Sindicato Nacional dos Psicólogos: Um caso de mudança
Apesar de classificadas de formas diferentes, as mudanças organizacionais não
deverão ser perspectivadas como fenómenos isolados, totalmente independentes de
mudanças de outro tipo. Aliás, a teoria do equilíbrio pontuado (Abernathy &
Utterback, 1978; Gersick, 1988; Tushman & Rosenkopf, 1992; Tushman e
Anderson, 1986; Tushman & Romanelli, 1985) defende mesmo que as mudanças
radicais ocorrem no culminar de um período bastante rico em mudanças
incrementais, marcando, normalmente, o início de um novo ciclo organizacional.
O equilíbrio deste ciclo organizacional é novamente garantido a partir de
pequenas mudanças incrementais, que visam a adaptação da organização à
envolvente. Brown e Eisenhardt (1997) adoptam uma perspectiva diferente,
propondo um modelo de mudança contínua, de acordo com o qual as organizações
podem iniciar um processo de mudança rápida e constante, através, por exemplo,
da criação e lançamento de novos produtos, num esforço de adaptação que se
pretende eficaz.
Tratando-se de entidades constantemente expostas ao meio que as rodeia, e em
permanente interacção com o mesmo, os processos de mudança organizacional são
influenciados por diversos factores, de naturezas variadas. Assim, impõe-se uma
análise mais cuidada dos mesmos.
Factores de mudança e obstáculos à mesma
Kanter (1983) define cinco factores de mudança essenciais: desvios da tradição,
que podem resultar de acasos, através da introdução de pequenas variações num
processo habitual, variações essas que passam a constituir uma base
experimental; eventos críticos ou encorajadores, de natureza externa, que
requerem uma resposta rápida por parte da organização; decisões estratégicas,
tomadas com o objectivo de lidar com os factores acima descritos;
impulsionadores individuais, que implementam e motivam a implementação das
decisões tomadas; e veículos de acção, que constituem os mecanismos de
comunicação de processos, ao alcance da organização. Num processo de mudança,
uma organização deverá contar com todos estes factores o que, a acontecer,
redundará na "instituição da inovação". Também a cultura é apontada
como factor de mudança. Para Schein (1990), a cultura é perpetuada através de
processos de socialização, auxiliando a organização a manter os comportamentos
e atitudes desejados, eliminando os restantes. Curioso é verificar que o mesmo
autor define o mesmo factor como um obstáculo poderoso aos processos de mudança
organizacional. Este construto degenera frequentemente em resistência à mudança
chegando, frequentemente, a impossibilitá-la. Muitos autores se debruçaram
sobre esta temática, tendo, por exemplo, autores como Hannan, Pólos, e Carroll
(2003) identificado a opacidade e a aspereza, suportados no conceito de
arquitectura organizacional. Já Cunha, Rego, Cunha, e Cabral-Cardoso (2004)
apresentaram factores como a resistência à mudança e as relações de poder.
Todos os factores referidos podem assumir grande importância no processo de
análise do papel de uma mudança no ciclo de vida de uma organização. Esta
integração é fulcral para a realização do presente estudo, dado o carácter dos
seus objectivos.
A ABORDAGEM DO CICLO DE VIDA ORGANIZACIONAL
A perspectiva de Hisrich e Peters
Uma das abordagens que mais atenção merece na realização do presente estudo é a
abordagem do ciclo de vida. Van de Ven e Poole (1995, citados por Caetano,
2001), definem esta interpretação teórica através da metáfora orgânica,
metáfora a partir da qual surge o conceito ciclo de vida. Assim, considera-se
que as organizações atravessam um ciclo de vida, que implica diversas fases:
criação, crescimento, maturação e declínio. Esta não é, no entanto, a única
forma de materializar o ciclo de vida de uma organização, como se pode
verificar a partir da observação da Figura 2:
FIGURA 2
Ciclo de vida de uma organização(adaptado de Hisrich e Peters, 2002)
Através da análise da Figura 2, verifica-se que a perspectiva de Hisrich e
Peters (2002) é ligeiramente diferente. Estes autores concebem um ciclo de vida
constituído por quatro momentos principais: a criação, o início do crescimento,
o crescimento acelerado e maturação. Na fase denominada criação, que, de acordo
com os autores, pode durar entre cinco a sete anos, o crescimento é
relativamente reduzido. O pouco crescimento da organização nesta fase encontra-
se associado às dificuldades naturais que qualquer organização encontra na
definição inicial da sua estratégia e na sua implementação no sector de mercado
em que se situa. Dever-se-ão ter em consideração todos os obstáculos colocados,
tanto a nível financeiro como logístico, a uma organização nos primeiros anos
da sua existência.
Seguidamente, surge a fase que os autores intitulam início do crescimento.
