Autoeficácia para a prática de atividade física por indivíduos adultos
A Organização Mundial da Saúde (OMS) define a saúde como não sendo simplesmente
a ausência de doenças, mas sim como um completo bem-estar físico, mental e
social do indivíduo. Dubbert (2002) explica que em nenhum outro momento da
história foram produzidos tantos estudos e tantas discussões sobre os
benefícios da prática de atividade física e de sua importância em relação às
diferentes dimensões da saúde. Porém, mesmo com um grande volume de pesquisas
nessa área, muito há que se fazer para aumentar a participação em práticas
regulares desse tipo em todo o mundo, uma vez que os índices de adesão em
programas de exercícios físicos permanecem abaixo do necessário e recomendado
para se obter os benefícios de tal comportamento (Iaochite, 2006).
Uma pesquisa realizada em todas capitais brasileiras no ano de 2008, chamada
VIGITEL, encontrou que apenas 16.4% da população pratica atividade física
conforme as recomendações de importantes órgãos como a Organização Mundial da
Saúde (OMS) e do Colégio Americano de Medicina do Esporte (ACSM), os quais
recomendam prática de pelo menos 30 minutos diários de atividade física de
intensidade leve ou moderada em cinco ou mais dias da semana ou a prática de
pelo menos 20 minutos diários de atividade física de intensidade vigorosa em
três ou mais dias da semana (Brasil, 2009).
Abramovay e Castro (2006) ao realizar um estudo sobre a prática de esportes por
jovens brasileiros com idade entre 15 e 29 anos, encontrou que de um total de
mais de 47.8 milhões de jovens, 56.6% afirma não praticar atividade esportiva.
Dentre os que relataram a razão desse comportamento, o principal motivo foi o
fato de não terem interesse pela prática de atividade física.
Nessa direção, é possível prever que o sedentarismo nos mais diversos períodos
do desenvolvimento humano poderá trazer consequências desastrosas para a
população e uma sobrecarga aos sistemas de saúde, dada a complexidade e
multicausalidade entre os fatores que podem interferir na condição de saúde/
doença de uma população. Se associarmos esses fatores a uma condição de vida
monopolizada muito mais pelo tempo dedicado ao trabalho que ao tempo de lazer,
é esperado, nesse contexto, um grande e perigoso problema de saúde pública.
Nesse sentido, a compreensão do comportamento de praticar atividade física,
dentre outros temas, poderá contribuir para a composição de um quadro diferente
e desejado pelos profissionais que atuam na promoção da atividade física e da
saúde.
O processo de aderência ao exercício está relacionado à manutenção num programa
ou prática de atividade física estruturada ou não, coletiva ou individualizada,
além de ser, dinâmico, complexo e que sofre influências de diferentes dimensões
e seus respectivos fatores. A identificação e o conhecimento desses fatores
podem ser benéficos, pois, além de permitir a compreensão do fenômeno,
possibilita a reflexão sobre algumas estratégias que, a partir de um dado
referencial teórico de análise, poderiam fornecer orientações mais seguras e
eficazes no que tange aos processos de intervenção e de pesquisa (Iaochite,
2006).
Ao destacar a promoção da prática de atividade física é necessário compreender
que o comportamento de praticar exercícios é dinâmico, complexo e
multideterminado por diversos fatores de ordem pessoal, comportamental e
ambiental. No que se referem aos fatores pessoais, estudos de correlação entre
a adoção de um comportamento ativo e a crença de autoeficácia, têm apontado
esta crença como um importante fator mediador para a prática de exercícios.
(Iaochite, 2006).
A autoeficácia percebida pode ser definida como as ... crenças nas próprias
capacidades para organizar e executar os cursos de ação requeridos para
produzir dadas realizações (Bandura, 1997, p. 3). Quando relacionada à prática
de atividade física pode ser entendida como a capacidade de se manter
fisicamente ativo mesmo diante de impedimentos que possam vir a surgir, tais
como más condições climáticas e falta de tempo.
A constituição da crença de autoeficácia se dá por meio da influência de 4
fontes principais. Pajares e Olaz (2008) explicam que a primeira delas é a
experiência direta. Esta é a fonte mais influente, pois é a interpretação do
resultado do comportamento anterior do sujeito. Em segundo lugar vem as
experiências vicárias, ou seja, observar outras pessoas executando as tarefas.
