comissão de Peritos em Enfermagem, pela Associação Brasileira de Enfermagem e por dezenove diretoras de escolas de enfermagem do país(16).

Porém, a atual Lei 9.394/96, conhecida como Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB) extinguiu o currículo mínimo e garantiu autonomia didática e científica às Instituições de Ensino Superior (IES) para estabelecerem o currículo de seus cursos(17). Em 2001, o Conselho Nacional de Educação (CNE) e a Câmara de Educação Superior (CES) aprovaram a Resolução CNE/ CES 03, a qual determinou as Diretrizes Curriculares Nacionais para o curso de graduação em Enfermagem(18).

Dos 87,5% dos entrevistados que afirmaram terem estudado o conteúdo de Administração ou Gestão aplicada à Enfermagem, a maioria deles (85,7%) afirmou que houve a abordagem sobre planejamento estratégico, tático e operacional.

Quando questionados se a abordagem do assunto foi adequada e suficiente para auxiliá-los no exercício de suas funções enquanto enfermeiros, pouco mais da metade (51,6%) respondeu que sim, seguido de 45,2% que responderam ter sido insuficiente, sendo que para 3,2% tal abordagem teria sido desnecessária. Pode- se notar que mais da metade dos entrevistados cursou alguma disciplina de Administração ou Gestão aplicada à Enfermagem, na qual foi abordado o conteúdo de planejamento estratégico, tático e operacional com uma abordagem adequada e suficiente para o exercício profissional cotidiano. Segundo a Resolução CNE/CES 03/01, a administração e o gerenciamento fazem parte das competências e habilidades gerais que o enfermeiro deve adquirir e desenvolver durante a sua graduação, sendo que estas englobam, entre outras, estar apto a tomar iniciativas; administrar e gerenciar recursos humanos, materiais e informações; ser empreendedor, gestor, empregador ou líder na equipe de saúde(18).

Dos participantes da pesquisa que cursaram a disciplina de Administração aplicada à Enfermagem, quando questionados especificamente em relação ao conteúdo gerenciamento de custos, a maioria deles (74,3%) respondeu que esse assunto foi explanado e 25,7% que o assunto não foi abordado. Dos 74,3% de entrevistados que tiveram o conteúdo de gerenciamento de custos, mais da metade (57,7%) considerou que a abordagem foi insuficiente para auxiliá-los no exercício de suas funções como enfermeiros, enquanto que para 42,3% tal abordagem foi adequada e suficiente. Apesar da maioria dos entrevistados ter afirmado que o conteúdo de gerenciamento de custos foi explanado, mais da metade dos participantes também considerou que sua abordagem não foi suficiente para auxiliar no exercício da profissão. Isto é um reflexo da autonomia garantida pela atual LDB, pois cada IES tem liberdade para construir seu Projeto Pedagógico e estabelecer sua matriz curricular tendo por base a Resolução CNE/ CES 03/01, a qual não apresenta uma definição nem descrição clara e precisa sobre as competências que o enfermeiro deve adquirir e desenvolver durante sua formação. Por isso, as IES têm dificuldades para determinar, desenvolver e avaliar as competências e habilidades dos conteúdos essenciais estabelecidos por tal resolução(19).

Ao serem inquiridos sobre a efetiva participação enquanto enfermeiros no planejamento estratégico da Instituição, 62,5% dos entrevistados responderam negativamente. Dos entrevistados que alegaram participar ou terem participado do planejamento estratégico (37,5%), quando questionados acerca do seu papel em tal planejamento, grande parte deles (60%) não soube explicar sua participação, seguida de 26,6% que participaram na condição de enfermeiros assistenciais, de 6,7% como ouvintes e outros 6,7% como membros do comitê de gerenciamento de riscos.

Pode-se perceber que a maioria dos entrevistados afirmou não participar do planejamento estratégico institucional, sendo que dentre os que participaram a maior parte não soube explicar sua participação. Esta realidade é prejudicial à instituição, que o planejamento estratégico é fundamental para a administração em geral e para o gerenciamento das atividades do enfermeiro nas instituições de serviços de saúde. Através dele pode-se identificar e priorizar problemas institucionais, bem como planejar e executar um conjunto de ações viáveis para resolvê-los(3).

