Instrumento para avaliação da qualidade do Time de Resposta Rápida em um
hospital universitário público
INTRODUÇÃO
No Brasil ocorre um crescimento do número de Times de Resposta Rápida (TRR) em
hospitais terciários, pois garantir a segurança do paciente internado é hoje um
dos principais desafios da gestão da qualidade na área da saúde(1). O TRR teve
início na Austrália em 1991 e consiste em uma equipe multidisciplinar com
abordagem no tratamento intensivo do paciente com sinais de agravamento clínico
na unidade de internação, por meio de códigos estabelecidos para acionar o
serviço. É projetado para fornecer, em tempo hábil, os recursos adequados e
necessários para evitar ou reduzir a probabilidade de uma piora do quadro
clínico ou risco de morte iminente para o paciente(2).
A saúde tem a extrema necessidade de buscar constantemente a excelência em suas
atividades, pois um erro não resulta apenas em prejuízo, já que pode acarretar
na perda de vidas. Nesse sentido, junto do desejo de melhoria contínua nos
serviços, as organizações de saúde estão cada vez mais preocupadas com a
qualidade em suas estruturas e processos(3).
Assim, os serviços de saúde iniciaram o engajamento no movimento pela qualidade
já existente em outras áreas de atuação. Avedis Donabedian absorveu da teoria
de sistemas a noção de indicadores de estrutura, processo e resultado, que se
tornaram clássicos nos estudos de avaliação da qualidade do atendimento
hospitalar em saúde(4).
O indicador estrutura corresponde à forma como a organização se apresenta em
relação aos recursos físicos, humanos, materiais, equipamentos, normas,
rotinas, sistema de valores e expectativas; são as características
relativamente estáveis e necessárias ao processo assistencial. O processo
relaciona-se à maneira como a assistência é prestada aos clientes, segundo
padrões técnico-científicos estabelecidos e aceitos cientificamente. O
resultado, por sua vez, corresponde às consequências das atividades realizadas
nos serviços de saúde, ou pelos profissionais envolvidos(5).
Embora exista uma série de dificuldades para avaliar a qualidade na área da
saúde, há unanimidade entre os gestores de que é necessário escolher sistemas
de avaliação e indicadores de desempenho institucionais adequados para apoiar a
administração dos serviços e propiciar a tomada de decisão com o menor grau de
incerteza possível(6).
O movimento pela qualidade nos serviços de saúde é hoje uma necessidade
incorporada à gestão entre diversas áreas inter-relacionadas, a fim de
assegurar a assistência livre de riscos ao usuário. A concentração de esforços
em direção aos objetivos propostos leva à melhoria contínua desta assistência,
com necessidades e implicações na conscientização de toda a equipe quanto à sua
importância e ao valor de suas ações. Dessa forma, comprometimento, cooperação,
dedicação e aprimoramento contínuos na área da saúde deverão conduzir aos
resultados desejados para o paciente e para os profissionais(5).
A qualidade em saúde tornou-se um imperativo, e é a marca da modernidade.
Porém, para que seja alcançada, é preciso que ocorra a sistematização de todas
as suas práticas e processos. O uso de instrumentos de medida na busca pela
melhoria dos indicadores para o alcance da alta produtividade, humanização e
baixo custo podem fornecer indicações práticas e válidas sobre o nível de
qualidade da assistência prestada, e acrescentam que o desenvolvimento e
aplicação de métodos contínuos para avaliação da qualidade dos serviços
prestados à saúde é uma prioridade de pesquisa(3,7).
Em virtude da escassez de um instrumento específico para avaliação da qualidade
de um serviço denominado Time de Resposta Rápida (TRR), cujo objetivo é o
atendimento imediato do paciente que se torna crítico na unidade de internação,
ou seja, ambiente externo à unidade de terapia intensiva(8), o objetivo desta
pesquisa foi o de elaborar um instrumento para avaliação da qualidade dos
aspectos inerentes a percepção do enfermeiro quanto à estrutura, ao processo e
ao resultado, dos serviços prestados pelo Time de Resposta Rápida em um
Hospital Universitário Público.