Na sequência vem julgamentos verbais que outras pessoas fazem, conhecido por
persuasão social e por último os estados emocionais e fisiológicos que
proporcionam informações sobre as crenças de auto-eficácia. Nível de ativação
(arousal), fadiga, stress, ansiedade, tensão e dor são manifestações que podem
alterar a percepção de autoeficácia, pois afetam diretamente o juízo que as
pessoas fazem sobre sua própria eficácia.
Lee, Arthur e Avis (2008) explicam que a aplicação da teoria da autoeficácia
tem sido usada em muitos programas de intervenção, uma vez que quando aumentada
essa crença dos indivíduos, é possível facilitar a aderência a programas de
atividade física. Além disso, os autores destacam a importância de se intervir
nas quatro fontes de construção da crença de autoeficácia, o que pode causar um
aumento não apenas no desempenho, mas também na manutenção da atividade física.
Ressaltando a importância da autoeficácia, Barnett e Spinks (2007) comentam que
a prescrição de exercícios também deveria focar este aspecto psicológico, uma
vez que essas prescrições têm focado apenas aspectos fisiológicos.
O quadro 1 mostra alguns resultados encontrados em estudos recentes sobre
atividade física e autoeficácia. Os resultados das investigações apresentadas
dão uma pequena amostra do papel da autoeficácia no contexto da prática de AF.
É necessário reconhecer que há um conjunto enorme de investigações documentando
essa relação, sobretudo nos comportamentos de adesão e manutenção na AF.
Bandura (1997) destaca que o mais relevante não é apenas se o indivíduo pode
executar as habilidades físicas, mas a eficácia autorregulatória para mobilizar
a si próprio para se exercitar regularmente face à variedade de impedimentos
pessoais, sociais e situacionais que podem surgir. Segundo Bandura, quanto
maior é a crença de autoeficácia, mais sucesso o indivíduo terá no processo de
se exercitar regularmente em níveis saudáveis.
Quadro 1
Estudos recentes sobre atividade física e autoeficácia
Desta forma, considerando que os índices de adesão a prática regular de
exercícios permanecem abaixo do necessário e que a crença de autoeficácia tem
sido apontada na literatura como um importante fator para esse comportamento, o
presente estudo teve como objetivos: i) mensurar o nível de autoeficácia para a
prática regular de atividade física; ii) mensurar o nível de cada fonte de
construção dessa crença; e, iii) correlacionar o nível de autoeficácia com cada
uma das fontes.
MÉTODO
Este estudo de natureza quantitativa e caracterizado como descritivo foi
aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade de Taubaté, sob
número de protocolo 283/08.
Amostra
A amostra do estudo é do tipo não probabilística por acessibilidade e contou
com a participação de 196 indivíduos praticantes de atividade física
(hidroginástica, natação, ginástica localizada e musculação), com uma média de
idades de 38.8 ± 13.5 anos, sendo 62.8% do sexo feminino e 37.2% do sexo
masculino.
Instrumentos
Dados sociodemográficos
Questionário de caracterização do participante e da prática de atividade
física, composto por questões com o objetivo de caracterização sóciodemográfica
do participante e da prática regular de atividade física. São exemplos dessas
questões: idade, sexo e frequência na prática de atividade física.
Autoeficácia para a prática de atividade física
Escala de autoeficácia para a prática regular de atividade física do tipo
Likert de 9 pontos, composta por 18 itens (alpha de Cronbach = .89) cuja
finalidade foi avaliar a autoeficácia para a prática de exercícios em
diferentes situações que desafiam o indivíduo a manter esse comportamento sob
condições pouco favoráveis à prática, traduzida e adaptada de Bandura (2006).
São exemplo de itens: Quando estou me sentindo cansado, Quando estou sob
pressão do trabalho ou estudo, Quando eu tenho muito trabalho para fazer em
casa.