Segundo os mesmos, esta fase poder-se-á estender por mais cinco anos e
representa o momento em que a organização, depois de garantir uma posição tão
segura quanto possível, arranca para um período relativamente próspero da sua
existência. Aqui, verifica-se já uma definição estratégica relativamente segura
que perspectiva a obtenção do visado sucesso. Numa terceira fase, denominada
fase do crescimento acelerado, a linha estratégica adoptada recolhe os seus
resultados. É nesta fase que a organização mais prospera, evidenciando um
crescimento que nunca antes se tinha verificado neste ciclo. Finalmente, a
organização atinge a fase de maturação. Neste período verifica-se uma
estagnação no que diz respeito ao rendimento da organização (é importante
considerar que o sucesso de diferentes organizações se afere através de
indicadores também eles diferentes), sendo que o futuro da organização vai
depender da sua capacidade de se rejuvenescer, adaptar e entrar de novo numa
fase de grande prosperidade. Perspectivam-se, então, duas alternativas para a
organização: pode não revelar qualquer tipo de mecanismo adaptativo e continuar
na fase de maturação, que, inevitavelmente, degenera num período de declínio no
que concerne a produtividade organizacional, podendo inclusivamente conduzir a
organização ao seu fim ou, por outro lado, pode encetar processos de mudança
adaptativos, que lhe permitam reforçar a sua capacidade competitiva. Se este
for o percurso trilhado, a organização terá a capacidade de se rejuvenescer, o
que a conduz a uma nova fase de crescimento acelerado (Hisrich & Peters,
2002). Deduz-se, deste modo, que, a partir de um determinado momento da sua
existência, depois de sobreviverem à fase da criação e de se estabelecerem no
mercado, as organizações são continuamente forçadas a revelar mecanismos de
mudança evolutivos, que lhes permitam acompanhar o ambiente competitivo
apresentado pela envolvente.
Apesar de se verificarem algumas diferenças, o modelo de Hisrich e Peters muito
tem a ver com o modelo de Van de Ven e Poole (1995, citados por Caetano, 2001).
Assim, os últimos assumem também um modelo caracterizado por quatro fases, tal
como referido anteriormente: criação, crescimento, maturação e declínio. Desta
forma, os autores definem a criação tal como Hisrich e Peters o fazem, sendo a
descrição do crescimento também ela idêntica. As principais diferenças ocorrem
a partir da definição da terceira fase. Para Van de Ven e Poole, o crescimento
representa apenas uma fase, seguida imediatamente pela maturação e,
posteriormente pelo declínio. A fase de maturação descrita pelos autores é
idêntica à fase com o mesmo nome no modelo de Hisrich e Peters. No entanto, no
modelo destes últimos, esta fase é apenas a quarta.
Têm sido conduzidos, ao longo das últimas décadas, estudos que aplicam o
paradigma do ciclo de vida organizacional a organizações de grandes dimensões,
de carácter lucrativo. Tem sido essa, aliás, a pedra angular da construção de
praticamente toda a bibliografia que foca esta temática. Deste facto são
exemplos estudos como o de Kallunki e Silvola (2006), que abordou questões
relacionadas com o ciclo de vida organizacional em 105 empresas finlandesas. É
neste particular que o presente estudo se destaca dos demais, ao procurar
aplicar esse mesmo paradigma a uma organização sem fins lucrativos, a um
Sindicato, nomeadamente, ao Sindicato Nacional dos Psicólogos Portugueses.
ORGANIZAÇÕES SEM FINS LUCRATIVOS
De acordo com Barros (1997), as organizações sem fins lucrativos apresentam, do
ponto de vista económico, uma série de características distintivas. Assim,
existe um factor que define todas essas características. Segundo o autor, este
reside no facto de não se verificar distribuição de lucros gerados pela
actividade e por uma actividade conducente ao bem-estar social, sendo a oferta,
portanto, definida por serviços e bens semi-públicos ou semi-privados. Este
sector acaba, então por se situar entre os sectores público e privado, numa
posição particularmente vantajosa para desenvolver actividades outrora da
responsabilidade do Estado. Para Drucker (1990), a característica essencial das
organizações em fins lucrativos é a missão, o cumprimento dos seus objectivos,
sendo que estes deverão ser actualizados com a regularidade exigida pela
situação. Como exemplo, o autor apresenta a instituição escolar, que se
encontra em profunda crise pelo facto de não ter actualizado a sua missão
primordial: massificar a frequência escolar entre os jovens. Apresenta-se, a
seguir, uma definição internacional do Sector Não Lucrativo, de acordo com
Salomon e Anheier (1992):
FIGURA 3
Classificação internacional do sector nãolucrativo (adaptado de Salomon e
Anheier, 1992)
Diversos autores propuseram modelos teóricos acerca da função económica das
organizações sem fins lucrativos e os traços enumerados com maior frequência
prendiam-se com a maior fiabilidade apresentada por estas organizações, pelo
facto de não procurarem o lucro, com o preenchimento de necessidades
específicas não cobertas pelo sector público e com a desigualdade sócio-
económica, factor este que contribui para o aumento da importância das
organizações sem fins lucrativos. Estes traços emergem das teorias propostas
por Weisbrod (1988), por exemplo.
