Música, raça e preconceito no ensino fundamental: notas iniciais sobre
hierarquia da cor entre adolescentes
A música, esse amálgama de letra e melodia, compõe a vida da sociedade
contemporânea. Ela não somente constitui uma forma de expressão artística, mas
também uma modalidade de entretenimento e um ramo da economia, a indústria da
música, envolvendo uma legião de profissionais e rendendo dividendos
portentosos. Como manifestação artística, a música pode ser entendida como uma
criação híbrida que, congregando melodia e poesia, divide-se em gêneros e
subgêneros diversos o erudito (câmera, ópera, sinfônica), o popular (rock,
gospel, samba).1 Não obstante, no tempo atual, a música, especialmente a
denominada popular, tem uma função importante na indústria: o consumo
massificado e imediato.
Uma dimensão desse aspecto é o que se pretende tratar, isto é, o consumo da
música pelos adolescentes2 como uma chave para a compreensão desse grupo etário
e de uma das dimensões de sua vida: a leitura que fazem da hierarquia da cor e
a forma como se percebem nela, perscrutando-se de que forma a preferência
manifestada por adolescentes que cursam o ensino fundamental permite entrever a
relação que estabelecem com esse significante social brasileiro ' a cor.
Mas, por que a música? O trato com o universo adolescente não é fácil. A
dificuldade ' que fique bem entendido ' é se fazer aceito, de modo a poder
realizar uma etnografia da adolescência. Por outro lado, a questão, desde a
partida, foi a compreensão do quanto a escola contribui para a formulação de
visões de mundo.3 A música pareceu o caminho por meio do qual se teria acesso
às formulações daquele grupo etário, a partir do seu consumo e da identificação
com esse ou aquele gênero ou essa ou aquela canção. Sob a inspiração de um
conjunto de trabalhos que analisou o lugar ocupado pela música na vida de
adolescentes e jovens da periferia de grandes cidades brasileiras, partiu-se da
premissa de que a música (entendida como um amálgama de letra e melodia)
expressa valores, tradições e posicionamentos.
Supondo-se que a música pode ser percebida por meio da compreensão do conceito
de campo,4 é possível considerar-se o consumo musical como uma fonte para a
reflexão sobre os significados que os adolescentes atribuem àquela hierarquia e
como se inserem nela. Esse consumo viabiliza, ainda, a reflexão sobre o impacto
que o saber escolar5 exerce sobre suas visões de mundo e sobre a lógica que
organiza as relações sociais que estabelecem entre si.
Uma questão exige esclarecimento. Ela diz respeito à consideração da
preferência musical de adolescentes, expressa pela indicação de músicas com as
quais se identificam, como meio de análise da visão que estabelecem sobre o
mundo e da apropriação que fazem do saber escolar relativo à questão étnico-
racial. Sendo a escola um espaço que reúne jovens de origem social diversa,
cabe a consideração sobre o estatuto da música como meio de expressão do que
pensam e como fonte a partir da qual se podem elaborar certas generalizações.
Desde a difusão dos meios de comunicação e da popularização do acesso à música
(tanto por meios legais, quanto por meio da pirataria), a preferência musical
deixou de ser um índice concreto de distinção social.6 Segundo os dados
reunidos, as preferências por essa ou aquela música não são determinadas ou
condicionadas pela situação social do adolescente. Um exemplo disso pode ser
percebido em relação ao gênero brega
7_à_variedade_de_subgêneros_e_"correntes"_desse_movimento_musical_no_Pará.>_e_à
variedade_de_subgêneros_e_"correntes"_desse_movimento_musical_no_Pará.8
Originalmente_um_gênero_popular,_restrito_à_periferia_da_cidade_de_Belém,_ele
passou_a_ser_consumido_por_todas_as_camadas_sociais.
A música detém um caráter simbólico que parece diluir as fronteiras sociais,
pelo menos no que diz respeito a certos aspectos da visão de mundo construída.
Não obstante, ela também se presta ao estabelecimento de identificações, em
especial entre adolescentes, como é o caso das bandas reconhecidas como emo-
pop,9 especialmente consumidas pelos adolescentes que se identificam como emos.
Isso é o considerar as preferências musicais compartilhadas como uma expressão
da identidade10 adolescente, sem prejuízo de sua diversidade.
A reflexão apresentada a seguir é resultado da análise preliminar de dados de
uma pesquisa em andamento. Para este artigo, analisam-se os dados recolhidos em
uma amostra constituída de 222 estudantes da faixa etária de nove a quinze
anos, do turno matutino de uma escola privada de ensino fundamental da cidade
de Belém. As considerações a seguir são resultado desse contato preliminar, em
meio ao levantamento de dados em outras escolas.
A problemática
Durante o final dos anos 1970 e por toda a década de 1980, as estruturas
sociais e educacionais brasileiras tornaram-se objeto de análises de diversos
intelectuais, especialmente do campo das humanidades. Os processos de transição
democrática pelos quais passava o país foram determinantes para a emergência
desses debates. Os discursos sobre educação manifestavam perspectivas diversas
sobre o lugar da escola. Os de maior repercussão defendiam a escola como um
instrumento fundamental para o processo de (re)democratização da nação. Desse
modo, o discurso pedagógico produzido naquele período esteve voltado para o
enfrentamento da crise do modelo social, político e educacional implantado, a
partir de 1964, pelos governos autoritários,11 visto como promotor da exclusão
social, tornada evidente pelo censo demográfico de 1976.
De acordo com a crítica emergente nos anos 1980, as décadas em que o Brasil
esteve sob a égide da ditadura militar assistiram ao assalto do universo
educacional pelas teorias do chamado Capital Humano e do Tecnicismo.12 Ambas
apontavam a necessidade de um planejamento detalhado das atividades escolares,
relativo tanto à administração escolar quanto aos procedimentos pedagógicos.
Planejar e executar, de acordo com técnicas e modelos de reconhecida
eficiência, satisfazia ao anseio daquele aporte de formar agentes produtivos,
aptos para desempenhar funções no mundo do trabalho, tornando-se úteis ao
capital industrial.
Desde o final da década de 1970, num crescente que alcançou seu ponto máximo na
segunda metade da década seguinte, formularam-se críticas aos modelos
consubstanciados nas obras referidas. Uma parte delas foi pensada com base na
reflexão de Pierre Bourdieu e Jean-Claude Passeron,13 que tinham o universo
educacional francês como objeto e propunham outra forma de analisar a escola e
o lugarocupado pelos seus agentes. Segundo a perspectiva que adotaram, a escola
contribuiria para a reprodução das estruturas sociais. Assim, diferenças
sociais ver-se-iam repetidas no universo escolar. Para esses autores, a escola
seria um campo de possível reprodução da cultura dominante, o instrumento de
imposição do arbítrio cultural de um grupo e/ou classe social sobre os demais,
mas não irremediavelmente imobilizado. Sua ação pedagógica se limitaria a
passar adiante, como universais, valores próprios de um único grupo. Sob essa
assertiva, o sistema escolar contribuiria para ratificar, sancionar e
transformar em mérito escolar heranças culturais transmitidas pela estrutura
familiar.14 Assim, esses autores romperam com as explicações fundadas em
aptidões naturais e individuais, ensejando de modo precursor a crítica do mito
do "dom", no sentido de disposições inatas.