METODOLOGIA
Trata-se de uma pesquisa exploratória e descritiva, de abordagem quantitativa.
O estudo foi realizado no Hospital Universitário de Londrina-PR (HUL), órgão
suplementar da Universidade Estadual de Londrina (UEL).
Foram convidados para atuar como avaliadores do questionário quinze
profissionais, sendo dez enfermeiros e cinco docentes da área da saúde. Para a
seleção da amostra de enfermeiros foram utilizados os seguintes critérios: ter
nível relevante de experiência profissional de no mínimo cinco anos na área de
enfermagem clínica e/ou cirúrgica ou ainda, no cuidado ao paciente crítico
adulto e atuar junto à instituição de saúde vinculada ao estudo.
Para a seleção da amostra de docentes foram utilizados os seguintes critérios:
atuar há mais de cinco anos nos Cursos de Graduação em Medicina, Enfermagem ou
Fisioterapia, do Centro de Ciências da Saúde (CCS) da UEL, e estar inserido em
programas de pós-graduação stricto sensu.
O período de coleta de dados ocorreu no mês de março de 2012, sendo divididos
em duas etapas. Na primeira etapa foi entregue a proposta do questionário
inicial aos enfermeiros e a segunda etapa constituiu na distribuição do
questionário após reformulações dos enunciados sugeridos pelo grupo de
enfermeiros aos especialistas docentes. O questionário foi acompanhado de um
Termo de Consentimento Livre e Esclarecido esclarecendo sobre os objetivos da
pesquisa, bem como as atividades solicitadas.
O questionário inicial foi composto por três partes. A primeira parte constava
de itens referentes à identificação, área de atuação e qualificação
profissional dos especialistas. A segunda parte constava do roteiro,
fundamentado no modelo conceitual de Donabedian, com questões sobre a percepção
do entrevistado a respeito de indicadores de estrutura, processo e resultado. O
indicador estrutura corresponde aos recursos físicos, humanos, materiais,
equipamentos, normas, rotinas, sistema de valores e expectativas; o processo
relaciona-se às percepções dos enfermeiros de como a assistência está sendo
prestada aos usuários do serviço de saúde, segundo padrões técnico-científicos
estabelecidos e aceitos cientificamente; o resultado corresponde às
consequências das atividades realizadas nos serviços de saúde, ou pelos
profissionais envolvidos(4).
O objetivo do questionário foi contemplar as dimensões representativas que mais
impactam no atendimento de um Time de Resposta Rápida. As atividades
desenvolvidas pelo TRR descritas na literatura e vivência do pesquisador no
serviço de urgência/emergência da instituição em estudo subsidiaram a
elaboração dos enunciados em cada indicador.
A proposta do questionário inicial contou com oito proposições na dimensão
estrutura, quinze em processo e nove proposições em resultado, totalizando
trinta e dois enunciados. Foi solicitado ao especialista responder se cada
enunciado avaliaria uma característica ou dimensão do indicador pesquisado. A
partir do momento em que o especialista julgasse não concordar com o enunciado
havia espaço para descrição de sua sugestão, bem como, um campo para construção
de novos enunciados nos três indicadores.
A terceira parte do questionário constava de três colunas em branco para
descrição das potencialidades, fragilidades e sugestões sobre o serviço em
estudo. Os questionários foram entregues, pelo pesquisador, sendo estabelecido
um prazo de dez dias para o retorno.
Foi aplicada a técnica Delphi que consiste em uma ferramenta de pesquisa que
busca consenso de opiniões de um grupo de especialistas a respeito de um
problema complexo, com possibilidade de revisão das percepções individuais
acerca do fenômeno estudado, com base em representação estatística. O
procedimento para sua aplicação inclui a circulação do questionário, repetidas
vezes, por um painel de especialistas. Esta dinâmica confere ao instrumento
avaliado a consolidação do julgamento intuitivo dos especialistas. Em geral com
duas ou três rodadas entre grupos participantes obtém a finalidade da redução
do nível de divergência, de modo que se atinja a previsão do grupo, sem que
haja a necessidade de um painel de discussões(9).