O presente trabalho incide sobre o Sindicato Nacional dos Psicólogos, uma
organização que, em concordância com Salomon e Anheier (1992), está inserida no
grupo 10.
Apresentou-se, assim, como um desafio abordar uma organização que se enquadra
neste perfil de acordo com os paradigmas teóricos acima apresentados. Desta
forma, aplicaram-se ao Sindicato Nacional dos Psicólogos modelos relevantes
para as temáticas de mudança e de ciclo de vida organizacional, de acordo com
os objectivos a seguir expostos.
OBJECTIVOS DO ESTUDO
O presente estudo apresenta um objectivo essencial: descrever o traçado
histórico do Sindicato Nacional dos Psicólogos, tendo por base os principais
momentos de mudança ocorridos ao longo da existência da instituição. Este
objectivo, para além de uma contextualização do Sindicato, permite ainda uma
análise com vista a hipotetizar acerca dos factores que poderão ter potenciado
os referidos momentos de mudança. De modo a alcançar este objectivo,
identificou-se a necessidade de verificar em que fase do ciclo de vida
organizacional se encontra o Sindicato, o que representa ainda uma
possibilidade de projectar o futuro da instituição, tendo por base o modelo de
ciclo de vida adoptado para a realização do presente estudo (modelo de Hisrich
& Peters, 2002). Para o cumprimento deste objectivo torna-se importante não
só o referido modelo, mas também os modelos teóricos associados à temática da
mudança organizacional, citados no capítulo respectivo. Ao nível teórico,
pretendeu-se que o presente artigo apresentasse o seu contributo descrevendo a
história da instituição sob o ponto de vista de um fenómeno organizacional
- a mudança.
MÉTODO
Delineamento
O presente trabalho constitui um estudo de caso de carácter descritivo. De
acordo com Yin (2001), o estudo de caso é a estratégia mais adequada a adoptar
quando se verifica um controlo reduzido sobre os eventos e os fenómenos
abordados, ou seja, quando a evolução das variáveis estudadas é independente da
acção do investigador, o que se verifica no presente trabalho. Assim, "o
estudo de caso permite uma investigação para se preservar as características
holísticas e significativas dos eventos da vida real" (Yin, 2001).
Podendo também adquirir um carácter explicativo, o presente estudo serviu-se,
de forma mais insistente, das suas vertentes descritiva e exploratória. Será
importante considerar, também, que, de acordo com Platt (1992), o estudo de
caso é uma ferramenta exclusivamente exploratória, não podendo ser utilizada
para a confirmação ou infirmação de hipóteses. Ultrapassando a simples análise
histórica, o estudo de caso permite associar evidências provenientes de
múltiplas origens, examinando comportamentos contemporâneos e dados históricos,
sempre sem controlo sobre os comportamentos relevantes. Segundo Schramm (1971,
21), "a principal tendência em todos os tipos de estudos de caso, é que
tenta esclarecer uma decisão ou um conjunto de decisões: o motivo pelo qual
foram tomadas, como foram implementadas e com que resultados". Esta
perspectiva introduz o tópico da decisão e da análise dos resultados da sua
implementação, o que se pode tornar relevante num estudo que versa processos de
mudança organizacional. Esta estratégia de investigação não é, no entanto,
resumível a este factor. Dado o seu carácter abrangente (não se limita a um
simples levantamento de dados), permite investigar um ou mais fenómenos
inseridos no seu contexto da vida real, ainda que a fronteira entre aqueles e
esta não esteja claramente definida. De acordo com os critérios definidos pelo
autor, o presente trabalho constituirá um estudo de caso único e holístico
pois, por um lado, a temática específica foi raramente estudada, sendo o
estudo, por si só, suficiente para responder à questão colocada e, pelo outro,
atentará na natureza global da organização.
Ainda segundo Yin (2001), para a correcta realização de um estudo de caso
concorrem vários factores (e não necessariamente pela ordem apresentada). O
primeiro prende-se com as qualidades que o estudo deverá apresentar: validade
de constructo, que deverá ser assegurada através da utilização de múltiplas
fontes ao longo da realização do trabalho (no presente estudo, foram
entrevistados diversos sujeitos, cuja informação facultada foi cruzada com os
resultados de uma análise documental); a validade interna, que neste caso é
dispensável pois o estudo assume um carácter essencialmente descritivo/
exploratório; a validade externa, na qual a generalização efectuada não é
estatística, mas sim teórica, através da integração da informação num
determinado modelo (neste caso particular, consideram-se modelos inseridos nas
temáticas da mudança organizacional e no ciclo de vida organizacional); e a
replicabilidade, garantida através do desenvolvimento de um sistema de anotação
das fontes e documentações consultadas. Seguidamente, importa atentar também
nas características do investigador que, de acordo com o autor, deverá fazer
boas perguntas, ser bom ouvinte, revelar-se adaptável e flexível, ter uma noção
clara das questões em estudo e ser imparcial face a noções pré-concebidas, por
exemplo, a nível teórico.