As teses de Pierre Bourdieu ' especialmente as compartilhadas com Jean-Claude
Passeron em obra importante como A reprodução ' não estiveram infensas a
críticas.15 Uma delas foi elaborada por Henry Giroux,16 negando a condição de
instituição reprodutora atribuída à escola. Para ele, a escola também produzia
e, em função desse posicionamento, elaborou uma reflexão que assumia as
possibilidades do ensino e da aprendizagem como instrumento de emancipação do
homem. Outra crítica, formulada por Annick Percheron,17 sublinhava que a
trajetória do grupo familiar, o nível educacional de cada indivíduo, o ambiente
em que se vive (se rural ou urbano), a postura familiar (se mais ou menos
conservadora, se religiosa ou não) e as múltiplas variações desses aspectos
contavam tanto quanto a questão de classe na atuação social dos agentes e na
forma como apreendiam o que lhes era apresentado.18
As considerações de Bourdieu e de seus críticos mantiveram olugar da escola
como espaço de contribuição à reprodução ou à transformação das estruturas
sociais em discussão. Na nascente (re)democratização política, a escola
brasileira tem sido vista como território de formação do cidadão crítico,19 e o
seu caráter de instância formadora e transformadora vem sendo enfatizado, seja
pelo pensamento educacional, seja pelo senso comum. As reflexões nesse sentido
raramente concebem a escola como instância reprodutora de preconceitos à
exceção de alguns trabalhos relativos à questão étnica e racial no universo
educacional.20 Cabe, no entanto, investigar os desdobramentos que a formação do
cidadão crítico acarreta no estabelecimento de sociabilidades,21 especialmente
naquelas que não são engendradas ou geridas pelo ambiente escolar como o
consumo musical, por exemplo. A questão que se coloca é se tal formação tem
resultado na apropriação de valores, a partir da escola, que interferem nas
dinâmicas de sociabilidade juvenil.
Uma última questão deve ser apresentada. A investigação sobre o modo pelo qual
os adolescentes percebem a hierarquia racial brasileira e a vivenciam exige o
manuseio das categorias de discriminação e preconceito. Não se tem aqui o
objetivo de arrolar as representações que lhe são relacionadas, mas o de tentar
entendê-las como resultado de um contexto presente no universo educacional. Por
meio desse movimento, pretende-se participar do debate sobre a dimensão que a
reprodução e a transformação assumem no ambiente escolar. Diante desse
propósito, as formulações teóricas nas quais a investigação procurou pautar-se
conceituam o racismo como uma relação de poder alicerçada pela ideia de raça22
que, por meio do preconceito e da discriminação, acaba por fundamentar diálogos
assimétricos entre os grupos sociais, com referência em atributos
fenotípicos.23 Trata-se de um fenômeno histórico,24 constituído a partir das
desigualdades que formaram a sociedade brasileira. Oracismo, nesse sentido, é
um instrumento de dominação, tanto simbólica quanto material, pois tem seus
desdobramentos ideológicos e culturais, bem como sociais e econômicos.
Os agentes
Um dos grandes desafios da pesquisa em educação é compreender os agentes e as
práticas escolares, de modo a desvendar os processos por que passa a escola no
tempo presente. Há alguns anos, a literatura educacional tem sido questionada,
diante das cobranças, da sociedade civil organizada e do Estado, por resultados
que encaminhem soluções para os problemas da educação brasileira. Em que pese a
importância dos dados disponibilizados por alguns dos instrumentos de avaliação
criados pelos governos nas últimas décadas,25 uma lacuna permanece: de modo
geral, tais dados não encaminham uma compreensão da escola a partir dos
processos concretamente vividos por ela e fornecem um quadro quase estático da
situação escolar.
A compreensão do universo escolar demanda a investigação dos agentes escolares
dentro e fora da escola. Os ambientes de formação dos profissionais de
educação, suas trajetórias de vida, as atuações dos seus órgãos representativos
e as representações que formulam sobre a profissão e sobre a própria prática
profissional têm sido estudados26 com vistas a apurar o quanto essa dimensão é
importante para a compreensão do espaço escolar. Já no que tange ao universo
infantil e adolescente, são poucas os estudos que se debruçam sobre outras
dimensões que não os processos de ensino e aprendizagem e as trajetórias
escolares e seus entraves (reprovação, retenção e evasão, por exemplo). Daí
ter-se optado por tratar de uma dimensão que envolve as formas de socialização
entre adolescentes e podem dar pistas sobre as formulações que constroem e a
relação que mantêm com os processos vividos na escola.
Desde a promulgação das políticas que pautam uma nova perspectiva para a
educação básica no que tange ao trato com a memória histórica brasileira
marcadamente o abandono de uma perspectiva eurocêntrica e a inclusão de agentes
históricos tradicionalmente desprezados pelas construções narrativas sobre o
passado brasileiro ',verifica-se um relevante número de estudos sobre os
impactos da lei.27 Sem prejuízo das importantes contribuições que trazem à
discussão sobre os desdobramentos daquelas políticas no âmbito escolar,
percorrem, não raras vezes, os mesmos caminhos dos estudos consagrados sobre
educação: as políticas públicas, a formação docente, as práticas pedagógicas
adotadas, entre outros recortes temáticos.
Alguns trabalhos buscam compreender o universo adolescente fora do espaço
escolar e, eventualmente, relacionar as formas de identificação e as visões de
mundo formuladas por eles aos processos que vivenciam na escola. Dentre eles,
destacam-se os que assumem a música como chave para a compreensão do universo
juvenil/jovem e perscrutam os processos de identificação intermediados pela
música28 e as formas de socialização engendradas a partir das relações
estabelecidas com determinado gênero musical.29
Todavia, esses estudos tratam, de modo geral, da relação que jovens da
periferia de grandes cidades do Centro-Sul travam com a música (e a partir
dela) e dizem respeito a conformações sociais que, a despeito do imenso grupo
populacional de que se ocupam, restringem-se a certas conformações sócio-
históricas. Algo muito diverso ocorre em áreas com tardio desenvolvimento
industrial, com trajetórias distintas e distantes daquelas vividas no Centro-
Sul e mesmo em algumas localidades do Nordeste, como a Bahia (Salvador,
particularmente). A cidade de Belém, capital do Estado do Pará, sintetiza muito
bem essas distinções.
Belém não é infensa às vicissitudes impostas pelos processos de concentração de
renda (e a consequente geração de desigualdades) vividos por outras cidades
brasileiras. Ela também é demarcada por diferenças, com seus bairros nobres e
suas periferias. Estas últimas, no entanto, possuem um desenhoparticular. São
denominadas muitas vezes de baixadas. Não constituem, exclusivamente, bairros
ou configurações que denominam uma conformação urbana e social, como favela ou
comunidade, mas certas áreas dentro de um bairro. Mesmo a denominação de bairro
periférico não assume, em Belém, a conotação de área distante, longe do centro.
A periferia é percebida, muito mais, como um espaço pouco assistido pelo poder
público, formado pela ocupação de espaços vazios e suscetíveis aos alagamentos
constantes, em decorrência das chuvas que acometem a cidade nos meses de
janeiro a junho.