Estabelecer o nível de consenso durante a técnica Delphi é tarefa reservada ao
pesquisador e deve ser arbitrário e decidido antes da análise dos dados
coletados. Para o estabelecimento dos resultados no índice de concordância
padronizado no estudo (valor igual ou maior a 80%), foram necessárias duas
fases da técnica Delphi. O questionário em sua versão final com as
contribuições dos especialistas foi submetido à correção da língua portuguesa
por docentes do Departamento de Letras da UEL.
A inclusão dos participantes da pesquisa obedeceu à Resolução nº 196/96 do
Conselho Nacional de Saúde do Ministério da Saúde, que dispõe sobre Diretrizes
e Normas regulamentares da pesquisa envolvendo seres humanos. O projeto foi
apreciado e aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) do referido
hospital, conforme folha de rosto n° 443992, CAAE n°. 0184.0.268.268-11 e
parecer CEP/ UEL n° 213/2011. Com relação à autorização do sujeito da pesquisa,
o mesmo foi obtido por meio do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido,
sendo garantida a todos a liberdade de participarem ou não e de desistirem no
momento que desejassem. Foram assegurados o sigilo dos dados e o anonimato na
identificação.
RESULTADOS
A maioria da amostra foi composta por especialistas do sexo feminino (93,33%).
A faixa etária variou de 31 a 60 anos, observando-se que os enfermeiros
apresentaram média de idade de 44,4 anos, com desvio padrão de ± 5,8 anos,
enquanto os docentes apresentaram média de idade de 49,8 anos com desvio padrão
de ± 6,3 anos. Verificou-se que 60% do total de especialistas possuíam o título
de doutor e, quanto ao tempo de experiência profissional, 60% da amostra
apresentavam entre 21 e 35 anos. O grupo apresentou índice elevado de tempo
profissional e forneceu contribuições valiosas e criteriosas para a elaboração
do instrumento. Todos os 15 especialistas que compuseram a amostra devolveram
os questionários no prazo determinado.
APRECIAÇÃO DOS ESPECIALISTAS
A técnica Delphi foi aplicada em duas fases para se alcançar consenso sobre a
estrutura e o conteúdo da segunda versão do instrumento.
Fase Delphi 1
Quanto ao indicador estrutura, dos oito enunciados avaliados pelo grupo de
especialistas enfermeiros, seis (75%) sofreram reformulações quanto a ideia/
estrutura e apenas dois (25%) alcançaram índice de concordância ≥ 80%. Foi
acrescido um enunciado nesta categoria que foi submetido a avaliação
posteriormente pelo segundo grupo de especialistas. A menor concordância foi
encontrada no item n°. 4 com percentuais de 30% e versava sobre os recursos
humanos na equipe de enfermagem para prestar o cuidado ao paciente atendido
pelo Time de Resposta Rápida. Os autores deste trabalho chamam a atenção que
devido à implantação do serviço de resposta rápida em hospitais constituir um
serviço relativamente novo no Brasil, ainda não dispõe de um dimensionamento
descrito por parte dos órgãos fiscalizadores de enfermagem para quantificar o
trabalho e horas necessárias para os cuidados prestados ao paciente crítico
atendido por este serviço. O percentual de concordância variou de 30% a 80%
nesta dimensão.
Quanto ao indicador processo, houve 15 enunciados, dos quais 11 (73,33%)
alcançaram o índice de concordância padronizado pelos autores; quatro (26,67%)
sofreram reformulações e houve a adição de cinco novos enunciados.