Igualmente importante na elaboração de um estudo de caso é a consulta de várias
fontes de evidências. Das apontadas por Yin (2001), recorreu-se a três durante
a realização do presente estudo: realização de entrevistas, consulta de
arquivos e análise documental. Neste último caso, utilizou-se a documentação
colocada à disposição pelo SNP.
O trabalho conta com a realização de três fases, inteiramente qualitativas, de
recolha de dados. A primeira implica a aplicação do primeiro guião de
entrevista (guião I), a segunda constitui-se como uma fase de análise
documental, ficando a aplicação do segundo guião de entrevista (guião II)
destinada à terceira fase de recolha de dados.
Amostra
1ª Fase de recolha de dados: amostra constituída por quatro participantes
associados, em diferentes momentos históricos, ao Sindicato Nacional dos
Psicólogos. Os participantes apresentam idades compreendidas entre os 45 e os
75 anos, possuindo habilitações literárias, pelo menos, ao nível do Mestrado em
Psicologia, sendo que a maioria possui Doutoramento, encontrando-se ligada a
funções de docência universitária.
3ª Fase de recolha de dados: amostra igualmente constituída por quatro
participantes (dois deles já entrevistados na primeira fase de recolha de
dados) associados, também, à Direcção do Sindicato, em diferentes momentos da
sua história. Mais uma vez, os participantes apresentam idades compreendidas
entre os 45 e os 75 anos, possuindo habilitações, pelo menos, ao nível do
Mestrado em Psicologia, sendo que a maioria possui Doutoramento, encontrando-se
ligada a funções de docência universitária.
Instrumentos
Foram utilizados dois guiões de entrevista, um preliminar, e um segundo, bem
como todo o material colocado à disposição pelo Sindicato Nacional dos
Psicólogos, como por exemplo, arquivos históricos, actas de reuniões,
documentações estatutárias ou relatórios de congressos e encontros nacionais
promovidos pela referida instituição. Na Tabela 1 encontram-se os objectivos e
fontes utilizadas para a construção dos guiões de entrevista:
TABELA 1
Objectivos e fontes utilizadas para aconstrução dos guiões de entrevista
Procedimento
Numa primeira fase, foram efectuadas quatro entrevistas preliminares, cuja
análise de conteúdo revelou os principais momentos de mudança ao longo da
história do Sindicato Nacional dos Psicólogos. Seguidamente, procedeu-se à
análise de toda a documentação colocada à disposição pelo Sindicato, através da
qual se esperava, por um lado, a obtenção de dados relevantes para a construção
do guião de entrevista a ser aplicado aos elementos constituintes da amostra e,
pelo outro, uma sistematização histórica centrada nos referidos momentos de
mudança organizacional. A partir deste ponto, foi efectuado um cruzamento entre
a informação fornecida pela documentação disponibilizada e os dados obtidos por
meio das entrevistas, efectuando-se uma análise de conteúdo, da qual foram
extraídos os resultados do estudo.
Os contactos para as entrevistas foram efectuados por via telefónica, com o
apoio de um actual dirigente do Sindicato, ligado à história do mesmo desde a
sua criação. As entrevistas, de tipo semi-directivo, foram efectuadas nos
consultórios privados ou nos domicílios dos participantes, tendo-se recorrido a
um gravador para efectuar a gravação da entrevista, gravação essa previamente
autorizada pelos participantes. Procedeu-se, seguidamente, à transcrição das
entrevistas e respectiva análise, tendo por base o modelo proposto por Huberman
e Miles (1994).
De acordo com os referidos autores, para quem este tipo de investigação
qualitativa constitui um trabalho de natureza criativa, subjectiva e não
padronizada, verificam-se vários passos no decorrer de uma análise deste
género. Assim, o primeiro deles é a identificação de conteúdos que apresentem
semelhanças entre si, conteúdos que possam ser agrupados. Posteriormente, e
como resultado desta distinção, surge um momento de codificação, materializado
na definição de categorias mais amplas a nível conceptual, que abrangem os
conteúdos semelhantes entre si. É, neste momento, importante referir que os
conteúdos apresentados foram fracturados e isolados do contexto em que se
encontravam no texto original. Após o agrupamento e codificação em categorias,
procede-se a uma contabilização dos conteúdos agrupados, após a qual se segue
um novo período de diferenciação. Nesta fase, verifica-se uma análise mais
cuidada dos conteúdos de cada categoria, o que permite, normalmente, a formação
de sub-categorias. Ainda segundo Huberman e Miles (1994), um novo período de
codificação deve estar inerente ao processo de organização lógica dos dados.