A periferia belenense aguarda estudos que lhe tracem um perfil mais acurado. A
escola selecionada para a pesquisa, da qual apresenta-se aqui uma parte,
localiza-se em um bairro considerado periférico, o Guamá, que pertence a uma
área mais ampla, definida pela prefeitura como o distrito do Guamá d'Água, e
compreende parte dos bairros do Marco, de São Braz, do Guamá (que dá nome ao
distrito), da Cremação, de Batista Campos, do Jurunas e da Cidade Velha, e os
bairros da Terra Firme, de Canudos e da Condor. Em termos populacionais, o
distrito do Guamá é o maior de Belém, com 349.535 habitantes, 182.550 mulheres
e 166.985 homens, segundo dados do censo de 2000, correspondendo a 27% da
população total da cidade. Possuía, então, 75.906 domicílios que correspondiam
a 25% dos domicílios de todo o município.30
Conformado, em larga medida, a partir da invasão de terras da União,
pertencentes a diversas instituições situadas nas proximidades, o bairro do
Guamá se localiza na Bacia do Tucunduba, em área próxima ao centro da cidade, e
possuía, em 2000, 102.000 habitantes, segundo estudos circunstanciados.31 A
renda média familiar era, àquela altura, de R$ 555,24 e a renda média pessoal
de R$ 300,00 ' ambas inferiores aos índices médios da cidade, respectivamente,
R$ 859,89 e R$ 360,00. Desde aquele ano, foi objeto de iniciativas de
urbanização que não foram suficientes para alterar sua situação, pois continua
sofrendo com problemas típicos das grandes cidades, conforme documentam as
conversas com os agentes da pesquisa: alto índice de violência, falta de
serviços públicos e infraestrutura urbana precária. Atualmente, conta com 27
estabelecimentos de ensino: 13 escolas públicas e 12 escolas privadas de
educação básica e dois centros públicos de ensino técnico. O quadro depreendido
do censo de 2000 pode ser entrevisto ainda hoje no perfil socioeconômico dos
alunos que frequentam esses estabelecimentos.
Com vistas a estabelecer um quadro amplo da oferta da educação na cidade, foram
selecionadas três escolas de ensino fundamental ' uma escola pública federal,
uma pública estadual e uma escola privada ', localizadas na mesma área da
cidade, de modo a garantir que os alunos investigados compartilhassem formas de
socialização fora do ambiente escolar. Assim, a escola pública estadual e a
escola privada encontram-se no mesmo bairro, distantes algumas quadras; e a
escola federal, em bairro contíguo.
O presente estudo se restringe a uma escola em que estão matriculados cerca de
1.480 alunos, 502 do segundo ciclo do ensino fundamental, dos quais foram
selecionados 222 (15%), entre os do sexto ao nono ano, à razão de duas turmas
por ano/série, num total de oito turmas. Com vistas a identificar os parâmetros
de consumo musical dos escolares, optou-se pela utilização de um questionário,
composto de oito perguntas, cuja aplicação foi realizada com acompanhamento, de
modo que os alunos pudessem satisfazer eventuais dúvidas. Ao longo da análise,
considerou-se a situação de aplicação.32
O universo pesquisado se distribuiu pelas variáveis de caracterização
apresentadas na Tabela_1.
![](/img/revistas/afro/n48/a09tab01.jpg)
Com relação à situação socioecômica, a renda familiar de 88,55% dos escolares
era de um a cinco salários mínimos, e a de pouco mais de 11%, de até doze
salários mínimos.
Os discentes afirmaram que leem jornais diariamente, em especial as seções de
variedades, de registros policiais e de roteiros culturais. Pouco acima de
metade do grupo (51%) afirmou ser leitor assíduo, consumindo doze livros/ano
(um percentual muito superior à média nacional e à média da região Norte),33
romances, thrillerspoliciais e comédias. A imensa maioria (88,55%) garantiu
manter-se conectada à rede mundial de computadores, em grande parte para o
lazer, visitando, principalmente, as chamadas "páginas pessoais".
Nossas suspeitas sobre o consumo de músicas entre adolescentes foram
confirmadas pelos dados levantados. Quase todo o universo pesquisado (93,25%)
declarou consumir música diariamente, como se depreende da Tabela_2, e um
contingente expressivo (56,31%) afirmou ouvir pela manhã, à tarde e à noite.
[/img/revistas/afro/n48/a09tab02.jpg]
Os dados evidenciaram, ainda, um elemento na relação dos adolescentes com a
música: ela não se presta, necessariamente, à fruição, como mostra a Tabela_3.
[/img/revistas/afro/n48/a09tab03.jpg]
Se considerarmos que mais da metade do universo consome música, geralmente por
meio de aparelhos com fones de ouvido, ao longo de quase todo o dia, podemos
aventar que a música constitui quase uma trilha sonora que embala a realização
de uma série de outras atividades desde aquelas que exigem reflexão, como o
estudo, até as que demandam socialização, como as conversas, as manifestações
de amizade e companheirismo.
Outro dado importante diz respeito às canções consumidas. Os índices de
preferência variam de acordo com a oferta do mercado fonográfico. As músicas e
grupos preferidos em dado momento e consumido por um número significativo de
adolescentes parece variar rapidamente. Em seis meses, os levantamentos
revelaram uma variação relevante das preferências o grupo Restart, Lady Gaga e
Michel Teló revezaram-se como os artistas de músicas mais consumidas , o que
permite concluir que o gênero musical não constitui o fator mais importante a
ser considerado para o consumo, mas a aceitação entre os pares.
Esse último aspecto revela um dado importante. A música parece cumprir, entre
esses adolescentes, a mesma função indicada nos estudos anteriormente citados,
relativos a outras regiões do país. Ela permeia os processos de socialização e
de identificação. No entanto, ela guarda algumas distinções importantes: em
primeiro lugar, permite entrever o significado que a condição de periferia
assume em Belém para os adolescentes pesquisados; em segundo, a música cumpre a
função de identificar o grupo etário e suas ramificações, mas não expressa,
necessariamente, identificações de ordem social; em terceiro (e, por ora,
último) lugar, ela viabiliza chavespara a compreensão do universo adolescente e
das formas pelas quais o saber escolar é apropriado por ele.
Sociabilidades e hierarquias
Uma das hipóteses de que se partiu foi a de que o universo adolescente, fora do
espaço escolar, expressaria não apenas os dilemas inerentes à faixa etária, mas
os conflitos e questionamentos relativos à condição social. Buscava-se apurar,
especialmente, as formas pelas quais os escolares expressavam sua condição de
moradores de áreas periféricas, como concebiam as diferenças sociais, inerentes
a uma sociedade marcada por uma distribuição desigual da riqueza, a leitura que
faziam da cor e como se percebiam em relação a ela. A análise dos dados
recolhidos permite considerar que o universo adolescente, fora dos centros
urbanos mais estudados, pode guardar especificidades que exigem reflexão
específica. Nesse sentido, a relação que os adolescentes estabelecem com a
música é particularmente proveitosa.
O primeiro aspecto digno de nota foi a ausência de distinções de gosto, em
função da condição socioeconômica dos entrevistados. O enriquecimento das
classes 'C' e 'D', ocorrido nos últimos vinte anos, pode ser percebido no corpo
discente da escola estudada, expresso no alto grau de utilização da rede
mundial de computadores e de aparelhos para ouvir música. Apesar de tratar-se
de uma escola privada, cuja mensalidade é de ½ salário mínimo, verifica-se uma
variação significativa dos patamares de renda, variação que, no entanto, não é
percebida nos índices de gosto.
O segundo foi a ausência de músicas que denotassem ou conotassem as condições
sociais próprias da periferia. A análise das letras das músicas indicadas como
de maior consumo,34 independentemente do gênero (se pop, sertanejo ou
tecnobrega), evidenciam letras que falam de amor, de relações amorosas e/ou de
conotação sexual. Nenhuma das letras aponta formulações sobre as condições de
vida, sobre exclusão social ou sobre o lugar de onde se fala. Mesmo se se
considerar o tecnobrega35 um subgênero constituído a partir de um fenômeno
musical paraense ' o brega ', as letras das músicas não encaminham uma visão
nativista.