Quanto ao indicador resultado, inicialmente constavam nove enunciados, dos
quais três (37,50%) atingiram índices de concordância proposto, cinco (62,50%)
sofreram reformulações e houve a exclusão de um enunciado por não estar em
concordância com a atividade desenvolvida segundo protocolo de atendimento do
Time de Resposta Rápida. O menor índice de concordância neste indicador foi o
item n°. 2, que abordava se o enfermeiro da unidade temia receber críticas pela
equipe e/coordenação do serviço após acionar o serviço para o atendimento do
paciente que não atendia aos critérios estabelecidos pelo protocolo da
instituição.
Fase Delphi 2
As apreciações dos especialistas na fase 1 embasaram a adequação da segunda
versão do questionário, constituído agora por 37 enunciados, ante 32 da
proposta inicial. A seguir, foi iniciada a segunda fase, em que foi entregue o
questionário ao grupo de especialistas docentes. Após a devolução e tabulação
dos questionários houve um índice de concordância de 91% para o indicador
estrutura, 98% para processo e 95% para o indicador resultado. Nesta etapa não
houve adição ou exclusão de qualquer item nos três indicadores. Valores
elevados de concordância revelam que a pesquisa embasou a consolidação do
questionário, excluindo a necessidade de uma terceira fase devido ao consenso
ser alcançado.
Em síntese, o questionário inicial proposto pelos autores ao final da
apreciação pelos especialistas enfermeiros (Grupo 1) demonstrou índices de
concordância inferiores ao padronizado na pesquisa, no que referia aos
indicadores estrutura e resultado. Após a avaliação pelos enfermeiros, o
instrumento foi submetido a um novo grupo de especialistas (Grupo 2), pois
optou-se por trabalhar com grupos heterogêneos de profissionais para aumentar o
rigor da avaliação. Em virtude desta ação, a obtenção dos índices ao término da
técnica Delphi foram satisfatórios para a consolidação do instrumento.
Ressalta-se que mesmo obtendo 84% de índice de concordância no indicador
processo durante a fase Delphi 1, os autores também submeteram este indicador
ao Grupo 2, constatando-se melhora significativa deste valor, conforme
evidenciado na Tabela_1.
Tabela 1 Distribuição percentual dos índices de concordância dos especialistas
segundo elementos do modelo conceitual de Donabedian, aplicados ao instrumento
de avaliação da qualidade do Time de Resposta Rápida, Londrina-PR, 2013
Especialistas % de Concordância
Estrutura Processo Resultado
Grupo 1 - Enfermeiros (Fase 1) 65 84 62
Grupo 2 - Docentes (Fase 2) 91 98 95
DISCUSSÃO
O questionário elaborado (Apêndice_A), considerado em sua versão final após
submissão ao painel de especialistas, obteve uma reestruturação passando a
contabilizar trinta e sete enunciados, assim divididos: nove proposições em
estrutura, vinte em processo e oito em resultado.
Ao conduzir a análise de conteúdo, o questionário sofreu ajustes
significativos, quanto à clareza do enunciado, pertinência e organização das
proposições. Ao término do tratamento estatístico obtiveram-se índices de
concordância nas três dimensões que variaram entre 91% a 98%, valores estes
superiores ao que padroniza a literatura científica, onde deve haver variações
finais entre 50% a 80%(9), o que demonstra que o questionário pode ser
utilizado medindo com acurácia aquilo que se propôs.
De fato, valores desta ordem de grandeza são considerados altamente
satisfatórios para os fins a que estas escalas se destinam. Assim, é previsível
que, em contextos institucionais com características semelhantes ao cenário do
estudo, o instrumento possa ser utilizado para o levantamento das tendências de
qualidade no serviço de saúde.
A apreciação por um painel de especialistas torna o instrumento passível de
adições e/ou extrações de enunciados em sua elaboração. O indicador estrutura
obteve índice na fase Delphi 1 de apenas 65% e 91% na fase 2, sendo acrescido
de uma proposição, totalizando nove enunciados. Pesquisa realizada com 32
farmacêuticos da rede pública da macro e microrregião de Fortaleza-CE, com a
finalidade de obter os indicadores adequados à realidade local para avaliação
da assistência farmacêutica, utilizando a trilogia de Donabedian e a técnica de
consenso Delphi, apontou que houve um aumento de sete indicadores na dimensão
estrutura após o término da aplicação da técnica Delphi, totalizado 40 itens
(10).