Através desta organização lógica, os dados tornam-se mais facilmente
compreensíveis e, para além disso, relacionáveis com a literatura. Foi
precisamente este o processo levado a cabo no decorrer do presente estudo,
aquando da sistematização e análise dos resultados provenientes das entrevistas
efectuadas.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
A organização
A colocação da descrição da organização na secção destinada aos resultados e
discussão do presente estudo justifica-se através de um único facto: a
caracterização da organização foi, com efeito, um dos resultados do trabalho,
pois não existia qualquer forma de descrição pormenorizada a priori. Desta
forma, as duas primeiras fases da metodologia, correspondentes à aplicação de
um guião de entrevista e à consulta de documentação histórica colocada à
disposição pelo Sindicato Nacional dos Psicólogos serviram, essencialmente,
para caracterizar a referida instituição, sob a perspectiva histórica e
funcional, isto é, permitiram uma análise útil para o presente estudo (tanto
através da caracterização da organização como no precioso auxílio na definição
do ciclo de vida da mesma) de acordo com pontos de vista diversos.
Assim, o contexto sócio-político aquando do aparecimento do Sindicato Nacional
dos Psicólogos, em 1972, foi descrito como turbulento, dada a iminência de uma
revolução em Portugal e da mudança de regime político, ambiente este aliado a
um estado praticamente embrionário da Psicologia em Portugal, que não era,
ainda, vista como uma ciência independente. Deste modo, a instituição acaba por
surgir enquanto aglutinadora e defensora da classe, na perspectiva de ser
formada, em Portugal, uma verdadeira comunidade científica de Psicologia. A
organização passou, ao longo da sua história, por períodos turbulentos e por
períodos prósperos, cuja sucessão será abordada, com maior detalhe, adiante.
Foram aprovados Estatutos em três ocasiões: 1972, 1975 e 1981. Estas datas são
coincidentes com alguns dos momentos identificados por este estudo como
momentos marcantes na história da instituição, o que, por si só, constitui um
dado de análise relevante. Assim, e numa leitura mais próxima destes três
momentos, verifica-se a preocupação do Sindicato em definir os seus objectivos
e o seu âmbito de actuação, bem como os critérios de aceitação de novos sócios,
de acordo com a situação na qual se encontrava envolvido. Este factor é
coerente com os resultados obtidos, que apontam para causas maioritariamente
externas, no respeitante à ocorrência dos principais momentos de mudança da
história da organização.
Concluiu-se que as principais diferenças verificadas, no que diz respeito aos
objectivos do Sindicato Nacional dos Psicólogos, são introduzidas pela
aprovação dos Estatutos em 1975, facto que se deverá, muito provavelmente, ao
ambiente sócio-político vigente no país nessa data. Assim, nesta altura, são
introduzidos nos objectivos da instituição conceitos como solidariedade ou
reivindicações colectivas. Ganha também peso o carácter associativo do
Sindicato, ao assumir-se, em definitivo, como um instrumento de representação e
defesa da classe trabalhadora. Em contrapartida, desaparecem as funções
políticas anteriormente atribuídas aos organismos corporativos, e perdem também
relevo os pareceres emitidos por solicitação do Estado, pelo que o Sindicato
Nacional dos Psicólogos deixa de ser, a partir deste momento, um organismo de
controlo dos profissionais que representa. Para além destes objectivos
principais, dos Estatutos aprovados em 1975 constam ainda competências de
carácter claramente laboral, como a fiscalização e reclamação da aplicação de
leis e convenções colectivas de trabalho, a intervenção nos processos
disciplinares instaurados aos associados pelas entidades patronais, a
intervenção em caso de despedimento e a prestação de assistência sindical,
através de apoio sindical ou outro que se considere pertinente, nos casos de
conflitos resultantes de relações de trabalho. O mesmo movimento de libertação
e abertura motiva a mudança de designação do Sindicato, que nesta fase se
denomina Sindicato Nacional dos Profissionais de Psicologia. Esta mudança é
imposta pelo âmbito da instituição. O Sindicato passa a acolher, a partir de
1975, técnicos de orientação profissional e responsáveis pela aplicação de
testes psicométricos, bem como todos os diplomados pelo Instituto Superior de
Psicologia Aplicada, e não apenas doutores em Filosofia com dissertações
elaboradas num ramo da Psicologia, como anteriormente.
As mudanças introduzidas, no capítulo das competências e objectivos do
Sindicato Nacional dos Psicólogos, em 1981, são mais subtis. Deste documento
fazem parte todos os objectivos aprovados em 1975, sendo feitas algumas
introduções, nomeadamente ao nível do acompanhamento dos processos de
atribuição de carteira profissional, do controlo deontológico do exercício da
profissão e do acompanhamento de carreiras. As grandes alterações são
verificadas no que diz respeito àqueles que podiam integrar o Sindicato. O
movimento de abertura é ligeiramente corrigido, sendo necessário, para integrar
o Sindicato Nacional dos Psicólogos, ter concluído um curso de Psicologia, em
Portugal ou no estrangeiro, reconhecido pelo Ministério da Educação. São,
então, excluídos os elementos que, até à data, não tivessem concluído uma
licenciatura reconhecida em Psicologia. O mesmo não acontece com os
profissionais habilitados com licenciatura, que exerceram até 1975. Desta
forma, o Sindicato demonstra um carácter mais unitário, não excluindo aqueles
que já eram seus associados, seleccionando, no entanto, de uma forma mais
rigorosa, o reconhecimento e habilitação profissional de cada psicólogo.