O terceiro aspecto foi a diversidade dos padrões de consumo. Ao indicarem suas
preferências, os adolescentes acabaram estabelecendo dois padrões: o consumo
das que se pode chamar de "músicas do momento" era simultâneo à de outro grupo
de músicas. Enquanto as primeiras, executadas pelos artistas citados, tinham um
apelo universal, outras músicas pareciam ser de consumo de grupos restritos.36
Como, no entanto, as respostas aos questionários não se mostraram suficientes
para esclarecer inteiramente os três aspectos acima destacados, constituiu-se
um grupo de discussão,37 reunindo doze adolescentes, para debater os dados que
lhe seriam apresentados. Entre os doze alunos, a maioria se autoidentificou
como parda (85%) e os demais como pretos (10%) ou brancos (5%). Ao final do
debate, reproduzimos as músicas indicadas como as preferidas pelo maior número
de alunos e solicitamos que o grupo discorresse sobre cada uma delas. Os
resultados foram surpreendentes.
Os adolescentes distinguem músicas para dançar e socializar com os amigos das
músicas para ouvir e pensar. As músicas identificadas como as mais consumidas
compõem o primeiro grupo, as de consumo restrito, o segundo. Isso pode parecer
óbvio, mas esconde outras distinções. Os adolescentes reconheceram a existência
de alguns grupos entre eles: os "nerds", os "populares", as "patricinhas" e os
"malacos". Todos consomem as músicas mais tocadas que permitem a "curtição" e
as associam aos momentos de socialização e diversão: dançar, "ficar" e rir. Os
grupos, no entanto, apresentam comportamentos restritos, com reflexos no
universo escolar. Os "nerds" e as "patricinhas" são considerados (e se
consideram) estudiosos. Enquanto os primeiros gostam de rock, as segundas
gostam de pop. Os "populares" transitam de um grupo a outro e, da mesma forma,
consomem músicas sem restrição de gênero. Os "malacos" vivem no limite dos
comportamentos aceitáveis, dentro e fora da escola ' são associados à
malandragem, à transgressão ' , e consomem rap.38 Esses são os grupos
expressivos, os que se sobressaem em meio ao que os próprios adolescentes
consideram como uma massa sem definições aparentes.
Instados a referir o que os identifica com os tipos de música de cada grupo,
esboçaram-se as formas pelas quais os adolescentes compreendem o mundo e
estabelecem uma hierarquia, dentro e fora da escola. As justificativas que
apresentaram para a predileção por essa ou aquela música e para as formas de
consumo ' nas festas, nas baladas, entre os amigos, etc. ' acabaram por
esclarecer a relação que estabelecem com o mundo à sua volta e como o leem. A
cor e os seus desdobramentos, finalmente, apareceram.
Das "patricinhas", de um lado, aos "malacos", do outro, constitui-se uma ordem
social complexa. O consumo musical reflete essa ordem e suas escalas. O consumo
das "músicas do momento" indica uma de suas dimensões ' o fazer parte. Conhecer
as músicas "do momento" é fundamental para o estabelecimento de
sociabilidades,39 para transitar nas festas e baladas, para ter o que falar com
os colegas e, principalmente, para conseguir parceiros. Para "ficar" é
importante saber dançar, saber cantar, reconhecer as músicas. Para o
estabelecimento de cumplicidades, de relações de amizade e, sobretudo, de
identificação, no entanto, as "do momento" não são determinantes.
Ante a solicitação de que indicassem os(as) cantores(as) das músicas "do
momento" mais bonitos(as), eles deixaram perceber uma das facetas daquela
hierarquia. A beleza foi um condicionante significativo para meninas e meninos.
A despeito de não ser fundamental, ela foi considerada importante para ser
aceito, ser considerado e para conseguir parceiros. Apesar de os alunos
reunidos no grupo de discussão pertencerem aos "nerds", aos "populares" e às
"patricinhas" e todos afirmarem curtir o tecnobrega nas baladas, nenhum deles
associou a figura das cantoras daquele gênero à beleza. O mesmo ocorreu com
relação aos cantores dos grupos de hip hop, rap e pagode. Quando pedimos que
explicitassem o que consideravam índices de beleza, dez dos doze alunos
mencionaram a pele clara e o cabelo liso.
Instados a que aplicassem aqueles índices aos grupos que eles mesmos haviam
identificado, rapidamente apontaram os "nerds" e as "patricinhas" como os
grupos formados pelos mais bonitos, geralmente brancos e pardos, com
predominância dos primeiros; o grupo dos "populares" se constituiria também de
brancos e pardos, com predominância, porém, dos segundos; o grupo dos
"malacos", por sua vez, de pretos e pardos. Ficou claro que os adolescentes
compartilham uma visão hierárquica, expressa no valor e no lugar dos grupos e
nos conceitos de beleza. Essa visão é compatível com um dos princípios da
hierarquia da cor no Brasil, conforme ela é apresentada por diversos autores40
' na qual o branco e o negro representam os polos de um gradiente indicador do
lugar socialde cada um.
Essa hierarquia da cor se concretiza na escola, e dela decorre a leitura que os
alunos fizeram do possível desempenho dos colegas. As noções de sucesso e
desempenho, como ficou claro na discussão em grupo, estão associadas aos
padrões de beleza e aos índices de cor ' quanto mais claro, maiores as
possibilidades de sucesso dentro e fora da escola. Ela se concretiza, da mesma
forma, na relação que estabelecem com a música: para dançar, para curtir, os
gêneros e os artistas têm pouca importância, a batida, conforme definiram, é
fundamental; para estabelecer identificações, para expressar ideias e
sentimentos, no entanto, a imagem dos artistas tem quase o mesmo peso que as
mensagens das letras e, em relação a isso, a hierarquia da cor é mais uma vez
acionada.
As conclusões alcançadas até o momento sugerem desdobramentos. Em primeiro
lugar, consolida-se a ideia de que as periferias merecem estudos
circunstanciados. Há um conjunto significativo de pesquisas voltadas para o que
ocorre no Centro-Sul do país. Entender outras realidades é fundamental para se
compreender a diversidade vivida nos limites do território. Aprofundar os
estudos sobre o universo educacional amazônico é essencial para que essa
diversidade seja compreendida.
Em segundo lugar, a presente investigação sugere um dado relevante: a quase
inexistência de remissões à presença indígena na conformação do gradiente
reconhecido. A região é demarcada por uma profunda interação com os povos
indígenas, e o processo de conformação da sociedade amazônica, segundo a
literatura especializada, decorre da relação ' conflituosa ou fraterna '
estabelecida com aqueles povos.41 O grupo estudado, todavia, desconhece essa
relação e identifica como pardas pessoas de origens diversas sem relação
necessária com a origem étnica ou o fenótipo ', ponto esse que merece
aprofundamento em estudos subsequentes.
Em terceiro lugar, firma-se a necessidade de aprofundar os estudos sobre o
universo adolescente dentro e fora da escola, sendo conveniente apurar-se o que
ocorre em escolas públicas em áreas de maior risco social, examinando-se o
impacto que as condições socioeconômicas exercem no gosto e nas formas de
identificação por meio da música. Torna-se cada vez mais forte a compreensão de
que as questões que envolvem discriminação e preconceito exigem investigações
que destaquem as formas sutis pelas quais uma e outro se manifestam.