Fontes de autoeficácia para a prática regular de atividade física
Escala de fontes de autoeficácia, do tipo likert,, constituída por um conjunto
de 16 itens (alpha de Cronbach = .83) com o objetivo de identificar as fontes
de construção da autoeficácia para a prática regular de atividade física
adaptada de Iaochite (2007). Os itens foram agrupados em 4 subescalas a partir
dos apontamentos de Bandura (1997). São exemplos: Experiência direta (alpha de
Cronbach = .57) As experiências que vivencio quando eu me exercito ,
Experiência vicária (alpha de Cronbach = .74) Observar pessoas com
características parecidas com as minhas (idade, estrutura física etc.) se
exercitando, Persuasão social (alpha de Cronbach = .69) Receber apoio dos
familiares (pais, irmãos, esposa (o) etc.) e Estados Emocionais e Fisiológicos
(alpha de Cronbach = .48) Sentir vergonha e/ou ansiedade durante a prática de
exercícios.
Procedimentos
Antes da aplicação total, foi realizado um teste do instrumento de pesquisa com
14 participantes. Nesses instrumentos aplicados, havia uma ficha de avaliação,
contendo questões sobre a dificuldade das perguntas e alguma sugestão para
melhorá-lo. Os respondentes afirmaram em geral que o instrumento era de fácil
compreensão e sugeriram uma mudança no espaçamento entre os itens das escalas
para que assim houvesse uma melhor visualização. Essa solicitação foi atendida
e então os outros questionários foram aplicados sem mudança no conteúdo.
Após a autorização dos responsáveis pelos centros de atividade física e
assinatura do termo de consentimento pelos participantes, os instrumentos de
coleta de dados foram aplicados em sessões para pequenos grupos de até 10
pessoas, para que em caso de dúvida estas fossem sanadas com a maior clareza
possível. A aplicação dos questionários foi feita nos meses de novembro e
dezembro de 2008 e janeiro de 2009. Os sujeitos gastaram em torno de 15 minutos
para responder o instrumento.
Análise Estatística
A análise dos dados envolveu testes da estatística descritiva e inferencial
como frequência, média, desvio padrão e correlação.
RESULTADOS
Em relação a frequência na prática de atividade física, os resultados obtidos
apontam que 88.3% dos participantes se exercitam 3 ou mais vezes por semana,
10.7% se exercitam 2 vezes por semana e apenas 1.0% 1 vez por semana. Já no que
diz respeito ao tempo destinado à prática de atividade física, 82.7% dos
respondentes afirmaram gastar acima de 41 minutos por sessão, 11.7% gastam de
31 a 40 minutos, 2.0% de 21 a 30 minutos e 3.6% de 10 a 20 minutos.
Quadro 2
Caracterização da prática de atividade física
No quadro 3 aparecem a média do nível de autoeficácia e as médias obtidas em
cada um dos itens da escala de autoeficácia.
Quadro_3
Média (e DP) dos itens da escala de autoeficácia para a prática regular de
atividade física
Quadro_4
Média das fontes e dos itens correspondentes a cada uma delas
O nível de autoeficácia para a prática de atividade física pode ser considerado
como próximo de elevado (M = 111.19 em uma escala que vai 18 a 162 pontos,
composta por 18 itens). Os itens são situações que desafiam o indivíduo a
manter o comportamento de se exercitar sob condições pouco favoráveis à prática
de atividade física. A situação em que os indivíduos mais se julgam capazes
para praticar atividade física foi o item após o retorno das férias, o qual
obteve uma média de 7.60 pontos em uma escala que vai 1 a 9 pontos. Já a
situação que obteve a menor média foi o item Quando estou com visitas em
casa, sendo representado pelo valor de 4.84 na mesma escala.
Em relação às quatro fontes que influenciam o comportamento de praticar
atividade física, a persuasão social foi a que obteve o maior valor, sendo
representada por uma média de 27.64 numa escala de 4 a 36 pontos. Em seguida
vieram as experiências vicárias com 25.79 pontos, experiências diretas com 23
.64 pontos e estados fisiológicos e emocionais 20.06 pontos representados na
mesma escala.
Embora não faça parte da fonte persuasão social, a situação que obteve maior
média foi a vivência de emoções positivas durante a prática de exercícios, a
qual está relacionada a fonte estados emocionais e fisiológicos, com um valor
de 7.57 em uma escala que vai de 1 a 9 pontos. Já a situação que teve menor
média foi em relação as experiências vivenciadas nas aulas de Educação Física
no ensino médio, com um valor de 4.05.
Para se fazer as correlações foi usado o coeficiente de Pearson (r). Ao se
correlacionar cada uma das 4 fontes de construção da crença com o nível de
autoeficácia para a prática de atividade física, obteve-se, ainda que fracas,
correlações positivas entre todas essas variáveis. A maior correlação foi entre
autoeficácia e experiências diretas, a qual obteve o valor de .30. A seguir
aparece o quadro com as outras correlações obtidas.