Indagados sobre a importância do conhecimento acerca dos custos assistenciais, parte dos entrevistados (45%) não soube opinar a respeito deste tema, seguida de 15% que afirmaram somente que é importante, sem detalhar a resposta e de outros 15% que relataram ser importante para a diminuição dos custos assistenciais da instituição, controle dos gastos e para geração de lucro.

Segundo 10% dos entrevistados este conhecimento é necessário no controle de recursos financeiros e de recursos materiais, visando à diminuição do desperdício de ambos; para 7,5% melhora a gestão da unidade de internação e a qualidade assistencial; para 5% é necessário para ampliação de conhecimento profissional e para gerar estatísticas quanto aos custos envolvidos, e para 2,5% auxilia no planejamento de recursos humanos. Diante do exposto, observou- se que uma parte significativa dos entrevistados não soube explicar a importância do conhecimento a respeito de custos assistenciais envolvidos, o que pode ser considerado um fator negativo para a instituição. Tal conhecimento é essencial para a sobrevivência e manutenção das instituições de serviços de saúde privadas, haja vista que existe uma alta competitividade entre estas organizações e uma contínua elevação dos gastos com saúde gerada pelo avanço tecnológico na área médica, sendo que o controle destes gastos é ineficiente (20).

Em relação à participação direta no gerenciamento de custos assistenciais, enquanto enfermeiro, a grande maioria dos entrevistados (85%) respondeu que não participa. Foi solicitado aos entrevistados que participam ou participaram do gerenciamento de custos assistenciais (15%) que explicassem como ocorreu a sua participação. A metade deles afirmou não saber opinar a respeito de sua participação, seguida de 33,3% que participaram como enfermeiros assistenciais e de 16,7% que alegaram ter participado através de cursos.

O fato da grande maioria dos entrevistados ter afirmado que não participou do gerenciamento de custos assistenciais e, ainda, a metade daqueles que participaram não saber explicar sua atuação, confirma a suposição de que o enfermeiro não tem visão de gerenciamento de custos hospitalares, nem consciência de que o desempenho de seu trabalho e o de sua equipe influenciam na eficiência da organização(9). A deficiência da visão de gerenciamento de custos por parte dos enfermeiros está relacionada à abordagem insuficiente deste conteúdo durante a graduação, somada ao fato de haver pouca produção científica de enfermagem sobre este assunto publicada no país(9).

Com relação à participação em algum curso envolvendo custos assistenciais, a maioria dos entrevistados (70%) não participou e 30% afirmaram ter participado.

Dos entrevistados que participaram de algum curso nesta área, quando indagados a respeito do motivo que os levou a fazê-lo, grande parte (41,7%) afirmou considerar relevante para sua área de atuação enquanto enfermeiro, seguidos de 25% que participaram por se interessar ou por gostar do assunto, de outros 25% por utilizar no seu exercício profissional cotidiano e de 8,3% por incentivo da instituição onde trabalham. Como a maioria dos enfermeiros não desenvolve totalmente suas competências gerenciais durante a graduação, é importante que este profissional tenha interesse em adquiri-las, desenvolvê-las e aperfeiçoá- las continuamente, o que pode ser feito através da educação permanente, por meio de cursos de atualização, capacitação ou especialização na área(9).

Dos entrevistados que não realizaram nenhum curso envolvendo custos assistenciais (70%), quando questionados a respeito do motivo de não terem realizado, parte deles (35,7%) afirmou não ter realizado por não se interessar ou por não gostar do assunto, seguida de 32,1% por falta de tempo livre, de 28,6% por falta de recursos financeiros e de 3,6% por não considerar relevante para sua área de atuação enquanto enfermeiro. Dentre os participantes que não realizaram nenhum curso nesta área, a grande maioria (75%) não gostaria de realizar futuramente e somente 25% responderam o contrário. Dos entrevistados que gostariam de realizar futuramente algum curso envolvendo custos assistenciais (25%), quando questionados a respeito do motivo que os levou a querer realizá-lo, a grande maioria (85,7%) relatou que gostaria de fazê-lo por considerar relevante para sua área de atuação como enfermeiro, enquanto que 9,5% afirmaram que pretendem realizá-lo por se interessar ou por gostar do assunto, e 4,7% por utilizar na sua atuação profissional. O aperfeiçoamento da competência gerencial do enfermeiro depois do término da graduação depende principalmente do interesse pessoal do profissional. A falta de interesse pode estar relacionada à complexidade desta competência e às dificuldades encontradas pelo enfermeiro no exercício gerencial cotidiano(9).