Para muitos dos adolescentes investigados, nada do que afirmam, mesmo quando
expressam seus ideais de beleza, tem qualquer relação com racismo,
discriminação ou preconceito. O fato de associarem os "malacos" a determinada
cor é uma constatação e não uma manifestação de preconceito, o que remete à
nossa preocupação fundamental: os desdobramentos da educação para as relações
étnico-raciais, instituídas pela Lei de Diretrizes e Bases da Educação,42 na
desconstrução de uma visão hierárquica do mundo baseada na cor.
A pesquisa também ouviu professores, e, para muitos deles, a função principal
da educação é "formar o cidadão crítico". Em nenhum momento, no entanto, eles
associam essa formação à luta contra o preconceito. Para vários deles, "formar
o cidadão crítico" é fortalecer o que consideram uma visão política "à
esquerda". O racismo, o preconceito e as diversas formas de discriminação não
são vistas como manifestações não cidadãs, o que não quer dizer que aprovem,
sustentem ou ratifiquem o racismo. Longe disso. Quer dizer, isso sim, que não
identificam esses vícios e desvios morais como um problema sobre o qual possam
intervir por meio de ações pedagógicas concretas. Os dados recolhidos até o
momento revelam que os alunos continuam reproduzindo um dos institutos mais
cruéis de nossa cultura: o racismo à brasileira.43
No que tange à relação que estabelecem com os índices de cor, concluiu-se que o
consumo musical daqueles adolescentes demarca uma situação complexa, cuja
compreensão demanda aprofundamento da reflexão. Se, por um lado, eles não
restringem seu consumo musical a determinado gênero, por outro, associam alguns
gêneros a determinados grupos de cor. Da mesma forma, se o consumo abrange um
largo espectro de gêneros, artistas e ritmos, ele não impede a conformação de
gostos que associam gêneros a grupos. Por fim, mas não menos importante, o
consumo musical e as formulações dos alunos acerca de sua relação com a música
demonstram que o saber axiológico, relativo a inclusão, diversidade e
cidadania, não é necessariamente considerado no estabelecimento das
sociabilidades juvenis.
Texto recebido em 7 de março de 2012 e aprovado em 2 de março de 2013
1 Álvaro Neder discute as implicações do uso do termo música popular. Para ele,
a leitura que os musicólogos tendem a realizar, caracterizando-a como uma
música com característica de 'sofisticada' organização, gera problemas
"definicional-teóricos". O autor se propõe a compreendê-la em seu dinamismo e
sugere que o termo seja entendido por meio de suas relações (Álvaro Neder, "O
estudo cultural da música popular brasileira: dois problemas e uma
contribuição", Per Musi - Revista Acadêmica de Música, n. 22 (2010), pp. 181-
96). Para uma análise dos impasses da música erudita no
Brasil, as análises de José E. Martins são sugestivas. Ele destaca as
transformações ocorridas no ensino musical no Brasil e aponta o espaço cada vez
mais restrito dedicado à música erudita, em razão da crescente e acelerada
ascensão da cultura de massa, impulsionada pela indústria cultural (José
Eduardo Martins, "A cultura musical erudita na universidade: refúgio,
resistência e expectativas", Estudos Avançados, v. 7, n. 18 (1993), pp. 163-
81). Ainda sobre a música erudita no Brasil, ver o trabalho
de José Miguel Wisnik, "Entre o erudito e o popular", Revista de História, n.
157 (2007), pp. 55-72.
2 Nesse aspecto, fatores biológicos, psicossociais e culturais encontram-se
articulados às "questões de gênero, às hierarquias familiares e sociais, bem
como à assunção de uma identidade pessoal e social, construída contra o pano de
fundo das relações sociais e institucionais" (Maria Cláudia S. Lopes de
Oliveira, "Identidade, narrativa e desenvolvimento na adolescência: uma revisão
crítica", Psicologia em Estudo, v. 11, n. 2 (2006), pp. 427-36.
3 Ainda que reconheçamos que se aprende a pensar em muitos e diversificados
lugares, assumimos que a escola é o espaço no qual tal aprendizado se dá de
forma intencional e sistemática,conforme pontuam os autores destacados aqui:
Claudia Davis, Marina M. R. Nunes e Cesar A. A. Nunes, "Metacognição e sucesso
escolar: articulando teoria e prática", Cadernos de Pesquisa, v. 35, n. 125
(2005), pp. 205-30.
4 Pierre Bourdieu, O poder simbólico, Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2010; Pierre Bourdieu, A dominação masculina, Rio de Janeiro:
Bertrand Brasil, 2010; Maria Drosila Vasconcelos, "Pierre
Bourdieu: a herança sociológica", Educação & Sociedade, v. 23, n. 78
(2002), pp. 77-87.
5 Cf. Vera Vanessa Vademarin, "O discurso pedagógico como forma de transmissão
do conhecimento", Cadernos Cedes, v. 19, n. 44 (1998), pp. 73-84; Ana Maria Ferreira da Costa Monteiro, "Professores: entre saberes e
práticas", Educação & Sociedade, v. 22, n. 74 (2001), pp.121-42; Ana Maria Ferreira da Costa Monteiro, "Entre o estranho e o familiar:
o uso de analogias no ensino de história", Cadernos Cedes, v. 25, n. 67 (2005),
pp. 333-47; Oldimar Pontes Cardoso, "Representações dos
professores sobre saber histórico escolar", Cadernos de Pesquisa, v. 37, n. 130
(2007), pp. 209-26; Márcia Cristina de Souza Pugas e Ana
Paula Batalha Ramos, "Saberes escolares no ensino de História das séries
iniciais: uma aproximação a partir da epistemologia social escolar", 31ª
Reunião Anual da ANPED, 2008.
6 Ver Bourdieu, O poder simbólico.
7 Para Lydia Barros, o "brega paraense expõe recorrências significativas na
música eletrônica que explodiu nos Estados Unidos nos anos 1990, baseada em
estilos como o house e o tecno; a música que encontrou tradução na cultura rave
inglesa e que ganhou releituras pelo mundo. A utilização dos teclados, a
mistura da disc music com bateria eletrônica (o house)." (Lydia Barros,
"Tecnobrega, entre o apagamento e o culto", Revista Contemporânea, n. 12
(2009), p. 62-79). Ver também: Paulo Murilo Guerreiro do
Amaral, "Estigma e cosmopolitismo na constituição de uma música popular urbana
de periferia: etnografia da produção do tecnobrega em Belém do Pará" (Tese de
Doutorado, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, 2009).
Sobre música na região Norte, ver Tony Leão da Costa, "Música do Norte:
intelectuais, artistas populares, tradição e modernidade na formação da 'MPB'
no Pará (anos 1960 e 1970)" (Dissertação de Mestrado, Universidade Federal do
Pará, 2008), p. 256; Andrey Faro de Lima, "É a festa das
aparelhagens!Performancesculturais e discursos sociais" (Dissertação de
Mestrado, Universidade Federal do Pará, 2008), p. 136.