Quadro 5
Correlações entre autoeficácia e cada uma das fontes
DISCUSSÃO
Os resultados obtidos no estudo são satisfatórios quanto a frequência na
prática de atividade física e o tempo gasto nela, visto que 88.3% se exercita 3
ou mais vezes por semana e 82.7% gasta mais de 41 minutos por sessão. Esses
dados vão ao encontro do que é proposto pela Organização Mundial de Saúde (WHO)
e pelo Colégio Americano de Medicina do Esporte (ACSM) em relação ao tempo
gasto e frequência na prática.
Os dados do quadro_3, que se referem à situações que podem atrapalhar a prática
regular de atividade física mostram resultados interessantes, tais como que
após o retorno das férias, durante momentos de ansiedade e até mesmo diante da
falta de incentivo de amigos e familiares os sujeitos relatam que se julgam
bastante capazes de praticar atividade física. Essas situações citadas foram as
que obtiveram as maiores médias na escala de autoeficácia. Os valores obtidos
nelas podem ser atribuídos a alta crença de autoeficácia para a prática regular
de atividade física encontrada na amostra deste estudo, a qual foi próxima de
elevada conforme dados apresentados no
quadro_3. É relevante observar que mesmo os indivíduos considerando a persuasão
social como a fonte mais forte na constituição de suas crenças para a prática
de exercícios (quadro_4), eles se julgam bastante capazes para se exercitarem
sem o apoio de amigos e familiares, o que pode ser explicado pelo valor da
crença de autoeficácia desses sujeitos relatada no estudo.
Já em relação aos itens que obtiveram as menores médias, tais como após a
recuperação de uma lesão que fez interromper a prática de exercícios, a questão
de outros compromissos e a presença de visitas em casa (
quadro_3) notamos que mesmo diante dessas situações os indivíduos ainda se
julgam capazes para se exercitar. Embora as médias obtidas nesses itens tenham
sido menores, elas ainda não são tão baixas. Embora para essas pessoas tais
situações sejam as que mais atrapalham, o valor obtido mostra que elas se
julgam capazes para a prática de atividade física nessas circunstâncias, mesmo
que um pouco menos, o que também é explicado pelo valor da crença de
autoeficácia encontrada nesta pesquisa.
As análises dos resultados das fontes de autoeficácia para a prática regular de
exercícios apontaram a fonte persuasão social como a que teve maior índice,
obtendo uma média de 27.64 pontos numa escala que vai de 4 a 36 pontos (
quadro_4). Estudos realizados com o público idoso (Resnick, Orwig, Magaziner,
& Wynne, 2002) e públicos mais jovens (Beets, Vogel, Forlaw, Pitetti, &
Cardinal, 2006; King, Tergerson, & Wilson, 2008; Tahara, Schwartz, &
Silva, 2003) já haviam revelado a importância da persuasão social vinda de
amigos, familiares e professores para a prática de atividade física, o que
também foi encontrado neste estudo feito com uma população mais abrangente.
Esse dado aponta para a importância do incentivo e da atuação dos professores
como um dos mediadores do comportamento de seus alunos. É possível pensar que
para esses participantes, o professor pode ser visto como um dos responsáveis
pela constituição da crença de capacidades deles, em função do papel que ele
exerce na instrução e no incentivo à prática esportiva. Bandura (1997) afirma
que o impacto que a persuasão pode causar na constituição da crença depende da
credibilidade da fonte persuasiva.
A segunda fonte que recebeu maior pontuação foi experiência vicária com média
de 25.79 pontos representada na mesma escala. Pajares e Oláz (2008) explicam
que as pessoas formam suas crenças de autoeficácia também observando outras
pessoas. Indivíduos principiantes em uma ação tendem a se tornar mais sensíveis
a esta fonte e até mesmo indivíduos experientes e autoeficazes aumentam sua
auto-eficácia se modelos lhes ensinarem melhores modos de fazer as coisas. No
estudo não foi questionado há quanto tempo os respondentes praticam atividade
física, mas o valor obtido mostra a relevância desta fonte no comportamento de
se exercitar, pois por meio da observação podem aprender novos comportamentos.