O indicador processo foi o único da tríade a obter o valor de consenso acima do
padronizado pela pesquisa e também o maior número de adições de enunciados ao
final do método de consenso, de 15 para 20 itens. Em estudo realizado sobre a
construção de indicadores da qualidade do cuidado prestado pela Enfermagem na
prevenção de eventos adversos em uma unidade médico-cirúrgica, com o uso da
técnica Delphi, encontrou-se resultados semelhantes aos propostos nesta
pesquisa, havendo a ampliação de 32 para 49 itens de verificação quanto à
qualidade do cuidado de enfermagem(11).
Em pesquisa realizada para validação dos cuidados prescritos por enfermeiros
aos pacientes ortopédicos em um hospital da região sul do país, os autores
relataram que a técnica Delphi demonstrou ser adequada à proposta de estudo,
economicamente viável e possibilitou a participação de profissionais altamente
qualificados em uma temática na qual a pesquisa é ainda incipiente(12).
Vale ressaltar ainda, dentro do tema de elaboração de instrumento para
avaliação da qualidade de serviços de saúde, outro estudo que relata a
construção de um instrumento para mensuração de atitudes dos enfermeiros que
realizam avaliações de desempenho profissional, em um Hospital Universitário na
cidade de São Paulo, em que os autores afirmam que a finalidade do emprego da
construção do instrumento assegura clareza dos enunciados e, ao trabalhar com
escalas, os pesquisadores devem preocupar-se em empregá-las bem, pois uma
escala confiável deve produzir resultados consistentes e coerentes,
proporcionando um diagnóstico local do estudo, além de trazer à tona vários
novos questionamentos(13).
O pesquisador ao aplicar o instrumento ao objeto de investigação deve estar
atento à confiabilidade e estabilidade do mesmo e demonstrar que, se aplicado
novamente à mesma população, apresentará os mesmos resultados, como uma
balança, apontando o mesmo peso em mensurações diferentes de um mesmo objeto.
Para o indicador resultado, verifica-se que foi o item que melhor pontuou após
a aplicação da técnica Delphi, com valor do índice de concordância variando de
62% para 95% ao final da análise.
Em estudo realizado em São José do Rio Preto-SP, houve a necessidade de
reelaborar um instrumento de classificação de pacientes quanto aos cuidados
individualizados ao cliente adulto, pois na fase inicial de elaboração do mesmo
o instrumento parecia não retratar a complexidade do paciente. Assim houve a
necessidade da reaplicação da técnica Delphi em três fases para posterior
aplicação do instrumento, no intuito de demonstrar os resultados de
classificação de pacientes, quanto aos conteúdos das áreas de cuidados na nova
proposta do instrumento(14).
Estudo realizado no campo da tecnovigilância hospitalar, para a construção de
instrumento para a avaliação de produto médico-hospitalar por meio da técnica
Delphi, baseou-se na necessidade de se obter um modelo validado para amplo uso
nas instituições de saúde e que fosse capaz de subsidiar uma das etapas de
aquisição desse produto. O instrumento desenvolvido na pesquisa foi adequado
para avaliar o produto e trouxe a possibilidade de aplicar a metodologia na
avaliação de outros produtos médico-hospitalares contribuindo para a
qualificação e a segurança na utilização. Os autores enfatizam a importância da
criação de instrumento que possa validar esse processo, de forma a verificar
precocemente as necessidades de adaptação ou reformulação, de acordo com
diferentes realidades que dele se utilizam(15).