8 Entre as diversas "correntes" desse movimento, há o tecnomelody, subgênero
que participa do desenvolvimento e da diversificação que o bregaexperimenta no
mercado musical paraense. Ele passou a ser popularizado em 2009, com
características do tecnobrega (combinação de brega com a percussão eletrônica)
e do lirismo romântico do brega tradicional (ritmo musical em que há influência
da música romântica combinada com a guitarrada). Cf.: José Augusto Mendes
Lobato, "O grito difuso da periferia: hibridismo e tensões entre o popular e o
massivo do brega paraense", Comtempo - Revista do Programa de Pós-Graduação da
Faculdade Cásper Líbero, v. 2, n. 2 (2010), pp. 1-11; Paulo
Murilo Guerreiro do Amaral, "Estigma e cosmopolitismo local: considerações
sobre uma estética legitimadora do tecnobrega em Belém do Pará", 2009. <http://
www.bregapop.com/home/
index.php?option=com_content&task=view&id=4951&Itemid=835>,
acessado em 06/03/2012. Sobre a temática, cf. ainda: Antônio
Maurício Dias da Costa, Festa na cidade: o circuito bregueiro de Belém do Pará,
Belém: EDUEPA, 2009; Ana Paula de Vilhena, "Sociabilidade e
consumo juvenil nas festas de aparelhagem de Belém do Pará", in Anais do XI
Congresso Luso-Afro-Brasileiro de Ciências Sociais (Salvador, Universidade
Federal da Bahia, 2011, pp. 1-17), pesquisa etnográfica nas
festas de aparelhagem de Belém, em que pontua como os jovens frequentadores
pautam suas práticas de consumo e sociabilidade e identifica a formação de
grupos, os padrões de indumentária, as noções de territorialidade e os
significados atribuídos a estes aspectos. Em espaço escolar, constatamos alguns
aspectos diferentes entre adolescentes, abordados no corpo do artigo.
9 A identificação de um grupo comoemo pop deve ser entendida como pertencente a
múltiplas identidades juvenis contemporâneas, denominadas de tribos juvenis
(como a dos emos), com estudos e análises associando a essa tribo grande
emotividade e produção de um visual específico (uso de uma longa franja pelos
meninos, característica-chave do "estilo" emo). Outra tribo urbana é a dos
chamados emocore, que se caracteriza como "herança maldita, ou o filho bastardo
do Punk". Sobre o fenômeno das tribos urbanas e as consequências
comportamentais dos atores sociais, percebe-se que os sujeitos contemporâneos
fazem parte de uma sociedade definida por um inconsciente coletivo governante,
encarado a partir da sociedade de consumo, da ética da estética corporal e da
autonomia da identificação com o outro apenas por atitudes. Cf.: Isabela
Fonseca Cardoza, "A sociedade pós-moderna e o fenômeno das tribos urbanas",
Lato & Sensu, v. 4, n. 1 (2003), pp. 3-5; Elisabete Maria
Garbin, "Cultur@s juvenis, identid@des e internet: questões atuais", Revista
Brasileira de Educação, n. 23 (2003), pp. 119-35.
10 Stuart Hall, A identidade cultural na pós-modernidade, Rio de Janeiro: DP
& A, 2005
11 José Willington Germano, Estado militar e educação no Brasil (1964-1985),São
Paulo: Cortez, 2005.
12 Dermeval Saviani, "Competência política e compromisso técnico ou o pomo da
discórdia e o fruto proibido", Educação & Sociedade, n. 15 (1983), pp. 111-
43.
13 Pierre Bourdieu e Jean-Claude Passeron, A reprodução: elementos para uma
teoria do sistema de ensino, Rio de Janeiro: Francisco Alves, 2008.
14 Bourdieu, A dominação masculina.
15 Vasconcelos, "Pierre Bourdieu".
16 Henry Giroux, "O pós-modernismo e o discurso da crítica educacional: novas
políticas em educação", in Tomaz Tadeu da Silva (org.), Teoria educacional
crítica em tempos pós-modernos (Porto Alegre: Artes Médicas, 1993).
17 Annick Percheron, "Stratégies éducatives, normes éducatives et classes
sociales", in F. Mariet (org.), L'enfant, la famille et l'école (Paris: ESF,
1981).
18 Para outras críticas à obra citada, ver os trabalhos de Bernard Charlot, Da
relação ao saber: elementos para uma teoria, Porto Alegre: Artmed, 2000; Bernard Lahire, Homem plural: os determinantes da ação,
Petrópolis, Rio de Janeiro: Vozes, 2002; Bernard Lahire,
"Crenças coletivas e desigualdades culturais", Educação & Sociedade, v. 24,
n. 84 (2003), pp. 983-95; Bernard Lahire, "Reprodução ou
prolongamento críticos?", Educação & Sociedade, v. 23, n. 78 (2002), pp.
37-55.
19 Para uma crítica aos encaminhamentos dados à formação para a cidadania, ver:
Wilma de Nazaré Baía Coelho e Mauro Cezar Coelho, "O improviso em sala de aula:
a prática docente em perspectiva", in Wilma N. B. Coelho e Mauro C. Coelho
(orgs.), Raça, cor e diferença: a escola e a diversidade (Belo Horizonte:
Mazza, 2009), pp.104-23.
20 Entre os quais, destacamos: Nilma Lino Gomes, "Diversidade étnica racial,
inclusão e equidade na educação brasileira: desafios, políticas e práticas",
RBPAE, v. 21, n. 1 (2011), pp. 109-21; Wilma Nazaré Baía
Coelho, "Só de corpo presente: o silêncio tácito sobre cor e relações raciais
na formação de professores no estado do Pará", Revista Brasileira de Educação,
v. 12, n. 34 (2007), pp. 39-56; Ana Lúcia Valente, "Ação
afirmativa, relações raciais e educação básica", Revista Brasileira de
Educação, n. 28 (2005), pp. 62-77.
21 Destacamos, a seguir, três trabalhos que dão conta da discussão sobre
sociabilidades e hierarquias: Jesus Maria Sousa, "O olhar etnográfico da escola
perante a diversidade cultural", Revista de Psicologia Social Institucional, v.
2, n. 1 (2000), pp. 107-20, que aborda as questões de
sociabilidade juvenil entre homossexuais e heterossexuais de São Paulo, a
partir das diferenças de cor/raça, classe, gênero e sexualidade; Paulo
Meksenas, "Alegoria do duelo e os conflitos escolares", Educação &
Sociedade, v. 30, n. 106 (2009), pp. 111-29, acerca das
sociabilidades escolares, por meio da análise dos conflitos e do uso da
violência entre estudantes; Nicelma Brito Soares e Wilma de Nazaré Baía Coelho,
"Pertencimento racial e relações sociais estabelecidas no espaço escola",
Instrumento, v. 13 (2011), pp. 135-44, sobre as relações
possíveis entre as hierarquias escolares e as hierarquias da cor.
22 O termo "raça" é aqui empregado com o sentido de "raça social", conforme
explicitado por Antônio Sérgio Alfredo Guimarães, isto é, não se trata de um
dado biológico, mas de "construtos sociais, formas de identidade baseadas numa
ideia biológica errônea, mas eficaz socialmente, para construir, manter e
reproduzir diferenças e privilégios". Para esse autor, se a existência de raças
humanas não encontra qualquer comprovação no bojo das ciências biológicas, elas
são, contudo "plenamente existentes no mundo social, produtos de formas de
classificar e de identificar que orientam as ações dos seres humanos" (Antônio
Sérgio Alfredo Guimarães, "Raça e os estudos de relações raciais no Brasil",
Novos Estudos Cebrap, n. 54 (1999), pp.147-56) Cf. também:
Antônio Sérgio Alfredo Guimarães, Classes, raças e democracia. São Paulo:
Fundação de Apoio à Universidade de São Paulo: Editora 34, 2002; Antônio Sérgio Alfredo Guimarães, "Como trabalhar com 'raça' em
sociologia", Educação e Pesquisa, v. 29, n. 1 (2003), pp. 93-108. Considerações sugestivas sobre esse termo foram feitas por outros
autores, como: Nilma Lino Gomes, "Alguns termos e conceitos presentes no debate
sobre relações raciais do Brasil: uma breve discussão" in Educação anti-
racista: caminhos abertos pela Lei Federal nº 10.639/03 (Brasília: Ministério
da Educação, Secretaria Continuada, Alfabetização e Diversidade, 2005), pp. 39-
62; e Lilia Moritz Schwarcz, "Racismo no Brasil: quando
inclusão combina com exclusão", in André Botelho e Lilia Moritz Schwarcz
(orgs.), Agenda Brasil: temas de uma sociedade em mudança (São Paulo: Companhia
das Letras, 2011), pp.430-43.