Foram, também, recolhidos dados relativos à evolução do número de sócios do
Sindicato ao longo da sua história, apresentando-se os resultados na Tabela 2:
TABELA 2
Evolução do número de novos sócios do SNP
Através da leitura da Tabela 2, verifica-se que o número de novos sócios do
Sindicato iniciou a sua queda no decorrer da década de 80, tendo atingido o seu
número mínimo na década de 90: 310. A década de 2000 revela uma inversão desse
processo, iniciado há cerca de 20 anos, com o aumento do número de novos sócios
para 500. Será importante referir que o primeiro dado, que aponta 688 sócios ao
Sindicato na década de 70, se reporta a um período posterior à ocupação de
1975.
História e ciclo de vida
Associada ao cumprimento dos objectivos propostos para o presente estudo, surge
a análise dos principais momentos de mudança ocorridos ao longo da história do
Sindicato Nacional dos Psicólogos em Portugal. Esta leitura permitirá, como
referido anteriormente, efectuar um traçado histórico da instituição, bem como
identificar a fase do ciclo de vida das organizações que ela presentemente
atravessa. Tais dados revestem-se de grande importância ao nível de uma análise
ao futuro próximo do Sindicato. Desta forma, as mudanças encontradas foram
classificadas de acordo com o sistema proposto por Porras e Robertson (1994):
incremental, evolucionária, transformacional e revolucionária. As duas
primeiras constituem mudanças de primeira ordem, sendo que as duas últimas são
mudanças de segunda ordem. Após a análise de conteúdo efectuada aos dados
fornecidos pelos entrevistados, chegou-se ao seguinte quadro:
Após a recolha e a sistematização dos dados realizada de acordo com a Tabela 3,
procedeu-se à selecção, de entre todos os momentos de mudança referidos pelos
entrevistados, daqueles considerados principais. Esta selecção teve por base a
classificação dos momentos em si, sendo que praticamente todos os seleccionados
se constituem como mudanças de segundo grau, de acordo com a classificação
proposta por Porras e Robertson (1994) e, também, o contributo de um perito. O
perito, actual dirigente do Sindicato Nacional dos Psicólogos, encontra-se
ligado à instituição desde a sua génese encontrando-se, desta forma, numa
posição privilegiada para validar os momentos de mudança que emergiram como
resultados. Assim, este estudo contemplará como os principais momentos de
mudança ocorridos ao longo da história do Sindicato Nacional dos Psicólogos, os
seguintes: criação do Sindicato Nacional dos Psicólogos, momento que permite
definir os estatutos, objectivos e directrizes da organização aquando da sua
formação, extremamente importante para compreender todos os processos de
mudança posteriormente desenrolados; ocupação do Sindicato Nacional dos
Psicólogos, momento que implicou um corte radical com todos os princípios
estratégicos e funcionais pelos quais se regia o Sindicato até então e, como
tal, de grande importância no contexto deste estudo; as duas mudanças de
designação, para Sindicato Nacional dos Profissionais de Psicologia, e o
retorno a Sindicato Nacional dos Psicólogos, pois tratam-se de alterações de
denominação que implicaram consequências profundas no que diz respeito à
estrutura da organização; a adesão à Confederação Geral dos Trabalhadores
Portugueses - Intersindical Nacional (CGTP-IN) que, apesar de se tratar
de uma mudança de primeira ordem, esteve na origem de alterações de importância
ocorridas no decorrer dos anos 80; a perda de atribuição da carteira
profissional, que se constitui como um sério revés aos propósitos do Sindicato
Nacional dos Psicólogos e a adesão à EFPA (European Federation of
Psychologists' Associations), cuja escolha se justifica pelo início do
processo de adaptação às directrizes europeias.
TABELA 3
Mudanças ocorridas ao longo da história do Sindicato Nacional dos Psicólogos
No caso do presente estudo, estas mudanças assumiram ainda um papel adicional:
constituíram elementos de grande importância na caracterização da história do
Sindicato Nacional dos Psicólogos, desde o momento da sua fundação,
contribuindo, também, para a descrição do ciclo de vida da organização.