Quando inquiridos sobre a relação entre gerenciamento de custos assistenciais e sustentabilidade, 55% dos entrevistados não souberam opinar a respeito desta relação, enquanto que para 12,5% o gerenciamento de custos adequado condições para que a instituição seja sustentável, pois faz com que os gastos relacionados à assistência sejam suficientes para que a mesma seja de qualidade, mas também os menores possíveis para que haja lucro. Para 10% dos participantes, o gerenciamento de custos assistenciais é uma forma de controlar gastos e gerar lucro, sendo que para outros 10% o gerenciamento de custos adequado reduz os gastos e contribui para preservação dos recursos naturais.

Dos entrevistados, 7,5% expuseram que o gerenciamento de custos adequado diminui o desperdício de recursos materiais e financeiros, permitindo que a instituição invista em tecnologia e em mão de obra especializada, enquanto que para 5% tal gerenciamento é um modo de planejar e controlar custos. A eficiência do gerenciamento de custos garante que a organização privada de serviços de saúde tenha um desenvolvimento econômico sustentável, ou seja, que assegure sua manutenção e a continuidade de seus negócios por longo período de tempo(8).

Questionados a respeito da capacidade do profissional enfermeiro de participar efetivamente no gerenciamento de custos assistenciais, a maioria dos entrevistados (60%) respondeu positivamente, sem detalhar a resposta, sendo que 12,5% não souberam opinar a respeito deste tema, seguidos de 7,5% que responderam que o enfermeiro é um profissional capacitado por ter visão administrativa, que coordena um setor e uma equipe e ainda está diretamente ligado à assistência ao cliente. Outros 7,5% expuseram que o enfermeiro é capacitado desde que tenha conhecimento sobre o assunto e saiba aplicá-lo no exercício de sua função, enquanto que para 5% o enfermeiro possui esta capacidade, mas deve estar voltado integralmente para o trabalho gerencial.

Também 5% responderam positivamente, mas afirmaram que o enfermeiro deve ter realizado um curso de especialização na área antes de assumir esta função e apenas 2,5% alegaram que o enfermeiro não é um profissional capacitado para tanto. O enfermeiro é um profissional capacitado para participar do gerenciamento de custos assistenciais, que atua em todas as unidades de serviço da instituição e mantém contato direto com os pacientes por maior tempo (5).

Quando indagados sobre a importância da participação do enfermeiro no gerenciamento de custos assistenciais, dos 97,5% dos participantes que expuseram que o enfermeiro é um profissional capacitado para tal atividade, parte significativa dos entrevistados (30,7%) não soube opinar a respeito desta importância, sendo que para 23,1% a atuação do enfermeiro condições para que haja diminuição dos custos assistenciais, que é o profissional que mais conhece a necessidade dos pacientes e os produtos hospitalares utilizados na sua assistência. Outros 23,1% afirmaram que essa participação é importante, porque o enfermeiro é o profissional que está diretamente ligado à assistência e conhece melhor o setor onde trabalha, enquanto que 12,8% relataram que essa participação é imprescindível, pois este profissional tem papel fundamental no gerenciamento de custos assistenciais. Para 7,7% o enfermeiro exerce papel de agente de mudanças no alcance de resultados positivos, buscando o equilíbrio entre custos e a qualidade da assistência, e 2,6% opinaram que a importância dessa participação está relacionada à diminuição dos custos e à redução de impactos ambientais. A efetiva participação do enfermeiro no processo gerencial é indispensável para assegurar uma assistência com maior eficiência, haja vista que a enfermagem representa significativa porcentagem entre os profissionais atuantes no hospital e é responsável por gerenciar a assistência em sua totalidade(6).

CONCLUSÃO Conclui-se que apesar da maioria dos entrevistados ter afirmado que os conteúdos de Administração e Gestão aplicada à Enfermagem, abordando os níveis de planejamento organizacional e de gerenciamento de custos assistenciais foram oferecidos durante a sua graduação em Enfermagem, estes conteúdos foram insuficientes para auxiliá-los no exercício de suas funções enquanto enfermeiros, além de não haver preocupação com a educação permanente. Essa carência de conhecimento limita a atuação do enfermeiro, compromete o status da profissão, mostra que este profissional não participa do planejamento institucional, não possui visão de gerenciamento de custos hospitalares e não tem consciência de que o desempenho de seu trabalho e o de sua equipe influencia na eficiência da organização.


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