23 Antônio Sérgio Alfredo Guimarães, "Democracia racial", Tempo Social, v. 18,
n. 2 (2006), pp. 269-87; Antônio Sérgio Alfredo Guimarães,
"Preconceito de cor e racismo no Brasil", Revista de Antropologia, v. 24, n. 1
(2004), pp. 10-43; Lourdes Bandeira e Analía Soria Batista,
"Preconceito e discriminação como expressões de violência", Revista Estudos
Feministas, v. 10, n. 1 (2002), pp. 119-41; Eliane dos Santos
Cavalleiro (org.), Racismo e anti-racismo na educação: repensando nossa escola
(São Paulo: Summus, 2001).
24 Embora a ideia seja trabalhada em várias obras, uma das principais encontra-
se no livro de Florestan Fernandes, A integração do negro na sociedade de
classe, São Paulo: Dominius, 1965, 2 v. Ver também: Kabengele
Munanga, "O racismo no mundo contemporâneo", Cadernos Penesb, v. 2, (2000), pp.
31-44; Lilia Moritz Schwarcz, O espetáculo das raças:
cientistas, instituições e questão racial no Brasil 1870-1930, São Paulo:
Companhia das Letras, 2007; Antônio Sérgio Alfredo Guimarães
e Lynn Huntley (orgs.), Tirando a máscara: ensaios sobre o racismo no Brasil
(São Paulo: Paz e Terra, 2000); Edward Eric Telles, Racismo à
brasileira: uma nova perspectiva sociológica, Rio de Janeiro: Relume Dumará/
Fundação Ford, 2003; Lilia Moritz Schwarcz, Racismo no
Brasil, São Paulo: PubliFolha, 2001; Antônio Sérgio Alfredo
Guimarães, Racismo e anti-racismo no Brasil, São Paulo: Editora 34, 2005.
25 Temos, como avaliação da educação básica brasileira, o Sistema Nacional de
Avaliação da Educação Básica (SAEB), implantado em 1990 e coordenado pelo
Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (INEP), que realiza duas
avaliações: a Avaliação Nacional da Educação Básica (ANEB), que abrange de
maneira amostral os estudantes das redes públicas e privadas do país,
localizados em área rural e urbana, matriculados no 5º e 9º anos do ensino
fundamental e no 3º ano do ensino médio; e a Avaliação Nacional do Rendimento
Escolar (ANRESC), que é aplicada censitariamente a alunos de 5º e 9º anos do
ensino fundamental público, nas redes estaduais, municipais e federais, de área
rural e urbana, em escolas que tenham no mínimo 20 alunos matriculados na série
avaliada. Nesse estrato, a prova recebe o nome de Prova Brasil e oferece
resultados por escola, município, Unidade da Federação e país, que são
utilizados no cálculo do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (IDEB),
criado em 2007 para medir a qualidade de cada escola e de cada rede de ensino.
As avaliações que compõem o SAEB são realizadas a cada dois anos, quando são
aplicadas provas de Língua Portuguesa e Matemática, além de questionários
socioeconômicos, aos alunos participantes e à comunidade escolar. Há também o
Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM), utilizado como forma de seleção
unificada nos processos seletivos das universidades públicas federais. Cf.:
Elba Siqueira de Sá Barreto. "Avaliação na educação básica entre dois modelos",
Educação & Sociedade, v. 22, n. 75 (2011), pp. 48-66;
Dados do INEP em: <http://provabrasil.inep.gov.br/>; Portal do MEC em: <http://
portal.mec.gov.br>.
26 Cf.: José Carlos Libâneo e Selma Garrido Pimenta, "Formação de profissionais
de educação: visão crítica e perspectiva de mudanças", Educação &
Sociedade, v. 20, n. 68 (1999), pp. 239-77; Antônio J.
Severino, "Educação, trabalho e cidadania: a educação brasileira e o desafio da
formação humana no atual cenário histórico", Perspectiva, v. 14, n. 2 (2000),
pp. 65-71; Terezinha Azerêdo Rios, "A escola inclusiva está
incluindo o professor? Inclusão requer condições - do professor e do contexto",
Presente! Revista de Educação, v. 52, (2006), pp. 36-8;
Terezinha Azerêdo Rios, "Professores: autores e atores nos dizeres da escola: a
contribuição da reflexão filosófica", in Cleide Almeida, Marcos Antonio
Lorieri, Antonio Joaquim Severino (orgs.), Perspectivas da filosofia da
educação (São Paulo: Cortez, 2011), pp. 208-21; I. P. A.
Veiga. "A formação dos profissionais de educação no contexto da inovação
pedagógica", Linhas Críticas, v. 7, n. 12 (2001), pp. 5-22;
I. P. A. Veiga, "A trajetória profissional e a construção do docente
universitário", in Mary Rangel (org.), Educação superior: avanços e práticas
(Niterói: Intertexto, 2010), pp. 15-34; Wilma de Nazaré Baía
Coelho, Educação, história e problemas: cor e preconceito em discussão, Belo
Horizonte: Edições Mazza, 2012; Wilma de Nazaré Baía Coelho e
Mauro Cezar Coelho (orgs.), Trajetórias da diversidade na educação: formação,
patrimônio e identidade (São Paulo: Livraria da Física, 2012).
27 Entre elas a de Jair Santana, "A Lei no 10.639/03 e o ensino de artes nas
séries iniciais: políticas afirmativas e folclorização racista" (Tese de
Doutorado, Universidade Federal do Paraná, 2010), p. 250; R.
J. Souza, "Suscitando debates sob a ótica da Lei no 10.639/03: história antiga
sem África", Seminário de Pesquisa de Pós-Graduação em História da UFRJ-
Diálogos e Aproximações, Rio de Janeiro, 2008.
28 António Concorda Contador, "A música e o processo de identificação dos
jovens negros portugueses", Sociologia, n. 36 (2001), pp. 109-20; Olívia Maria Gomes da Cunha, "Bonde do mal: notas sobre território,
cor, violência e juventude numa favela do subúrbio carioca", in Yvonne Maggie e
Claudia Barcellos Rezende (orgs.), Raça como retórica: a construção da
diferença (Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2002), pp. 83-154; Ari Lima, "Funkeiros, timbaleiros e pagodeiros: notas sobre juventude
e música negra na cidade de Salvador", Cadernos Cedes, v. 22, n. 57 (2002), pp.
77-96; Viviane Melo de Mendonça Magro, "Adolescentes como
autores de si próprios: cotidiano, educação e o hip hop", Cadernos Cedes, v.
22, n. 57 (2002), pp. 63-75.
29 Maria Rita Kehl, "Radicais, raciais, racionais: a grande fratria do rap na
periferia de São Paulo", São Paulo em Perspectiva, v. 13, n. 3 (1999), pp. 95-
106; Juarez Dayrell, "O rap e o funk na socialização da
juventude", Educação e Pesquisa, v. 28, n. 1 (2002), pp. 117-36; Jaison Hinkel e Kátia Maheirie, "Rap - rimas afetivas da periferia:
reflexões na perspectiva sócio-histórica", Psicologia & Sociedade, v. 19,
n. esp. 2 (2007), pp. 90-9, Carlos Eduardo Pimentel, Valdiney
Veloso Gouveia e Tatiana Cristina Vasconcelos, "Preferência musical, atitudes e
comportamentos anti-sociais entre estudantes adolescentes: um estudo
correlacional", Estudos de Psicologia, v. 22, n. 4 (2005), pp. 403-13; Bruno Zeni, "O negro drama do rap: entre a lei do cão e a lei da
selva", Estudos Avançados, v. 18, n. 50 (2004), pp. 225-41.