Fase do ciclo de vida
De acordo com os resultados obtidos ao longo da realização das três fases que
constituíram a metodologia do presente estudo, poder-se-á afirmar que o
Sindicato Nacional dos Psicólogos se encontra, actualmente, numa fase de
recriação ou renascimento ou, ainda, numa nova fase de crescimento. Esta
classificação é feita de acordo com o modelo proposto por Hisrich e Peters
(2002), seleccionado pelo facto de ser o mais recente dos modelos apresentados
no enquadramento teórico, bem como pela preferência por um modelo que contemple
apenas quatro fases. O modelo proposto pelos referidos autores é, então,
composto, pelas seguintes fases: criação, início do crescimento, crescimento
acelerado e maturação.
Os dados obtidos após a aplicação do segundo guião de entrevista, referentes à
categoria denominada adesão à EFPA, demonstram que, neste momento, está
assegurada não apenas a sobrevivência do Sindicato, como também um aumento
crescente da sua actividade no âmbito das suas funções. Para esta situação
contribuem, essencialmente, dois factores: o facto de ser o Sindicato Nacional
dos Psicólogos a organização que representa Portugal na EFPA (será importante
relembrar que a Federação apenas admite uma associação por país) e a
participação portuguesa em comissões de trabalho tão relevantes como a Ética,
os Testes e as Psicoterapias. O primeiro factor transforma o Sindicato numa
instituição fundamental no capítulo da ligação da prática de Psicologia em
Portugal à prática de Psicologia levada a cabo na Europa, representando, desta
forma, quaisquer elementos, colectivos ou individuais, que queiram expressar as
suas ideias ou sugestões junto da EFPA. O segundo factor, sendo, também ele,
veiculado através do SNP, acaba por contribuir no processo de reforço do poder
reivindicativo da instituição, no que diz respeito aos padrões de qualidade da
prática e do ensino de Psicologia em Portugal.
Para reforçar esta classificação, da análise efectuada aos outputsobtidos a
partir do primeiro guião de entrevista aplicado, consta também a referência à
adesão à EFPA como um momento de viragem, contemporâneo do início da (lenta)
recuperação levada a cabo pelo SNP, depois da grave crise da década de 80.
Assim, e numa perspectiva de caracterização do ciclo de vida organizacional do
Sindicato Nacional dos Psicólogos, e ainda de acordo com o modelo proposto por
Hisrich e Peters (2002) pode afirmar-se que existe um momento de criação da
instituição claramente identificado, tanto a nível documental como pelos
entrevistados: 1972. Posteriormente, principalmente após a ocupação do SNP, em
1975, e da sua primeira mudança de designação, ocorrida no mesmo ano, o
Sindicato inicia o seu crescimento, tanto a nível do número de sócios, como a
nível da intervenção laboral, propondo-se inclusivamente à mediação de
conflitos que envolvessem relações de trabalho. O início da década de 80, a
segunda mudança de designação e a inversão da evolução do panorama político
ocorrida nesta fase mergulham o Sindicato numa grave crise, durante a qual,
poderia, inclusivamente, ter fechado as suas portas. Enquadrada no modelo
proposto pelos referidos autores, o Sindicato entrava na sua fase de declínio,
durante a qual demonstrou pouca disponibilidade para apoiar os seus associados,
perdeu um grande número de sócios e o privilégio da atribuição da carteira
profissional. Este facto pode ser justificado pela maior exclusividade imposta
no Sindicato após a sua segunda mudança de designação, em 1981, e pelo facto de
fazer parte da CGTP-IN, associação de sindicatos claramente identificada à
esquerda, numa perspectiva política. Assim, o Sindicato foi vítima de uma
política anti-sindical generalizada à qual, dada a sua reduzida dimensão, não
resistiu. Um terceiro factor que contribuiu para a perda de interesse dos
psicólogos no Sindicato que os representava poderá estar associado ao facto do
reconhecimento dos cursos de Psicologia nalgumas universidades ter sido já
alcan-çado, pelo que, para muitos, o Sindicato tinha já servido o seu
propósito. No final da fase de declínio, o Sindicato era uma instituição
dificilmente contactável, sem funcionários a tempo inteiro, moribunda, tal como
descrita pelos entrevistados. Nesta altura, a defesa dos interesses dos
psicólogos estava, na sua maioria, entregue à CGTP.
Foi nesta altura, no final da década de 80, que se esboçou uma reacção, com a
adesão à EFPA que, após vários anos de avanços e recuos, acabaria por se
revelar frutífera. Este período de forte indefinição poderá ter constituído o
início da "recriação" do Sindicato. Actualmente, o Sindicato
Nacional dos Psicólogos surge, tal como anteriormente referido, como o elo de
ligação de Portugal à Europa, através da sua representação na EFPA, como uma
instituição de carácter científico respeitável, atestado pela participação nas
comissões de trabalho da Federação Europeia, apresentando-se também como uma
organização a tempo inteiro, com funcionários exclusivos, apta à resolução dos
problemas da classe profissional que representa e com os seus resultados
consolidados. Assim, e segundo o modelo de Hisrich e Peters (2002), o Sindicato
Nacional dos Psicólogos exibe, nesta fase, as características típicas de uma
organização na sua fase de crescimento. Será importante recordar que, de acordo
com os autores, a fase do crescimento se caracteriza pelo seguimento de uma
estratégia definida, associando-se a um período próspero da organização, o que
está acontecer com o Sindicato Nacional dos Psicólogos, após a adopção de uma
estratégia firme de identificação com as estruturas europeias que lhe são
correspondentes. Coerentes com a caracterização efectuada, bem como com a
descrição das fases feita pelo modelo, são, também, os dados obtidos
relativamente à evolução do número de sócios do Sindicato, que desceu no
momento de maior crise, entre as décadas de 80 e 90, tendo recuperado,
encontrando-se em crescendo, na década de 2000.