Faz-se importante mencionar as limitações deste estudo, entre elas a não
inclusão de indicador relativo ao aspecto interativo entre o Time de Resposta
Rápida e o paciente na dimensão resultado. Realmente, este é um aspecto
extremamente importante, porém, não foi vislumbrado no desenvolvimento deste
estudo em razão de que em diversos cenários o paciente encontra-se com seu
quadro clínico agravado, por muitas vezes permanecer em ventilação mecânica,
com estado neurológico alterado ou apresentando outros sinais e sintomas que o
tornava impossibilitado de avaliar sua percepção sobre o serviço que tem como
objetivo atender o cliente no estado de urgência clínica ou instabilidade
hemodinâmica.
CONCLUSÕES
Em se tratando de pesquisas avaliativas, a utilidade de criar um instrumento
com enunciados referentes à percepção dos enfermeiros sobre a avaliação da
estrutura, processo e resultado é sempre um assunto de relevância. Sendo assim,
pretendemos contribuir com uma proposta de questionário para a avaliação
subjetiva do serviço e, com os resultados, subsidiar a tomada de decisões para
o melhor benefício das práticas nas instituições hospitalares. Elaborar um
questionário simplificado, objetivo e direcionado às necessidades mais urgentes
de intervenção possibilita instrumentalizar os gerentes em razão de que os
resultados encontrados funcionam como marcadores da qualidade, os quais
subsidiam a elaboração e reajuste de metas na busca pela melhor qualidade
possível.
Esperamos que a experiência aqui compartilhada estimule outros grupos de
investigação a conduzir e testar suas próprias inovações que venham a
contribuir para uma ciência viva e criativa. Cabe destacar, porém, que
investigações desta natureza podem requerer outras complementações teóricas,
bem como fundamentar discussões que incitem o seu aprimoramento e a submissão a
validação do mesmo, pois os instrumentos de avaliação muitas vezes não esgotam
todo o arcabouço conceitual subjacente às questões envolvidas na área de
qualidade dos serviços de saúde.
Apêndice A
Questionário para Avaliação da Qualidade no Atendimento do Time de Resposta
Rápida em Hospital Universitário Público
Parte 1 Caracterização dos Enfermeiros TRR
Parte 2 Questionário para Avaliação da Qualidade do TRR
ESTRUTURA SIM NÃONÃO SE
APLICA
1. O enfermeiro é o principal responsável em acionar o TRR, pois se apresenta 2
horas ao lado do paciente.
2. Os materiais permanentes (monitor de pressão arterial não invasivo,
cardioscópio, oxímetro de pulso, desfibrilador, ventilador mecânico, aspirador
de secreções, glicosímetro, bomba de infusão, rede de gases, dentre outros) são
suficientes e disponíveis quando solicitados pelo TRR.
3. Os materiais de consumo médico-hospitalar (equipos de infusão, dispositivos
agulhados, medicamentos, materiais para intubação, dentre outros) são de
quantidades suficientes para o atendimento aos pacientes assistidos pelo TRR.
4. Os pacientes atendidos pelo TRR na unidade dispõem de recursos na equipe de
enfermagem capacitados e em número suficiente para prestar o atendimento
necessário.
5. O carro de emergência da unidade possui os materiais e equipamento
necessários, conforme protocolo adotado na instituição, para o atendimento dos
pacientes pelo TRR.
6. O manual/protocolo de rotinas sobre o TRR está disponível e tem fácil acess
na unidade.
7. A estrutura física da unidade proporciona um atendimento seguro e eficaz (sem
rampa, portas amplas, espaço adequado entre leitos, iluminação, rede elétrica
rede de gases, bancada para monitor/bomba infusão) aos pacientes atendidos pelo
TRR.
8. Existe na instituição um local exclusivo para a realização de reuniões
técnicas ou de pesquisa do TRR.
9. Há na instituição um enfermeiro exclusivo para atuação junto ao TRR.
PROCESSO SIM NÃONÃO SE
APLICA
1. A decisão em acionar o TRR depende exclusivamente dos sinais de deterioraçã
clínica estabelecidos nos códigos azul e amarelo.