30 Informações disponíveis no site da Prefeitura de Belém: <http://
www.belem.pa.gov.br.>.
31 Ver, por exemplo, Maria José de Souza Barbosa, Maria Elvira Rocha de Sá,
Armando Lírio de Souza, Cleidiane do O. S. dos Santos e Lúcia Pinho dos Santos,
Estudo de caso: Tucunduba: urbanização do igarapé Tucunduba, gestão de rios
urbanos Belém-Pará, Belém: UFPA, 2003.
32 Sobre isso, ver Alice Pereira Xavier, "Uma visão antropológica da aplicação
de questionários na pesquisa em educação", Educar em Revista, n. 44 (2012), pp.
293-307. O universo pesquisado se distribuiu pelas variáveis
de caracterização apresentadas na Tabela 1.
33 Cf. notícia publicada pelo Ministério da Cultura em <http://
www.cultura.gov.br/site>, acessado em 10/08/2011.
34Pop: "Te levo comigo" - Restart; "Razões e emoções" - Nx Zero. Sertanejo:
"Meteoro", "Você não sabe o que é amor", "Sinais" - Luan Santana; "Fugidinha" -
Michel Teló. Tecnobrega: "Brega do tupinambá" - Banda Amazonas; "Beba doida" -
Banda Xeiro Verde.
35 Sobre o tecnobrega, ver Lydia Barros, "Tecnobrega, entre o apagamento e o
culto", Revista Contemporânea, n. 12 (2009), pp. 62-79.
36 "Realidade cruel", "Negro drama" - Os Racionais.
37 Utilizamos as indicações de Carla Beatriz Meinerz e Wivian Weller, "Grupos
de discussão: uma opção metodológica na pesquisa em educação", Educação e
Realidade, v. 36, n. 2 (2011), pp. 485-504; Wivian Weller,
"Grupos de discussão na pesquisa com adolescentes e jovens: aportes teórico-
metodológicos e análise de uma experiência com o método", Educação e Pesquisa,
v. 32, n. 2 (2006), pp. 241-60.
38 Sobre a expressão em perspectivas diferentes, cf.: Vinícius Gonçalves Bento
da Silva e Cássia Baldini Soares, "As mensagens sobre drogas no rap: como
sobreviver na periferia", Ciência & Saúde Coletiva, v. 9, n. 4 (2009), pp.
975-85; Antonio Leandro da Silva, "Música rap: narrativa dos
jovens da periferia de Teresina - PI", Imaginário, v. 12, n. 13 (2006), pp. 83-
11; Zeni, "O negro drama do rap"; Hinkel e Maheirie, "Rap -
Rimas afetivas da periferia"; Kehl, "Radicais, raciais, racionais".
39 Claudia Pereira analisa as representações sociais sobre a juventude nos
anúncios publicitários da revista Veja e constata que os valores que as
constituem ' modernidade, felicidade, sociabilidade e liberdade ' passam a ser
estratégicos na comunicação com todas as idades (Cláudia Pereira. "Juventude
como conceito estratégico para a publicidade", Comunicação, Mídia e Consumo,v.
7, (2010), pp. 37-54).
40 Destacamos três trabalhos sugestivos: Jurandir Freire Costa, "Da cor ao
corpo: a violência do racismo", in Neusa Santos Souza, Tornar-se negro (Rio de
Janeiro: Graal, 1990), pp. 1-16; Nilma Lino Gomes, Sem perder
a raiz: corpo e cabelo como símbolos da identidade negra, Belo Horizonte:
Autêntica, 2008; Edith Piza e Fúlvia Rosemberg, "Cor nos
censos brasileiros", Revista USP, n. 40 (1998/1999), pp. 122-37; Lilia Moritz Schwarcz, "Frágil democracia: na dança dos números" e
"Nomes, cores e confusão", in Racismo no Brasil (São Paulo: Publifolha, 2001),
pp. 51-64 e 65-74.
41 Ângela Domingues, Quando os índios eram vassalos: colonização e relações de
poder no Norte do Brasil na segunda metade do século XVIII, Lisboa: Comissão
Nacional para as Comemorações dos Descobrimentos Portugueses, 2000; Antônio Porro, O povo das águas: ensaios de etno-história amazônica,
Rio de Janeiro: Vozes, 1995; Eduardo Viveiro Castro e Manuela
Carneiro da Cunha (orgs.), Amazônia: etnologia e história indígena (São Paulo:
Núcleo de História Indígena e do Indigenismo da USP/FAPESP, 1993); Francisco Jorge dos Santos, Além da conquista: guerras e rebeliões
indígenas na Amazônia pombalina, Manaus: Editora da Universidade do Amazonas,
1999; John Hemming, Amazon Frontier: the Defeat of the
Brazilian Indians, London: MacMillan, 1987; John Hemming, Red
Gold: the Conquest of the Brazilian Indians, Cambridge, Massachusetts: Harvard
University Press, 1978; José Ribamar Bessa Freire, Rio Babel:
a história das línguas na Amazônia, Rio de Janeiro: EDUERJ/Atlântica, 2004; Leslie Robinson Anderson, "Following Curupira: Colonization
and Migration in Pará, 1758 to 1930 as a Study in Settlement of the Humid
Tropics" (Dissertation Doctorate of Philosophy in History, University of
California, 1976); Nádia Farage, As muralhas dos sertões: os
povos indígenas no Rio Branco e a colonização, Rio de Janeiro: Paz e Terra/
ANPOCS, 1991; Patrícia Maria Melo Sampaio, Espelhos partidos:
etnia, legislação e desigualdade na Colônia, Manaus: Editora da Universidade
Federal do Amazonas, 2011; Leandro Tocantins, Amazônia:
natureza, homem e tempo, Rio de Janeiro: Biblioteca do Exército, 1982.
42 Cf. legislação vigente: BRASIL, Lei nº 9.394, 20 de dezembro de 1996. Lei de
Diretrizes e Bases da Educação Nacional, Diário Oficial da União, 23/12/1996,
Brasília, DF; BRASIL, Lei nº 10.639, de 9 de janeiro de 2003,
Diário Oficial da União, 10/01/2003, Brasília, DF; BRASIL,
Ministério da Educação, Parecer CNE/CP nº 3/2004,Diretrizes Curriculares
Nacionais para a Educação das Relações Étnico-Raciais e para o Ensino de
História e Cultura Afro--Brasileira e Africana; BRASIL,
Ministério da Educação, Plano nacional de implementação das diretrizes
curriculares nacionais para a educação das relações étnico-raciais e para o
ensino de história e cultura afro-brasileira e africana, 2010; BRASIL, Lei nº 11.645, de 10 de março de 2008.
43 Telles, "Racismo à brasileira"; João Baptista Borges Pereira, "Racismo à
brasileira", in Kabengele Munanga, Estratégias e políticas de combate à
discriminação racial (São Paulo: EDUSP, 1996), pp. 75-94;
Wilma N. B. Coelho, "O racismo à brasileira e a educação", Vida e Educação, n.
1, (2009), pp. 43-5.