Em terceiro lugar ficou a fonte experiências diretas com uma média de 23.64
pontos, representada também na mesma escala das fontes anteriores. Conforme os
autores mencionados acima, esta é a fonte mais influente na constituição da
crença, pois a medida que as pessoas realizam ações, elas interpretam os
resultados de seus atos e usam essas interpretações para desenvolverem crenças
sobre sua capacidade em determinadas tarefas. Os autores dizem ainda que essas
experiências são apenas dados brutos e são muitos os fatores que influenciam o
modo como esses dados são processados cognitivamente e afetam a autoavaliação
do indivíduo. Isso pode ser uma das razões para a fonte não ter ficado em
primeiro lugar. Outra razão para a fonte não ter ficado em primeiro lugar pode
ser devido a dois dos quatro itens que compunham a subescala da fonte
experiência direta. Ao se questionar sobre o quanto as experiências vivenciadas
nas aulas de Educação Física podem ter feito parte do julgamento de como as
pessoas consideram essas experiências importantes para a constituição da crença
da própria capacidade para se exercitar regularmente, obteve-se uma média de
4.53 no ensino fundamental e uma média de 4.05 no ensino médio (numa escala de
9 pontos), o que provavelmente está relacionado a evasão ou não participação
nas aulas de Educação Física, a qual pode ter acontecido por diversos motivos,
e assim uma menor relevância desses fatores na construção da crença.
Por último aparece a fonte estados emocionais e fisiológicos com média de 20.06
pontos. Embora ela tenha obtido a menor pontuação, seu valor não ficou tão
distante dos resultados obtidos nas outras. Sensações como ansiedade, estresse,
excitação e estados de humor também proporcionam informações sobre as crenças
de autoeficácia. As pessoas podem avaliar o seu grau de confiança por seu
estado fisiológico enquanto pensam em uma determinada ação (Pajares & Olaz,
2008).
Sintetizando, o estudo em questão revelou que grande parte da amostra possui
uma alta frequência e emprega um considerável tempo na prática de exercícios.
No que diz respeito ao nível de autoeficácia, foi encontrado que os sujeitos
possuem uma crença relativamente alta, o que pode ser uma das razões para os
valores obtidos em relação as variáveis tempo e frequência destinados para a
prática de atividade física.
Quanto às fontes de constituição da auto-eficácia, a fonte persuasão social
predominou entre as demais, ainda que todos os valores tenham sido altos. Esse
resultado reforça a importância da fonte persuasiva no que tange aos incentivos
vindos de amigos, familiares e professores na prática regular de exercícios e
corrobora com outros estudos presentes na literatura. Sobre essa fonte, é
Bandura (1997) quem nos provoca no sentido de afirmar, considerando estudos
anteriores, que o fornecimento de feedback positivo e seguro sobre a eficácia
está direta e proporcionalmente relacionado com o esforço, a persistência na
realização e o nível de competência.
Assim sendo, os profissionais de Educação Física devem estar atentos aos seus
alunos para que possam criar situações que explorem positivamente as fontes de
autoeficácia e que estas possam aumentar a crença de autoeficácia para a
prática de AF. Nessa direção, será possível objetivar a composição de um
cenário diferente do que tem sido encontrado atualmente, isto é, baixos índices
de participação na prática de exercícios em diferentes fases do desenvolvimento
humano.
Os resultados obtidos reforçam a importância de se conhecer as crenças de
autoeficácia para a prática regular de atividade física, dado a função
mediadora destas entre o indivíduo, o ambiente e o comportamento.
Com relação às quatro fontes que afetam a constituição desta crença, os valores
mostram como a persuasão social, as experiências vicárias, as experiências
diretas e os estados emocionais e fisiológicos são importantes na formação da
crença de autoeficácia para a prática de atividade física e fornecem
importantes dados aos profissionais de Educação Física para o planejamento de
suas aulas. Além disso, essas informações impulsionam a continuidade dos
estudos dessa relação, sobretudo no que tange ao papel do professor quanto à
orientação e motivação dos alunos para um comportamento ativo e que podem
oferecer subsídios importantes para o planejamento de ações que promovam a
adesão e a manutenção em programas de atividade física atendendo às
recomendações de importantes centros de pesquisa com vistas ao alcance de
condições de saúde e de qualidade de vida desejadas.