2. O TRR também deve ser acionado quando o enfermeiro da unidade está preocupado
com alguma alteração no paciente, independente dos sinais vitais apresentarem-s
estáveis.
3. A equipe do TRR, quando solicitada, comparece em até 3 minutos para início d
atendimento ao paciente em código azul.
4. A equipe do TRR, quando solicitada, comparece em até 5 minutos para início d
atendimento ao paciente em código amarelo.
5. Durante um evento de código azul ou amarelo na unidade, ocorre facilidade em
acionar/ localizar o TRR na instituição.
6. O TRR realiza visitas no período da manhã e da tarde aos pacientes em demand
reprimida na unidade.
7. O TRR participa no estabelecimento do plano de tratamento dos pacientes
críticos na unidade.
8. O TRR discute diariamente o plano de assistência prestada com os
profissionais (enfermeiro, médico plantonista, médico residente) da unidade
envolvidos no atendimento aos pacientes em demanda reprimida ou classificados
nos códigos azul e amarelo.
9. O enfermeiro do turno conhece as condições clínicas de todos os pacientes
atendidos/ acompanhados pelo TRR na unidade sob sua supervisão, assim como as
condutas e tratamentos prescritos.
10. O TRR desenvolve ações educativas, capacitando novas equipes do TRR para o
atendimento a pacientes críticos nas unidades.
11. O TRR desenvolve ações educativas à equipe de enfermagem nas unidades de
atuação.
12. Os dados provenientes dos atendimentos realizados pelo TRR são utilizados
como indicadores de qualidade e/ou segurança nas unidades.
13. O TRR possui grupo de pesquisa/estudo formado pela equipe do TRR e por
profissionais das unidades.
14. É fundamental o acompanhamento dos pacientes críticos em demanda reprimida
pelo TRR, devido à dificuldade de transferência imediata para a Unidade de
Terapia Intensiva.
15. Ocorre uma comunicação efetiva entre o médico do TRR e o médico da clíni
titular nas condutas sugeridas aos pacientes.
16. O TRR se comunica com o enfermeiro ao realizar visita aos pacientes nas
unidades.
17. A comunicação entre membros do TRR e o enfermeiro da unidade é efetiva,
clara e objetiva.
18. Os profissionais do TRR são acessíveis para o atendimento dos códigos
amarelo e azul e ou demanda reprimida.
19. O enfermeiro da unidade acompanha o atendimento do código azul durante o
período total de atendimento, juntamente com os profissionais do TRR.
20. O enfermeiro da unidade acompanha o atendimento do código amarelo durante o
período total de atendimento, juntamente com os profissionais do TRR.
RESULTADO SIM NÃONÃO SE
APLICA
1. Com o atendimento do médico titular e do TRR prestado concomitantemente,
tenho maior segurança na execução da assistência de enfermagem prestada na
unidade sob minha supervisão.
2. Enquanto enfermeiro tenho receio de receber críticas da instituição ou do
coordenador do TRR, ao acionar a equipe do serviço, quando os pacientes não
atendem aos critérios estabelecidos pelo protocolo.
3. O atendimento diferencial proposto pelo TRR ao paciente em demanda reprimida
e/ou acompanhado por 72 horas após a alta da Unidade de Terapia Intensiva
melhora a assistência prestada aos pacientes.
4. É fundamental implantar o atendimento do TRR no período noturno na
instituição.
5. A atuação do TRR reduz o risco de deterioração clínica dos pacientes nas
unidades.
6. A atuação do TRR reduz a taxa de mortalidade dos pacientes em código azul,
amarelo ou demanda reprimida.
7. O TRR e a equipe de enfermagem da unidade sob minha supervisão possuem um bom
relacionamento interpessoal.
8. A instituição ou o coordenador do TRR fornecem mensalmente os resultados dos
atendimentos realizados nas unidades.
Parte 3 Considerando sua experiência na Unidade com o TRR, aponte
potencialidades, fragilidades e sugestões sobre o atendimento do TRR
Potencialidades Fragilidades Sugestões