A importância da definição de zonas alvo de treino para o Indoor Cycling
A importância da definição de zonas alvo de treino para o Indoor Cycling
Rui Garganta, Jorge Roig, César Chaves, Ricardo Bomtempo, Nuno Alves e João
Ferreira.
Faculdade de Desporto da Universidade do Porto.
E-mail:ruigarg@fade.up.pt
Introdução: É do conhecimento geral que as designadas aulas de grupo parecem
não ter vocação para responder às exigências, capacidades e necessidades dos
diferentes praticantes. OIndoor Cycle (IC) parece não ser excepção, atendendo a
que a intensidade de esforço é, habitualmente, determinada pelo professor em
função do ritmo musical (bpm) imposto e não em função das capacidades e
objectivos dos praticantes.
O problema é que na mesma aula estão utentes de diferentes idades e sexos, com
tipos somáticos e níveis de aptidão perfeitamente diferenciados e, como seria
de esperar, com objectivos díspares, o que nos leva a pensar que não parece
lícito que todas as pessoas sejam sujeitas ao mesmo tipo de intensidade.
Pergunta-se, no entanto, o seguinte: será possível, neste tipo de aulas,
sugerir uma metodologia capaz de individualizar a carga de treino ou contemplar
diferentes objectivos? De facto, enquanto que na maioria das modalidades de
grupo a referida individualização se afigura difícil, senão impossível, no IC,
tendo em conta que há um professor responsável pelo grupo, que a aula é
realizada em ergómetros estacionários e que a monitorização do esforço é
relativamente acessível, pensamos que é possível e, porque não, desejável.
Apesar disso, podemos constatar que, actualmente, não é comum avaliar a
intensidade do esforço e mesmo quando esta é avaliada, por exemplo, com recurso
a monitores de Frequência Cardíaca (FC) a monitorização do esforço tem servido
apenas para verificar se esta se eleva muito ou pouco (sem que se tenha bem
a noção do seu significado real). Uma das estratégias para conhecer o seu
significado, baseia-se na fórmula sugerida pelo ACSM (FCmáx teórica=220-idade),
e na respectiva zona alvo para o treino cárdio-vascular (60 a 90% da FCmáx.
teórica). Relativamente à referida estratégia pensamos importante considerar
duas limitações: a equação para estimar a FCmáx. contém um erro demasiado
grosseiro e apenas existe uma zona alvo de treino.
Objectivo desta pesquisa é sugerir um conjunto de zonas alvo de treino que
contemple diferentes objectivos. Metodologia: 10 sujeitos com idades
compreendidas entre os 22 e os 35 anos, aparentemente saudáveis, de acordo com
o critério do ACSM, realizaram testes maximais de incremento progressivo de
carga funcional de minuto a minuto, num total de 10 min. (onde se tinha de
atingir o máximo da capacidade de esforço), com o objectivo de determinar o
limiar ventilatório e a correspondente FC. Foi ainda registado a sensação
subjectiva de esforço (escala de Borg adaptada a 10 níveis) e a capacidade de
falar (escala de 5 níveis). Os dados foram recolhidos no Ginásio Status e em
bicicletas da marca Tomahawk. Os limiares ventilatórios foram obtidos com
recurso a um oxímetro (Cortex 2000) e as FC foram recolhidas com bandas
emissoras e receptor da marca Polar.
Resultados: a divisão das zonas alvo são apresentadas de acordo com duas
perspectivas: uma mais global, onde se sugerem apenas duas grandes zonas alvo:
(1) uma em equilíbrio de esforço (abaixo do limiar), onde a lipólise se
sobrepõe à glicólise com um valor estimado em cerca de 85 % da FCmáxE, e outra;
(2) cuja continuação do esforço, à mesma intensidade, se torna uma tarefa
complicada (acima do limiar), onde a glicólise se sobrepõe à lipólise (acima
dos 85 % da FCmáxE). A segunda perspectiva é mais pormenorizada, baseia-se
também na FCmáxE, no entanto sugere 5 zonas alvo (por subdivisão das
anteriores), três abaixo e duas acima do limiar. Assim temos: abaixo do limiar:
Zona 1: 55 a 65%; Zona 2: 66 a 75%; e Zona 3: 76 a 85% e, acima do limiar: Zona
4: 86 a 95% e Zona 5: 96 a 100%. Cada uma destas zonas tem respostas
fisiológicas e está associada a diferentes objectivos.
Conclusões: (1) são cinco as zonas alvo passíveis de ser contempladas em função
de diferentes objectivos; (2) a prescrição de treino cárdio-vascular deve
considerar a especificidade do esforço.