Perspectivas futuras
A perspectivação futura da evolução do Sindicato Nacional dos Psicólogos foi
efectuada tendo por base o modelo de ciclo de vida organizacional, proposto por
Hisrich e Peters (2002). Assim, as características potencialmente exibidas pela
organização nos diferentes cenários propostos são as previstas pelo modelo
apresenum ponto de sobejo interesse: os factores que contribuíram para a crise
dos anos 80 foram essencialmente externos. Uma nova crise, desta natureza, a
suceder, ficar-se-ia a dever a factores maioritariamente internos, o que
contribui para a caracterização do estado de maior estabilidade atingido pelo
Sindicato Nacional dos Psicólogos, cerca de 20 anos volvidos. De qualquer das
formas, esta perda de representatividade iria, por sua vez, contribuir para o
desinvestimento a realizar à dimensão europeia, entrando o SNP numa espiral de
crise que poderia, por seu turno, culminar de dois modos diferentes:
- No primeiro modo, ressurgiriam os mecanismos de mudança adaptativa,
esperançosamente a tempo de salvar a instituição, tal como sucedeu na crise
ocorrida durante a década de 80. Os mecanismos práticos e estratégicos a
implementar são, neste caso, imprevisíveis, pois tudo seria dependente do
estado em que a organização se encontrasse, bem como das opções colocadas
perante os seus dirigentes. Numa perspectiva teórica, e sempre de acordo com o
modelo de Hisrich e Peters (2002), uma estratégia bem sucedida poderia repetir,
na continuação do seguimento da lógica proposta pelos autores, o sucesso
atingido há cerca de 20 anos, quando se optou pela via europeia. O SNP
apareceria numa nova fase de recriação, seguida de reinício do crescimento,
culminada por uma fase tão prolongada quanto possível de crescimento acelerado.
Recuperaria ao nível do número de novos associados, surgindo com novo vigor nas
tarefas reivindicativas que lhe competem. O reconhecimento implícito nestes
acontecimentos permitir-lhe-ia recuperar o seu papel na EFPA, enquanto
interlocutor privilegiado das preocupações da classe em Portugal
- No segundo modo tudo se manteria de forma idêntica. A perda crescente
de representatividade e a diminuição do número de novos sócios mergulharia o
Sindicato numa profunda crise, da qual acabaria por não conseguir sair.
Terminaria, muito provavelmente, em morte organizacional, apesar desta ser uma
fase que não é prevista pelo modelo preferencialmente utilizado no decorrer da
realização do presente estudo.
Será de grande importância referir que os cenários apresentados são meras
extrapolações feitas com base nos pressupostos do modelo de ciclo de vida
organizacional proposto por Hisrich e Peters (2002), não constituindo qualquer
tipo de sugestão estratégica endereçada à instituição. Estas extrapolações
foram baseadas em dois pilares essenciais: a capacidade ou incapacidade futura
do SNP para pôr em prática os mecanismos adaptativos referidos pelos autores no
seu modelo; o percurso histórico do Sindicato, tal como analisado no presente
trabalho, que demonstra que nas fases em que esses mecanismos foram aplicados,
a organização conseguiu crescer, o mesmo não sucedendo quando esses mecanismos
se mantiveram inactivos. Esta associação entre o modelo teórico utilizado e os
resultados obtidos pelo estudo, que descrevem e analisam a história da
instituição, torna plausíveis os cenários apresentados. É, também, importante
ter em consideração que as previsões efectuadas assumem a manutenção das
condições externas ao Sindicato, insinuando que este se movimentará num
ambiente social e organizacional semelhante ao vigente hoje em dia, manutenção
essa que poderá não se verificar.
Considera-se, no entanto, de grande pertinência avaliar até que ponto
determinadas estratégias poderão ser ou não eficazes no processo de crescimento
de uma organização, dado que tal perspectivação pode constituir um ponto de
verdadeiro interesse para o tecido organizacional.
Ao nível teórico, o contributo do presente estudo centra-se no facto de
descrever o ciclo de vida de uma ONG sob o ponto de vista de um fenómeno
organizacional: a mudança. É neste sentido que se insere na literatura
existente acerca de mudança e ciclo de vida das organizações.