Apresentação do número
Apresentação do número
Maria José Chambel
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Ao aceitar o convite da então Presidente da Associação Portuguesa de
Psicologia, Professora Doutora Benedicta Monteiro, para organizar o VI Simpósio
do Comportamento Organizacional, foi minha intenção reunir diversificadas
contribuições, que nos dessem conta da qualidade e rigor da investigação que se
estava a desenvolver nesta área científica. Sendo prioridade destes encontros
fomentar a divulgação e partilha de trabalhos e preocupações entre
participantes portugueses, procurei, tal como, aliás, já tinha ocorrido em
edições anteriores, integrar alguns contributos de colegas da vizinha Espanha.
Neste encontro, foi possível contar com um vasto conjunto de investigadores e,
com a organização deste número temático da revista Psicologia, pretendo
apresentar uma amostra que seja representativa quer da diversidade, quer do
rigor e qualidade dos trabalhos apresentados. Não quero com isto dizer que não
existissem outros trabalhos que merecessem ser aqui editados e cuja presença
permitisse enriquecer este número, mas apenas que não foi possível obtê‑los em
tempo útil.
Nos textos que aqui se apresentam, a diversidade reflecte‑se nas instituições
de pertença dos autores, mostrando como o comportamento organizacional se
apresenta como uma temática relevante em diferentes Universidades e Institutos,
localizados de Norte a Sul do País. Essa diversidade aparece também nas
metodologias de estudo escolhidas, já que, nos artigos que a seguir se
apresentam, existem opções por estudos experimentais, estudos de campo, estudos
de caso, estudos quantitativos, ou estudos que triangulam técnicas
quantitativas e qualitativas, mostrando que existem diferentes caminhos,
igualmente válidos, para melhorar o nosso conhecimento sobre o que se passa com
a vida das pessoas nas organizações em que trabalham (Lewis, 1999). Finalmente,
essa diversidade reflecte‑se nas categorias temáticas onde podemos incluir os
estudos apresentados. De facto, encontramos um conjunto mais tradicional, que
podemos incluir nas categorias de cultura e clima, liderança e grupos, e outros
mais centrados em questões que as organizações procuram resolver nestas últimas
décadas, como atingir eficácia, como gerir o conhecimento, como gerir o
conflito trabalho/família e como desenvolver relações positivas entre
colaboradores e as organizações em novos contextos de trabalho (Rousseau,
1997). Com esta distinção, não se pretende valorizar nenhuma destas categorias,
ou classificar algum destes grupos como contendo estudos mais inovadores ou
actuais, mas tão‑somente distinguir estudos que desenvolvem temáticas que
estão presentes, desde o início, na análise e compreensão do comportamento
organizacional, daqueles que procuram analisar problemas que resultam de
desafios mais recentes que têm sido colocados às organizações.
Adjacente a estes artigos integrados na temática do Comportamento
Organizacional, podemos contar, neste encontro, com trabalhos da Psicologia dos
Recursos Humanos. A sua presença no Simpósio, tal como neste número,
pareceu‑me ajustada, pois, se, muitas vezes, as fronteiras destas disciplinas
são difíceis de estabelecer, a sua integração é vista como desejável. Veja‑se
o modelo de referência (ENOP, 1998) criado pela European Network of Work and
Organizational Psychology, o qual ao estabelecer as linhas de orientação para
desenvolver os curricula de Mestrados nas Universidades Europeias para os
Psicólogos da área, propõe a necessidade de desenvolver e integrar competências
na área da Psicologia do Trabalho, da Psicologia das Organizações e da
Psicologia dos Recursos Humanos.
Organizei este número em três partes. A primeira parte, desafios clássicos,
reúne estudos com temáticas mais tradicionais e inclui seis artigos. A segunda
parte, novos desafios, reúne estudos com temáticas mais centradas em problemas
que as organizações começaram a enfrentar mais recentemente e inclui cinco
artigos. A terceira parte, gestão de pessoas, reúne estudos com temáticas mais
directamente relacionadas com as estratégias e práticas da gestão das pessoas
no contexto organizacional e inclui dois artigos.
Para terminar esta apresentação, gostava de agradecer aos elementos da Comissão
Científica do Simpósio, Doutores António Caetano, Filomena Jordão, José
Keating, Leonor Cardoso, Paulo Lourenço e ao Doutor Luís Curral, da Comissão
Organizadora, por terem aceite a tarefa de rever os artigos submetidos a este
número temático, tarefa imprescindível a esta edição.